O DIAMANTE DO RIO DAS GARÇAS
Após a descoberta dos "Garimpos" do rio das Garças, é conhecida de todos a maravilhosa historia: um índio bororó vira um diamante tão grande, faiscando tanto ao sol, que era impossível fixar-lhe os olhos.
Batizaram-no com o nome de "Abacaxi’ e o localizaram no Alcantilado, como o lugar mais provável onde fora percebido e isso talvez por se tratar de um despenhadeiro de difícíil acesso e em que ninguém poderia trabalhar.
Foi por motivo dessa lenda que um moço "curáo" se aventurou tragicamente em busca da preciosa gema. Seu cadáver, de uma palidez assustadora e que foi encontrado três dias depois, trazia um ferimento roxo na garganta.
Segue-se a este um outro caso idêntico: o mesmo lugar, as mesmas circunstâncias, o mesmo ferimento roxo na garganta. Foi quanto bastou para que em torno do caso se formasse a lenda respeitada: (o diamante enorme, cintilante, estava encastoada na ponta lisa de uma pedra à flor da água e, por mais que o rio enchesse, não conseguiria encobri-lo. Era guarda zeloso e sanguinário de tão precioso tesouro um negro musculoso, de estatura espantosa, que tinha as mãos e os pés providos de membranas natatorias, com os pés das aves aquáticas.
Infeliz do aventureiro que se aproximasse. Seria arrastado para o fundo do rio e sofregamente sugado até a última gota de sangue pelo Negro-Dagua…
Atribuia-se, ainda, a esse mesmo lendário personagem, a obrigação de zelar por todos os tesouros virgens da cobiça humana.
ABACAXI — Dizia a lenda, no rio das Garças, que ali existe encravado entre penedos um enorme diamante de fôrma de um abacaxi.
CURÁO — Noviço nos trabalhos dos Garimpos.
Francisco Brasileiro: Terra sem Dono. Contos dos Garimpos, São Paulo, Editora J. Fagundes, pref. 1934, pp. 60-61.
Fonte: Estórias e Lendas de Goiás e Mato Grosso. Seleção de Regina Lacerda. Desenhos de J. Lanzelotti. Ed. Literat. 1962
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