CIGANA
mar 6th, 2012 | Por Nei Duclós | Categoria: PoesiaNei Duclós
Não adiamos o dia, assim como o poema
que de si próprio não se distancia
o tempo matura a multidão vazia
no terreno entre a dor e a semeadura
Não deixamos para ontem a conjura
amor amarrado à polidez dos lírios
não há sentido quando a voz tardia
define o verso em raso pedregulho
Contraímos a dívida de um amor seguro
Acumulando sons do céu em rodízio
mesmo que até os deuses desconfiem
Varra o caminho com seu único vestido
com esse andar de cigana e profecia
que eu não compareço, nômade no escuro