OS DIFERENTES MÉTODOS – Curso de Filosofia de Jolivet

Curso de Filosofia – Régis Jolivet

Capítulo  Quarto

OS DIFERENTES  MÉTODOS

Art. I.    A DIFERENCIAÇÃO DOS MÉTODOS

1.    O método  depende do objeto das  ciências. — Compreende-se

que cada categoria de ciência, sendo por
definição irredutível às outras
categorias, exige o emprego de um método diferente. O método a empregar
numa ciência depende da natureza do objeto desta ciência. Não se estuda a
inteligência, que é imaterial, pelos mesmos processos que se utilizam para conhecer o
corpo e seus órgãos. O estudo da vida pede métodos diversos dos do estudo da matéria inorgânica
ou da pura quantidade abstrata.

Convém,  então, definir os diferentes métodos que são
usados nas ciências e descrever seus processos característicos.

2.    Os métodos-tipos.
— Teoricamente, há, então,  tantos métodos quantos  grupos de ciências 
admitidos na classificação que demos acima. É necessário, contudo, observar que
esta classificação pode ser,  por sua vez, reduzida a três grandes divisões,
que são: a Matemática, — as ciências físico-químicas e biológicas, — as ciências
morais. Teremos, assim, de distinguir três grandes métodos que
comportarão, sem dúvida, para adaptar-se a cada ciência do grupo,   modificações
acidentais, mas que conservarão, em cada caso, seus caraccteres distintos.
Iremos, então, estudar sucessivamente o método  da Matemática – o método das
ciências da natureza física,
o método das ciências morais.

 

ART.  II.    MÉTODO DA MATEMÁTICA

 

§ 1.    NOÇÃO
DE Matemática

1. Definições. – Em geral, a Matemática é o estudo da quantidade dos corpos,
abstração feita da natureza destes corpos.

Como a questão da natureza da quantidade pertence à Cosmologia, notemos apenas aqui que se distinguem a quantidade descontinua, em que as partes são separadas e formam um número, e
a quantidade continua, em que as partes não são separadas, mas unidas
entre si de tal sorte que a extremidade de uma seja o começo da outra: tal é,
por exemplo, a extensão.

2.    Divisão. — Conforme a matemática se refira à
quantidade contínua ou à quantidade descontínua,  distinguem-se:

a)     As ciências dos números: a aritmética ou ciência do número e suas propriedades, — a álgebra, generalização
da aritmética como ciência  das relações gerais dos  números  representados 
por letras:

b)     As ciências das figuras: a geometria, ou ciências das  figuras que se pode traçar no espaço, — a geometria
analítica,
ou aplicação da Álgebra à Geometria, — a Mecânica Racional, ou
es tudo do movimento no espaço.

3.    Origem.

a)     O problema da origem das noções matemáticas. Já Si supôs que as noções matemáticas existissem no espírito, absolutamente a priori, antes de qualquer experiência. A razão invocada a
favor desta tese é que a natureza nunca fornece o número, mas apenas
unidades, nem tampouco objetos geométricos sem qualquer dimensão,
superfície sem espessura, reta rigorosa, círculo perfeito cl· Todas estas
noções  seriam,  portanto,  inatas ao espírito.

b)     Matemática  e   experiência.   Em  
realidade,   deve-se   dizer que os objetos matemáticos são construídos
pelo espírito por meio de dados tirados da experiência. É porque existem 
corpos sólidos na natureza que existe uma Geometria.  Do mesmo modo,  a
pluralidade das unidades da mesma  natureza serviu  de   fundamento  à
elaboração do número. O  processo de  formação das noções matemáticas
manifesta  a   faculdade   de   abstrair própria ao espírito humano.

                                   

§  2.     PROCESSOS DA  MATEMÁTICA

1.    Natureza da demonstração matemática.

51 a) A Matemática estabelece
as relações necessárias entre as grandezas.
Para bem compreender a natureza
da demonstração matemáticas, é preciso acentuar que se trata de descobrir
relações existentes entre grandezas diferentes (entre diferentes números,
entre uma linha e uma superfície etc.). A experiência, de início (em particular
entre os egípcios), permitiu estabelecer algumas destas relações. Mas, aí,
havia apenas uma constatação. Os gregos, fundando assim a ciência matemática,
quiseram determinar as razões destas relações e proceder por princípios
suscetíveis ãe conseqüências necessárias e em número indefinido.
Tal é, em
sua noção mais geral, a demonstração matemática.

b)     A Matemática procede por substituição de
grandezas.
O tipo da demonstração matemática pode ser definido pelo exemplo
seguinte:

3  + 5 = 8

4  + 4 = 8

3 + 5 = 4 + 4

quer dizer que consiste em substituir uma grandeza
por outra por -meio de intermediários tão numerosos quanto seja necessário
de
maneira que cheguem a definir qual é a relação das duas grandezas entre si.
Esta comparação das grandezas se apóia nos dois axiomas seguintes: duas
quantidades iguais a uma terceira são iguais entre si, — duas quantidades em
que uma é igual a uma terceira, e a outra desigual, são desiguais entre si.
Vê-se que aí se encontra o tipo da demonstração silogística.

c)     A demonstração matemática utiliza a análise
e a síntese.
O matemático se serve do processo analítico quando
parte da proposição complexa a demonstrar e a relaciona a uma proposição mais
simples da qual é uma conseqüência necessária, e assim por diante até que
chegue, enfim, a uma proposição tida como certa e cuja verdade garante a da
proposição que se trata de demonstrar. Este processo se emprega para a solução
dos problemas.

O matemático utiliza o processo sintético, quando
parte de verdades gerais — axiomas ou proposições já demonstradas — e tira daí,
por via da conseqüência, outras proposições mais complexas. É este o método
empregado para a demonstração dos teoremas.

A demonstração por redução ao absurdo é um
processo indireto. Consiste essencialmente em supor verdadeira a contraditória
da proposição a provar, e mostrar que ela encerra uma ou várias conseqüências
absurdas.

d) A indução é também utilizada em Matemática? Ela
o será, segundo HenRI Poincaré, sob
a forma de um raciocínio chamado por ele raciocínio por recorrência. Este
raciocínio consiste essencialmente em mostrar que, se uma propriedade, sendo
verdadeira de um elemento n da série dos números, é igualmente de n + 1 e dos primeiros elementos da série, ela o deve ser igualmente para todos os
números, indefinidamente, a partir de n. Poincaré vê nisto o raciocínio matemático por excelência,
característico da indução, que consiste em estender a todos os casos
semelhantes o que foi verificado para  um  caso particular.

É contestável, contudo, que aí exista uma verdadeira
indução. Parece mais que estamos diante de uma dedução, que consiste em aplicar indefinidamente uma propriedade verificada de um caso dado de
construção numérica a números construídos da mesma maneira.

Elementos da demonstração. — Estes elementos são em
número de três: as definições, os axiomas e os postulados.

a) Definições. As definições são ora
essenciais, desde que forneçam as propriedades de um objeto matemático
(por exemplo, esta definição: a circunferência é uma figura cujos pontos estão
a igual distância de um ponto chamado centro), ora genéticas, desde que
formulem a lei de construção de um objeto matemático (seja: a esferas é o volume gerado por um semicírculo,
que gira em torno de seu diâmetro).

É a definição genética que caracteriza a Matemática. A definição essencial é secundária e
derivada doada. Daí se segue que as definições  matemáticas, sendo construções,
são imediatamente perfeitas, e constituem o ponto de partida da demonstração,  enquanto nas ciências da natureza
elas estão no termo da demonstração ou da investigação.

b)     Axiomas. Os axiomas são os princípios
imediatamente evidentes,
que resultam da aplicação do princípio de
identidade na ordem da quantidade. Exemplo: duas quantidades iguais a uma terceira
são iguais entre si.

c)     Postulados. Os postulados são juízos
indemonstráveis,
cuja evidência é inferior à.dos axiomas, mas de que o
matemático carece para elaborar sua ciência.
Ele pede que se aceite
provisoriamente (donde o nome de postulados) sua justificação, que deve
resultar da constituição da ciência que os utiliza. Tal é o caso do postulado
de EUCLIDES: "de um ponto tomado fora de uma reta, sempre se pode traçar
uma paralela a esta reta e não se pode traçar mais do que uma", — ou,
ainda, desta proposição: "o espaço é uma grandeza de três dimensões".

ART. III.    MÉTODO DAS CIÊNCIAS DA  NATUREZA §
1.    Noções Gerais

53        1.    As ciências experimentais. — Chamam-se
pelo nome geral

de ciências da natureza as ciências que têm por
objeto os fenômenos do universo material.
Chamam-se, ainda, ciências
experimentada,
porque se baseiam na experiência sensível e a ela se referem
constantemente,  como  critério  único  da  validade  de suas conclusões.
Recebem ainda o nome de ciências indutivas, uma vez que partem dos fatos
singulares para se elevarem às leis que os regem.

2.   Divisão. — Distinguem-se dois grupos de ciências
da  natureza:

a) Ciências físico-químicas. Estas ciências se
referem aos fenômenos da natureza bruta ou inorgânica. As ciência:! Clsicai
estudam as propriedades gerais dos corpos; as ciências química i estudam a, constituição dos diferentes
corpos.

b) Ciências biológicas. Tratam dos fenômenos
particulares
à vida orgânica.

3. Extensão do método experimental. — O grupo das
ciências morais {História, Psicologia, Sociologia) fica, de fato, por
certo aspecto, na categoria das ciências da natureza, e aplica em grande parte
o método experimental. Mas fazemos delas um grupo distinto, porque se aplicam
ao homem, enquanto ser inteligível e livre: e consideram deste modo uma
realidade irredutível aos objetos das ciências da natureza propriamente ditas.

§ 2.   Processo

Podem-se distinguir quatro fases na elaboração das
ciências da natureza. Duas dizem respeito ao conhecimento dos fenômenos: são a observação e a experimentação; duas outras, à formulação das leis: são a hipótese e a indução.

A     A observação.

1.     Noção. -Observar, em geral, consiste em aplicar
a atenção a um

 objeto, a fim de bem conhecê-lo. É pela observação que começam todas as ciências
experimentais, porque se trata inicialmente

de estabelecer a realidade e a natureza dos fenômenos.
Para isto, o sábio não se contenta com a simples percepção dos sentidos, quo é geralmente
insuficiente em precisão e em penetração. Recorre a instrumentos (microscópio, lunetas
astronômicas, espectroscópio, fotografia, termômetro, balanças etc), que lhe
permitem manifestar de maneira tão minuciosa quanto possível os elementos dos
corpos,  e sobretudo medir os fenômenos.

2.    Condições.       
Para ser boa, uma observação requer condições

intelectuais; curiosidade
e sagacidade, — condições morais: paciência e   imparcialidade.

B      A  hipótese

1. Noção. – Uma vez bem estabelecidos os fatos,
trata-se de descobrir a lei de sua manifestação e de seu encadeamento, quer dizer:
de os explicar. Ora, esta
explicação não é evidente. O sábio, para encontrá-la, é obrigado a
recorrer a, uma hipótese que constituí uma explicação provisória dos
fenômenos observados.

É aqui que o gênio do sábio é mais necessário, porque não
existe regra de invenção.
Esta resulta na maior das partes das vezes de uma
espécie de iluminação súbita ou de intuição, que traz ao sábio uma luz
inesperada. É assim que Arquimedes descobriu
subitamente, ao se banhar, que os corpos imersos sofrem uma impulsão de baixo
para cima exercida pelo líquido em que são mergulhados.

As fontes mais comuns da invenção das hipóteses são as analogias (Newton compara
o fenômeno da queda de uma maçã ao da atração dos planetas pelo sol), — e a dedução, que faz aparecer as conseqüências até então despercebidas, dos fenômenos, ou
das leis já conhecidas.

2.    Condições "a priori" da validade das
hipóteses. — Antes de toda verificação, a hipótese, para ser tomada em
consideração, deve realizar as seguintes condições:

a)     A hipótese deve ser sugerida e verificável
pelos fatos.
Não deve ser absurda, quer dizer, contraditória em si mesma.
Isto não significa que não possa contradizer outras hipóteses, anteriormente
admitidas. Ao contrário, o progresso da ciência se faz, no mais das vezes, pela
substituição de novas hipóteses, mais explicativas, às teorias antigas.

b)     A hipótese deve ser simples. Requer-se
da hipótese a simplicidade, em virtude do postulado da simplicidade das
leis da natureza. Mas a simplicidade é aqui um conceito ambíguo. Há uma
simplicidade que é pobreza, e uma simplicidade que é riqueza: o mecanismo da
visão é simples, enquanto perfeitamente uno, mas realmente complexo em seus
diferentes órgãos. O critério da simplicidade parece, assim, de difícil
manipulação.

3.    Papel da hipótese. — A hipótese, dissemos nós,
não é mais do que uma explicação provisória. Seu fim, por isto, se encontra
definido, e comporta dois aspectos distintos:

a)     A hipótese serve para dirigir o trabalho do
sábio.
Auxilia de fato a imaginar os meios a aplicar e os métodos a
utilizar para prosseguir a pesquisa e chegar à certeza. Ela ê, de fato, então,,
princípio de invenção e de progresso.

b)     .4 hipótese serve para coordenar os fatos já
conhecidos.
Seu destino é colocar ordem nos materiais acumulados pela observação. "Sem ela", diz Claude
BernaRd, "só se poderá amontoar observações estéreis", à
maneira do empirismo.

C.    A experimentação.

56        1. Noção. — A experimentação consiste no
conjunto de processos utilizados para verificar as hipóteses.
Difere,
pois, da observação, porque obedece a uma idéia diretriz, e não
simplesmente, como por vezes se diz, porque implica na intervenção do sábio
para modificar os fenômenos. A observação pode comportar também uma tal
intervenção: chama-se, então, observação ativa ou provocada, mas é
anterior à intervenção da hipótese.

2.    Princípios da experimentação.

a)     Idéia geral dos métodos de experimentação. A
idéia geral, que governa os métodos de experimentação, é a seguinte: consistindo
a hipótese essencialmente em estabelecer uma relação de causa a efeito ou de
antecedente a conseqüente, entre dois fenômenos, trata-se de descobrir se
realmente B (suposto feito ou conseqüente) varia cada vez que se faz variar A
(suposto causa ou antecedente) e varia nas mesmas proporções que A.

b)     Princípio geral dos métodos de
experimentação.
Este é o princípio do determinismo, que se enuncia
assim: nas mesmas circunstâncias, as mesmas causas produzem os mesmos efeitos,
— ou ainda: as leis da natureza são constantes.

57        3. Os diferentes métodos de experimentação.
— Para aplicar a Idéia geral da experimentação, têm-se imaginado diversos
processos que  tendem a alcançar a maior precisão possível.

a) As tábuas de Bacon. BACON
propõe estabelecer três tábuas diferentes: tábua de presença, que dá,
com suas circunstâncias, oh casos
cem que o fenômeno a, explicar se produz, — tábua de ausência,, em que
são considerados os canos vizinhos dos primeiros em que o fenômeno não se
produz,      tábuas dos graus, que dá os casos em o  fenômeno  variou.

Este método dá uma certeza  suficiente,  porque jamais
assegura que não se tenha deixado  presente mais do que os fenômenos ou grupos
de fenômenos  (A e B)  supostos causa e efeito, antecedente e conseqüente.

b) Método de coincidência isolada de Stuart Mill. Stuart Mill imaginou, para
remediar o defeito das tábuas de Bacon, substituir
ao princípio da coincidência constante o da coincidência isolada. Donde os
quatro métodos ou processos, que preconiza:

Método de concordância. Procura-se atingir vários casos bastante diferentes
em que se produz um dado fenômeno. Se se descobre um antecedente que seja
comum e isoladamente comum,
a todos os casos, considera-se como tendo
uma relação essencial com o fenômeno.

 Exemplo:
observa-se o som que produzem uma corda vibrante, um sino, um tambor, uma voz
etc, e verifica-se que todos estes casos comportam um único fenômeno comum que
consiste na vibração de um corpo sonoro. Conclui-se daí que este fenômeno é a
causa do som.

Método de diferença. O método de concordância não seria suficiente, porque
é impotente para fazer distinguir a simples coincidência  da verdadeira
causalidade. Deve ele ser completado por uma contraprova, que Stuart Mill chama de método de
diferença Este método consiste em considerar dois casos tão semelhantes qual)
to possível e que não se diferenciem senão por um só elemento. Se o
fenômeno se produz num caso e não em outro, este elemento será o antecedente
procurado.

 Exemplo: 
as experiências de PASTEUR que tratam da geração espontânea. Dois frascos de
natureza idêntica I colocados nas mesmas condições de temperatura, durante o
mesmo tempo, ficam um fechado e outro aberto. Neste último, produz-se uma
fermentação; no  outro,  não se produz. PASTeuR
conclui  daí que a fermentação se deve aos germes carregados  no ar.

Método das variações concomitantes. O método de diferença é verdadeiramente seguro, desde
que não existam mais de dois casos possíveis. O método das variações
concomitantes deverá intervir nos outros casos, Ele se formula assim: desde que
um fenômeno varie na mesma proporção que um de seus antecedentes, ele é caus
ado por este antecedente.

 Exemplo: as
experiências de PASCAL sobre o Puy-de-Dôme, destinadas a mostrar que a elevação
da coluna de água  colorida no tubo barométrico varia proporcionalmente à
pressão atmosférica.

Método dos resíduos. O  método das variações concomitantes  tem a, vantagem
de recorrer à medida dos fenômenos, o que o torna usual em Física. Mas não é mais aplicável, desde que os fenômenos uno sejam suscetíveis de medida
quantitativa. O método dos resíduos é usado cada vez que os elementos de um
caso dado são perfeitamente conhecidos e explicados, com exceção de um.
Conclui-se
daí que este elemento deva explicar-se por uma outra causa, que se trata de
descobrir com a ajuda de um dos métodos precedentes. O exemplo mais célebre é o
da descoberta de Netuno por Le Verrier, descoberta
provada pela observação das irregularidades de Urano. Vê-se que este método é
mais um instrumento de descoberta do que um meio de verificação.

4. Valor do método de coincidência isolada. — Este
método não dá uma certeza absoluta se não estivermos certos de ter feito uma
análise completa da experiência. Contudo, é praticamente suficiente
à ciência,
que sempre admite, por outro lado, a possibilidade de novas
explicações ulteriores, mais conformes aos dados de uma experiência mais bem
conhecida.              

      

1).    A
indução.                                                   

58        Noção.
A indução científica consiste essencialmente em passar, da descoberta de
uma relação constante entre dois fenômenos ou duas propriedades, à afirmação
de uma relação essencial, e por conseguinte universal e necessária, entre eles
dois fenômenos ou propriedades.

2. As leis científicas. — As leis científicas que o
raciocínio indutivo alcança são, segundo a fórmula de Montesquieu, as relações constantes e necessárias que
derivam da natureza das coisas.
As leis exprimem quer relações de
existência ou de coexistência
(a água é um corpo incolor, inodoro, tendo
tal densidade, suscetível de assumir os estados líquidos, sólido, gasoso,
etc), — quer relações de causalidade ou de sucessão (a água ferve a 100
graus, o calor dilata os metais etc), — quer, enfim, as reações de finalidade (o fígado tem como função regular a quantidade de açúcar no sangue).

 

3. As teorias científicas.

a)     Definição. Dá-se o nome de teorias a hipóteses
que têm por fim unificar um grande número de leis sob uma lei bastante geral.
Tais
são a teoria ondulatória, segundo a qual a luz se propaga por ondas, a teoria
eletrônica, segundo a qual o átomo é composto de elétrons; a teoria
evolucionista, segundo a qual as formas. vivas derivariam, por diferenciações
progressivas, de formas menos numerosas e mais simples.

b)     Valor. Este valor depende da medida em
que as teorias. científicas permitem unificar o saber positivo de
maneira racional e provocar novas descobertas. É sua falta de
fecundidade que faz normalmente serem abandonadas por outras que pareçam mais
capazes de orientar as pesquisas e grupar inteligivelmente as leis.

59       
4. O fundamento da indução. — Dissemos que a ciência estende a todos os casos
do mesmo gênero o que foi verificado de um ou vários casos singulares (29).
Como legitimar este processo? Responde-se geralmente que o seu fundamento é o princípio
do determinismo
ou da constância das leis da natureza, o que é verdade.
Mas, do ponto-de-vista científico, o princípio não é mais que um postulado: a ciência, como tal, crê na constância das leis naturais. Ela não o
demonstra.

Na realidade, o problema do fundamento da indução ê
um, problema propriamente filosófico,
porque se trata aqui de justificar o
princípio do determinismo. A solução deste problema envolve a um tempo a
Psicologia e a Crítica do Conhecimento, porque o problema se relaciona ao da
formação e do valor das idéias gerais. O problema da indução científica é
apenas um caso particular do problema geral do conhecimento abstrativo,
pois
a lei científica, não é mais do que um fato geral, abstraído da experiência
sensível. Veremos justamente que a inteligência tem o poder de apreender, pela
abstração, o universal no singular e o necessário no contingente, e mostraremos
o que justifica a função abstrativa do espírito e lhe garante o valor.

§ 3.   Processos
particulares à Biologia

60       
1.   O ponto-de-vista finalista. –    A Biologia, em que intervém a
consideração da vida, comporta processos que lhe são  particulares.

Não se tratam os seres vivos como seres inorgânicos.
Observação e experimentação comportam então aqui uma adaptação necessária e,
particularmente, o recurso constante à idéia de finalidade. O biologista
ensina que os vivos são organismos que exercem funções diversas, que se
hierarquizam por si mesmas a um fim determinado. A descoberta das funções,
isto é, dos fins, torna-se o objetivo da ciência.

2. Classificação e sistematização. — Um dos meios para
este objetivo é a classificação ou sistematização, que tende a repartir os
seres vivos em grupos distintos cada vez mais gerais
e tais, que OS grupos
inferiores sejam subdivisões dos grupos superiores.

Esta classificação, baseada na natureza das coisas,
responde a uma necessidade do espírito, que procura, sobretudo, a
unidade. Deve, também, ajudar a formular a definição dos seres vivos, pela
enumeração dos caracteres que lhes fixam o lugar na classificação.

ART.    IV.    MÉTODOS DAS CIÊNCIAS MORAIS

§ 1.     NOÇÕES GERAIS

61        1,    Definição das ciências morais. —
Chamamos ciências morais as ciências que se referem às diferentes manifestações,
individuais ou coletivas, do homem., enquanto ser inteligente e livre.
É a
consideração do que caracteriza o homem, a saber, a inteligência e a liberdade,
que dá às ciências morais seu objeto especial e irredutível na hierarquia das
ciências.

O fato de que o homem é aqui encarado como um ser
dotado de liberdade não significa que as ciências morais renunciem a estabelecer
leis. Primeiro, há leis da atividade livre como tal (leis morais), —
depois, o homem individual e coletivo, mesmo agindo livremente, é suscetível de
um comportamento normal, regular e previsível, que permite estabelecer as
leis positivas (médias ou estatísticas 
que valem  pura o maior número de
casos.

2.   Divisão.          Podem-se distinguir duas
grandes categorias de ciências morais, a saber:

a)     As ciências morais teóricas. São as que
estudam o homem, individual ou coletivo, tal qual é. Tais são a Psicologia, a
Sociologia e a História. Estas ciências são, pois, ciências de fatos.

b)     As ciências morais práticas. São as que
definem as leis a que deve conformar-se a atividade humana. Tais
são a Lógica, a Moral e a Política. Estas ciências são, pois, ciências
normativas.

3. Distinção dos métodos. — Os dois grupos de ciências
mo-rais são bastante distintos entre si para exigir métodos distintos. O
primeiro grupo compreende, evidentemente, os processos do método experimental,
adaptados a estes novos objetos. — Quanto HO segundo grupo, faz intervir o que
se chama juízos de valor, ou julzoi que formulam o que é bom, e o que
convém fazer, e, sob este aspecto, exige um método diferente dos que se usam
nas ciências de ralos, Estudaremos este método quando abordarmos a Moral.

Quanto ao método da Psicologia, seu estudo vai
aparecer juntamente com o desta disciplina. Resta-nos aqui, apenas, tratar do
método da História e da Sociologia.

§ 2.     MÉTODO DA HISTÓRIA

 62       
1.   Noção da História.

a)     Definição. Num sentido muito geral,
chamamos História o estudo de tudo o que tem um passado (história da
terra, história da arte etc). Em seu sentido estrito, a História é o estudo
dos fatos do passado, que interferiram na evolução da humanidade.
Sob estes
aspecto, a História tem que se ocupar a um tempo dos fatos humanos

 (por
exemplo, a guerra das Gálias, as grandes invasões, nu Cruzadas, a Reforma etc.)
e dos fatos materiais que tiveram efeitos humanos  (erupção
do Vesúvio em 79, inundações do Nilo etc).

b)     Natureza dos fatos históricos. Chamam-se
fatos   históricos os fatos singulares marcados por circunstâncias de que se
revestiram no espaço
e no tempo. Os fatos históricos são, pois, originais
e únicos. Eis aí uma das características que distinguem  u história da
sociologia: esta, de fato.  pode tomar por objeto de estudo os fatos do
passado, mas os considera sob seu aspecto geral, despojando-os das
circunstâncias concretas que os assinalaram historicamente. Nas formas
históricas da propriedade privada, ela se enforca por desligar a essência do
direito de propriedade;  na Reforma, procurará descobrir a forma geral das
revoluções religiosas.

2.    Os documentos históricos.

a)     Monumentos e escritos. Distinguem-se,
comumente, duas espécies de documentos: os monumentos ou documentos
materiais
(inscrições, tábuas, papiros, medalhas, troféus, imagens,
templos, tumbas, obras de arte etc), e os escritos ou documentos psicológicos (anais, histórias, memórias, correspondências, atos públicos, obras
literárias etc).

b)     Vestígios e testemunhos. A divisão dos
documentos em vestígios e testemunhos parece preferível à precedente, que não é
Irredutível. De fato, certos documentos não são mais do que vestígios ou
traços do passado, sem serem destinados por si mesmos a transmitir a lembrança
à posteridade:
tais são as jarras, armas, jóias, livros de contabilidade,
moedas etc. — Os outros são testemunha», que visam formalmente a informar à
posteridade:
tais são as    memórias, crônicas, anais, inscrições etc.

3.    Os   processos   da   História.   —   O método 
histórico compreende três fases principais:

a)    A pesquisa dos documentos. O primeiro
trabalho do historiador consiste em reunir os documentos mais aptos a
tornar conhecidos os fatos do passado. O
engenho do pesquisador é aqui o
fator capital. Mas, uma vez realizada a descoberta, as técnicas numerosas e
completas
devem entrar em jogo para sua exploração. Isto-i particularmente
verdadeiro quando se trata de escavações: não é suficiente ter descoberto um
subsolo rico de documentos; o trabalho nestes tesouros   (palácios, estátuas,
moedas,  papiros,  fósseis etc.) requer o emprego de métodos geralmente muito
delicados e que exigem meios, materiais poderosos.

De mais a mais, acumulam-se assim os documentos do
passado, graças às ciências auxiliares da História: Arqueologia,
Epigrafia, Papirologia, Paleografia, Numismática etc, que têm por objeto próprio
a pesquisa, a classificação e a crítica dos documentos históricos e compõem o
domínio da erudição, que está na base da História, como a observação
está na base da ciência.

b)     A crítica histórica. A crítica histórica
volta-se a um tempo para os documento  e vestígios e para os
documentos-testemunhos. — Quanto aos vestígios do passado, trata-se de estabelecer
a autenticidade e a proveniência dos documentos,
— de determinar o seu grau
de integridade
e, quando cabe, de encontrar-lhe o sentido, o que quer
dizer, de os decifrar e os traduzir. — A crítica dos testemunhos consiste
em investigar, se os testemunhos são a um tempo sinceros e exatos (a
boa-fé não implica necessariamente em exatidão). Por isso, é necessário
criticar seja o fato referido em si mesmo, seja o ou os testemunhos que o
transmitem.

Estas diferentes críticas apelam ora a critérios de
veracidade interiores aos próprios documentos {crítica interna), ora a
critério:: exteriores aos documentos  (crítica externa).

c)     A descrição do passado. O historiador,
após ter reunido e estabelecido os fatos, deve trabalhá-los. Trabalho
delicado que exige uma grande sagacidade, para descobrir o encadeamento
real dos fatos históricos, e uma perfeita imparcialidade, interditando
toda. explicação que não seja imposta ou ao menos sugerida pelos próprios
fatos. Aqui a imaginação representa um papel capital, pois se trata de
fazer reviver o passado, de o reconstruir. O importante é que a imaginação não
trabalhe à margem dos fatos, mas, ao contrário, seja unicamente uma forma de
penetração psicológica e da submissão ao real.

4. A História será uma ciência?
— É evidente que a Historia não é uma ciência da mesma natureza que a Física
ou a Química,,
Estas enunciam leis universais; a História compreende fatos
singulares, únicos. — Pode-se, contudo, considerar a história como uma ciência,
de vez que comporta a certeza, adquirida por métodos, com um rigor suficiente,
e porque explica os fatos relacionando os com suas causas. A rigor, dever-se-ia
dizer que a história é uma ciência, não por seu objeto, que não tem
caracteres de generalidade e de necessidade, requeridos pelas ciências
propriamente ditas, mas pelos métodos que utiliza.

§ 3.     MÉTODOS DA SOCIOLOGIA

A.    Noção de sociologia.

64        1. A ciência sociológica – A Sociologia, ciência dos fatos tomais, ou estudo descritivo,
comparativo e explicativo das realidades sociais, é uma disciplina recente.
Não que o estudo das sociedades tenha sido desconhecido dos antigos. Platão, AristóteLES, com elas se
preocuparam. Nos séculos XVII e XVIII Hobbes
LOCKE, MONTESQUIEU, CONDORCET procuraram determinar como se comportam os
homens como seres sociais. Mas é sobretudo com Augusto COMTe tende a tornar-se uma ciência quer
dizer, uma disciplina submetida a um método rigoroso e destinado a definir
as leis que regem a vida em sociedade.

Em nossos dias, com Durkheim,
a Sociologia se esforçou por modelar-se exatamente nas ciências
experimentais e, por um desenvolvimento ainda não alcançado, absorver todas as
ciências morais que só seriam, nesta concepção, partes ou elementos da
Sociologia’ ciência universal do homem. Veremos mais adiante como encaramos
esta concepção.

2. O fato social, objeto da Sociologia. — A
dificuldade que encontra a Sociologia consiste em definir exatamente seu
objeto. Diz-se, geralmente, que este é o fato social. Mas esta noção
está longe de ser perfeitamente clara.

a) A consciência coletiva. É necessário,
inicialmente, afastar a definição que dá Durkheim
do fato social, quando afirma que é aquele que se produz por uma
consciência coletiva, exterior e superior às consciências individuais. Esta
pretensa consciência coletiva não existe,
É uma noção mítica e
contraditória, pois todo conhecimento é |necessariamente individual.

b) A coação. DURKHEIM também ensaiou definir o
fato social por seu caráter essencial, que consistiria na coação que exerce
sobre as consciências individuais.
(A moda seria um fato social enquanto
força a pensar, sentir, agir, de tal ou qual maneira.) Mas não parece que a
coação tenha um caráter de universalidade suficiente para definir o fato social
Há imposições que não traduzem mais do que as leis filosóficas, e, ao
contrário, muitos fatos sociais não fazem aos indivíduos determinada imposição:
a moda não é tirânica para todos, e  numerosos indivíduos não temem subtrair-se
a ela.

c) A influência da sociedade sobre os indivíduos. Parece
que, para assegurar ao fato social uma especificidade suficiente, é bastante
defini-lo com um fato (maneira de pensar, de sentir, de agir), que
encontra na sociedade como tal sua causa formal e sua causa-final.
Quando
os indivíduos se encontram agrupados em sociedade, quer dizer, reunidos para
realização de fins comuns a todos, e não simplesmente justapostos ou reunidos
acidentalmente (como, por exemplo, num vagão de estrada de ferro), ocorrem
maneiras comuns de comportamento que não existiriam fora do agrupamento, com
indivíduos isolados.

Daí os fenômenos assinalados por um caráter social,
quer dizer, produzidos por indivíduos que agem livremente, mas derivados da
influência exercida pelo grupo social e sua finalidade própria sobre os
indivíduos que o compõem.

65        3. A Sociologia é uma ciência distinta? — O fato social tal qual acabamos de definir pode dar origem
a uma ciência distinta e autônoma. Ora isto tem sido negado, dizendo-se que a
Sociologia se confunde com as outras ciências morais, — ora tem sido admitido,
pretendendo-se mesmo por vezes (como DURKHEIM) fazer da Sociologia a ciência
moral universal. Estas duas asserções são errôneas.

a) A Sociologia não se confunde com as outras
ciências morais.
Tem-se sustentado, por vezes, de um ponto-de-vista
exatamente contrário ao de Durkheim, que
os fatos sociais não poderiam ser objeto de uma ciência especial. Diz-se que as
ciências particulares já distribuem entre si os diferentes fatos sociais
(História, Etnologia, Lingüística, Geografia Humana etc.) e nada resta para a
Sociologia, a não ser o fato social furo, que é evidentemente um mito.
Esta objeção não é desprovida de um certo fundamento. Sublinha com razão que
as ciências particulares têm também um aspecto social. Mas erra ao
negligenciar o fato de que há lugar para uma ciência especial destinada a
determinar as leis de co-existên-cia dos grupos sociais,
as leis de
funcionamento
destes grupos (exemplos: leis da imitação, lei do menor
esforço), — enfim, as leis de evolução das sociedades humanas. Outras ciências
podem abordar estes problemas, mas não essencialmente, enquanto que a
Sociologia se reservará, como objeto próprio, o estabelecimento destas diversas
leis, utilizando os dados e os resultados fornecidos pelas outras ciências, da
mesma maneira que a História utiliza os resultados de numerosas ciências
auxiliares.

b) A Sociologia não é uma ciência universal. Se
o fato social, todavia, dá origem a uma ciência distinta, não seria suficiente
para constituir uma ciência universal, como o queria Dukkheim. Todo fato humano não é um fato social. O
indivíduo humano não está na sociedade como uma gota de água no mar. Há uma
independência relativa, uma autonomia real, em razão da liberdade que ele possui.
Diz-se, mais brevemente, que ele é uma pessoa.

A. Natureza das leis sociológicas. — Os fatos sociais
são de uma extrema complexidade e a Sociologia não pode visar a um rigor
semelhante ao das ciências físico-químicas.
Quando Durkheim pretende estabelecer em Sociologia leis tão
precisas quanto as das ciências naturais, apóia sua pretensão numa concepção
que elimina radicalmente o exercício da liberdade humana. Esta concepção manifesta
um materialismo indefensável.

Existe nos fatos sociais, contudo, um certo determinismo que garante a
exatidão aproximativa das leis que os regem;
este determinismo define aqui
a ordem mais freqüente pela qual se exercem as liberdades humanas e é
justamente a indeterminação dos elementos individuais (quer dizer aqui as
liberdades humanas) que garante a constância dos meios e das leis estatísticas,
pelo simples fato de que, em se tratando de números elevados, os casos aberrantes
ou excepcionais desaparecem sensivelmente na massa dos casos conforme às leis
da natureza moral.

B.    Método da Sociologia.

66        Uma
vez que a Sociologia é uma ciência de fatos, seu método será o método
indutivo,
com as diferenças que exige o objeto da Sociologia.

1.    A observação em Sociologia. — A Sociologia
partirá da observação dos fatos sociais, seja direta, seja indireta (por meio
da História, da Etnologia etc). A observação direta é de pouco alcance. A
história das sociedades antigas será de grande utilidade para estender até às
épocas mais recuadas e às civilizações desaparecidas o campo da observação
sociológica.

2.    A experimentação em Sociologia. — A
experimentação não é quase praticável pela Sociologia. A única forma que pode
tomar consiste no estudo dos efeitos produzidos numa sociedade dada pelas  inovações
políticas ou sociais
ou por tal acontecimento determinado.

(Exemplo: a introdução da indústria, num país
agrícola.) Ainda aí este gênero de estudo implica mais em observação do que em
experimentação propriamente dita.

3.    A estatística.

a)    Natureza e objeto das estatísticas. Chama-se
estatística uma apresentação numérica dos fatos da mesma natureza que se
produziram num tempo e espaço dados
(exemplo: estatística dos suicídios na
França durante o ano de 1936).

As estatísticas são de grande uso em Sociologia. Têm por objeto permitir estabelecer relações de causalidade ou de coexistência
outro diferentes fatos sociais de natureza diferente.
Assim, procuraremos
determinar pelas estatísticas a proporção que existe entro o namoro de vendas
de bebidas alcoólicas e o número de casos do loucura de determinados países. Se
as variações dos dois números são constantes, concluir-se-á uma relação de 
causa e efeito entre os dois fatos.

b)    O limite  da estatística. O método
estatístico permaneço, contudo, um processo imperfeito, pelo fato  de
que  as  estatísticas comportam muitas vezes o inexato, sobretudo em razão das
interpretações muito diversas que podem admitir. Para que elas se tornassem
suscetíveis  de uma interpretação   única,  seria necessário que o fato social
sobre o qual se aplicam fosse rigorosamente  isolado e assim apreendido de
alguma forma em estado puro, o que ô quase impossível. C.    Papel da
Sociologia.

67   
    
1.    A Sociologia não é uma moral.        A Sociologia  leve, com
DURKHEIM,  grandes  ambições.   Pretendeu-se  
tirar   dela  uma   arte sociológica que nos assinalaria
os fins a perseguir, da mesma forma que a Moral nos assinala as regras
do dever. Ora, isto é impossível, uma vez que a Sociologia não ê mais que
uma ciência de fatos,
que nos indica o como dos fenômenos sociais,
sem ser capaz de nos dar ordens impondo tal ou qual maneira de agir. A Sociologia,
como tal, fica alheia à determinação dos fins morais.

2. A Sociologia é útil ao
moralista e ao político. — Seria
não menos errôneo pensar que nada há a esperar da Sociologia. Os fatos sociais
que ela põe em foco, as leis que consegue formular, são elementos preciosos
para a Moral Social e a Política. A Sociologia deve tornar-se, desta forma,
como que um instrumento nas mãos do moralista e do político, fazendo-lhes
melhor conhecer a natureza humana e sugerindo-lhes os meios mais próprios a
assegurar, por uma melhor organização social, econômica e política, o bem e o
progresso da pessoa humana.

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