Karl Popper – Lógica da Pesquisa Científica – Fichamento do cap. 1

Fichamento do Capítulo I do
livro A lógica da pesquisa científica – Karl Popper

Miguel Duclós
Originalmente apresentado na FFLCH/USP

Biografia

Karl
Popper nasceu em 1902 em Viena. Seu pai era doutor em direito e se interessava por
filosofia. Ele e o amigo de Karl o influenciaram na curiosidade filosófica. No ano de 1918, Karl Popper ingressou na
Universidade de Viena. Em 1919 e 1920, viveu numa república de estudantes,
improvisada em uma parte de um hospital abandonado.

De
início, Popper simpatizou com o comunismo, mas depois se voltou contra essa
doutrina, por julgar Marx muito dogmático. Criticou a dialética marxista. Por
sua vez, recebeu críticas negativas de
Adorno. Entre 1922 e 1924 trabalhou como entalhador numa marcenaria. Em
1923 conseguiu a licenciatura. Ingressou no recém-formado instituto de Viena como
assistente social, em 1925.

Popper
começa estudar epistemologia, se interessando por essa área. A epistemologia é
a teoria da ciência e tenta
reagrupar em uma só doutrina a crítica do conhecimento científico, a filosofia
das ciências e a história das ciências.

Popper
casou-se em 1930. Havia defendido sua tese de doutorado dois anos antes, sendo
aprovado contra suas próprias expectativas, pois julgava sua tese fraca. Foi inicialmente influenciado pela filosofia do
Círculo de Viena, um grupo filosófico formado nos anos 20 que tinha por principal objetivo a unificação do saber
científico, e para fazer isso propunha-se a eliminar os conceitos sem sentido e
as quimeras da metafísica, que deveria ser distinguida das ciências. No
capítulo que vamos fichar, Popper trata desse ponto. Os filósofos do Círculo de Viena, portanto, romperam com Kant, que havia
se esforçado para dar embasamento científico para a metafísica. Eles falaram
que os enunciados científicos são a posteriori. A filosofia deles é uma
semiótica que estuda a natureza da linguagem da ciência. Compreende uma sintaxe, uma semântica e uma pragmática. Dentre
os principais filósofos desse círculo podemos citar Carnap, Ziezel,
Neurath, Menger. A lógica da pesquisa científica saiu nesse contexto de
influência, em 1935.

Com
a ascenção do nazismo, Popper exilou-se na Nova Zelândia, e depois foi para a
Inglaterra, onde passou a viver. Foi professor da Faculdade de Londres e pôde
desenvolver melhor suas teorias de lógica e metodologia da ciência. Criticou o
método indutivo, como veremos, e não
acreditava na verificação definitiva. O método indutivo era tradicional, sendo que Bacon havia reformulado em
seu projeto de dominar a natureza em benefício
da ciência. Popper defendeu o liberalismo e criticou o historicismo.

Lógica da pesquisa
científica

Prefácio- A filosofia não tem estrutura organizada e o filósofo
raramente encontra problemas genuínos.

Capítulo 1- colocação de alguns
problemas fundamentais.

Popper diz
que a ciência formula enunciados verificáveis. A lógica da pesquisa científica tem como tarefa a análise lógica dos métodos
das ciências empiristas. Essas ciências empregam o método indutivo. Popper
critica esse método, dizendo não haver lógica na inferência de enunciados
singulares. A indução é um método de raciocínio que vai do particular ao
geral. Como seus resultados são de origem empírica e de ordem probabilística, Popper afirma que seus resultados
não são necessariamente verdadeiros

O problema da indução indaga a validade da mesma. Toda afirmação com
base na experiência é singular, e não universal. Kant chamou a atenção para isso dizendo serem os juízos a priori os
fundamentos da ciência, por serem universais e necessários.

Para justificar as inferências indutivas, deve-se
estabelecer o princío da indução, que busca ordenar as inferências de modo lógico. Popper diz que o princío
da indução não é analítico, mas sintético. Kant havia postulado que no
analítico o predicado está contido no sujeito e no sintético, não – apesar de
predicado e sujeito estarem conectados. Só o sintético acrescenta algo ao
conhecimento.

Popper
sustenta que "o principio da indução é supérfluo e conduz a incoerências lógicas". Diz que essa incoerência já devia
ter fica clara desde Hume. Hume, como seu ceticismo, modificou a lei da
causalidade, dizendo que a relação causa e efeito é como uma adequação do
intelecto com a coisa, e não existe na natureza.

Popper
diz que Kant não alcançou êxito na justificação dos juízos sintéticos a priori.
Kant havia falado que tais juízos são a base de ciências como a matemática e a
física. Popper cita Reichenbach, que fala
favoravelmente do método indutivo. O apriorismo tem origem na probabilidade da
indução. É uma redução por exemplo, o juízo: "a casa rosa é casa",
pois comete uma redundância, apesar de ser verdadeiro e necessário,
mesmo que não haja nenhuma casa no mundo. Popper defende contra esse, o método
dedutivo de prova, em que a "hipótese só admite prova empírica".

A lógica do conhecimento científico (Popper
abandona aqui o termo pesquisa, e adota o que viria a ser título de um
livro seu) analisa a justificação de validade, e não as questões de fato.
Popper diz que discutirá o caminho entre uma ideia nova e a metodologia em que
ela deve ser posta a prova sobre o ponto de vista lógico. É uma tarefa
epistemológica. Ele afirma que toda descoberta tem uma intuição criadora de um
elemento racional.

A partir de uma ideia nova podemos tirar deduções
lógicas, que são comparadas com outras conclusões, de onde se tira relações
lógicas. Popper identifica quatro maneiras de submeter uma teoria à prova. São elas:

  • a)        
    Comparação de conclusões.
  • b) Investigação da lógica da teoria.
  • c)  Comparação com outras teorias.
  • d) Confirmação pelas experiências.

A última visa o resultado pragmático da teoria. Outros resultados são deduzíveis
da teoria. Poderíamos dizer que esse resultado deduzível também põe a teoria a
prova, necessitando serem lógicos. Esse
processo foge a lógica indutiva. Popper a refuta porque não proprociona "
critério de demarcação" adequado. Esse critério distingue as ciências empíricas
das apriorísticas (como a geometria e a física). Para os epistemologistas, o
empirismo tende a ir para a indução. Isso se plica ao positivismo.

Os
positivistas, diz Popper, se empenharam em demonstrar que a metafísica, por não
ser empírica, é vazia de significado, ou "puro sofismas e ilusões",
citação de Hume por Popper. (Investigação
Sobre o entendimento humano,
Hume) Assim, os positivistas "reiteram
o critério de demarcação de sua lógica indutiva"

 

Wittgenstein, coloca Popper, também fez isso pois para
ele as proposições significativas podem
ser reduzidas em proposições elementares. O critério de significatividade de
Wittgenstein leva a crer serem desprovidas de sentido as leis naturais, tão
importantes para Einstein. Popper gostava de Física, e chegou a ser professor
dessa doutrina. Wittgenstein desenvolveu a teoria da significação e da
linguagem. Sua filosofia é essencialmente da linguagem, que é o limite do
homem, a maneira de como ele pode significar sua percepção através da linguagem.

Popper fala que os positivistas falharam em seu critério
de demarcação, pois chegaram a conclusão
de qua ambos são sem significados.

O critério de demarcação de Popper busca uma convenção. Ele não pretende matar a metafísica, mas fala que uma tarefa da lógica do
conhecimento é elaborar um conceito de ciência
empírica. A ciência empírica trata do mundo da experiência, o mundo rela para Popper.
O sistema teórico de Popper para esse assunto busca ser sintético, não
contraditório, e busca “satisfazer o critério de demanrcação" e busca ser
diferentes de sistemas semelhantes,
submentendo-o à provas e ao método dedutivo.

Como
rejeita a dedução, Popper coloca que as teorias nunca são empiricamente verificáveis. Mas apesar disso, Popper só
considera um sistema se ele for confirmado pela experiência. O critério de marcação não deve usar a verificabilidade,
mas a falsibilidade para analisar um
sistema. Popper não admite como empíricos só os juízos considerados inegáveis
mas também os válidos em apenas um sentido (como queria Hume) e os
tautológicos.

Os problemas de base empírica não pertencem à lógica do
conhecimento, mas Popper tratará disso em seu livro. Ele enfatiza que enunciados só podem ser justificados
logicamente por outros enunciados. Mas Popper recusa a psicologia empírica e a
separa da metodologia e lógica. Deve-se
distinguir nossas experiências subjetivas das relações lógocas
objetivas. Popper adota a definição de Kant para sujeito e objeto, mas recria a
noção de objetividade dos enunciados científicos (que não são verificáveis mas
devem serem postos à prova) ao dizer que
eles são válidos se podem "ser intersubjetivamente ser submetidos a
um teste".

Kant falava que o subjetivo é relativo aos nossos
sentimentos de convicção. Só com a repetição de fenômenos podemos pô-los à prova. O subjetivo
não pode nunca anunciar um enunciado como lei, por mais forte que seja o
sentimento de convicção. Kant falava que a relação sujeito-objeto é deturpada pelo entendimento.
A disposição da percepção do sujeito molda
o modo como ele percebe o objeto. Esse argumento, que está próximo do idealismo
é considerado a revolução copernicana realizada por Kant na filosofia. Kant dizia também que como a relação é afetada pelo
entendimento do sujeito, ele nunca chega a conhecer a realidade tomada
nela mesma, a "coisa em si". Quando tomo contato com uma coisa, eu
“penso” ela, pela representação e reflexão, imediata e posterior (memória consciente e inconsciente).

Se se concorda com o fato de serem válidas apenas os enunciados objetivos, ous passíveis de teste intersubjetivos, não existem
enunciados definitivos da ciência, conforme Popper. E os empiristas, como
poderão ser objetivos, se a experiência é pessoal? Concluindo o capítulo 1, Popper fala que
"sistemas de teorias são submetidos à testes, deles se deduzindo
enunciados de menor universalidade", que devem ser passíveis de testes intersubjetivos, que por sua vez devem ser
suscetíveis de teste, assim ao infinito.

Bibliografia

  • 1. Adorno, T. Sobre a
    lógica das Ciências Sociais. Coleção grandes cientistas Sociais, vol. 54-Adorno.
    Editora Ática. São Paulo, SP. Organizador: Florestan Fernandes.
  • 2.        
    Bacon, Francis. Novum
    Organun.
    Coleção Os Pensadores. Editora Nova Cultural. São Paulo, SP.
  • 3.        
    Hume, David. Investigação
    Sobre o entendimento humano.
    Edições Setenta. Lisboa, Portugal.
  • 4.        
    Japiassu,
    Hilton e Marcondes, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. Jorge Zahar
    editores. São Paulo, SP.
  • 5.        
    Kant,
    Immanuel.
    Crítica da Razão Pura. Coleção Os Pensadores. Editora Nova Cultural. São Paulo, SP.
  • 6.        
    Popper, Karl. A lógica
    da pesquisa científica.
    Editora Cultrix. Editora da Universidade de São
    Paulo. São Paulo, SP.
  • 7.        
    Reale,
    Giovanni e Antiseri, Dário. História da Filosofia volume 2 . Editora
    Paulus. São Paulo, SP. 1989.
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