O rico avarento – parábola bíblica

O rico avarento

Houve um homem mui opulento, que não vestia senão púrpuras e holandas 3), e todos os “dias se banqueteava esplêndida- mente. A sua porta jazia de ordinário um pobre chamado Lázaro, coberto de chagas, que, para matar a fome que padecia, não alcançava nem as migalhas que caíam da mesa do rico; somente os seus cães lhe4) vinham às vêzes lamber as feridas. Sucedeu que, morrendo ambos no mesmo dia, Lázaro foi levado pelos anjos ao Seio de Abraão [1]) e o rico foi sepultado no inferno. Ardendo na­queles tormentos, olhou para cima e, vendo a Lázaro no Seio de Ãbraão, disse falando com êle:

“Pai Abraão, tende compaixão de mim; mandai a Lázaro que me venha refrigerar a língua ao menos com a parte extrema de um dedo molhado nágua, porque me abrasa e atormenta muito êste fogo.”

Respondeu-lhe Abraão: “Lembra-te, filho, que na vida gozas­te os bens e Lázaro padeceu os males; agora tu padeces os tormen­tos e êle logra os gostos. Daqui não se pode passar para lá nem de lá para cá, porque entre nós e êsse lugar se mete uma grande separação e dilatado espaço.”

“Ao menos, tornou o rico avarento a fazer segunda petição, peço-vos que mandeis Lázaro a casa [2]) de meu pai, onde tenho cinco irmãos, para que lhe diga o que por cá passo, pois não suceda que êles, vivendo com o meu exemplo, venham também a parar neste lugar de tormentos.”

Disse-lhe Abraão: Êles lá têm Escrituras e Profetas, a quem podem ouvir.”

Instou o avarento: “Com mais eficácia se moverão a fazer penitência, se um morto ressuscitado os fôr advertir.”

Porém Abraão lhe tornou a responder: “Se êles não crêm

em Moisés nem aos Profetas, muito menos darão crédito a um morto ressuscitado.”

J. B. de Castro.

1) do que passava — Vide a nota 1) à pág. 21.

2) Púrpura — estôfo tinto com a côr de púrpura.

3) Holanda — tecido fino de linho, fabricado na Holanda.

4) Os cães lhe vinham lamber as fendas — vinham lamber as suas feridas. E’ da índole da língua portuguesa, substituirem-se freqüentemen- de os adjetivos possessivos pelas formas átonas dos pronomes (me, te, lhe, nos, vos), como complemento indireto — ex.: O Senhor não me escutou as preces; não me aceitou a resignação as minhas preces… a minha re- signação) (Herc. Eurico 77). Duãs flechas lhes sibilaram por cima das cabeças (Eurico 203).

Fonte: Seleta em Prosa e Verso dos melhores autores brasileiros e portugueses por Alfredo Clemente Pinto. (1883) 53ª edição. Livraria Selbach.


[1] Seio de Abraão — Limbo, lugar onde estavam as almas dos jus­tos que haviam falecido antes da vinda de Jesus Cristo.

[2] a casa de — Vide a nota 2) à pág. 42.

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