Observações sobre as Vidas de Demóstenes e Cícero, de Plutarco

Observações de Clavier, Vauvilliers e Brotier para as Vidas de Plutarco.

SOBRE A VIDA DE DEMÓSTENES

CAP. VI. . É certo que a expressão de que aqui Plutarco se serve é muitas vezes empregada no sentido que Amyot seguiu. Mas é ainda verdade que ela é encontrada também nos outros escritores, e especialmente em Plutarco, com uma acepção muito diferente, e que corresponde ao que os latinos entendem pela palavra optimates, a que nos chamamos homens de boa família; e é neste sentido que aqui devemos entendê-la, com Xylander.

CAP. VII.. Por esta palavra, poderíamos ser tentados a crer tratar-se de um negócio famoso de algum particular, chamado Oropo. Mas é o nome de uma cidade que está nos confins da Atiça e da Beócia, ao lado da Eubéia. Foi motivo eterno de contestações, entre os povos limítrofes. Pausânias diz que a princípio ela era de propriedade dos beócios. Vê-se em Tucídides que no tempo da guerra do Peloponeso, Oropo estava sob a dominação dos atenienses. Diodoro de Sicília, nos afirma que os tebanos dela se apoderaram — 94.» olimpíada. Temison, tirano de Erétria, também tomou posse dela na 103.”. Mas oprimido fortemente pelos atenienses que lhe moviam guerra, êle a entregou como um depósito, diz o mesmo historiador, aos tebanos que não lha restituíram. Felipe tomou-a para dá-la de novo aos atenienses. Foi declarada livre, depois da morte de Alexandre, por Polypércon. Mas não deixou de causar novas desavenças, mesmo depois que os romanos a dominaram, como se vê em Pau-sánia.v É de uma das altercações a respeito dessa cidade, que aqui se fala.

CAP. XVIII. É a esta guerra que chamam de sagrada. Tendo os anfictiões condenado os fócios à multa, porque eles se haviam apoderado de uma parte do território sagrado, isto é, pertencente ao templo de Delfos, Filomela incitou os fócios a assaltarem o mesmo templo. A guerra começou no quarto ano da 105.» olimpíada. Os inimigos dos fócios, dentre os quais os tebanos ocupavam a primeira linha, não se julgando bastante fortes, chamaram em seu auxílio Felipe e o puseram à sua frente, o qual era rei da Macedónia, e que terminou esta guerra com a ruína de todas as cidades da Fócida, no primeiro ano da 108.» olimpíada, 348.v antes da era cristã.

CAP. XXXVI. Tanneguy Lefèvre, em suas anotações sobre Timon de Luciano, capítulo III, pág. 881, tomo 1.», edição de Hemsterhuis, e Dacier na sua nota sobre este trecho das Vidas de Plutarco, observam que Amyot enganou-se em sua tradução e em sua nota. Devia com efeito traduzir assim: Não quereis escutar, atenienses, àquele que tem a taça na mão? Lefèvre acha que isso tem relação com um costume que se observava nos banquetes, a taça passava de mão em mão dando a volta: aquele que a tinha, cantava uma canção daquelas que se chamam de scolies (escólios) e eram ouvidas sem interrupção: mas a passagem de Platão, que êle cita. não diz isso e eu confesso que não encontrei em parte alguma vestígios desse uso.

CAP. XLIV. O grego diz. a 16 do mês pianepsion, que correspondia nesse ano, à 3.» da 114.» olimpíada, a 10 de novembro.

Nas Vidas dos dez Oradores, no artigo Demóstenes, encontrar-se-á que Plutarco dá a sua morte aos 50 anos da sua idade. Essa falta grave provém, sem dúvida, dos copistas. Mas o Padre Corsini, corrigindo-a nos seus Fastes Attiques comete uma outra, não menos grave. O texto de Plutarco está alterado, diz êle, restabelecei 56 anos. Por que? É que nós demonstramos, (diz êle, e eu não duvido absolutamente) que Demóstenes nasceu no 4.v ano da 98.» olimpíada, embora Denis de Halicarnasso coloque o seu nascimento no 4.» ano da 99.» olimpíada e êle morreu no mesmo ano que Aristóteles, no 3.» ano da 114.» olimpíada, como diz Diógenes Laércio. Ora, desde o 4." ano da 98.» olimpíada até o 3.9 ano da 114.’, há certamente 62 anos, sem se contar o primeiro e o último. Assim, seguindo este cálculo. Demóstenes tinha pelo menos 63 anos e talvez mesmo 64. ou ainda 59. se se seguir o que diz Denis de Halicarnasso.

SOBRE A VIDA DE CÍCERO

CAP. I. Encontramos em vários manuscritos, depois destas palavras ‘en ouoloúskois, estas outras: kai polemésanta Ro-máiois ouk’ adunátos que Amyot coloca na sua tradução; eu não sei porque elas não foram admitidas em edição alguma, embora ofereçam o complemento da frase.

CAP. IX. O grego diz 750.000 dracmas, o que está verdadeiramente muito abaixo da soma que Cícero pediu. M. Ruault tem razão em relevar este absurdo nas suas notas sobre Plutarco, porque é impassível de se supor que Cícero, depois de ter pedido a Verrès 18.750.000 libras, tenha combinado com êle em seguida uma restituição abaixo de 600.000 francos; daí M. Ruault determina que se deve ler no texto de Plutarco, em lugar de 750.000, 8 ou 9.750.000 dracmas, soma mais ou menos equivalente à de 7.500.000 libras de nossa moeda, ou a dez milhões de dracmas que os sicilianos provavam lhes ter sido roubados por Verrès.

Isto posto, sobre que podia cair a suspeita de que Plutarco fala aqui? Por ter Cícero pedido a Verrès 18.750.000 libras, pretendia-se que isso não podia ser, senão por conluio que Verrès não teria pago senão 7.500.000. M. Gaultier de Sibert justificou perfeitamente a Cícero, desta censura, em uma Memória lida na Academia de belas-letras. Êle aí concilia com uma erudição muito judiciosa, duas passagens de Cícero das quais a contradição aparente podia ter fornecido matéria para esta imputação: em uma, Cícero pede a Verrès a restituição de 100.000.000 de sestércios, nos termos da lei: quo nomine, abs te, Verrès, sestertium milhes ex lege repeto: pois é assim que os latinos exprimiam as somas em sestércios, decies, um milhão, centies, dez milhões, millies, cem milhões, pois que com esse primeiro advérbio deve-se sempre subentender cem mil. Na outra, êle estabelece que Verrès roubou à Sicília 40.000.000 de sestércios. Uma lei contra as concussões concedia, diz M. de Sibert, aos que se queixavam, o dobro e meio do prejuízo. A primeira soma é o dobro e meio da segunda. As duas passagens estão pois totalmente de acordo.

M. de Sibert prova em seguida, com a autoridade de Ascônio Pediano, historiador célebre, que florescia no reinado de Vespasiano, que Verrès, tendo prevenido seu julgamento por exílio voluntário, pagou de fato aos sicilianos 40.000.000 de sestércios, com o que eles se contentaram, pois era a quantia que êle lhes havia tirado antes.

Nós adotamos com gíande prazer tudo o que aqui diz M. de Sibert, na sábia Memória que êle bem nos quis comunicar. Quanto à relação das dracmas com a nossa moeda, M. de Sibert seguiu a avaliação de M. Rollin, e nós continuamos a seguir a que M. Brotier tinha estabelecido numa tarefa posterior.

Fonte: Edameris, Vidas dos Homens Ilustres de Plutarco. Vol. VIII. Tradução de Pe. Vicente Pedroso.

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