"HISTÓRIA DE CARLOS XII, Rei da Suécia"
Autor: VOLTAIRE
Veja também: História da Suécia no século XVI.
BELA RETIRADA DO GENERAL SCHULEMBOURG
Augusto confiou por algum tempo o comando do seu exército ao conde de Schulembourg 12, general muito hábil, que tinha necessidade de utilizar toda a sua experiência na chefia de um exército tomado de desânimo. Procurou ele mais conservar as tropas do seu soberano do que vencer; fazia a guerra com destreza, enquanto os dois reis 13 faziam-na com entusiasmo e vivacidade. Esquivava-se às suas investidas, ao mesmo tempo que ocupava pontos estratégicos, sacrificando unidades de cavalaria para dar tempo à infantaria de retirar-se em segurança. Salvou suas tropas em memoráveis retiradas ante um inimigo contra o qual não podia almejar senão essa espécie de glória.
Mal chegou ao palatinado de Posnânia, soube que os dois soberanos, que ele julgava a cinquenta léguas dali, haviam coberto essa distância em apenas nove dias. Não possuía mais de oito mil infantes e mil cavaleiros, e era preciso resistir contra um exército muito superior, contra a fama que cercava o nome do rei da Suécia e contra o temor natural que tantas derrotas inspiravam aos saxões. Achava ele, a despeito da opinião em contrário dos generais alemães, que a infantaria poderia resistir em campo aberto, mesmo sem cavalos de frisa, à cavalaria. Ousou tentar naquele dia a experiência contra essa cavalaria vitoriosa comandada por dois reis e pela elite dos generais suecos. Colocou-se em posição tão vantajosa, que não pôde ser envolvido. A primeira fileira pôs o joelho em terra; estava armada de lanças e fuzis; os soldados, em linha extremamente cerrada, erguiam ante os cavalos dos inimigos uma espécie de muralha eriçada de lanças e baionetas. A segunda fileira, um pouco curvada sobre a primeira, atirava por cima; e a terceira, de pé, fazia logo, ao mesmo tempo, atrás das outras duas. Os suecos lançavam-se com sua impetuosidade habitual sobre os saxões, que os aguardavam firmes e resolutos: os tiros de fuzil, os golpes de lança e de baionetas espantavam os cavalos, que se empinavam e corcoveavam em lugar de avançar. Dessa forma, os suecos não atacavam senão em desordem, enquanto os saxões defendiam-se bem, guardando suas posições.
12 General alemão, que serviu a Dinamarca, depois a Augusto II ç finalmente aos Venezianos.
13 Carlos XII e Estanislau.
Schulembourg acabou por organizar um batalhão em quadrilátero; e, embora sangrando de cinco ferimentos, retirou-se em boa ordem, nessa formação, no meio da noite, para a cidade de Gurau, distante três léguas do campo de batalha. Mal chegou ali e começava a respirar mais aliviado, quando os dois reis surgiram inopinadamente pela sua retaguarda.
Pouco adiante de Gurau, na direcção do rio Oder, havia um bosque espesso, através do qual o general saxão escapou com a sua infantaria fatigada. Os suecos, sem desanimar, lançaram-se em sua perseguição por esse mesmo bosque, avançando com dificuldade pelas picadas só transitáveis por pedestres. Os saxões haviam atravessado o bosque cinco horas antes da cavalaria sueca. À beira da mata corre o riacho de Parts, nas cercanias de uma aldeia denominada Rutsen. Schulembourg, mandando reunir todos os barcos que pudessem ser encontrados, fez atravessar neles as suas tropas. O rei Carlos chegou justamente no momento em que Schulembourg ganhava a outra margem. Nunca vencedor algum tinha perseguido tão implacavelmente o inimigo. A reputação de Schulembourg dependia de conseguir escapar ao rei da Suécia; este, da sua parte, julgava sua glória envolvida na captura de Schulembourg e do resto do seu exército. Sem perda de tempo, fez sua cavalaria atravessar a vau o riacho, encurralando os saxões entre aquela corrente d’água e o grande rio Oder, que nasce na Silésia e já se apresenta profundo e rápido naquele ponto.
A desgraça de Schulembourg parecia inevitável; entretanto, ainda que com o sacrifício de alguns soldados, conseguiu cruzar o Oder durante a noite, salvando assim o restante de suas tropas, o que fez Carlos XII exclamar: "Hoje, Schulembourg nos venceu!"
Foi esse mesmo Schulembourg que se tornou mais tarde general dos Venezianos e a quem a república erigiu uma estátua em Corfu, por haver defendido contra os Turcos esse baluarte da Itália. Só as repúblicas prestam tais honras; os reis não conferem senão recompensas.
Fonte: VOLTAIRE. Clássicos Jackson vol XXII. Tradução de Brito Broca.
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