O tempo, os deuses e nós

O tempo, os deuses e
nós[1]

 

Lúcio Marques[2]

Resumo

Analisamos aqui algumas relações
que podemos estabelecer na sociedade pós-moderna ou que talvez relegamos ao
segundo lugar em nossa existência. No tempo da vida relacionamos com os deuses,
os outros e conosco ou com o si mesmo, enquanto alguém. Porém, que espécie de
relação identifica o sujeito na sociedade pós-moderna? Que tempo dedicamos aos
relacionamentos em nossa existência?

 Palavras-chave: Tempo, Deuses, Outro,
Bioascese e Mínimo Eu.

 Abstract: We analyzed here
some relationships that we can establish in the post-modern society or that
maybe relegated to the second place in our existence. In the time of the life
we related with the gods, the other ones and with us or with the himself, while
somebody. However, what relationship species does identify the subject in the
post-modern society? What time did dedicate to the relationships in our
existence?

 

Keywords: Time, God, Other, Bioascese
and Minimum Me.

 

* * *

 

Em tudo dona
Marina é microscópica. Será a preocupação de ser exata que a levou à loucura?
Ou, simplesmente, seu mal é a PREOCUPAÇÃO DE SER EXATA? Presa ao passado como
sua única realidade, despreza o presente. Para ela, o presente não é. Finge
aceitá-lo, um pouco irônica, condescendente diante da pequenez das pessoas que
a cercam (pessoas?) Dona Marina é bem-educada a ponto de aparentar ser iludida:
– Pessoas? – Dona Marina sorri. (CANÇADO, 1995, 51).

 

A humanidade caminha no
ritmo do tempo ou o tempo caminha no ritmo da humanidade? Nossos antepassados
viveram no ritmo das estações. Essa foi uma das primeiras unidades de tempo
inventadas. Legaram-nos depois o ritmo do dia e da noite que já significava
considerável exatidão. O dia foi dividido em manhã e tarde e a noite, em
vésperas e matinas. Mas isso ainda era pouco e mergulhou-se nos intervalos do
calendário solar. Porém, os caixeiros viajantes precisavam encontrar seus
amigos e os monges precisavam rezar suas orações nas horas canônicas e o dia
foi dividido em frações (horas) e inventou-se o relógio mecânico. O tempo
ganhou a exatidão da engrenagem, que foi suficiente até que a era digital
exigisse uma precisão maior e hoje vivemos mergulhados no tempo preciso do
movimento dos núcleos atômicos. Estamos de acordo com a hora de Londres e tememos
perder um milésimo de segundo. Viajamos de férias e deixamos o celular ligado
para não perder nenhum contato. Saímos do trabalho, mas levamos no netbook
todos os contatos do dia. Organizamos uma viagem, mas deixamos todos de
sobreaviso no trabalho. Estamos sempre com pressa e constantemente atrasados.
Usamos o carro para diminuir as distâncias, mas achamos que a viagem demora
muito tempo. Resolvemos problemas pelo celular e queremos que as soluções
cheguem imediatamente. Vai e volta-se a São Paulo em algumas horas a trabalho,
mas nos angustiamos com o tempo que esperamos no aeroporto. Tudo isso, É A
PREOCUPAÇÃO DE SER EXATO?

O tempo é o vínculo que
organiza a vida que vivemos atualmente. Somos levados a pensar para cada
atitude o tempo que gastaremos. Pré-ocupamos com o que faremos e nos
angustiamos quando tudo acaba. O vestibular, por exemplo, funciona como a pré-ocupação
ou condição fundamental de muitas escolas e quando se termina a faculdade,
espera-se ansioso o próximo curso que se fará. Aprendemos demasiado o ritmo do
tempo!

Tudo o que significa
perda de tempo causa-nos mal-estar. Somos muito ciosos do que faremos e do que
temos a fazer imediatamente. Não gostamos de documentários da mídia, porque
demoram e preferimos notícias em tempo real. Preferimos o Messenger a
qualquer e-mail, por que é mais completo ou por que é tempo real? Toda
atividade que demanda muito tempo é fastigiosa para nós do século XXI. Queremos
ocupar o tempo de modo intenso. Superamos o passado e não gostamos do que já se
passou. Tudo o que remete aos anos sem fim do túnel do tempo, parece-nos
inútil. É cansativo rever processos sociais de duas décadas passadas. Não
queremos tampouco gastar nosso tempo com projetos futuros de longo alcance,
porque não sabemos o que nos aguarda no próximo minuto. Preferimos o presente:
vivemos intensamente! Atendemos ao telefone, teclamos no Messenger,
conversamos com a pessoa que está ao lado, combinamos o final de semana, saímos
de carro, chegamos em casa e mergulhamos na espera do outro dia. Vivemos
intensamente o presente ou vivemos irrefletidamente o presente? O que fizemos
do passado?
Será que ainda esperamos algum futuro? “Será a preocupação de
ser exata que a levou à loucura?” A Dona Marina apresentada acima, mergulhou na
loucura, porque queria destruir o tempo chamado hoje, logo foi, por ele,
“destruída”. O passado era seu mundo. O futuro não existia. E nós, como lidamos
com o tempo: passado, presente e futuro? Que relações estabelecemos no tempo
chamado hoje?

Na tentativa de sugerir
uma resposta, apresentemos três aspectos da vida humana que perpassa o tempo:
as relações com a religião, com o outro e consigo.

 

[A] RELIGIÕES E PLURALISMO

 

A religião cristã no
Ocidente passa por profunda transformação: o catolicismo está em crescente
romanização e “pentecostalização” (tempo das igrejas renovadas, festivas,
carismáticas, contagiantes); no protestantismo, a vertente histórica está
“enfraquecida” pela sua aparente proximidade com a igreja histórica católica e
vê-se uma avalanche pentecostal multiforme que vai do retorno aos estilos
clássicos de monaquismo (Toca de Assis e similares entre católicos) aos
movimentos de cura e libertação dos indivíduos através da promoção social
(sociedades de apoio aos viciados, grupos de trabalho e inserção social etc).
Além disso, temos que conviver com um número considerável de canais que só
falam de religião: no Brasil, pelo menos sete ou oito; além das outras mídias:
web, rádio etc. Na vertente exotérica, reencontra-se o gosto pelas
manifestações religiosas afrodescendentes, indígenas e, principalmente,
mistéricas (sobretudo igrejas que mesclam discurso dito cristão e ritos e
transes espirituais). Na vertente interreligiosa, vê-se o crescimento
vertiginoso das religiões indo-orientais, principalmente pelas práticas da
ioga, da meditação, das massagens e dos relaxamentos corporais[3]. Vê-se
também o crescimento do islamismo no Ocidente: em meio século a Europa será
islâmica. É a religião que mais converte pessoas atualmente.

O Ocidente que parecia
ter assumido a morte de Deus prenunciada por Hegel (Fé e saber,
Conclusão) e alardeada por Nietzsche (Gaia ciência, 125), tem que se
conformar com uma contundente expressão de Gadamer (A religião):
“estamos há dois mil anos sem um novo Deus” ou, ainda, com Heidegger em sua
última entrevista publicada postumamente (1976): só um deus pode ainda
salvar-nos![4]

O que parecia o fim da religião ocidental foi uma passagem a uma religião: mistérica,
subjetiva ou
a la carte, com mais de uma pertença eclesial, com uma
presença de um deus semelhante a uma energia cósmica e com pouco compromisso
ético[5].

Estamos no tempo do pluralismo religioso: como lembrava Guimarães Rosa (Grande
Sertão: Veredas
), “bebo de todas as águas para não passar sede, porque
qualquer sombra me refresca”. É o tempo da religião de comunhão e respeito às
diferenças, pelo menos no nível teórico isso ainda é afirmado: o Senhor vem
para congregar na unidade os que estavam distantes e reunir os que estavam
dispersos, quando haverá um só rebanho e um só pastor (BÍBLIA, João 10) ou “os
crentes, os judeus, os cristãos e os sabeus, enfim todos os que creem em Allah,
no Dia do Juízo Final, e praticam o bem, receberão a sua recompensa do seu
Senhor e não serão presas do temor, nem se angustiarão” (ALCORÃO, 2ª Surata,
62). Não obstante, veem-se diversos conflitos religiosos e também uma
religiosidade do mezzo credenti (meio crente) como disse G. Vattimo em Credere
di credere
ou mais precisamente: “É bonito e humano rezar. Também não creio
em nenhum deus, não creio nas divindades para as quais se reza. Rezo pela
poesia da oração. Rezo para sentir-me próxima de meus semelhantes, ao fazer o
mesmo pedido, ao externar a mesma necessidade. Eu rezo porque amo – é para mim
um meio de comunicação.” (CANÇADO, 1995, 80)

 

[B] TEMPO DO GOZO E BIOASCESE

 

As relações pessoais
atualmente também passam por uma profunda mudança. Deixa-se os familiares
noutros lugares da casa para teclar com os “amigos da web”. Busca-se a
satisfação do desejo de encontro com o outro através dos meios de comunicação.
Procura-se com uma voracidade incrível a satisfação sensorial rápida e intensa
nas comunidades de web-diálogo. Assume-se o uso social de drogas como
via de integração e inserção em grupos sociais e como ritos de passagem em
determinadas situações. Cultiva-se um desejo intenso e ininterrupto de “ALGUM”
produto que satisfaça as necessidades e os anseios individuais, porém esse
produto não se identifica com nada do que conhecemos, porque é uma ilusão
criada pela indústria do desejo. Somos conformados ao modelo mimético de
consumo: compramos ainda que não tenhamos necessidade e precisamos atualizar
sempre os objetos da casa pelo objeto de última geração, ainda que esse objeto
não seja em nada melhor que o já adquirido. Estamos no tempo da cultura do
desejo indeterminado e insaciável
. Além do desejo, há a indústria da
beleza. Não se suporta a suspeita de inadequação ao padrão de beleza das
passarelas. O vestuário muda a cada estação, a maquiagem refina-se em produtos
contra o envelhecimento, a dieta adéqua-se ao biótipo do indivíduo, a academia
hipertrofia os músculos para a satisfação estética, as lentes dão a dimensão da
beleza aos olhos, os cabelos mudam a cada penteado. Cuida-se hoje do corpo
com o zelo que outrora o asceta cuidava da salvação da alma: não se preocupa
com a salvação pessoal, mas com a redenção pela beleza. A transcendência humana
é a transcendência do belo pelo belo
. A feiura, ainda que Umberto Eco
escreva a sua história, não é aceita pela sociedade. O telefone, o celular, o smartfone
e demais fones são aderentes à identidade individual. Cirurgias plásticas,
botox, cremes, lipoaspiração, massagens relaxantes etc são os produtos de
primeira necessidade, ou melhor, de necessidade imperativa.

Constrói-se assim uma
sociedade que antes de tudo pensa-se como lugar e tempo do gozo numa procura
incessante de satisfação intensa e imediata do desejo indeterminado e
insaciável. O cuidado e o zelo pela saúde não se atrela mais ao bem estar
físico, mas à busca da estética corporal. A segurança, quer seja dos bens, da
vida ou da forma física, são administrados pela indústria das seguradoras como
se elas pudessem ultrapassar a barreira do medo. Beleza, desejo e segurança
são as novas palavras de ordem da vida social constituindo o tripé da bioascese
.
Por isso, “quando amamos (isto é natural), temos necessidade de sentir de perto
o objeto amado” (CANÇADO, 1995, 107). O objeto do amor, quer seja uma coisa ou
uma pessoa, são tratados com referência exclusiva àquele que o toma por
propriedade. A relação de amor é, antes de mais nada, relação de posse e uso de
objetos. “Embora não tivesse feito (sexo), e tudo de bonito que esperei antes
seria anulado por um gesto dele. Porque eu teria sido possuída fisicamente ali
mesmo, se ele quisesse. Depois viria o ódio, e ele não saberia jamais explicar
como pode alguém ser tão absurdamente paradoxal.” (CANÇADO, 1995, 107). Tem-se
o reconhecimento da objetualização do outro nas relações não só sexuais, mas
também nos encontros sociais onde buscamos ou afastamos o que não nos interessa
mais; de forma simples: é só bloquear na lista de endereços da web!

 

[C] MÍNIMO EU E NOMADISMO

 

O universo da mídia
urbaniza as consciências
. O que domina nossa atenção está
em função do que assistimos e acompanhamos pelos noticiários. Tudo gira em
torno das manchetes sensacionalistas que nunca são discutidas e levadas a sério
pelos que as leem. Acontece uma propagandização dos dramas individuais na
mídia. Vê-se a fábrica dos dramas regulares da vida social: desde a morte do
menor João Hélio[6]
até a última criança que foi jogada de um prédio, tudo é acompanhado com
atenção religiosa, porém sem nenhum compromisso social. A principal
consequência esperada e realizada por esses noticiários e a anestesia da
sensibilidade social
. Acabamos por admitir a frequência desses atos como se
fossem naturais e não fazemos nada em prol de uma mudança social. Talvez
estejamos próximos do que nos lembra Umberto Eco em O nome da rosa: não há
nada que cause mais prazer aos olhos que a dor humana no corpo alheio[7]. Gesta-se
uma sociedade do sadismo social em que a dor não é redimida, mas apenas
assistida como espetáculo
. Com consciências urbanizadas, acontece um
nivelamento social e quebram-se os limites do respeito e da sociabilidade
sociais. Aquele que vemos todos os dias bêbado e sujo na calçada da nossa casa
a pedir uma moeda ainda é gente ou já o consideramos um animal que polui a
imagem social? Aceitamos os discursos que falam do resgate do pobre, mas não
aceitamos mudar nossa condição em benefício de ninguém. A mídia produz uma
estetização dos contatos dito pessoais quando simplesmente aceitamos repassar
mensagens de massa com aparente valor pessoal nas datas comemorativas. Ela
também facilita a dissolução da identidade pessoal nas figuras e endereços da
web; acontece uma maquiagem da identidade pessoal em vistas da busca de
aceitação social. A ansiedade e o medo diante da sociedade faz com que
estejamos em constante mudança. Não assumimos mais uma identidade fixa (eu
sou…
no sentido ontológico (forte) da expressão), apenas admitimos que somos
simpatizantes das causas apresentadas. Tornamo-nos nômades: passamos do ser
para o
estar. Tudo precisa fluir e nada pode ser duradouro demais para
não se tornar fastigioso
. Estamos no tempo do pensamento nômade, como nos
lembra o autor de Francis Bacon – Lógica da sensação, Gilles Deleuze.

O resultado é que temos
uma busca por relações profundas, porém imersas na fluidez e na estética
.
Como nos diz o arguto pensador G. Vattimo em O fim da modernidade: “a
experiência pós-moderna da verdade (acrescentamos: e das relações sociais) é
uma experiência estética e retórica.” Mergulhamos no universo da preocupação
exclusiva com os problemas imediatos da existência cotidiana. Imergimos na nova
forma de subjetividade: o mínimo eu
(Chistopher Lasch, The Minimal Self).
Nossa identidade pessoal resume-se no número do RG e no prósopon (no
sentido grego: máscara) que criamos na mídia. “Sou um número a mais. Um prefixo
humilde no peito do uniforme. Quando falo, minha voz se perde na uniformidade
que nos confunde. Ainda assim falo. Falo a dona Dalmatie, ao médico, às
internadas como eu. Falo comigo. E falo a ——- que não existe para mim. A
inutilidade do meu falar constante. Cerca-me o Nada. O Nada é um rio parado de
olhar perdido. Não creio, mas se cresse seria bonito. Não creio, e tenho o Nada
– e o Hospício.” (CANÇADO, 1995, 55-56).

 

Com isso, o que fizemos
foi operar a mudança do tempo cronológico mecânico ao valor dos centésimos de
segundo: vivemos na era do tempo sub-atômico. Fomos da permanência do “ser que
é e não pode deixar de ser” da filosofia grega à realidade que está e flui
constantemente: a passagem do ser ao estar, da permanência à fluidez, da
hospitalidade ao nomadismo. Podemos retornar uma das perguntas iniciais: Que
relações estabelecemos no tempo chamado hoje? O que nos resta?

Se concordarmos com o
pensamento inicial de Maura Lopes Cançado podemos admitir que a pergunta pela
preocupação de ser exata é a razão da loucura do nosso tempo. Talvez vivamos
como Dona Marina, ela pelo menos apegou-se ao passado, enquanto nós desprezamos
o passado, abolimos o futuro e chafurdamos no presente pelo presente. E como o
presente é, constitutivamente, fluído, nômade, evanescente, é a preocupação de
ser exatos que leva à loucura, ou simplesmente: seu mal é preocupação de ser
exato! Dissolvemos a identidade divina, transformamos tudo em busca de
satisfação e nos perdemos na imediatez da subjetividade mínima: rezamos ainda
que sem acreditar, transformamos quem amamos em objeto de gozo e imergimos no
mínimo eu
. Dificilmente suportamos a ausência de respostas, por isso
esboçamos algumas possibilidades. Ainda que toda a esperança de um mundo novo
seja a vida de uma gestante que desconhece o tempo que durará sua gravidez:

a)   
A
relação religiosa na sociedade pós-moderna poderá ser um mergulho nos
fundamentalismos religiosos da pior espécie, significando a intolerância e o
cerco à liberdade de culto, ou a espera e construção do tempo messiânico: “o
messiânico é a instância – tanto na religião quanto no direito – de uma exigência
de realização que – pondo em tensão origem e fim – restitui as duas metas do
pré-direito à própria unidade pré-jurídica e, juntamente, exibe a
impossibilidade da própria coincidência” (AGAMBEN, 2008, 126). Sabemos que a
religião não tem mais força coercitiva para regular as relações sociais, porém
não se deve ignorar que o direito e a justiça nas relações sociais estão
constantemente em diálogo com o pluralismo religioso do tempo atual. E, ainda
que para se discutir sem a pretensão de concordar, a religião é um fenômeno
humano que pode nos aproximar de relações autênticas na vida social
.

b)  
As
relações sociais no tempo do gozo e bioascese podem culminar simplesmente na
dissolução de todos os valores ou na acolhida do mais sinistro de todos os
hóspedes – o niilismo ético ou propugnar-nos à transvaloração de todos os
valores como nos propõe Nietzsche, o que significa: construir novos valores:
“(…) novos filósofos, não há escolha; (…) espíritos fortes e
originais o bastante para dar os primeiros impulsos a estimativas de valores
opostos e para transvalorar, inverter ‘valores eternos’, (…) homens do futuro
que atém no presente a coação e o nó que coage a vontade de milênios a novas
trilhas” (NIETZSCHE, 2009, 203). É necessário criar os novos valores em uma
sociedade que se acostumou aos valores imediatamente ao alcance das mãos e
demasiado pequenos
ou, ainda, como nos lembra Helder Câmara: “Nada de
ideais ao alcance da mão… Gosto de pássaros que se enamoram das estrelas e
caem de cansaço ao voarem em busca da luz…”

c)   
A
relação consigo mesmo no tempo do mínimo eu e do nomadismo tendem ao
reconhecimento do fim do humanismo personalista e consequente dissolução de
toda esperança na vida, além da aniquilação dos horizontes intersubjetivos, por
outro lado, possibilitam também o nascimento de uma visão planetária das formas
de vida, reconhecendo o direito a todos as formas de vida como manifestação de
uma individualidade a ser cuidada e respeitada por todos. “
Não
querer nada de diferente do que é, nem no futuro, nem no passado, nem por toda
a eternidade. Não só suportar o que é necessário, mas amá-lo”[8]. Amar
a vida e afirmá-la em todas as suas possibilidades sem acréscimos nem descontos
.

 

Bibliografia

  • A BÍBLIA – Tradução ecumênica da
    Bíblia
    (1995). São Paulo: Loyola e Paulinas.
  • AGAMBEN, Giorgio (2008)
    Il tempo che resta: Un commento alla Lettera ai Romani.
    Torino :
    Bollati Boringhieri, 2ª ristampa.
  • ALCORÃO – O significado dos
    versículos do Alcorão Sagrado
    (2004). Tradução de Samir El Hayek. São
    Paulo: MarsaM E. J., 11ª edição.
  • CANÇADO, Maura Lopes (1995) Hospício
    é Deus
    . São Paulo: Círculo do Livro.
  • HEIDEGGER, M., Solo uno Dios puéde
    aun salvar-nos!
    em
    http://www.heideggeriana.com.ar
    Acessado em 18/03/2010.
  • MARQUES, Lúcio, A morte de Deus
    em
    www.consciencia.org.br
    Acessado em 18/03/2010. Site consultado:
    http://pt.wikipedia.org/wiki/Amor_fati
    Acesso em 18/03/2010
    .
  • NIETZSCHE, Friedrich W. (2009) Além
    do bem e do mal
    . Petrópolis: Vozes.

Notas


[1] Palestra conferida no Auditório
de Engenharia Ambiental da UFV – Universidade Federal de Viçosa no dia
22/02/2010 proposta pela Comissão do Colégio de Aplicação – COLUNI no ciclo de
debates e filmes Diálogos: Mundo Contemporâneo – As relações da sociedade
pós-moderna
.

[2] Bolsista da FAPEMIG – Fundação
de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais e Mestrando em Teologia pela
FAJE – Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia – Belo Horizonte / MG.

[3] Quanto aos panoramas da religião
cristã no Ocidente podem ser consultados com riqueza de detalhes tanto Cenários
de Igreja
quanto Crer num mundo de muita crença e pouca
libertação
, ambos da autoria de João Batista LIBANIO ou, ainda, Gianni
VATTIMO e Jacques DERRIDA, A religião.

[4] HEIDEGGER, M., Solo uno Dio
puede aun salvar-nos!
em
http://www.heideggeriana.com.ar

[5] MARQUES, L. A., “A morte de
Deus” em
www.consciencia.org.br

[6] O Jornal Estado de Minas
(de 19/02/2010, p. 10) diz que a Justiça soltou no dia 10/02 um dos envolvidos
na morte de João Hélio Fernandes, arrastado preso ao sinto de segurança de um
veículo por sete quilômetros: na época, o envolvido tinha dezesseis anos e
agora dezoito. A notícia já chama atenção pelo título: PASSAPORTE PARA O CRIME.

[7] Não está entre aspas, porque não
temos em mãos a citação literal de Eco.

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