JOAQUIM GUILHERME GOMES COELHO, que tomou o nome literário de Júlio Dinis (Porto, 1839-1871), graduou-se em Medicina e chegou a ser lente da Escola do Porto, onde estudara.
Escreveu romances popularíssimos: A Morgadinha dos Canaviais, Uma Família Inglesa, As Pupilas do Sr. Reitor, Os Fidalgos da Casa Mourisca e a série de contos publicados com o título Serões de Província. Além disso, diversas poesias.
Poetando, filiou-se à escola melancólica de Soares de Passos, Romancista, foi, no dizer do Sr. A. X. Rodrigues Cordeiro, "um realista" — mas do realismo que se radica na honra e na moralidade, e que não apresenta senão o que é digno de ser imitado.
O Solar e o Casal
Na raiz da colina fronteira àquela onde o solar dos fidalgos erguia as suas torres ameadas, assentava o mais risonho e próspero casal dos arredores. Era uma completa casa rústica, conhecida por aqueles sítios pelo nome, que por excelência se lhe dera, de Herdade.
O contraste entre a Herdade e o velho solar era perfeito.
Ela graciosa e alvejante, êle severo e sombrio; de um lado todos os sinais de atualidade, de vida, de trabalho, da indústria que tudo aproveita, que não dorme, que não descansa, a economia, a previdência, o futuro: do outro, o passado, a tradicflo estéril, o silêncio, a incúria, o desperdício, a ruína. A cada pedra que o tempo derrubava do palácio, correspondia umi que se assentava na Herdade, para alicerce de novas construções; aqui desmoronava-se um pavilhão, ali levantava-se um celeiro, uma azenha, um lagar; (282) aos velhos carvalhos, às herai vigorosas, aos aveludados musgos, aos liquens (283) multicores, severas galas com que se adornava a casa nobre, opunha a Hei dade os pomares produtivos, as ondulantes searas, os prados verdes, as vinhas férteis, e, próximo de casa, os canteiros de rosas e balsaminas, onde volteavam incessantes as abelhas das colmeias vizinhas. Nas amplas cavalariças do palácio, onde outrora relinchavam dúzias de cavalos das mais apuradas raças, ainda batiam com impaciência no lajedo dois velhos exemplares de bom sangue, cujo sacrifício a economia não exigira ainda; nas mais modestas cavalariças do casal, duas éguas robustas, prontas para o serviço e domáveis por uma criança, preparavam-se em fartas manjadouras para freqüentes e longas excursões; e ao entardecer abriam-se os currais a numerosas cabeças de gado, cujos mugidos chegavam até o alto da Casa Mourisca, onde o velho fidalgo muitas vezes os escutava pensativo e melancólico.
(Os Fidalgos da Casa Mourisca, tomo I, pp. 14-15,. da ed. do Porto, 1878).
Seleção e Notas de Fausto Barreto e Carlos de Laet. Fonte: Antologia nacional, Livraria Francisco Alves.
Vocabulário de Português
(282) Azenha, antigo acenha — roda de moinho, o próprio moinho, movido a água; do ár. aç çenia. Lagar, da raiz de lago = tanque para espre-medura de frutos: lagar de azeite, de vinho; por extensão, o próprio edifício em que se encontra o tanque. Ambos de pouco emprego no Brasil.
(283)O Vocabulário da Academia reduziu o pl. erudito líquenes à feição pop. liquens; e o mesmo fêz a hífen, albúmen, alúmen, glúten, htmen, sêmen, a que ajuntou um — s — apenas para o plural; e eliminou o — n — final a vários: abdome, germe, molime, colo, albume, alume, glute, rume etc, seguindo a tendência do idioma. Leiam-se, sobre tal assunto, as ponderadas observações do douto Prof. José de Sá Nunes no seu ótimo Formulário da Ortografia Portuguesa, 1944, pp. 18-23.
Lista de Obras de Júlio Dinis
- As Pupilas do Senhor Reitor
- A Morgadinha dos Canaviais (1868) (eBook)
- Uma Família Inglesa (1868) (eBook)
- Serões da Província (1870)
- Os Fidalgos da Casa Mourisca (1871) (eBook)
- Poesias (1873)
- Inéditos e Dispersos (1910)
- Teatro Inédito (1946-1947)
Fonte da lista de obras de Júlio Dinis: Wikipedia
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