CIENCIAS NATURAIS E MÉDICAS – A Civilização árabe (1884)

Dr. Gustave Le Bon (Sorbonne)

A Civilização árabe (1884) – volume V

Capítulo VI

CIENCIAS NATURAIS E MÉDICAS

CIÊNCIAS NATURAIS

A historia natural, para os árabes, reduziu-se no principio a comentar a obra de Aristóteles; mas logo eles preferiram estudar os livros, e por isso lhes devemos várias excelentes obras sobre os animais, as plantas, os metais, os fósseis, etc.

Um dos naturalistas árabes mais conhecidos é Kazwiny, falecido em 1283, apelidado o Plínio dos orientais; suas obras consistem especialmente em descrições do gênero das de Buffon.

Os árabes não conheceram as grandes generalizações, nem classificações análogas às dos modernos, não obstante se encontrarem naqueles livros passagens onde eles parecem ter pressentido algumas das mais importante descobertas da ciência atual. Vemos assim que no tratado das pedras escrito por Avicena há um capítulo sobre a origem das montanhas discrepando muito pouco do que hoje se ensina, como se poderá .comprovar peles parágrafos seguintes:

"As montanhas podem provir de duas causas: ou são efeito do levantamento da crosta terrestre, como sucede num violento terremoto, ou são efeito da água, a qual, abrindo novos caminhos formou os vales, ao mesmo tempo que produziu as montanhas. Havendo rochas moles e rochas duras, a água e o vento arrastam as primeiras, ao passo que deixam as outras intactas, sendo essa a origem da maior parte das eminências terrestres.

Fig. 244 — Entrada de uma das salas da Universidade de El Azhar, no Cairo (Ebers).

Fig. 244 — Entrada de uma das salas da Universidade de El Azhar, no Cairo (Ebers).

 

"Os minerais têm a mesma origem das montanhas, sendo necessários muitos períodos de tempo para que se verifiquem essas mudanças. Talvez as montanhas comecem agora a diminuir."

O autor chega a alegar provas em apoio do que acaba de expor, pois "com efeito — diz êle, — a prova de que nisso a água foi o agente principal está em que em muitas rochas se vê a estampa de animais aquáticos e de outro gênero; com respeito à matéria terrosa e amarela que cobre a superfície das montanhas, ela não tem a mesma origem que o esqueleto destas, antes procede da desorganização dos restos de ervas e limo trazidos pela água, ou talvez do antigo limo do mar que cobria antes toda a terra".

A idéia de que as profundíssimas transformações do globo, longe de resultarem de grandes cataclismos, segundo acreditava Cuvier, resultam apenas de mudanças lentíssimas, acumuladas durante séculos, como o prova a geologia atual, acha-se claramente indicada na passagem anterior.

A noção das transformações da superfície terrestre em conseqüência da mudança de situação dos mares e de alterações na configuração do solo, estava tão generalizada entre os sábios árabes que já havia penetrado nas massas populares.

Assim o indica a seguinte alegoria, tirada de uma obra do naturalista Kazwiny, de quem falamos há pouco.

"Certo dia, disse Rhidz (um gênio), passava eu por uma cidade muito antiga. — Sabes quando foi fundada esta cidade? — perguntei a um de seus habitantes. — Oh! não o sabemos, e nossos antepassados também o não souberam".

"Mil anos depois, passando pelo mesmo local, debalde procurei a cidade que ali deixara e me havia chamado a atenção, mas em vez dela encontrei apenas vegetais cobrindo a superfície e um pastor que recolhia erva.

"— Sabes — perguntei-lhe, — como foi destruída a cidade que antigamente existiu no próprio sítio onde te encontras? — Ora, que pergunta! esta terra sempre foi como agora a estamos vendo".

"Decorreram mais mil anos, e tornando a passar por aquele mesmo local, avistei um imenso lago, um mar, e na sua praia um grupo de pescadores aos quais perguntei desde quando o mar se estendera até ali. Ao que eles responderam: "Será possível que um homem da sua aparência faça semelhante pergunta? Este lago sempre aqui existiu".

Os naturalistas árabes dedicaram-se também ao estudo da botânica, especialmente em suas aplicações à medicina, e possuíam jardins botânicos onde se cultivavam certas plantas raras e curiosas. No século X Granada já tinha um, magnífico, e Abderraman I não só teve outro perto de Córdova como enviou naturalistas à Síria e outras regiões asiáticas com a fim de lhe trazerem as plantas mais raras.

II

CIÊNCIAS MÉDICAS

A medicina, a astronomia, as matemáticas e a química são as ciências que os árabes cultivaram com preferência, bem como aquelas em que mais importantes progressos realizaram; suas obras de medicina, por terem sido traduzidas em toda a Europa, salvaram-se da destruição que atingiu seus demais livros.

Obras de medicina dos árabes. — São tão numerosos os autores árabes que escreveram sobre medicina que Abu Us buaah lhes dedica um volume completo de sua biografia, de modo que nos limitaremos a citar alguns dos mais conhecidos.

A medicina estava mais adiantada entre os gregos que as outras ciências, motivo pelo qual os árabes encontraram em

seus livros dados preciosos. A primeira tradução dos livros gregos foi feita por Aarão em 685, e sua coleção publicada sob o título de Pandectas é um extrato dos antigos livros de medicina, sobretudo de Galeno; após esta vieram logo as traduções dos livros de Hipócrates, Paulo de Egina e outros.

Um dos mais famosos médicos árabes foi Arrazi, que já citamos como químico. Nasceu em Bagdad em 850 pouco mais ou menos, morreu em 932, e professou a medicina nesta capital durante cinqüenta anos. Este médico submeteu a uma rígida crítica, junto ao leito dos enfermos, todos os trabalhos de seus antecessores, e os tratados que compôs sobre a varíola, a escarlatina e outras febres eruptivas foram consultados durante muito tempo. Possuía extensos conhecimentos anatômicos, e compôs sobre as enfermidades das crianças um livro que foi o primeiro a tratar da matéria. Vê-se por suas obras que empregava agentes terapêuticos novos, como a água fria nas febres contínuas, remédio que há pouco tornou a entrar em moda; empregava também o1 álcool, a sedela, as ventosas na apoplexia, etc. Arrazi foi um observador tão atento e engenhoso como modesto, e conta-se que tendo certo indivíduo caído sem sentidos nas ruas de Córdova, apesar de todos os circunstantes o darem por morto, conseguiu salvá-lo mandando que lhe vergastassem todo o corpo com chibatadas, especialmente na planta dos pés. Como o califa o felicitasse por essa cura, dizendo-lhe que fazia ressuscitar os mortos, respondeu que vira no deserto empregar esse recurso com um árabe, e que todo o mérito de sua cura residia em ter observado que o mal do novo enfermo era exatamente igual ao do primeiro. A história não diz qual era esse mal, mas certos pormenores do relato parecem indicar que se trataria de uma insolação.

As mais conhecidas obras de Arrazi, são: O continente, chamado assim por conter todo um corpo de medicina prática, e Almansuri, do nome do príncipe Almansur a quem o dedicou. Este último divide-se em dez livros: 1.° a Anatomia; 2.° os Temperamentos; 3.° os Alimentos e Medicamentos; 4.° .a Higiene; 5.° a Cosmética; 6.° o Regimen de viagem; 7.° a

Jóias e pedras gravadas árabes. (Museu Espanhol de Antigüidades).

X’ 245 a 281 – Jóias e pedras gravadas árabes. (Museu Espanhol de Antigüidades).

Cirurgia; 8.° os Venenos; 9.° as Enfermidades em geral e 10.° a Febre.

Quase todas as obras de Arrazi foram traduzidas para o latim e impressas várias vezes, especialmente em Viena em 1509, e em Paris em 1528 e 1548. Seu tratado da varíola reim-primiu-se ainda em 1745. As lições de medicina que durante muitos séculos foram dadas nas principais universidades da Europa versavam sobre seus livros, os quais no século XVII compunham ainda, juntamente com os de Avicena, o texto seguido na universidade de Lovaina, segundo informa o regulamento da mesma, parecendo poder-se deduzir daí que apenas se prescreviam os aforismos de Hipócrates e o Ars parva de Galeno.

Referem os historiadores árabes que Arrazi perdeu a vista na velhice, em conseqüência de catarata e recusou deixar-se operar dizendo: "Vi tanto mundo e fiquei tão desgostoso dele, que não quero tornar mais a vê-lo".

Entre os médicos quase contemporâneos deste cumpre citar ainda Ali-Abbas, que vivia nos fins do século X e deixou, com o título de Malki, um livro onde está exposta a medicina* teórica e prática. O autor procura dar a entender que recolheu suas observações não-em livros mas em hospitais, e embora adote os princípios da medicina grega assinala numerosos erros de Hipócrates, Galeno, Oribase, Paulo de Egina, etc, afastando-se freqüentemente deles, sobretudo no modo de tratar as enfermidades. Estêvão de Antioquia traduziu esse livro em 1127, e o manuscrito foi impresso em Lião em 1523.

O mais célebre médico árabe foi Avicena, cuja influência se exerceu durante muitos séculos e a quem chamaram o príncipe da medicina. Nasceu em 980 e morreu em 1037. Começou sendo arrecadador de contribuições, chegou à posição de vizir, e embora morresse relativamente jovem em conseqüência de excessos de trabalho e de prazeres, suas obras são consideráveis. Seu principal livro de medicina, intitulado Canon, ou regra, compreende a fisiologia, a higiene, a patologia, terapêutica e a matéria médica, descrevendo as enfermidades’ muito melhor que os autores anteriores.

As obras de Avicena foram traduzidas para a maioria das línguas do mundo, serviram durante 600 anos de código universal da medicina, constituíram a base de estudos médicos nas universidades de França e da Itália, foram reimpressas até ao século XVIII e só há uns cinqüenta anos deixaram de ser comentadas na Escola de Medicina de Montpellier.

Avicena era tão afeiçoado aos prazeres como à ciência, e seus excessos, como já dissemos, abreviaram-lhe a existência; por isso se diz que nem sua filosofia, apesar de tão grande, lhe inspirou cordura, nem sua ciência médica, apesar de assombrosa, conseguiu dar-lhe a saúde.

O mais famoso cirurgião árabe foi Abulkassim de Córdova, morto em 1107, inventor de muitos instrumentos da sua arte cujos desenhos figuram em suas obras; entre outros descreveu a litotricia, considerada sem razão uma invenção moderna.

Abulkassim não foi conhecido na Europa até ao século XV, mas então sua influência chegou a ser imensa. O grande filósofo Haller observa "que suas obras foram a fonte comum onde beberam todos os cirurgiões posteriores ao século XVI".

A parte da grande obra de Abulkassim dedicada à cirurgia divide-se em três livros: o 1.° inclui o uso do cautério atual, o 2.° as operações feitas com a faca, a cirurgia dental e ocular, as quebraduras ou hérnias, os partos e a extração da pedra e o 3.° é dedicado às fraturas e deslocações. Embora a classificação seja defeituosa, os dados práticos são muito preciosos.

Os trabalhos médicos de Abulkassim foram primeiro impressos em latim em 1497, sendo sua última edição muito recente, uma vez que data de 1861.

Apesar de menos famoso que o anterior, Ibn Zohar de Sevilha, que vivia no século VII, desfruta ainda de grande reputação. Foi experimentador e reformador, simplificou a antiga terapêutica e provou que a natureza, considerada uma força interior, basta só por si para curar as doenças. Malgrado as preocupações juntou o estudo da medicina ao da cirurgia e da farmácia, e sua cirurgia contém dados muito preci-jsos em matéria de deslocações e fraturas.

Decoração polícroma de um pavilhão de Alhambra de Granada.

Decoração polícroma de um pavilhão de Alhambra de Granada.

(Espanha)

Averróes, nascido em Córdova em 1128 e falecido em 1188, escreveu também sobre medicina; porém, embora muito mais conhecido como filósofo e comentador de Aristóteles do que como médico (*), deixou-nos alguns comentários sobre Avicena, um tratado sobre a triaga, um livro sobre os venenos, as febres, etc. Seus livros de medicina foram várias vezes reimpressos na Europa.

Higiene dos árabes. — Estes não desconheceram a importância dela, pois sabiam muito bem que a higiene nos ensina os meios de evitarmos as doenças que a medicina não sabe curar. As prescrições contidas no Corão, como por exemplo freqüência das abluções, proibição do vinho e preferência dada nos países quentes ao regime vegetal sobre o animal, são muito razoáveis, nada havendo que censurar nas recomendações higiênicas atribuídas ao Profeta.

Os autores árabes emitem com freqüência suas prescrições higiênicas em forma aforística que as torna fáceis de recordar; entre outras encontramos a seguinte indicação de um médico árabe do século XI: "Nada pior para um velho que mulher moça e cozinheiro hábil".

Parece que os hospitais árabes eram construídos em condições higiênicas muito superiores às dos nossos estabelecimentos modernos. Edificavam-nos enormes, e faziam circular abundantemente por eles o ar e a água. Tendo Arrazi sido encarregado de escolher o bairro mais saudável de Bagdad para se construir um hospital, empregou o seguinte meio que hoje não recusariam os partidários das teorias modernas sobre os micróbios: pendurou uns pedaços de carne em diversos bairros da cidade e declarou mais saudável aquele onde a carne levou mais tempo a decompor-se.

(1) Em todas as citações de autores árabes que fazemos nesta obra, reproduzimos os nomes tais como os alteraram as traduções latinas e o uso consagrou, ainda que nenhum se pareça com o nome original. Desse modo, Averroes chamava-se realmente Abul Walid Muhammad ibn Roshd. O nome de Avicena era Abu Ali Hassan ibn Abdillah ibn Sina. O mesmo acontece com os da maioria dos califas. Um livro onde se ortografassem exatamente os nomes árabes, seria ilegível para a imensa maioria do público.

Os hospitais árabes eram, como os modernos da Europa, asilos para os enfermos e lugares de ensino para os estudantes, os quais seguiam a carreira muito mais ao pé dos leitos dos doentes que no comércio dos livros, coisa bem pouco imitada pelas universidades cristãs da Idade Média, não obstante ser um ponto fundamental. Havia também reservados para certas categorias, em especial para os loucos. Existiam além disso, como entre nós, postos de socorro onde os enfermos podiam receber consultas gratuitas em certos dias da semana. Às povoações demasiado pequenas para terem um hospital, eram periodicamente enviados alguns médicos providos de remédios.

Os árabes conheciam perfeitamente a influência higiênica do clima; Averroes, em seus comentários a Avicena, preconiza como se faz hoje a mudança de clima para a tísica, indicando a Arábia e a Núbia como estações invernais. Justamente, ainda hoje se enviam muitas vezes para as regiões do Nilo próximas da Núbia as pessoas atacadas dessa enfermidade.

Os aforismos da escola de Salerno contém numerosas prescrições higiênicas inapreciáveis. Todos sabem que se deve aos árabes a reputação dessa escola, que foi tida como a primeira da Europa. Quando em meados do século XI os normandos se apoderaram da Sicília e de uma parte da Itália ocupadas pelos árabes, concederam às escolas de medicina por estes fundada, proteção igual às das demais instituições muçulmanas. Nessa altura um árabe de Cartago, muito instruído e chamado Constantino o Africano, recebeu o encargo de a dirigir, e tendo esse sábio traduzido para o latim as obras médicas importantes dos árabes, tiraram-se delas os aforismos que por muito tempo deram a Salerno sua alta reputação.

Os árabes tinham imensa confiança na higiene aplicada ao tratamento das doenças, e não consideravam menos os recursos da natureza; desse modo, a medicina preventiva que parece hoje o mais importante da ciência não raciocina de outro modo, parecendo-me além disso muito provável que no século X da nossa era aqueles médicos não perdiam mais doentes do que hoje perdem os nossos.

Progressos realizados pelos árabes nas ciências médicas. — Os mais importantes em medicina referem-se à cirurgia, à descrição das doenças, à matéria médica e à farmacopeia. Os árabes imaginaram grande número de métodos, alguns dos quais, como o emprego da água fria nas febres tifóides, reaparecem agora depois de muitos séculos de esquecimento.

A matéria médica deve-lhes muitos medicamentos, como a polpa da canafístula, o sene, o ruibarbo, o tamarindo, a noz vómica, o quermes, a cânfora, o álcool, etc. Dissemos já que eles foram os verdadeiros criadores da farmácia, pois a maioria dos preparados ainda hoje em uso, como xaropes, emplastros, pomadas, ungüentos, águas destiladas, etc., se devem a eles. Conseguiram também imaginar certos processos de administrar remédios, que depois de caírem em longo esquecimento se vão apresentando agora como coisas nunca sonhadas. Tal é entre outros o de fazer as plantas absorverem primeiro os medicamentos, como fêz Ibn Zohar, que curava os constipados mandando-lhes comer frutas de uma vinha regada com purgantes.

Além disso a cirurgia deve aos árabes progressos fundamentais, tendo suas obras servido de base ao ensino da medicina até uma época muito recente. No século XI eles já conheciam o tratamento da catarata por redução ou extração do cristalino, a litotrícia, claramente descrita por Abulkassim, o tratamento de hemorragias por meio de irrigações de água fria, o emprego dos cáusticos, das sedalhas, da cauterização pelo fogo, etc. A anestesia, considerada uma descoberta capital dos tempos modernos parece que não lhes foi desconhecida, pois eles recomendavam, antes das operações dolorosas, o emprego da cizânia para adormecer o enfermo "até que êle perca todo o conhecimento e sentimento".

Tradução de Augusto Souza. Fonte: Paraná Cultural ltda

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