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História Universal – Césare Cantu
CAPÍTULO XXXVIII
Literatura francesa
Podemos alargar-nos acerca da literatura italiana, sem falarmos das estrangeiras, desconhecidas além dos Alpes. Mas ao passo que esta, que tinha dado flores tão precoces, via seu esplendor desvanecer-se, as nações que ela educara, colhiam os frutos que em seu seio haviam amadurecido. Se os franceses não puderam conquistar a Itália, de lá trouxeram o amor das artes e das letras, conhecimentos, livros, gosto. Luís XII fêz reunir pelo frade Gaguin a mais rica biblioteca daquele tempo, e roubou as dos dominadores de Milão e de Nápoles. João Lascaris e Jerônimo Aleandro foram chamados à sua corte. Esta animação porém era incerta e fugitiva. Luís I, cognominado o Pai das letras, rodeava-se de sábios; depois, de quando em quando, perseguia-os, e comprimia uma liberdade que lhe inspirava temor. O colégio de França, por êle fundado, reavivou o amor do grego e do hebraico, ainda que o ciúme dos grandes para com os homens de letras veio restringir a grandeza do projeto primitivo, e que o estudo das línguas orientais tornou suspeitos de heresia os que se ocupavam dele.
Badé ocupa o principal lugar entre os que cultivaram a língua grega nesta época: êle era homem de imensa erudição, pelo que Erasmo, seu rival, lhe chamava prodígio da França. Estêvão Dolet, queimado como herege na idade de trinta e sete anos, o doce Moret, o imenso Casoubou, sustentaram a honra do latim e da erudição. Os Etiennes espalharam com suas erudições corretas e bem anotadas o conhecimento dos clássicos, em que o rei prezava a clareza das idéias, a nobre regularidade, a exposição precisa e elegante.
A língua nacional, já introduzida nos tribunais, discutida pelos gramáticos, nobilitada pelos tradutores, regulada pelas tentativas inovadoras, era cultivada ao mesmo tempo que o eram os eternos modelos do gosto. Porém os ensaios de inovações reproduziam-se mui freqüentemente, como acontece com toda a língua que não tem literatura; e, na verdade, não podiam servir de grande apoio os numerosos imitadores do Roman dc la Rose e de Repues [ranches, que, por falta de gênio, punham a tratos o espírito para se imporem a novas dificuldades. O uso do italiano, posto em moda na corte de Catarina trouxe um dilúvio de palavras estrangeiras, que todavia contribuíram para o enriquecimento da língua e para lhe dar flexibilidade.
O reformador Calvino deu grande impulso ao francês, empregando-o na polêmica; e a sua Instituição cristã é escrita com estilo mais firme e mais grave que nenhum outro livro deste século. Amyot procurou (1513-1593), para traduzir Plutarco, tudo quanto a língua tinha de mais doce e de mais harmonioso; êle acrescentou novas graças, idiotismos nacionais, e essa flexibilidade que faltava a Calvino, associando o natural da versão ao artifício do texto. Esses trabalhos pacientes foram imitados por Vayer, tradutor de Horácio, de Cícero e de Demóstenes, por Coeffeau e por Vaugelas, tradutores de Floro e de Quinto Cúrcio, depois por Montaigne com essa encantadora simplicidade que evita igualmente os latinismos e os períodos boleados. A vivacidade que a Satyre Menippea e os outros libelos vindos à luz durante a liga tinham dado ao idioma francês devia aumentar-se ainda com a polêmica cristã.
Cada composição, segundo o espírito do tempo, trazia o cunho das paixões do momento; mui eficazes para o mesmo instante em conseqüência das exagerações pessoais, faltava-lhes elevação, única que lhes dá um alcance geral.
Clement Marot (1495-1544) estudou mais os romancistas franceses que os clássicos antigos; êle adotou a sua mitologia, aproveitou as inovações de Villon aperfeiçoando as formas sem inventar nenhuma nem dar o acabado à prosódia francesa, e favoreceu a disposição jovial, a mediocridade, a frívola sensualidade da corte de Francisco I. Êle fêz a corte às damas sem delicadeza, e gabou-se dos favores que delas obteve, ousou até galantear Margarida de Valois e Diana de Poitier, que o atenderam, se o acreditarmos. Feito prisioneiro em Pavia com o rei, foi preso na sua volta, e obrigado depois a exilar-se por motivo de imprudências. Suportando sempre seus reveses poeticamente, isto é, cantando-os, foi posto fora de Genebra como devasso, e morreu pobre em Turim. Suas poesias são variadas como a sua existência, sempre vivas, às vezes maliciosas, mas nunca atingindo o sublime; acha-se porém nelas espontaneidade e a expressão de sentimentos individuais. Êle teve muitos adversários e mais imitadores: os poetas satíricos que mais tarde apare ceram, beberam mesmo ultimamente em suas obras, Teve tendência para os calvinistas talvez porque eles eram benquistos das grandes damas, e traduziu os sal mos, que se cantavam nos templos protestantes sobre motivos de romances. Como a Sorbona os censurasse, eles obtiveram uma reputação que não mereciam.
Francisco I deixou várias poesias, a que talvez podia chamar suas unicamente por tê-las pago; porem sua irmã Margarida, de quem Marot foi guarda-roupa, senão mais, escreveu um Heptaméron, conto que tem uma intenção moral, mas que é dos mais escandalosos como o tolerava a conversação do tempo. Ela declara querer imitar Bocácio, com a diferença de que quanto disser há de ser verdadeiro, pelo que põe em cena, personagens reais, a corte mesmo; e as paixões, pintada; com vivacidade, são por conseguinte manchadas de libertinagem. O sentimento religioso prevaleceu depois nesta princesa, talvez quando prestou ouvidos às doutrinas dos reformados; e nos versos publicados por seu guarda-roupa, com o título de Marguerite de la Mar guerite des princesses, ela se abandona incessantemente a enlevos religiosos. Quanto ao mais falta-lhe sempre gosto, e sutileza sobre o sentimento. Em todos os escritores, a língua não está ainda fixada; mas cada um deles tem sua originalidade própria.
De repente os incultos cancionistas da corte vêem alevantar-se contra eles uma plêiade francesa, a qual pretende que a poesia lírica nada tem até então produzido em França que seja comparável com os antigos ou com os italianos. Os que assim se intitulam querem pois que se abandonem as formas ligeiras, boas quando muito para os Jogos Florais de Tolosa ou para o Rui de Ruão, e que se imite a ode, a epopéia, a tragédia dos clássicos: que se repudie o tom familiar para revestir uma dignidade inalterável. É desse modo que, preparando-se para edificar construções modernas com os despojos do templo de Delfos (1), eles pretendem além disso reformar a língua, fecundá-la com empréstimos havidos das da antiguidade e dos dialetos parciais. Ora resulta daí uma linguagem não popular, mas literária; que, recheada de palavras gregas e latinas, fica um misto extravagante, até que o bom senso nacional reconduz a procurar o verdadeiro francês nos lábios do povo.
Não era possível que o retrocesso para a linguagem dos antigos não produzisse também uma recrudescência de idéias antigas. Pelo que a história foi posta em olvido, para se falar unicamente do Olimpo, para se cantar unicamente deusas e ninfas.
O astro mais brilhante da plêiade foi Pedro de Ronsard (1524-1585), que se viu proclamado milagre da arte, prodígio da natureza; Montaigne o considera igual aos antigos. Suas obras foram explicadas publicamente em Flandres, na Polônia, em Dantzik. Oa capítulos de Tolosa lhe enviaram, em vez da rosa dej ouro, uma Minerva de prata maciça; Maria Stuart, prisioneira, um Parnaso de Prata; o papa lhe dirigiu agradecimentos por ter respondido aos pequenos pre* dicantes de Genebra; enfim, sem ter de sofrer as contrariedades reservadas aos que se mostram superiores à sua época, êle viveu contente de si mesmo, e lisonjeado como um rei. Contudo é vão e trivial, não se inspira senão de reminiscências caducas, imita sem gosto. Presunçoso como um pedante, tira do grego, do latim e dos diferentes dialetos palavras novas e compostas, de que forma um vasconço confuso, sem unidade, sem analogia. Não lhe era possível ser poeta porque lhe faltava esse gênio único que sabe produzir as inovações duradouras; contudo introduziu uma grande variedade de ritmos e fixou melhor a prosódia. Ainda que Ronsard e seus adeptos não vissem que as línguas são de natureza diversa, que não muda à vontade de um homem ou de uma sociedade, o idioma francês foi-lhes devedor de algumas riquezas; mas o seu edifício sistemático, formado inteiramente de reminiscências pedantescas, caiu ao estrondo dos assobios.
(1) Du Bellay, que estava com Ronsard à testa desta escola, dizia: "Vamos. Francisco, marchai corajosamente para essa cidade de Roma, e dos cativos despojos dela (como haveis feito várias vezes) ornai vossos templos e vossos altares… Pilhai-me sem consciência os sagrados tesouros desse templo deifico, como outrora tendes feito".
Em meio de seus fecundos e radiosos êmulos, Estêvão Jodelle concebeu o pensamento de substituir por alguma coisa de melhor os mistérios, as farsas, as moralidades. Tomando então os antigos por modelo, fêz a Cleópatra, tragédia com cores, que foi representada por mancebos e pelo próprio autor, que desempenhou o papel da heroína. Esta peça lançou as bases do teatro francês, elegante e infiel. Jodelle compôs também uma comédia; mas, bem longe de Shakespeare e de Lope de Vega, êle se perde em declamações,
veste seus personagens à francesa, e encerra-se estritamente no plano das unidades escolásticas. Êle morreu pobre, na idade de quarenta e um anos. A multidão daqueles que o seguiram abandonou, pela glória dos antigos, as concepções incorretas mas grandiosas da Idade Média, para se reduzir a uma esterilidade completa de invenção, e à mediocridade, que é pior que a fealdade.
Aqueles mesmos que se aventuraram a tratar assuntos modernos, como a morte do duque de Guise ou de Maria Stuart, fizeram-no não só com os sentimentos, porém mesmo com todos os acessórios da antigüidade, e sempre pondo na boca de seus personagens palavrórios sem-fim.
A reação contra Ronsard começou entre os discípulos mesmo do inovador. Filipe Desportes, um deles, foi o primeiro a abandonar o que Boileau chama de seus palavrões e fausto pedantesco, assim como a pompa das imagens, tão contrária ao caráter da poesia francesa, que é toda idéia e paixão. Ora, esse luxo de imagens tinha ainda sido exagerado por Du Bartas, autor d’ A Semana, ou a criação do mundo,
Enfin, Malherbe, vint, et, le premier en France,
Fit sentir dans les vers une juste cadenee.
Este poeta, nascido em Caen (1555-1628), determinou uma reforma mais bem marcada. Foi em vão que os partidários da plêiade lançaram altos gritos, e que mademoiselle de Gournay escreveu {Defesa da poesia e da linguagem dos poetas) a favor dessas obras todas reluzentes de hipotíposes, de invenção, de ousadia, de generosidade; Malherbe os fustigou, e o seu bom senso o pôs em rebelião contra os modelos que tinha seguido. Não obstante não fazer menos caso dos gregos e dos latinos que a plêiade, apesar de chamar a
Horácio seu breviário, e de copiar os italianos, sobretudo nas Lágrimas de São Pedro, êle se inspirou no espírito dos melhores, deixando o que era velho e usado. Compreendendo melhor o caráter da língua, baniu os termos pedantescos, as expressões triviais; e, apesar de normando, não se afastou do dialeto parisiense. Seus contemporâneos zombavam desse tirano das palavras e das sílabas, que discutia, como sobre um negócio de Estado, sobre a diferença a estabelecer entre pas e point, sobre o gênero de erreur e de doute, e que, mesmo agonizante, repreendia, apesar das exortações do seu confessor, os erros de linguagem cometidos pela sua enfermeira. Porém é que êle compreendia que a escolha das palavras e dos pensamentos é a condição da verdadeira eloqüência. Êle criou o estilo nobre, e achou por sentimento as regras da versificação, que não mais foram abandonadas, pelo que ficou sendo modelo para as frases e para a harmonia imitativa.
Enganar-se-ia todavia quem o lesse como poeta, confiando em Boileau, porque lhe faltava a graça do pensamento e da expressão. Exagerando no louvor, é muitas vezes prosaico; mas, sem ser bom, é melhor que seus predecessores. Merece mesmo sentir-se que a crítica calculada tenha tão cedo estorvado as inspirações ingênuas, que a musa francesa tenha sido instruída prematuramente, o que era preciso evitar; porque ela se achou assim privada de toda a espontaneidade e de impressões próprias, para ficar reduzida a merecer o elogio que Menage fazia dela, chamando-a sábia e modesta.
A originalidade tinha-se refugiado nos poetas satíricos, que tinham de sobra em que exercer seu gênio mordaz. Ninguém nesse gênero mostrou mais poder que os sete autores da Sátira Menippéia, mistura de prosa e de versos, destinada a meter a liga a ridículo, obra em que tudo é vivo, animado, e cujo estilo é cheio de frescor, porque é popular. A idéia foi concebida por Pedro Leroy cónego de Ruão; João Passerat e outros mais o ajudaram a dar côr a esta obra original, que contribuiu tanto como as armas para a vitória de Henrique IV. Maturino Regnier, cuja educação tinha sido feita nas tabernas, distinguiu-se também na sátira por seu vigor descomedido. Tendo feito uma viagem a Roma, não viu aí as coisas senão pelo seu aspecto mau; suas devassidões lhe produziram a morte na idade de quarenta anos. Superior em veia a Boileau, tanto quanto lhe é inferior em cultura, êle é, à exceção de Rabelais, o primeiro poeta de gênio que a França teve. Pode dizer-se que êle criou a sátira regular no seu país. Não a foi buscar aos latinos, mas aos prosadores, ao povo e aos poetas burlescos italianos. O próprio Boileau, tão desdenhoso para com os antigos poetas, diz que "Regnier é o poeta francês que, por confissão de todos, melhor conheceu os costumes e o caráter dos homens antes de Molière".
Teodoro Agripa de Aubigné, huguenote, guerreiro, exilado, cínico, foi o Juvenal do seu século. Inspirado pelo ódio político, não menos heróico que Dante, êle fulmina sem misericórdia seus adversários, com o rude vigor de um estilo ainda novo. Suas obras foram queimadas pela mão do algoz, no reinado de Luís XIII.
O Tourangeau Francisco Rabelais (1483-1553) veio dar aos contos sempre licenciosos e aos romances frívolos uma nova direção. Educado na loja farmacêutica de seu pai, onde todavia aprendeu todas as línguas mortas e vivas, tomou primeiro o hábito de dominicano e depois o de franciscano; porém só conservou ódio e desprezo para com os frades. Cheio de extravagância e de ciência, fêz-se amar de Francisco I e de Henrique II. Em Roma, onde acompanhou o cardeal Du Bellay, fêz rir de si mesmo o papa e os cardeais, enquanto se ocupava de reunir motivos para se rir deles. Um dia imaginou pôr-se em pé no lugar de uma estátua de São Francisco: descoberto pelas gargalhadas que dava, ia ser condenado a uma prisão perpétua, se Clemente VII lha não perdoasse. Fugiu então para Montpellier onde estudou a medicina, traduziu Hipócrates, e granjeou tal reputação, que foi encarregado pela faculdade de solicitar do chanceler Duprat o restabelecimento de alguns de seus privilégios. Êle foi bem sucedido nessa negociação, e a faculdade reconhecida, decidiu que todo médico que tomasse os graus se revestisse, para defender tese, com a beca de Rabelais. Afinal êle obteve o curato de Meudon, onde passou o resto de seus dias em paz, e morreu dizendo: Vou procurar um grande talvez.
O livro que fêz mais estrondo nesta época é o seu Gigante Gargantua e seu filho Pantagruel, crônica que êle redigiu na intenção de meter a ridículo os romances cavalheirescos da corte de Francisco I. O sucesso inesperado desta facécia o levou a fazer uma segunda edição com muitas adições. Os aplausos que êle recebeu o lançaram inteiramente no extravagante e no chocarreiro, e viu a sua obra de tal modo procurada, "que se vendeu maior número dela em dois meses, que se tinha comprado de Bíblia em nove anos".
Ela é a caricatura de todas as classes. Não respeitando mais Calvino do que o papa, Cristo do que Lutero, êle desenvolve um espírito infinito, uma imaginação sem freio, uma liberdade cínica que leva tudo do excesso. Acha-se nessa obra promiscuamete a jovialidade francesa, a chocarrice do tempo, a alegoria extravagante da Idade Média, e a erudição que voltara a ser moda. O papa e o sacristão da sua paróquia, a fogueira de Miguel Servet e a divina bote~ lha ocupam igual lugar: médicos e soldados, poetas e frades, reis, bispos e cardeais, mete todos no seu fardo. Êle julga que tudo é permitido ao gracejo, em virtude de seus privilégios; e tudo lhe serve para entreter o seu gênio alegre, para injuriar a loucura universal.
Ali a impiedade é constante. Êle parodia na Genealogia de Gargantua a de Jesus Cristo, e mete a ridículo a Encarnação no nascimento de Pantagruel, assim como zomba do dogma da vida futura no conto de Epistemos ressuscitado. Ao mesmo tempo que escarnece os frades e os religiosos, a castidade e as abstinências mete a ridículo o casamento. Resta saber o que quer um escritor que se levanta contra os votos monásticos, e ataca a sociedade conjugai.
A fim de encobrir o seu pensamento, mas de maneira que não pudesse haver engano sobre as suas intenções, êle o envolve em chocarrices quase absurdas; dá proporções desmedidas a Gargantua e a Pantagruel, para que o olho do vulgo não veja senão jogos de espírito naquilo em que se ocultam alusões malignas. Se êle faz sustentar teses ridículas, é para introduzir em seu favor verdades oportunas, e poder fustigar Roma, os frades, a Sorbona, a intolerância religiosa. Porém quer que se faça como o cão, "o mais filósofo animal do mundo, que, se acha um osso, se lança a êle com ardor e cuidado, para quê? Para tirar um pouco de tutano". Rabelais é, em uma palavra, o bobo da reforma, de que Lutero foi o herói; ora, os efeitos não tardaram a seguir-se, e os gracejos acabaram em sangue.
Então a eloqüência sagrada trovejou com uma energia impetuosa em meio dos furores da liga, derra-mando-se em invectivas, em transportes demagógicos, e chegando a pregar o assassinato. Na eloqüência judiciária distinguiram-se Duprat, Marillac, Lizet, Pas-quier e outros mais; mas eles lembravam-se demasiado dos antigos, e ostentavam uma erudição e uma verbosidade impróprias para um auditório restrito, a propósito de questões sem importância, ainda mais acanhadas pela recordação das grandes cenas do Foro e da Agora.
Este abuso da erudição é comum nos escritos do tempo, sem excetuar Maquiavel e Montaigne. Todos multiplicam as citações, não como autoridade, mas como ornamento; e as amontoam a ponto de fazer desaparecer o fundo nos acessórios. Assim como a alegria tinha invadido a poesia no século precedente, é a mitologia que domina neste. Aparece uma pulga sobre o seio da bela madame Des Roches, de quem a instrução igualava os encantos, em meio de uma grande festa a que ela assistia em Poitiers, e imediatamente cem poetas, à frente dos quais figura José Escalígero, entram a cantar e a recantar o inseto audacioso, com uma insistência não menos ousada e não menos fatigante.
Tradução de Savério Fittipaldi.
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