JOAQUIM GONÇALVES LEDO

Biblioteca Academia Paulista de Letras – volume 7.

História da Literatura Brasileira TOMO I. vol 3.

 LIVRO PRIMEIRO Época de Transformação (século XIX) 2º período (Fase Patriótica)

Artur Mota ( Arthur Motta) (1879 – 1936)

CAPÍTULO IV (continuação)

OUTROS FAUTORES DA INDEPENDÊNCIA

JOAQUIM GONÇALVES LEDO

Nasceu na cidade do Rio de Janeiro, a 11 de dezembro de faleceu a 19 de maio de 1847, em Macacu.

Era filho de Antonio Gonçalves Ledo e D. Maria dos Reis

BIBLIOGRAFIA

1) O Revérbero Constitucional Fluminense, escrito por dois brasileiros amigos da nação e da pátria (Joaquim Gonçalves Ledo e Januário da Cunha Barbosa) — Rio, 1821 e 1822 — 2 vols. in 4.° — O 1.° número saiu a 15 de setembro de 1821 e o último é de 8 de outubro de 1822 (n.° 4.463 do Cat. da Exp.).

5) Representação dirigida ao príncipe regente pelos procuradores gerais de várias províncias para convocação de uma assembléia geral de representantes das províncias do Brasil. Rio de Janeiro, 1 fl. in foi. É datada de 3-6-1822 e também assinada por J. M. de Azevedo Coutinho e Lucas J. Obes.

3) Manifesto de S. A. R. o príncipe regente constitucional e defensor perpétuo do Brasil aos povos deste reino. Rio, 1822, 4 págs. de 2 colunas, in foi. (1-8-1822). É atribuído a José Bonifácio, mas Sacramento Blake afirma, com segurança, ser de autoria de Ledo.

Assim começa o manifesto: "Está acabado o tempo de enganar os homens". A edição foi de 4. 000 exemplares avulsos e foi reproduzida em suplemento ao n.° de 6-8-1822, da "Gazeta do Rio".

Houve resposta ao manifesto: na Bahia publicaram um opúsculo de 12 págs., in foi. de 2 colunas, sob o título: "Reforço patriótico ao censor lusitano na interessante tarefa que se propôs, de combater os periódicos; Análise do manifesto do príncipe real aos brasileiros", assinado "Voz do Brasil". Em Lisboa publicaram um opúsculo de 52 págs. in 4o., pelo deputado às cortes Antonio Lobo Barbosa Ferreira Teixeira Cirão, sob o título de "Manifesto do príncipe regente". Outros escritos apareceram em resposta ao "Manifesto" escrito por J. G. Ledo.

4) Representação que a S. M. I. dirigiu o procurador da província do Rio de Janeiro, etc. Rio, 2 fls., in foi., 1822.

Deu causa a uma publicação anônima, de 2 fls. in foi., com o título de "A Constituição e o povo do Rio de Janeiro", ofendido no requerimento que dirigiu a S. M. I. Joaquim. Gonçalves Ledo.

5) Parecer da comissão da fazenda da Câmara dos Deputados à Assembléia Geral do Império do Brasil, sobre o relatório do ministro e secretário de Estado dos Negócios da Fazenda, etc. Rio de Janeiro, 1826, 256 págs. in 4.°. É também subscrito por José de Rezende Costa e outros membros da comissão.

6) O órfão, drama em 3 atos. Sacramento Blake cita esse drama inédito, e declara ignorar onde se encontra o mesmo.

Gonçalves Ledo escreveu vários artigos em prosa e verso, pondo a ridículo a regência de Feijó. Encontram-se na imprensa política da época. Deixou, ainda, memórias sobre a história da independência e fatos do tempo. Escreveu poesias e outros trabalhos, que conservava inéditos e foram por ele queimados, segundo uma carta de 6-3-1847, dirigida a um sobrinho. Motivaram esse ato de aborrecimento os desgostos que o acabrunhavam, após a abdicação de D. Pedro I.

FONTES PARA O ESTUDO CRÍTICO

 Afonso Taunay — Os grandes vultos da Independência do Brasil.

 Assis Cintra — O homem da Independência.

 Basílio de Magalhães — Os jornalistas da Independência (Rev. do Instituto

Hist., tomo 82, pág. 771).

 Lery Santos — Panteão Fluminense, pág. 419.

 Porto Alegre — Elogio (Rev. do Inst. Hist., tomo 11, pág. 169).

 Sacramento Blake — Dic. bibliog. brasileiro, 4.° vol., pág. 144.

Dele se ocupam todos os tratados de História do Brasil, as monografias sobre a independência e muitos livros de caráter geral, sobre o Brasil.

NOTÍCIA BIOGRÁFICA E SUBSÍDIOS PARA O ESTUDO CRÍTICO

Gonçalves Ledo era dotado de envergadura especial para a lula. Dispunha de coragem indomável. Possuía o espírito combativo dos que se servem da tribuna e da imprensa para defender um ideal. Era um intemerato, de ardoroso entusiasmo nas refregas e nos comícios. Tinha a capacidade dos condutores de homens.

Foi tão impetuosa a ação que ele desenvolveu na propaganda da independência, que alguns autores, entre os quais Assis Cintra, consideram-no o principal fautor do movimento patriótico e liberal.

Sem a função dos excitadores, não teríamos alcançado tão prontamente o resultado da aspiração nacional. Mas José Bonifácio não poderia exercer essa função. A sua atitude devia ser, como foi, serena, prudente e refletida, para conseguir a vitória incruenta, mais de habilidade e diplomacia, do que de audácia e luta.

Não estão, ainda, bem estudadas as figuras primazes dos propagandistas. A biografia de Gonçalves Ledo está por fazer. Não propriamente a história da sua vida, da infância à morte, mas a psicologia do herói, o temperamento do agitador, as circunstâncias de sua ação enérgica e contínua. A mesma necessidade se verifica em relação a Januário da Cunha Barbosa, a Frei Francisco de Jesus Sampaio, a José Joaquim da Rocha, a Luís Pereira da Nóbrega e a outros corifeus e paladinos da causa nacionalista.

Embora tentado a fazê-lo, não posso ocupar-me dessa agradável missão, nem é cabível nesta obra estudo de tal desenvolvimento.

Contento-me em mencionar os dados conhecidos da biografia dos intelectuais que co-participaram no movimento da independência.

Gonçalves Ledo partiu para Coimbra com a idade de 14 anos, para completar os estudos secundários e fazer o curso jurídico. Matriculou-se na universidade e, terminado o curso humanístico, teve de interromper os estudos, quando a morte do pai o surpreendeu e obrigou a regressar à pátria.

Tencionou administrar os negócios da casa paterna, mas sentiu–se seduzido pela continuação da vida intelectual.

Aos 39 anos de idade, em 1820, era empregado na Secretaria do Arsenal de Guerra. Ignora-se o que fez antes.

No ano imediato começou a desenvolver a campanha sistemática e ininterrupta em prol da emancipação política do nosso país. Tanto na tribuna como na imprensa, bateu-se pela autonomia do Brasil.

Gonçalves Ledo era um dos eleitores de paróquia, que se reuniram, antes da partida de D. João VI, a fim de serem escolhidos os eleitores de comarca, encarregados de eleger os deputados às cortes portuguesas.

Já se notava efervescência no Rio de Janeiro, em conseqüência da agitação que se operava na Bahia. Houve, portanto, tumulto na assembléia eleitoral, reunida no edifício da Praça do Comércio, repercutindo o alarido no povo que se aglomerou nas imediações do edifício. Exigia a multidão que fosse provisoriamente adotada a constituição espanhola, antes de ser promulgada a portuguesa, em Lisboa.

O edifício foi cercado por força militar e expulsos os cidadãos que estavam reunidos no recinto. Houve mortos e feridos.

Ledo, que tomara parte ativa no comício, ocultou-se por algumas semanas, a fim de escapar a qualquer perseguição das autoridades portuguesas.

Após a partida da família real para Lisboa, recrudesceu o fermento de desordem e precipitaram-se os planos da independência. Formaram-se os partidos: o dos lusitanos, que pretendia reconduzir o Brasil a colônia: o dos republicanos, o dos absolutistas e o monárquico constitucional, com apoio do príncipe regente. O último contava com a maioria.

Ledo e Cunha Barbosa, filiados ao mesmo partido, fundaram o "Revérbero Constitucional" e desenvolveram campanha ativa, sem desfalecimento.

A 9 de janeiro de 1822 dirigiram ao príncipe a representação popular, pedindo-lhe que ficasse no Brasil.

Por decreto de 16 de fevereiro o príncipe regente convocou os procuradores gerais para se reunirem a 1.° de junho, a fim de assentarem as medidas reclamadas pela situação política do país. Ledo foi um dos eleitos pelo Rio de Janeiro.

Juntamente com J. M. Azeredo Coutinho e Lucas José Obes, também eleitos, Ledo propôs que se dirigisse uma representação ao príncipe, pedindo a convocação de uma assembléia legislativa constituinte.

Proclamada a independência, manifestou forte oposição ao ministério dos Andradas e, para não ser preso e deportado, refugiou-se e embarcou, disfarçado em frade, em um navio que o conduziu para Buenos Aires.

Depois da dissolução da Constituinte e da deportação dos Andradas, voltou Ledo ao Rio de Janeiro e foi eleito por sua província natal deputado à assembléia geral, na l.a e 2.a legislatura. Na Câmara, onde gozava de consideração, proferiu alguns discursos muito apreciados e foi escolhido para membro das mais importantes comissões, como a de fazenda.

Terminado o período de agitação, a sua atitude calma desgostou o partido liberal e Ledo sentiu declinar a sua popularidade, sendo até acremente censurado pela imprensa. Não foi reeleito para a 3." legislatura, mas em 1835 elegeram-no, os patrícios, membro da assembléia provincial do Rio de Janeiro, sendo reeleito nas duas legislaturas seguintes.

Figurou por duas vezes era listas senatoriais, sendo preterido, o que lhe causou profundo desgosto. Farto da vida política e vítima da deslealdade de amigos e correligionários políticos, retirou-se para a sua fazenda do Sumidouro, em Macacu, onde faleceu a 19 de maio de 1847. O seu corpo foi transportado para a cidade do Rio de Janeiro, onde foi sepultado.

Fazia parte do conselho do imperador, de quem se mostrou amigo; era comendador da ordem de Cristo e dignitário da ordem do Cruzeiro.

Distinguiu-se como orador fluente, jornalista de combate e principal inspirador de todas as grandes manifestações populares, tendentes à proclamação da independência do Brasil.

SUMÁRIO PARA UM ESTUDO COMPLETO

Investigações sobre a formação do espírito — Análise do grau da sua cultura — Pesquisas sobre a formação do caráter — A psicologia dos agitadores — Como se desperta o delírio das multidões

— Os condutores de homens — Ação jornalística — O representante do povo nos comícios e assembléias — Como insinuava as representações — A autoria do manifesto do príncipe regente — Na Assembléia Geral — Os seus discursos e pareceres — Na Assembléia Provincial — Por que não foi escolhido para o Senado — Causas dos seus desgostos — O declínio dos agitadores e propagandistas após a conquista dos seus ideais.

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