HISTÓRIA DA ATRIBUIÇÃO DO PRÊMIO NOBEL A ALBERT CAMUS – STRÖMBERG

PEQUENA HISTÓRIA

DA ATRIBUIÇÃO

DO PRÊMIO NOBEL

A ALBERT CAMUS *

Pelo Dr. KJELL STRÖMBERG

Antigo Conselheiro Cultural da Embaixada da Suécia em Paris

Fonte: Editora Opera Mundi


Na competição realizada em 1957, pelo Prêmio Nobel de literatura, a França era representada por nada menos que nove candidatos. Pela nona vez, obteve ela nesse ano a preciosa recompensa na grande corrida embora com um outsider que ninguém imaginava pudesse alcançar tão cedo a reta final. O nome de André Malraux, apresentado por diversas associações literárias, tanto suecas como francesas, estava em todas as bocas, tanto mais que acabava de ser festejado e recebido pelo Rei, por ocasião de uma brilhante conferência sobre Rembrant pronun­ciada em Estocolmo. A candidatura quase permanente de Jean–Paul Sartre também contava com ardorosos defensores na imprensa imprensa sueca. Entretanto foi Albert Camus, discípulo de um e êmulo do outro que, no dia 17 de outubro, foi proclamado o feliz premiado, principalmente pela “sua importante obra literá­ria que põe em relevo, com uma seriedade penetrante, os problemas que se impõem na atualidade à consciência dos homens.”

Se esta escolha causou alguma surpresa foi pelas mesmas razões que a escolha de Roger Martin du Gard suscitara vinte anos antes. O autor dos Thibault foi eleito, enquanto que seu mestre consagrado, André Gide, teve que esperar dez anos antes que a Academia sueca resolvesse afinal coroá-lo. Daí o primeiro gesto do novo laureado ter sido uma homenagem a Malraux na qualidade de mestre e precursor de toda uma geração literária, de há muito empenhada em uma luta que não se feria unicamente com armas espirituais. Por outro lado, Malraux, assim como Sartre, havia abandonado, momentaneamente, as letras pro­priamente ditas para participar ativamente da política, ao passo que o gênio criador de Camus se achava em pleno desenvolvi­mento — o que foi comprovado de maneira convincente — na admirável narrativa A Queda, publicada em 1956.

Outros postulantes, cinqüenta aproximadamente, pode­remos deixar de citar, para nos fixarmos unicamente em dois futuros laureados: Boris Pasternak e Saint-John Perse, ambos propostos por influentes membros da Academia sueca. Pela primeira vez, se não me engano, figuram na lista dos candidatos dois nomes, que doravante vão estar presentes todos os anos provocando grande celeuma: Samuel Beckett, chefe irlandês da escola “absurdista” francesa, e Vainõ Linna, autor de uma vasta epopéia sobre os altos feitos do pequeno povo finlandês no decorrer das últimas disputas com o seu poderoso vizinho russo. Paremos aqui para não reabrir antigas feridas mal cicatrizadas, nem despertar esperanças prematuras.

Quanto ao laureado do ano, já havia sido proposto para o Prêmio Nobel, pela primeira vez, em 1947, e isto na própria Academia, após a publicação de A Peste — obra-prima incontes­tável na qual Camus coloca o problema essencial da condição humana, o do Mal, com uma força artística e um senso da atualidade que atraíram para ele a atenção e a admiração de todos, digamos francamente, de todo o mundo civilizado. Um após outro os acadêmicos suecos retomaram sua candidatura — em 1949, 1952, 1954 e nos anos seguintes — sem esperar as propostas vindas do estrangeiro e principalmente da França. É bem verdade que estas propostas chegavam ao ritmo de conta–gotas, pois todo mundo, obviamente, adquirira a firme convic­ção de que o Prêmio Nobel só podia coroar a obra acabada de uma vida e não aquela, por mais notável que fosse, de um autor jovem que ainda não dissera sua última palavra. De fato, quando recebeu a insigne recompensa, Albert Camus tinha somente quarenta e quatro anos, de maneira que foi o laureado mais jovem do Prêmio Nobel de literatura, após Rudyard Kipling. O autor do Livro do Jângal tinha um ano a menos que Camus quando lhe foi atribuído o prêmio em 1907 — exata­mente meio século antes! Se excetuarmos Sinclair Lewis, esco­lhido em 1930, quando tinha um ano a mais que Camus, nenhum outro escritor atingiu tais alturas antes de chegar à casa dos cinqüenta e a maioria teve de esperar uma idade bem mais avançada.

O primeiro relatório sobre Camus, feito a pedido do comitê Nobel da Academia sueca para uso de seus membros, data de 1949. É um trabalho muito consciencioso de umas trinta páginas, redigido pelo Dr. Holger Ahlenius, o mesmo perito consultado a propósito de André Gide. A este primeiro relatório acrescentam-se dois outros, quase tão volumosos, do mesmo autor e, enfim, uma espécie de confirmação, pelo Dr. Anders Õsterling, secretário perpétuo da douta Companhia. Não se poderia dizer que Camus tenha sido julgado levianamente.

Na opinião do Dr. Ahlenius, Camus liga-se pelas suas primeiras obras à linhagem dos grandes pessimistas franceses e principalmente a Pascal, um “Pascal sem Cristo”. Em A Peste vê ele a única obra de arte de valor duradouro, surgida do movimento da Resistência francesa, ou melhor, “seu grande monumento alegórico”. E ele conclui, já no seu primeiro relató­rio de 1949: “Tal como ele se apresenta, com sua vontade de ferro, probidade a toda prova e sua humanidade de boa fé, Albert Camus é uma das figuras de primeira plana na jovem França literária, sua mais bela promessa e, ao lado de Malraux, o escritor francês contemporâneo do qual se tem o direito de esperar o máximo de renovação e originalidade em suas obras futuras.” Continuando sua tarefa, alguns anos mais tarde, o relator ocupa-se, sobretudo, do grande ensaio intitulado O Homem Revoltado: “contribuição importante para o debate dos grandes problemas da atualidade e até para o conhecimento de nossa época e dos móveis secretos dos homens que a formaram”, e ao mesmo tempo “um exame de consciência de uma extrema rigidez, revelando, ainda uma vez, a nobreza e a serenidade do personagem que assim se confessa.”

Em sua alocução pronunciada na rádio sueca, no dia em que Camus recebeu o Prêmio Nobel, o Sr. Anders Osterling não deixou de lembrar a relativa juventude do laureado, que acabara de dar “novas provas da segurança com a qual sabia compor uma narração, para resumir assim, em seguida, os motivos que haviam inspirado a Academia na sua escolha: “Diligente, e rico de tudo que ainda vai criar, Camus é atualmente alvo do interesse do mundo literário, mesmo fora da França. Há nele um compromisso moral autêntico que o leva a dedicar-se completa­mente aos grandes problemas fundamentais da vida. Pode-se afirmar, sem a menor dúvida, que esta aspiração corresponde ao fim idealista que ditou a criação do Prêmio Nobel.”

Acompanhando uma tradição estabelecida desde a última guerra, o Embaixador da Suécia em Paris, Sr. Ragnar Kumlin, foi o primeiro a levar a boa nova ao principal interessado. Sorridente mas visivelmente emocionado, o jovem laureado esperava o digno diplomata em seu pequeno gabinete localizado na livraria Gallimard, aonde logo depois acorriam os diretores da casa e uma multidão crescente de jornalistas que — afirmou-se — haviam sabido do acontecimento, aliás já anunciado por todos os vespertinos. Em seu rápido panegírico, o diplomata sueco lembrou, muito a propósito, a célebre quadra sobre o Cid:

Vous êtesjeune, il est vrai, mais aux ames bien nées

La valeur n’attend pas le nombre des années.

e completou os dois versos com algumas citações adequadas que sublinhamos a seguir, extraídas da própria obra do laureado.

“Tal qual o herói corneliano, sois um homem da Resistên­cia, um homem revoltado, que soube dar um sentido ao absurdo e sustentar, do fundo do abismo, a necessidade da esperança, mesmo tratando-se de uma esperança difícil, restituindo um lugar à criação, à ação, à nobreza humana neste mundo insensato”.

O intérprete mais eloqüente dessa satisfação nacional foi o conceituado crítico literário de Le Monde, Emile Henriot, membro da Academia Francesa e presidente da Aliança Fran­cesa, que fez anteceder uma análise aprofundada da obra de Camus, “poeta e moralista’1, por este nobre suspiro de alívio patriótico: “É uma grande honra que os acadêmicos suecos fazem ao nosso país, no momento enfraquecido, discutido, criticado, admirado e amado apesar de tudo, dando a Albert Camus o Prêmio Nobel. É ele um destes homens cujo talento e pensamento honram a França e é bom que este título lhe seja reconhecido no estrangeiro com tamanho brilho.”

Evidentemente o Embaixador não se esqueceu de lembrar a circunstância de ser Camus o nono francês a receber o Prêmio Nobel de literatura e que nesta grande competição a França muito se distanciava de todos os outros países, o que levou o laureado a fazer um reparo, pois fez questão de chamar a atenção para a sua origem argeliana: “Quisestes distinguir antes de tudo o meu País e, em seguida, o francês da Argélia que eu sou…” Na ocasião a guerra da Argélia estava no auge e toda a imprensa tomou conhecimento dessa declaração que poderia prestar-se a várias interpretações.

Na França a surpresa foi geral pelo fato de um escritor jovem e com uma produção literária ainda pouco volumosa ser distinguido de maneira tão honrosa e essa surpresa traduz-se, às vezes, por manifestações de mau humor, principalmente em certos meios extremistas tanto da direita como da esquerda — pois na agonizante quarta República a política vinha em primeiro lugar. Assim mesmo, a maioria dos diários e semanários parisienses — Le Figuro e seu suplemento literário à frente — dedicaram páginas inteiras a um acontecimento capaz de lembrar ao mundo que a França, não obstante as decepções políticas do momento, permanecia uma potência cultural entre as nações.

Um grande órgão da direita como L’Aurore rejubilou-sc igualmente de ver “o nome da França associado, por uma vez, a outra cousa que não frivolidades”; Le Parisien Libéré, da mesma corrente, constata que há muito tempo ninguém conseguira, como Camus, impôr-se desde a juventude como um mestre; quanto ao radical Franc-Tireur felicita a Academia sueca pela excelente escolha que fez “confirmando a confiança, a simpatia e a admiração que tanto a pessoa como a obra de Camus inspiram: jamais homenagem como esta foi mais merecida.”

A própria Humanité, principal órgão do partido comu­nista, que não habituara seus leitores a uma crítica sem injúrias quando se trata de um escritor do outro lado, conserva uma serenidade extraordinária ao afirmar que a obra de Camus, “grito de desespero de um mundo condenado’,’ se caracteriza por “um anticomunismo tenaz”, mas por outro lado “traduz com uma clareza perfeita e uma grande força — e aí está o seu mérito literário — a angústia do intelectual que, tendo ligado seu destino ao de uma classe condenada, acredita ou finge acreditar que o humanismo, sua própria razão de ser de intelectual, está também condenado à morte”…

Mais ambíguas são as reações de Combat, antigo órgão da Resistência, do qual Camus foi um dos fundadores e o primeiro editorialista. Enquanto seu novo diretor, o Sr. Smadja, de origem tunisina, se sente particularmente grato aos acadêmicos suecos por haverem coroado um escritor da África do Norte, e Pierre de Boisdeffre, seu jovem redator literário, verifica que, aos quaren­ta e quatro anos, Albert Camus já tomou um lugar entre “os clássicos do século XX”, um outro representante da jovem geração, Alain Bosquet, gostaria de ver a França “exaltada em outra escala”. Pois escolher Camus, diz ele, “é escolher uma moral secular que já deu o que tinha que dar, mas que hoje é uma prova de esplêndida finura doravante incapaz de comandar explosões atômicas, revoluções sociais, lançamento de luas artificiais”. A Academia sueca teria agido melhor se tivesse escolhido Malraux ou Saint-John Perse, mas, para os pequenos países, argumenta este jovem super-árbitro, “conviriam melhor pequenos pensadores bem educados”; aliás, a competência dos juizes não lhes estaria assegurada “tão-somente em razão da soma de dinheiro que eles esbanjam”?

Carrefour, semanário da extrema direita, sabe muito bem esclarecer o mistério da atribuição dos prêmios Nobel. É que — explica-nos seu editorialista bem situado para conhecer a verdade — “quando a escolha começa a se definir é costume consultar o ministro do Exterior do país ao qual pertence o futuro laureado. Então seu papel é considerável. Não é segredo para ninguém que o apoio do Sr. Robert Schuman em 1952 foi mais do que
precioso para o Sr. François Mauriac…” Então, neste ano, por que Camus e não Malraux? Eis a resposta, muitíssimo engenho­sa: “Na medida em que a Academia sueca tem por finalidade coroar menos uma obra que as idéias, pode-se crer, para simpli­ficar as posições, que ela preferiu um partidário das soluções ditas liberais na Argélia a um partidário da Argélia Francesa.” Conclusão bastante indignada: “Que estranha e inédita forma de ingerência em nossos negócios interiores!”

Em Paris-Presse, grande vespertino de tendência degaullista, as tolices que acabamos de ler transformam-se em verdadeiras perfídias… Aos olhos do Sr. Pascal Pia, co-redator de Camus no Combat clandestino, o antigo amigo e companheiro da Resistên­cia, não é mais um “homem revoltado” e sim uma espécie de “santo laico” a serviço de um humanismo caduco. E eis porque teria ele recebido o Prêmio Nobel: “Cidadão do mundo, pacifis­ta, signatário de apelos generosos, adversário da pena de morte, Albert Camus, tal como o definem suas obras mais recentes e suas tomadas de posição, não poderia desagradar a Estocolmo, onde, como se viu quando a Finlândia e a Noruega vizinhas foram invadidas, o obstinado amor à paz sempre prevalece sobre qualquer outro sentimento”. Paremos aqui, sem comentários!

Em todo caso, tanto o Presidente da República como o ministro da Educação Nacional fizeram questão de felicitar calorosamente Albert Camus “pela mais alta recompensa interna­cional que possa honrar um escritor e, através dele, sua pátria” — assim se exprimiu o sr. René Coty em sua mensagem ao novo laureado. De sua propriedade, em Malagar, François Mauriac, prêmio Nobel de 1952, comunicou ao Figaro sua satisfação nos seguintes termos: “Este homem, ainda jovem, é um dos mestres mais escutados pela nova geração. Dá uma resposta às perguntas que ela faz. Ele é, por assim dizer, sua consciência.” E na Radiodifusão Francesa, o acadêmico Jean Rostand, entre outras personalidades, fez-lhe eco prestando homenagem aquele que, naquele momento, representava “uma parte da Consciência universal”.

Encontram-se em geral estas mesmas demonstrações de simpatia nos comentários mais ou menos abundantes da grande imprensa anglo-americana. “Tal como ele se apresenta como artista e moralista, nota o Times de Londres, Camus é um escritor da linhagem clássica francesa, embora suas idéias sejam essencialmente modernas. Sua influência sobre o pensamento francês tem sido imensa”. O The New York Times caracteriza Camus como “o adversário literário mais decidido do totali­tarismo de toda espécie, e o Washington Post saúda nele “um dos poetas mais representativos da geração perplexa de uma época particularmente inquieta”. O Manchester Guardian é mais reser­vado ao supor que a escolha de Camus encontraria uma forte oposição entre certos críticos influentes na Suécia — e aí este estimável diário não se enganou inteiramente.

A maioria dos grandes jornais suecos, tanto de direita como de esquerda, qualificou Camus de escritor representativo de nossa época e tanto mais “nobelizável” que era, ainda, uma grande promessa que não dissera a sua última palavra. A única nota realmente discordante se fez ouvir no Dagens Nyheter, quoti­diano liberal de grande tiragem, onde o sr. Olof Lagerkrantz, diretor literário, considera inexplicável a escolha de Camus, julgando não somente Malraux mas também e sobretudo Sartre “imensamente superior” ao laureado em todos os domínios do espírito.

O certo, porém, é que raramente um laureado do Prêmio Nobel foi esperado em Estocolmo com tamanha curiosidade e simpatia antecipadas. Poder-se-á ler mais adiante, in extenso, o discurso pronunciado pelo sr. Anders Õsterling em sua honra durante a cerimônia da distribuição dos Prêmios no Palácio dos Concertos.

No banquete que se seguiu à cerimônia, Albert Camus conduzia à mesa a esposa do grande Marechal do Reino, o Sr. Birger Ekeberg. Este grande dignitário, presidente da Fundação Nobel, tinha sido, na condição de membro da Academia sueca um dos seus mais fiéis sustentáculos .— enquanto que a Sra. Francine Camus, cuja delicada beleza impressionou todo mundo, estava acompanhada pelos dois irmãos reais: S. M. Gustavo VI Adolpho e o mui letrado príncipe Guilherme, duque de Sudder-manie. O ponto culminante da festa foi o discurso do jovem laureado, um dos mais belos já pronunciados entre as paredes da suntuosa Sala Dourada da Municipalidade de Estocolmo. Infeliz­mente, temos de contentar-nos com a citação de alguns trechos. Eis uma passagem fazendo alusão a Pasternak, entre outras personalidades da cortina de ferro, e à Argélia no infortúnio:

“Como um homem quase jovem, rico apenas de suas incertezas e de uma obra por acabar, pois que somente proje­tada, habituado a viver no isolamento do trabalho ou nos retiros da amizade, não teria recebido com uma espécie de pânico, uma decisão que o levava de chofre, sozinho, entregue a si mesmo, ao centro de uma luz violenta? Em que estado de espírito, também, podia ele receber esta honra na ocasião em que, na Europa, outros escritores, entre os maiores, são forçados ao silêncio e no momento exato em que sua terra natal experimenta uma desgraça interminável?”

Em seguida o orador aborda o tema principal que escolhera para sua alocução: o papel do escritor em um mundo em que seguir sua vocação se lhe tornou cada vez mais difícil:

“Eis porque os verdadeiros artistas nada desprezam: eles se forçam a compreender em vez de julgar. E, se eles tem uma escolha a fazer neste mundo, não pode ser senão aquela de uma sociedade onde, segundo a insigne palavra de Nietzsche, não reinará mais o juiz mas o criador, quer seja ele trabalhador ou intelectual. Da mesma maneira, o papel do escritor não se separa de árduos deveres. Por definição, ele não pode colocar-se, hoje, a serviço dos que fazem a História, ele está a serviço dos que a suportam.”

Enfim, este grito emocionante que vem do fundo do coração:


“Cada geração, sem dúvida, julga-se destinada a refazer o mundo. A minha, entretanto, sabe que não o reformará. Mas o seu papel talvez seja maior. Consiste em impedir que o mundo se desfaça. Herdeira de uma história corrompida onde se misturam as revoluções decaídas, as técnicas que enlouqueceram, os deuses mortos e as ideologias extenuadas, onde poderes medíocres podem, hoje, destruir tudo, mas não sabem mais convencer, onde a inteligência se abaixou ao ponto de se tornar a escrava do ódio e da opressão, esta geração foi obrigada a nela própria e em torno dela restaurar, a partir unicamente de suas negações, um pouco daquilo que faz a dignidade de viver e morrer”.

Este discurso provocou ecos prolongados na imprensa tanto sueca como francesa. Durante sua permanência na Suécia, Albert Camus distribuiu, aliás, generosamente a palavra justa e travou debates sobre os assuntos mais espinhosos do momento, como convidado de honra de diferentes associações estudantis, sob o olhar inquieto mas benevolente e bastante compreensivo do embaixador da França, conde Robert de Dampierre.

Dois anos mais tarde, em princípios de janeiro de 1960, um acidente estúpido de automóvel pôs fim aos seus dias e a obra prometida e projetada que devia ser seu magnum opus — segundo suas declarações em Estocolmo — ficou em esboço, inacabada.

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