JOÃO GILBERTO, O ESPLENDOR DA FALA

dez 18th, 2009 | Por | Categoria: Música        

Nei Duclós

Ser contemporâneo de João Gilberto é pura armadilha. Corremos o risco de nos enredar nas palavras que inventaram para ele, que todos conhecem e não é prudente lembrar. Para escapar da arapuca, é preciso vê-lo na ultra-densidade da sua transcendência. Pois não há criador mais completo na sua obra, mais coerente na sua trajetória, mais louco na sua obsessão, mais profundo na sua originalidade, mais irritante na sua teimosia.

Ele é só isso, como o baião, e exatamente por isso torna-se maior do que o universo armado pela voz e o violão. Ao mesmo tempo, a esses dois instrumentos se reporta o tempo todo, pois eles representam, encarnam e projetam a verdade que deveria nos acompanhar sempre: a de que somos eternos, conscientes desde o início dos tempos e temos sempre a chance de voltar a esse brilho, que ao escutar, conhece.

João Gilberto se presta ao exagero: a única coisa que lhe faz sombra é o silêncio, chão que palmilha devagar, com o passo que inventou nesta terra sem sentido e neste país assassinado. E se temos hoje uma língua, é porque João Gilberto resgatou-a, reinventando cada sílaba, pronunciando cada palavra, como um instaurador de milagres, e um fundador que não se contenta em apenas descobrir, mas cavar e levantar a estrutura completa de uma nação que hoje mora dentro de nós.

Por isso é insuportável, pois para existirmos precisamos nos calar diante dele. Não podemos nos dar o luxo de emitir qualquer ruído, vício que hoje nos corrompe e mata. João Gilberto exige o silêncio para que possamos notar não a música, nem suas vestimentas, como harmonia ou ritmo. Notar no sentido de reconhecer a nota, saber o­nde ela se encontra, o que ela faz, a quem se refere e porque existe por si só, vibrando por ser filha do infinito. Se notarmos, estaremos salvos porque aprenderemos a existir fora da brutalidade sonora que são as barras da jaula. Seremos livres, não porque veio o salvador, mas porque notamos o que nos falta. Assim, podemos chegar ao outro lado do rio da morte sem pagar tributo para o barqueiro sinistro.

É crime, portanto, achar que você pode fazer ruído quando João Gilberto está em ação, emitindo o caldo original de uma cultura, a expressão mais elevada desta meta-raça brasileira, como queria Gilberto Freyre, definida pela vivência, a geografia, a mistura, a diversidade. Não se põe João Gilberto ao entardecer para ver o tempo passar, mas para vislumbrar essa porta entre os mundos, como queria Juan Mattus, em que temos um pé na miséria e outro no mistério.

O que ele faz não precisa de nada, nem do estalar de dedos, nem dos conceitos sobre jazz ou samba. Não tilinte copos ou bata caixa de fósforos, nem pertença a qualquer religião sonora conhecida. Por se vergar ao alicerce, por se dedicar à coluna mestra, por se circunscrever ao quintal, João Gilberto atingiu a essência. Desse pequeno asteróide armou a flor da sua conversa.

Ao nos calar, descobrimos o anjo inventado pelo ouvido absoluto. Há um silencioso ruflar de asas por trás de cada fala dita pelo criador. Esse esplendor toma conta de um espaço concreto, como uma abóbada, como se a arquitetura se revoltasse contra as formas e decidisse viver apenas desse banquete mínimo, que vem de uma fonte infinita e parte para outra, idêntica, como pássaros tontos salvos pela busca do Eldorado.

Devemos sair desse recinto sem mexer a cadeira, para não despertar o escândalo. Devemos sumir de vista, para que só exista esse escutar contínuo. Que de repente se fecha como um casulo, se recolhe como um rochedo na gruta. É enfim o silêncio, mas modificado: agora, depois de ouvir João Gilberto, sabemos quem somos e podemos contemplar a quietude sem nos desesperar. Não precisamos de barulho para dizer a que viemos. Temos João Gilberto, que está entre nós, como um irmão poderoso, uma visita noturna, uma refeição vespertina. De manhã, dormimos o sono solto da boa aventurança, pois há um sino modificado em cada momento, que desfez o metal reiventando a pomba.

Somos o país articulado pelo esplendor da fala de João Gilberto, que dispensa palavras, por tê-las sempre ao redor como um coro de crianças.

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  1. Prezado(a),Gostariamos de solicitar que seja divuglado em seu blog informae7f5es sobre a 4aa Oledmpiada Nacional em Histf3ria do Brasil, um projeto voltado aos professores e alunos de todo o Brasil. 4aa Olimpedada Nacional em Histf3ria do BrasilO Museu Exploratf3rio de Cieancias Unicamp recebe a partir do dia 01/06/2012, as inscrie7f5es para a 4aa Olimpedada Nacional em Histf3ria do Brasil (ONHB). Podere3o participar estudantes regularmente matriculados no 8ba e 9ba anos do Ensino Fundamental e demais se9ries do Ensino Me9dio, de escolas pfablicas e privadas de todo o Brasil, incluindo alunos do Ensino de Jovens e Adultos (EJA). Para orientar a equipe, composta por treas estudantes, e9 obrigatf3ria a participae7e3o de um professor de histf3ria.O formule1rio de inscrie7e3o e o boleto para pagamento estare3o disponedveis no site do Museu Exploratf3rio de Cieancias de 01 de junho ate9 10 de agosto. A taxa de inscrie7e3o e9 de 21 reais para as equipes de escolas pfablicas e 45 reais para as equipes das escolas particulares. O valor da inscrie7e3o corresponde e0 inscrie7e3o de todos os membros da equipe (incluindo o professor-orientador).Em 2012, O Museu Exploratf3rio de Cieancias custeare1, para participarem da final, as passagens de avie3o das 27 equipes mais bem colocadas em cada estado da Federae7e3o (escolas pfablicas ou particulares) e mais 10 equipes de escolas pfablicas com a maior pontuae7e3o, sendo uma por regie3o do paeds, e cinco escolas pfablicas com mais alta pontuae7e3o em todo o Brasil, independente de sua regie3o. Apf3s a final da Olimpedada, os professores response1veis por essas equipes se3o convidados a permanecer na Unicamp para realizar capacitae7e3o de uma semana, com custos de hospedagem cobertos tambe9m pelo Museu.A ONHB premiare1 escolas, alunos e professores, com medalhas de ouro (60), prata (100) e bronze (140) e certificados de participae7e3o para todos os inscritos e tambe9m para as escolas.A 4aa Olimpedada Nacional em Histf3ria do Brasil e9 uma iniciativa do Museu Exploratf3rio de Cieancias Unicamp. O evento e9 patrocinado pelo CNPq e tem o apoio da Rede Globo de Televise3o e da Revista de Histf3ria da Biblioteca Nacional. A faltima edie7e3o, realizada em 2011, inscreveu mais de 65 mil participantes e reuniu cerca de duas mil pessoas na final presencial, realizada na Unicamp, nos dias 15 e 16 de outubro.A ONHB e9 organizada pela equipe do Museu Exploratf3rio de Cieancias e as provas se3o concebidas e elaboradas por historiadores, professores e pf3s graduandos de Histf3ria da Unicamp. Como proposta, os participantes team a oportunidade de trabalhar com temas fundamentais da histf3ria nacional e de conhecer de perto as pre1ticas e metodologias utilizadas pelos historiadores.Calende1rio da 4aa ONHBInscrie7f5es e pagamento dos boletos: de 01/06/2012 a 10/08/2012.Primeira fase: inicia no dia 20/08/2012 e finaliza no dia 25/08/2012.Segunda fase: inicia no dia 27/08/2012 e finaliza no dia 01/09/2012.Terceira fase: inicia no dia 03/09/2012 e finaliza no dia 08/09/2012.Quarta fase: inicia no dia 10/09/2012 e finaliza no dia 15/09/2012.Quinta fase: inicia no dia 17/09/2012 e finaliza no dia 22/09/2012.Grande Final Presencial: Prova: 20/10/2012Cerimf4nia de Premiae7e3o: 21/10/2012Inscrie7f5es no site: http://www.mc.unicamp.brAtenciosamenteAlessandra PedroCoordenadora Associada Olimpedada Nacional em Histf3ria do BrasilMuseu Exploratf3rio de CieanciasCaixa Postal 6025UNIVERSIDADE ESTADUAL D E CAMPINAS (UNICAMP)Cidade Universite1ria Zeferino Vaz13083-970 – Campinas SPBrasil

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