- A revolução de 1820 e a Vilafrancada
- Intervenção e revolução na Itália e na Espanha
- A política de Canning e as idéias liberais
- A nova classe industrial inglesa e o voto,
- Os burgos podres e a agitação radical
- Reformas Inglêsas e Os católicos
- O constitucionalismo francês
- Os partidos em França
- A reação sob Carlos X
- Polignae e as ordenanças de 1830
- A revolução de julho e a realeza burguesa
- A reforma da Carta
- A emancipação da Grécia e a questão do Oriente
- A sublevação Polaca
- A Bélgica Independente
- Católicos e liberais
- Carlistas e cristinos na Espanha
- A pátria alemã e o "Zollverein"
- Agitação russa, ódio ao absolutismo
- O constitucionalismo na Alemanha
- A reforma eleitoral inglesa de 1832
- Administração e pauperismo
- Outras reformas
- A Rainha vitória
- O Câmbio livre e a liga de Manchester
- Huskisson e sua legislação comercial e social
- O cartismo
- Os sucessos de Portugal. D. Pedro e D. Miguel
- A abdicação do imperador do Brasil
- O desembarque do Mindelo e o cerco do Parto
- Peripécias da guerra civil
- Ocupação de Lisboa
- As últimas batalhas e a capitulação
- O fim dos dois irmãos. A adaptação do novo regime
- De 1834 a 1851
- A monarquia francesa de julho
- Guizot e Thiers. A prerrogativa real e a burguesia
- O elemento operário e as perturbações da ordem pública. O protecionismo e a riqueza
- O problema do trabalho
- O socialismo e sua marcha
- O militarismo
- A questão do Egito. Mehemet Ali e as potencias
- A revolução de fevereiro
- Democratas e socialistas
- O sufrágio universal e a Assembléia Constituinte
- As oficinas nacionais
- Os dias de Junho
- A Constituição de 1848 e a propriedade
- O regime residencial francês
- A eleição de Luís Napoleão
A monarquia francesa de julho
A França pode dizer-se que ficou em 1830 numa situação política imperfeita. A reforma da Carta já não bastara aos radicais, cujo número crescia sempre e que visavam a mudança de instituições, ao passo que os legitimistas queriam a todo transe destronar o "usurpador", que se dizia rigidamente constitucional, mas de fato tratava de levar por diante sua política pessoal, embora digna e patriótica. Luís Filipe governou primeiro com elementos chamados do movimento e pareceu até aproximar-se dos republicanos na pessoa de Lafayette, que lhe serviu de padrinho político. Acabou porém por querer contrapor-lhes e fazer sobrepujar às reformas políticas, que eram o programa dos elementos adiantados, a política conservadora e utilitária de Guizot, seu ministro nos últimos oito anos, depois que por motivo da questão do Egito, que se tornara internacional e ameaçara conflagrar a Europa, caíra o ministério presidido por Thiers, que era centro-esquerda, ao passo que Guizot era centro-direita.
Guizot e Thiers. A prerrogativa real e a burguesia
Guizot, o historiador ilustre da civilização na Europa, era um espírito austero, mas politicamente foi um Walpole, que pela corrução parlamentar, com suas deputações de funcionários públicos, criara um sistema de acordo que não podia durar, porque era fictício. Durante todo o reinado discutiu-se a prerrogativa real, a saber, a faculdade de o soberano escolher seus ministros independentemente da maioria da representação nacional. De fato era a própria essência do regime parlamentar que assim se punha em debate, com exaltação dos que mostravam apego aos princípios, aos quais era mais ou menos indiferente a burguesia ciosa e exclusiva com relação aos interesses materiais, sobre que se apoiavam o rei e o seu ministro predileto. Por essa burguesia absorvente, pois até a guarda nacional era burguesa, cometeu-se o erro de descurar a organização do trabalho, que era uma questão premente. O reinado de Luís Filipe foi todo de conspirações, de arruaças, de insurreições operárias reprimidas brutalmente, de atentados contra o soberano em que desempenharam papel as máquinas infernais. O rei nunca foi popular, apesar da sua vida modesta, da sua afetação mesmo de simplicidade: diziam-no avarento e de má fé.