PARALELO
ENTRE EPICURO E ZENÃO
por José Geraldo Vidigal de Carvalho
EPICURISMO
·Os
alunos não tiveram em Epicuro um mestre no estilo tradicional, pois: na
verdade formavam um grupo de amigos que filosofam juntos.
·Epicuro
era uma personalidade marcante que exercia uma notável influência
pessoal.
·O
perfil caracterológico de Epicuro revela uma bondade irradiante, uma
natureza terna e amável, o que o levava a tratar com delicadeza os
escravos.
·Uma
terrível doença lhe
foi paralizando as forças, mas ele jamais perdeu o fair play, o auto domínio, o self control.
·É
impressionante que dois séculos depois de sua morte, ocorrida em
270 a C. era ainda exaltada
sua figura. O poeta romano Lucrécio, epicurista, assim o louvou:
“Foi um deus, sim, um deus, aquele que primeiro descobriu esta maneira de
viver que agora se chama sabedoria, aquele que por sua arte nos fez escapar de
tais tempestades e de tais noites, para colocar nossa vida numa morada
tão calma e tão luminosa”.
·As tempestades e a noite a que se refere o poeta
Lucrécio significam os temores e as perturbaçõess que
agitam o espírito humano e que, segundo ele, Epicuro teria ensinado como
vencer.
·A filosofia, para Epicuro, deveria servir ao homem como instrumento de
libertação e como via de acesso à verdadeira felicidade.
·Devido aos fragrantes erros filosóficos
de sua doutrina Epicuro não conseguiu levar nenhum de seus discípulos
à felicidade completa.
·A teoria do conhecimento dos epicuristas
é empirista, isto é, reduz toda a origem do conhecimento à
experiência sensível.
·A conjugação do conhecimento
sensível e do conhecimento racional levou Epicuro a aderir ao atomismo
criado por Leucipo e Demócrito.
·A experiência da vontade livre seria o
fato experimentado que, através do critério da
não-infirmação, encontraria explicação no
desvio (clinamen) que deve
também ocorrer nas trajetórias atômicas.
·Com esta doutrina do desvio Epicuro tenta
explicar a espontaneidade da alma, autonomia da vontade, a liberdade humana,
fugindo ao fatalismo que impera no universo.
·Para Epicuro fugir da dor significa se sustentar
de recordações agradáveis e de esperanças de
futuros prazeres.
·O prazer para Epicuro era a ausência de
perturbação e a superação da dor, mas seu hedonismo
espiritualizados de base materialismo lançou seus seguidores na
dissolução moral.
ESTOICISMO
·Os estóicos utilizam amplamente materiais
de todas as filosofias anteriores.
·Na Física se inspiram em
Heráclito, combinando-o com o hilemorfismo aristotélico.
·Na Teodicéia se firmam nas provas de
Platão e Aristóteles
·Na ética prolongam a atitude dos
cínicos, ou seja, de uma das escolas socráticas, para a qual o
único fim do homem é a felicidade e a felicidade consiste na
virtude.
·Os cínicos ensinavam também o desprezo das comodidades, das riquezas
e dos prazeres.
·O estoicismo, porém, não tem um
caráter eclético, pois constitui uma síntese com destacada
característica própria.
·Quase nenhum dos representantes do estoicismo
são gregos, mas de regiões distantes e daíum
caráter cosmopolita que é comum às escolas
helenísticas após Alexandre Magno.
·Na filosofia dos estóicos o fim supremo
do homem é a virtude, como meio para a felicidade, que é a
felicidade da quietude, fruto da virtude negativa da indiferença
universal.
·A paixão segundo os
estóicos é substancialmente má, porquanto perturba a
quietude da alma.
·A verdadeira virtude estóica é a
indiferença e a renúncia a todos os bens do mundo, os quais
não dependem de nós, porquanto nos podem ser tirados e, por
conseguinte, nos amargurar.
·É preciso enunciar a tudo, fora a
sabedoria que consiste substancialmente nesta indiferença absoluta.
·Trata-se de uma moral ascética, uma moral
de renúncia: de renúncia absoluta, porque após ter o h0mem renunciado a todos os bens do
mundo, não lhe resta mais nada ( a alma, na filosofia estóica,
é perecível como o corpo, e deus se desfaz na matéria, no
fogo universal); e de renúncia egoísta, porque a renúncia
não é feita por amor a Deus e aos homens, mas por amor de si
mesmo da própria tranqüilidade.
ASPECTOS |
EPICURO |
ZENÃO |
Lugar de ensino |
Ensinava em um JARDIM |
Ensinava num PÓRTICO |
Alimento |
Água e pão |
Vinho e pão |
Saúde |
Saúde delicada, tendo enfermidade renal e talvez hidropsia |
Gozou sempre de |
Tempo de vida |
72 anos |
98 anos |
Mudanças na doutrina por parte de seus |
Poucas |
Muitas |
Divisão da Filosofia |
Lógica, |
Idem |
Lógica |
Teoria sensista do conhecimento: sensação |
Idem: conhecimento intelectual combinação de |
Imortalidade da Alma |
Nega |
Apenas a alma do |
Paixões |
Procurar o prazer (bem), fugir da dor (mal) |
Mal é |
Matéria |
Composta de átomos |
Matéria princípio primordial, penetrada pelo |
Destino |
Não há que o temer |
Submissão total a ele |
Locus Deus |
Os deuses residem em vergeis maravilhosos alheios ao mundo |
Fogo que tudo penetra |
Providência |
Não admite a Providência |
Admite a |
Preces |
As orações são inúteis |
Determinismo finalista |
Mundividência |
Matemática moral |
Fatalismo |
Objetivo básico |
Arte do bem viver |
Arte de ser feliz |
Felicidade |
Está na paz e tranqüilidade |
Está na total impassibilidade |
Sábio |
Aquele é o |
Aquele que se basta |
Lemas |
Voluptas expetenta, fugiendus dolor |
Sustine et abtine |
Termos sintéticos |
Aponia |
Apatia |
Influências marcantes |
Leucipo ,Demócrito e Sócrates através |
Sócrates, através de Aristipo, |
Regra |
Calcular as sensações |
Naturam sequere |
Fundo filosófico |
materialismo |
Idem |
Legado do nome |
Epicureu: dissoluto, sensual |
Estóico: firme, inabalável |
Morte |
Nada a temer |
Aceitá-la por inevitável |
Destino |
Não existe |
Existe |
ASPECTOS |
EPICURO |
ZENÃO |
Riqueza |
Deixou tudo para |
De família rica, se dedicou ao comércio e |
Homenagens dos epígonos |
Consideravam-no um ser divino |
Fizeram-lhe estátua em Chipre, sua terra natal; em Atenas |
Si fractus |
Se sobre ele caísse o mundo, (o |
(Horácio, Odes livro III, v. 8) |
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