O príncipe e o gigante – Contos de Anões e Gigantes

O príncipe e o gigante

Um príncipe, chamado D. João, foi caçar na floresta com alguns amigos. Correndo atrás de um veado, afastou-se dos seus companheiros e acabou por se perder na mata. Procurou sair da floresta, mas não conseguiu. Depois de muito andar, sem orientação, avistou um muro alto como uma montanha. Para lá se dirigiu, na esperança de encontrar alguém que lhe ensinasse o caminho de volta.

Verificou, com surpresa, que estava numa terra estranha, que pertencia a uma família de gigantes. A casa em que moravam era enorme e esquisita. O dono da casa era um gigante tão alto que sua cabeça tocava nas nuvens. Possuía uma mulher gigante e uma filha do mesmo tamanho, chamada Guimara.

Quando o gigante viu o príncipe, ficou irritado e gritou: — Oh! homem pequeno e insignificante, que estás fazendo aqui?

O príncipe disse quem era e como havia chegado até o reino dos gigantes. O dono da casa então exclamou com voz de trovão:

O dono da casa era um gigante tão alto que sua cabeça tocava nas nuvens.
O dono da casa era um gigante tão alto que sua cabeça tocava nas nuvens.

— Está bem! Poderás ficar aqui como meu criado. Como não havia outro remédio, o príncipe ficou na casa do gigante, trabalhando como criado. Aconteceu, porém, que a filha do gigante achou o rapaz tão bonitinho que acabou por ele se apaixonando. O pai de Guimara percebeu a paixão da filha e resolveu dar cabo do príncipe. Chamou-o à sua presença e perguntou:

— E verdade, homem pequeno, que andas dizendo que és capaz de, numa noite, derrubar o muro do meu castelo e construir sobre ele um palácio?

— Nunca falei isso, meu senhor, respondeu o príncipe. Mas se meu amo ordena eu obedecerei.

O príncipe saiu dali muito preocupado. No caminho, encontrou Guimara, a quem relatou o que acontecera.

— Ora, não se incomode com isso, disse Guimara eu resolverei o caso.

E assim foi. Graças ao seu poder mágico, Guimara, derrubou o muro e construiu sobre ele um belo palácio. No dia seguinte, o gigante foi, bem cedo, ver a obra e ficou admirado:

— Olá, homem pequeno, fôste tu que fizeste esta obra ou foi minha filha Guimara?

— Fui eu, meu senhor, respondeu D. João.

Alguns dias depois, o gigante sempre interessado em dar cabo do rapaz, perguntou-lhe:

— E verdade, homem pequeno, que disseste que eras capaz de transformar aquela ilha selvagem num jardim com as mais belas flores do mundo?

— Nunca disse isso, mas se meu amo me ordena, eu obedecerei.

O príncipe ficou muito triste. No caminho, encontrou Guimara, que lhe disse:

— Não se aflija, meu amor. Farei tudo hoje à noite.

E assim foi. Quando caiu a noite, ela fugiu do seu quarto e, auxiliada pelo príncipe, transformou a ilha selvagem no mais lindo jardim do mundo.

No dia seguinte, o gigante foi ver a obra e ficou maravilhado. Mas viu logo que era obra de sua filha. Por isso, resolveu, naquela noite, ir ao quarto do príncipe e ao de Guimara cortar suas cabeças.

A filha do gigante, que era adivinha, soube logo da intenção de seu pai. E convidou o príncipe para fugirem antes que anoitecesse. Foram à estrebaria do gigante e montaram, cada qual, num cavalo que avançava cem léguas em cada passada.

Quando anoiteceu, o gigante foi procurar a filha e o príncipe para matá-los, mas não mais os encontrou. Contou o caso à sua mulher, que o aconselhou a montar em outro cavalo que avançava cento e cinqüenta léguas em cada passada.

O gigante partiu como um raio e, em pouco tempo, estava perto dos fugitivos. Vendo que seriam alcançados, Guimara fez um sinal mágico e transformou-se num riacho; virou o príncipe num negro velho; as selas, num canteiro de cebolas; a espingarda que levavam, num beija-flor e os cavalos, em árvores.

Quando o gigante chegou e viu aquele velho negro tomando banho no riacho, parou para se informar:

— 0 negro velho, você viu passar por aqui um moço e uma moça, a cavalo?

O negro mergulhava a cabeça na água e quando a levantava dizia: — Plantei estas cebolas, mas não sei se darão boas. E repetia as mesmas palavras, quando o gigante perguntava pelo moço e pela moça.

Vendo que o negro nada informava, o gigante fez a mesma pergunta ao beija-flor e a resposta foi uma bicada violenta que quase lhe furou os olhos. Furioso e desanimado, o gigante voltou para casa.

Quando sua mulher soube do que acontecera, exclamou indignada:

— Es um bobalhão! O riacho era Guimara, o negro velho, o homem pequeno, o beija-flor, a espingarda, o canteiro de cebolas, as selas e as árvores, os cavalos.

O gigante correu, de novo, ao lugar, mas nada encontrou. Partiu, furioso, atrás dos fugitivos até se aproximar dos mesmos. Quando Guimara avistou o pai, fez novo sinal mágico e transformou a si própria numa igreja, D. João, num padre, as selas, num altar, a espingarda, num missal, e cada cavalo, num sino.

O gigante entrou na igreja e perguntou:

— Õ seu padre, não viu passar por aqui um moço e uma moça, a cavalo?

O padre, que fingia estar dizendo missa, respondeu:

Sou um padre ermitão, Devoto da Conceição, Não ouço o que me diz, não. . . "Dominus vobiscum."

Por mais que o gigante repetisse a pergunta, o padre respondia sempre do mesmo modo. Afinal, o gigante ficou furioso e resolveu voltar para casa. Quando contou o que acontecera à sua mulher, esta exclamou irritada:

— Es um grande tolo! Volta para lá depressa. A igreja é Guimara, o padre é o homem pequeno, o altar são as selas, o missal é a espingarda e os sinos são os cavalos.

O gigante voltou a toda disparada. Mas, chegando ao lugar, nada mais viu. Os fugitivos já estavam longe. O gigante esporeou o cavalo e, em breve, avistou o moço e a moça. Quando Guimara viu o pai, fez mais um sinal mágico e soltou no ar um punhado de cinzas que se transformou num espesso nevoeiro. O gigante, não podendo enxergar mais nada, teve de voltar para casa, desanimado e furioso.

Pouco tempo depois, os fugitivos chegaram ao reino de D. João. Então, Guimara pediu ao príncipe que, para não se esquecer dela, ao entrar no palácio, não beijasse a mão de sua tia. O príncipe prometeu que sim, mas quando entrou em casa, a primeira pessoa que lhe apareceu foi a tia, a quem ele beijou a mão. Assim, ficou esquecida a moça que lhe salvara a vida. Tendo entrado em terra estranha, Guimara perdeu o encanto e ficou do tamanho das outras moças. Esquecida e abandonada pelo seu adorado príncipe, ela acabou morrendo de tristeza.


Fonte : Contos Maravilhosos – Theobaldo Miranda Santos, Cia Ed. Nacional

 

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