CÓNEGO JANUÁRIO DA CUNHA BARBOSA

Biblioteca Academia Paulista de Letras – volume 7.

História da Literatura Brasileira TOMO I. vol 3.

 LIVRO PRIMEIRO Época de Transformação (século XIX) 2º período (Fase Patriótica)

Artur Mota ( Arthur Motta) (1879 – 1936)

CAPÍTULO IV (continuação)

OUTROS FAUTORES DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL

CÓNEGO JANUÁRIO DA CUNHA BARBOSA

Nasceu na cidade do Rio de Janeiro, a 10 de julho de 1780, e faleceu na mesma cidade, a 22 de fevereiro de 1846. Era filho de Leonardo José da Cunha Barbosa e D. Bernarda Maria de Jesus.

BIBLIOGRAFIA

1) Sermão de ação de graças, pela restauração de Portugal, pregado na Capela do Rio de Janeiro, a 19-12-1808 — Rio de Janeiro, 1809, 16 págs. in 8.°.

Oração de ação de graças, recitada na capela real do Rio de Janeiro, pelo õ.° aniversário da chegada de S. A. R. com toda a sua família. Rio, Imp. Régia, 1813, 22 págs. in 4.° (n.° 6.602 do Cat. da Exp.).

3) Oração de ação de graças, na real capela do Rio de Janeiro, a 7-3-1818, pelo 10.° aniversário da chegada da família real. Rio, 1818, 24 págs. in 4.°.

4) Oração de ação de graças, na capela real, a 26 de fevereiro, pelo 1.° aniversário do juramento à constituição lusitana. Rio, Tip. Nac, 1822, 19 págs. in 4.° (n.° 19.658 do Cat. da Exp.).

5) Oração de ação de graças, na imperial capela do Rio de Janeiro, a 1-12-1825, pelo 3.° aniversário da coroação de D. Pedro I — Rio, Imp. e Tip. de Plancher, 24 págs. in 8.° (n.° 7.148 do Cat. da Exp.).

6) Oração fúnebre, nas exéquias de D. Maria I, em S. Francisco de Paula do Rio de Janeiro — Bahia, 1818, 30 págs. in 8.°.

7) Oração fúnebre nas exéquias de D. João VI, na capela imperial — Rio 1826, 25 págs. in 8.°.

8) Oração fúnebre nas exéquias de D. Maria Leopoldina na capela imperial a 26-1-1827 — Rio, Tip. Imp. Nac. 1827, 23 págs. in 8.° (n.° 7.160 do Cat. de Exp.).

9) Oração recitada na capela imperial, a 10-11-1828, na missa solene do Espírito Santo — Tip. Imp. e Nac, Rio, 1828, 9 págs. in 4.° (n.° 9. 502 do Cat. da Exp.).

10) Oração de ação de graças, pelo consórcio de D. Pedro I com D. Amér Augusta, na capela imperial •— Rio, Tip. Imp. de P. Plancher-Seignot, 1829, 16 pág in 4.°, (n.° 7.188 do Cat. da Exp.).

11) Oração de ação de graças pelo restabelecimento da saúde do imperador, igreja do S. S. Sacramento, a 14-2-1830. Rio, Tip. Imp. de E. Seignot Planch 1830, 15 págs. in 8.°, na "Antologia dos Pregadores Brasileiros", de Monsenh Vicente Lustoza, 1.° vol., pág. 139 (n.° 7.194 do Cat. da Exp.).

12) Discurso, celebrando o 8.° aniversário da independência do Brasil na igr de Sta. Rita — Rio, Tip. de Lessa e Pereira, 1830, 11 págs. in 4.° (n.° 7.010 do C da Exp.).

13) Oração, no templo de S. Francisco de Paula, a 7-9-1832. No Recompila de 24-9-1832 (n.° 7.011 do Cat. da Exp.).

14) Discurso de ação de graças, pelas melhoras de D. Pedro II, na igreja de S.Francisco de Paula, a 27-11-1833. Rio, Tip. Amer. do I.-P. da Costa, 1833, 11 págs. in 8.° (n.° 7.550 do Cat. da Exp.).

15) Oração fúnebre da Princesa D. Paula Mariana, na capela imperial, a 18-2-1833 — Rio, Tip. Nac, 1833, 12 págs. in 4.° (n.° 7.548*do Cat. da Exp.).

16) Oração fúnebre nas exéquias que os oficiais do 1.° corpo de artilharia de posição mandaram celebrar na igreja Sta. Cruz dos Militares, em sufrágio de Antonio Manuel P.a Monteiro, a 4-3-1837 — Rio, Tip. de Silva e Irmão, 15 págs. in 8.° (n.° 15.782 do Cat. da Exp.).

17) Oração de ação de graças, pela maioridade de D. Pedro II, na capela de N. S. da Glória, a 29-8-1840 — Rio, Tip. do Diário, 1840, 13 págs. in 4.° (n.° 7.648 do Cat. da Exp.).

18) Sermão na solenidade de sagração do bispo do Rio de Janeiro, na imperial capela, a 24-5-1840 — Rio, Tip. de J. E. S. Cabral, 1840, 19 págs. in 4.° — Tip. J. E. S. Cabral — Encontra-se, também, na "Antologia dos Pregadores Brasileiros" — 1.° vol. — pág. 123 — (n.° 9.011 do Cat. da Exp.).

19) Sermão na igreja da Casa de Misericórdia, a 2-7-1840 — Rio, 1840, 18 págs. in 8.°.

20) Sermão de N. S. do Bom Sucesso, pregado na igreja da Sta. Casa de Misericórdia, abrindo-se pela 1.° vez o Novo Recolhimento das órfãs, em 1842. No 1.° vol. da "Antologia dos Pregadores Brasileiros", pág. 149.

21) Oração fúnebre nas exéquias do Sr. Joaquim José Pereira de Faro, Barão dc Rio Bonito, na Ordem 3.a do Carmo, a 10-3-1843 — Rio, 1843, 19 págs. in 4.°, com retrato. Foi reproduzido na "Notícia histórica do Barão do Rio Bonito" (n.° 15.816 e 15.817 do Cat. da Exp.).

22) Sermão das Chagas de São Francisco, pregado na Ordem Terceira da Penitência, a 17-9-1841, na "Antologia dos Pregadores Brasileiros" 1.° vol., pág. 183.

23) Oração de ação de graças, na imperial capela, a 30-3-1845, pelo nascimento do Príncipe D. Afonso — Rio, Tip. Nac, 1845, 11 págs. in 4.° (n.° 7.688 do Cat. da Exp.).

24) Discurso Sagrado à exaltação da Sta. Cruz, na igreja dos militares, em 21-12-1837 — 56 págs. in 8.° — Rio de Janeiro, 1857. É publicação póstuma que encerra três outros sermões: de S. Pedro, de N. S. do Bom Sucesso e das Chagas de S. Francisco. Acha-se na "Antologia de Pregadores Brasileiros" — 1.° vol., pág. 159.

25) Discurso na missa solene do Espírito Santo, na igreja dos Terceiros 1 nimos; a 15-5-1821. Rio, Tip. Régia, 1821, 7 págs. in 4.° (n.° 9.499 do Cat. Exp.).

26) Discurso na missa solene do Espírito Santo, na real capela a 21-5-1821 Rio, Tip. Régia, 1821, 7 págs. in 4.° (n.° 9.500 do Cat. da Exp.).

27) Discurso no Gr. O. do Br. — Está na "Coleção dos discursos maçónico — Rio, 1832, in 4.° (n.° 15.084 do Cat. da Exp.).

28) Discurso fúnebre nas exéquias de Bernardo Lobo de Sousa, a 94-1835 Rio, Tip. Americana — 1835, 12 págs. in 4.° (n.° 15.910 do Cat. da Exp.).

29) Discurso na fusão do povo maçónico brasileiro, a 24-6-1835 — Rio, 18Í 19 págs. in 8.°.

30) Discurso ao fundar-se o Inst. Hist. e Geog. Brasileiro, a 25-11-1838 — R: Tip. da Ass. do Despertador, 1838, 26 págs. in 8.° (n.° 12.611 do Cat. da Exp

31) Discurso representando o Inst. Hist. e Geog. Bras. no enterro do Cor José Joaquim da Rocha — Rio, 1838, 7 págs. in 8.°.

32) Panegírico de S. Pedro — No 1.° vol. da "Antologia de Pregadores Bra leiros", pág. 169.

33) Investigações sobre as povoações primitivas da América, na obra < Warden: "Antiguidades mexicanas" — Paris, 1834, 3 vols. Foi reproduzido i Rev. do Inst. Hist. — tomo 5.°.

34) Se a introdução dos escravos africanos no Brasil embaraça a civilizaçi dos nossos indígenas, etc. Rev. do Inst. Hist. — tomo 1.° — 1839.

35) Qual seria hoje o melhor sistema de colonizar os índios entranhados nc nossos sertões, etc. Rev. Inst. Hist. — tomo 2.° — 1840. Na Revista, anos 1840 1842, há muitas biografias de brasileiros ilustres, por ele escritas, bem com relatórios, um dos quais foi reproduzido na Minerva Brasiliense, tomo 2.°, pá 423 (n.° 15.179 do Cat. da Exp.).

36) Niterói — Metamorfose do Rio de Janeiro — dedicada a José Marcelin Gonçalves — in 8.° de 60 págs. — Londres, R. Greenlaw — 1822. É edição raríss ma. Possuo um exemplar desta e da nova edição no "Florilégio da poesia bras leira", por Varnhagen (tomo 2.°, págs. 667). A Bib. Nacional possui uma cópi ou o autógrafo, com algumas variantes e mais três notas (n.° 799 da Bib. Brs siliense).

37) Os garimpeiros — poema em.oitava rima, sob anônimo, em resposta a poema "O pesadelo de F. J. Pinheiro Guimarães". Rio de Janeiro, Tip. de R. Ogie e Cia., 1837.

38) A rusga da Praia Grande ou o quixotismo do general das massas — com. em 3.a — Rio, 1831 — 75 págs. in 8.° (anônima).

39) Parnaso Brasileiro — coleção das melhores poesias de poetas brasileiros — 2 vols. in 4.° — Rio de Janeiro, Tip. Imp. e Nac, 1829-1830 (n.° 800 da Bib. Brasiliense).

40) Epitalâmio ao Imperador D. Pedro II, por ocasião do seu consórcio com D. Tereza Maria Cristina — original de Castor Roberto, Barão de Planitz — tradução livre, Rio — in 4.°.

Figura em 3 idiomas: latim, português e italiano, sendo a última tradução do Dr. L. V. Simoni.

41) Discurso sobre o abuso de derrubadas de árvores, etc. Lido na sessão anual da Soe Auxiliadora da Indústria Nacional, a 7-7-1833. Foi publicado no Auxiliador, 1833.

42) Memória sobre a cultura e manipulação do chá, lida na mesma sociedade, a 13-7-1834 — idem, 1834.

43) Memória sobre o método para se obter a melhor manteiga. Na mesma sociedade. Idem, 1837.

44) Pomologia fisiológica, memória lida na mesma sociedade — Idem, 1838.

45) Revérbero Constitucional Fluminense — escrito por dois brasileiros amigos da nação e da pátria. Rio, 1821-1822, 2 vols. in 4.°. É um jornal cuja publicação começou a 15-9-1821 e terminou a 8-10-1822. Era seu colaborador Joaquim Gonçalves Ledo.

46) Bulas pontifícias — Cartas régias, alvarás e provisões episcopais, coligidas por Manoel Joaquim da Silveira e publicadas por Januário — Rio, Tip. Berthe e Haring, Rio, 1844, 111 págs. in 4.° (n.° 9.053 do Cat. da Exp.).

47) Conselhos a um novel ministro do Evangelho, sobre a arte de pregar, traduzidos, etc. Permanecem inéditos, achando-se o respectivo autógrafo na Bib. do Inst. Hist.

Januário da Cunha Barbosa foi presidente e fundador do Inst. Hist. e Geog. do Brasil, escrevendo muito na respectiva Revista — "Escravos africanos no Brasil", as biografias de José Monteiro de Noronha, José de Souza Azevedo Pizarro e Araujo, Antonio Pereira de Souza Caldas, Bento de Figueiredo Tenreiro Aranha, D. José Joaquim da Cunha de Azeredo Coutinho, Manuel Ignacio da Silva Alvarenga, Gregorio de Mattos Guerra, Domingos Caldas Barbosa,

Martini Afonso de Souza (Ararigboya), José Joaquim Carneiro de Campos (Marquês de Caravelas) e Clemente Pereira de Azevedo, além de muitas memórias, discursos, artigos e outros trabalhos, nos primeiros tomos (n.° 8.895 do Cat. da Exp. e outros). Escreveu, também, na Minerva Brasiliense, no Auxiliador, no Diário do Governo, no Ostensor Brasileiro, no Revérbero Constitucional Fluminense e na Mutuca picante (n.° 4.075, 5.140 do Cat. da Exp., mais n.° 12.731, idem).

FONTES PARA AUXILIAR A CRÍTICA

 Afonso Taunay — Grandes vultos da Independência do Brasil.

 Alfredo Gomes — Hist. Literária — (Introduc. Cie. Hist. Geog. e Etnológico).

 Barbuda (J.) — Literatura Brasileira — pág. 437.

 Carmelo (Antonio) — O púlpito no Brasil — Rev. de Ling. Port., n.° 19.

 Chichorro da Gama — Miniaturas biográficas, pág. 150.

 " " " — Breve Dic. de autores clássicos e Rev. de Líng. Portuguesa, n.° 14, pág. 67.

 Fernandes Pinheiro — História Literária — vol. II, pág. 421.

 Inocêncio Silva — Dicionário bibliográfico.

 Lery dos Santos — Panteão Fluminense, pág. 523.

 Mello Morais Filho — Parnaso Brasileiro, I, pág. 420.

 Moreira de Azevedo — Curiosidades — Notícias e variedades históricas brasileiras.

 Pereira da Silva — Os varões ilustres do Brasil, 2 vols., 361.

 Porto Alegre — Rev. do Inst. Hist. — tomo 4.°, pág. 151.

 Ramiz Galvão — O púlpito no Brasil, pág. 167. Revista do Instituto Histórico — vários tomos.

 Sacramento Blake — Dicionário bibliográfico, vol. 3.°, pág. 294. Sigaud (Dr.) — Elogio histórico do Cónego Januário da Cunha Barbosa.

 Sílvio Romero — História da Literatura Brasileira — 1.° vol., pág. 289.

 " e João Ribeiro — Compêndio de história da literatura brasileira — pág. 107.

 Varnhagen (Vise. de Porto Seguro) — Florilégio da poesia brasileira.

 Wolf — Litérature Brésilienne — pág. 113.

NOTÍCIA BIOGRÁFICA E SUBSÍDIOS PARA O ESTUDO CRÍTICO

Duas circunstâncias exaltam a figura do Conêgo Januário da Cunha Barbosa na história da mentalidade brasileira: a de se distinguir como um dos mais intemeratos propagandistas da independência e a de haver sido o fundador do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Não o exaltassem esses títulos, deveria ser considerado como poeta, literato, orador e político.

Do poeta temos a considerar: "Nictheroy" e "Os Garimpeiros". São poemas ao sabor dos moldes clássicos, ilegíveis pela nova geração, porque não revelam engenho poético, não despertam a menor curiosidade pelos processos estéticos, nem mesmo se recomendam como sintomas do nacionalismo incipiente. Só os títulos são genuinamente brasileiros.

"Nictheroy é um poemeto de ficção mitológica, aplicada ao novo mundo. O poeta descreve a metamorfose do Rio de Janeiro, trazendo o concurso do gigante Mimas, e de Atlântida, país de Nictheroy; dos deuses do Olimpo; de titãs e heiióis; de toda a genealogia dos personagens da mitologia grega. E de roldão se ocupa de alguns vultos da história do Brasil, a partir de Estácio de Sá, até D. João VI.

"Os Garimpeiros" subordinam-se a outro gênero. Trata-se de um poema herói-cômico, em oitava rima, concebido como resposta ao poema "O pesadelo", de F. J. Pinheiro Guimarães, visando ridicularizar Bernardo de Vasconcelos. O poema foi muito criticado, na época, pela irreverência de linguagem e pelo tom agressivo. As mesmas recriminações sofreu a comédia "A rusga da Praia Grande" ou o quixotismo do general das massas, concebida no gênero das comédias à clef, com alusões inconvenientes aos políticos contemporâneos do autor, encoberto sob a capa do anonimato.

O literato é bem mais apreciável que o poeta. Distinguiu-se como biógrafo dos principais homens de letras das gerações anteriores e mesmo dos que viveram no seu tempo. Foi um dos precursores da crítica e da história literária no Brasil.

O seu "Parnaso Brasileiro", em dois volumes, escrito em 1829-1830, é a primeira antologia escrita por autor brasileiro e publicada no Brasil.

Além de .oferecer apreciada coletânea das melhores produções dos poetas nacionais, apresenta estudos sobre cada um deles.

"O Parnaso Brasileiro" muito serviu a Joaquim Norberto de Sousa e Silva, a Pereira da Silva, Francisco Adolfo Varnhagen, Mello Morais Filho e outros, em obras congêneres, bemcomo a Fernandes

Pinheiro, Ferdinand Wolf e Sílvio Romero, nas respectivas histórias da literatura brasileira.

Mas, além do que existe no "Parnaso Brasileiro", há a contribuição da "Revista Trimensal do Inst. Hist. Brasileiro", em cuja coleção se encontram biografias de Gregório de Mattos, Azeredo Coutinho, Pizarro e Araujo, Souza Caldas, Caldas Barbosa, Silva Alvarenga, Tenreiro Aranha, além das de alguns vultos da nossa história civil.

Do orador sacro poucos sermões, orações e panegíricos se encontram. Embora fossem todos, ou quase todos, publicados em folhetos, apenas consegui obter um, o proferido na solenidade de sagração do bispo do Rio de Janeiro. Mas a "Antologia dos pregadores brasileiros", organizada por Monsenhor Vicente Lustoza, reúne seis.

Mais se recomendam pela erudição do que pela eloqüência, as peças oratórias do Cónego Januário. Das que li, a mais erguida na arte de elocução é o discurso sagrado à exaltação da Santa Cruz, na Igreja dos Militares. Todos têm a sobriedade de concepção, a singeleza de linguagem e a lógica dos conceitos.

Não se pode julgar o artista da palavra oral sem ouvi-lo. Afirmam, porém, os que o ouviram falar no púlpito e no instituto, que O Cónego Januário da Cunha Barbosa era um sermonista eloqüente e um orador de palavra fácil e fluente. A sua reputação era extraordinária. Valeu-lhe ser cavaleiro da ordem de Cristo e pregador da capela real.

Não me desagradou a leitura dos seis sermões e dos discursos contidos na Revista do Instituto Histórico.

Improvisava a maior parte das suas práticas, no púlpito.

O político se desdobrou no jornalista, no tribuno, no propagandista e no homem de ação. Com a colaboração de Joaquim Gonçalves Ledo, manteve o "Revérbero Constitucional Fluminense", desde 15-9-1821 até 8-104822.

A ação dos dois jornalistas no "Revérbero" foi eficacíssima para a proclamação da independência, porque ambos inflamaram a opinião pública e despertaram entusiasmo em todas as classes sociais do Rio de Janeiro.

Januário da Cunha Barbosa era presbítero secular, ordenado em 1803.

Órfão de pai e mãe, ainda na infância, encarregou-se da sua educação um tio paterno, que lhe ministrou a instrução primária, destinando-o depois à vida clerical. Depois de tomar ordens, fez duas viagens a Lisboa, sendo a primeira em 1804. De regresso à pátria, dedicou-se ao púlpito e foi nomeado professor substituto da cadeira de Filosofia racional, sendo efetivado como catedrático em 1814.

Viveu até 1821 das glórias de pregador insigne, muito estimado, e de professor. Dedicou-se, então, à propaganda da independência de sua pátria e iniciou a carreira de jornalista no "Revérbero Constitucional", de parceria com Gonçalves Ledo.

Além da propaganda intensiva, exercida no Rio de Janeiro, empreendeu uma viagem a Minas, a fim de conquistar prosélitos, de conciliar ânimos exaltados e de conseguir harmonia de pontos de vista, em benefício da causa sagrada.

Proclamada a independência, manifestou-se em oposição ao ministério dos Andradas, o que lhe valeu a prisão na fortaleza de Santa Cruz, a 7 de dezembro de 1822, sendo condenado ao exílio, sem pensão, a 19 do mesmo mês e ano. Esteve no Havre, depois em Paris, regressando em 1823.

Mereceu ser agraciado com o oficialato da ordem do Cruzeiro, em 4-4-1824, por figurar na relação dos patriotas que mais pugnaram pela nossa emancipação política.

Eleito deputado à Assembléia Geral, em primeira legislatura, simultaneamente pelas províncias de Minas Gerais e Rio de Janeiro, optou pela segunda; mas não foi reeleito e deu por finda a sua carreira política.

Desempenhou o cargo de diretor do "Diário do Governo" e da Tipografia Nacional, até 1831, sendo novamente convidado a exercer o mesmo cargo, até 1837.

O fato de se dedicar à redação da imprensa oficial fez perder a confiança que nele depositava o partido liberal, a que pertencia. Mas reingressou no partido em 1845, sendo eleito deputado como representante da sua província natal. Absteve-se de tomar parte em questões políticas.

Escreveu em vários jornais e revistas, além do "Revérbero": — no "Auxiliador", no "Ostensor Brasileiro", na "Mutuca picante", onde desenvolvia mordacidade no estilo satírico, na "Minerva Brasiliense" e no jornal oficial.

Era, também, comendador da ordem da Rosa, da ordem portuguesa da Conceição de Vila Viçosa e da ordem napolitana de Francisco I. Foi diretor da Biblioteca Nacional, em 1844.

Com o General Raimundo José da Cunha Mattos, fundou o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, do qual foi secretário perpétuo e encarregado da redação e publicação da revista. Essa iniciativa constituiu um dos mais relevantes serviços prestados ao Brasil, juntamente com a sua ação de propaganda para a independência do país.

Como homenagem prestada ao fundador, os sócios do Instituto inauguraram os bustos dele e do seu companheiro, na sala das sessões, a 6 de abril de 1848, isto é, dois anos após a sua morte.

Mereceu, ainda, as nomeações de examinador sinodal, cronista do império, secretário perpétuo da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional, de cuja revista foi redator; sócio do Conservatório Dramático do Brasil; membro correspondente de 14 sociedades científicas e literárias estrangeiras. Ao todo, eram 26 os títulos honrosos a ele conferidos. O seu nome foi proclamado como de um sábio, em 18 corporações estrangeiras.

Faleceu a 22 de fevereiro de 1846, na cidade natal.

Era incontestavelmente um brasileiro ilustre, sob vários ponto-de vista.

Sílvio Romero, que não lhe votava simpatia, considerou-o "um; figura de valor, um homem ativo, uma mediocridade cheia", assim remata o seu juízo: "Tinha a paixão das exibições, por isso criou associações, como o Instituto Histórico, e escreveu em quase todos os jornais do tempo. No fundo não passava de um humanista retórico; a vulgaridade foi uma nota não rara em seus escrito Presta-se-lhe hoje atenção, porque o seu bom senso o levou a colabo rar na obra de nossa independência. É esse o fato capital de sua vida".

No entanto, Porto Alegre e Lery dos Santos exaltaram-lhe modéstia que, aliás, ressalta da sua obra oratória.

A independência, o Instituto e o Parnaso Brasileiro são suficien tes como atestados de seu valor e de sua benemerência.

SUMÁRIO PARA UM ESTUDO COMPLETO

Os primeiros estudos — A educação religiosa — Em Porto

— No púlpito — Na cátedra — A sua ação na propaganda da in pendência — No exílio — O político e o jornalista — 0 poet Louros conquistados — No Instituto Histórico — O Parnaso Brasil

— Balanço dos serviços prestados ao país.

 

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