Os quatro ladrões – Contos e Lendas Populares

 

É lição de Teófilo Braga, copia do "Orto do Sposo" de Frei Hermenegildo de Tancos, século XIV, fl. 105-verso.

Muito aproveitado é esse tema em Portugal e Brasil. Eça de Queiroz utilizou-o no "O Tesoiro" ("Contos"), personalizando os ladrões nos fidalgos Rui, Guannes e Rostabal, com a arca de ouro na mata de Roquelanes, nas Astúrias, Constitue um episódio .no romance de Rafael Sabatini, "Captain Blood’s Return", com ampla divulgação para leitores de aventuras imaginarias.

É o Mt. 763 de Aarne-Thompson, Th* Treasure Finders who Murder Another. Nos "Motif-Index" de Stith Thompson é o K 1685: "Two (three) men find a treasure. One of them secretly puts poison in the other’s wine, but the other kills him, drinks the wine and dies." A bibliografia, indicada pelo prof. Thompson, é longa e geograficamente ampla: Chaucer, "Far-doner’s Tale", Boite e Polivka no III.0 volume, 154, do estudo sobre os contos dos irmãos Grimm, "Anmerkungen zu den Kinder und Hausmar-chen der Bruder Grimm", René Basset, "Mille et un contes, récits et légendes arabes", III.0, 181, Victor Chauvin, "Bibliographie des ouvrages arabes", volume VIII, 100, n.° 73, Alberto Wes-selski, no seu estudo sobre as novelas de Giro-lamo Morlinis, "Die Novellen Girolamo Morlinis", 293, n.° 42, J. Boite, no estudo sobre o livro de facécias de Martin Mpntanus, "Martin Montanus Schwankbücher", 564, Basset na "Revue des Traditions Populaires", XIV, 440, M. J. bin Gorion, "Der Born Judas", volume IV, 41, 276, Harth na "Modern Philology", de Chicago, IX, 17, John Edwin Wells na mesma revista, XXV, 163, E. B. Cowell e outros "The Jatakas or Stories of the Buddha’s Former Births", 1°, 124, Edouard Chavannes, "Cinq cent contes et apologues extraits du Tripitaka chinois", 1, 386, n.° 115. Ocorre ainda no "Cento Novelle Antiche", p. 83 (edição dirigida por Letterio Di Francia, Turin, 1930). (C. Cascudo)

OS QUATRO LADRÕES

Contam as histórias antigas que em Roma eram quatro ladrões. E andando huuma nocte a furtar sintirom a Justiça e fugirom e esconderomse em huuma cova. E quando a luz veeo, acharomse em huuma casa de abovada muy fremosa. E acha-rom em ella huum moymento de marmor muy fr moso. E disserom antre ssy:

 Este moymento foy de algum homem nobre e ryco. Abramollo e veiamos se acharemos hy algum bem. Ca em outros tempos acostumavam soterrar os grandes homens com doas e cousas de grande preço.

Entom abriram o moymento e acharam o moymento cheo douro e de prata e de pedras preciosas e de vasos e de copas douro muy fremosas. E antre elles era huuma copa muy fremosa e mayor que todallas outras. Quando esto acharom, disserom antre ssy:

 Ora somos nós ricos e de boa ventura, e seremos ricos pera sempre nós e nossos filhos, mas será bem que alguum de nós fosse aa vila per vianda.

E cada huum se escusava, dizendo que era conhecido en a cidade e se temia de o enforcarem. Em cabo disse huum delles:

 Se me vós derdes aquella maior e milhor copa, eu hirey pollo mantimento.

E os outros outorgarom, e elle foy e trouxe de comer. E hindo pello caminho levando a vyanda, cuydou como meteria cm cila peçonha em guisa que comendoa seus companheyros morreriam e ficaria delle todo o que acharom cn o moymento. E os tres ladrões que ficarem emquanto elle foy fallarom-se unte sy e disserom:

 Aquelle nosso companheiro nom quis hir pollo mantimento senom que lhe déssemos a copa milhor, matemollo e ficará a nós todo o aver.

E disse huum delles:

 Como o mataremos sem perigo, cá, elle he mais esforçado ca nós?

Respondeo o outro e disse:

 Quando elle veer ãigamoslhe que entre dentro e tome a copa e quando se antre dentro tiremos o madeyro que sostem as pedras e cayrom as pedras sobre elle e morrera.

E quando veeo o outro fezeromno assy e ficou logo morto. E elles disserom:

 Comamos e bevamos e depois partiremos o aver antre nós.

E começarom a comer a vyanda que o outro trouxera e morrerom com a peçonha que em ella andava.

 Fonte: Os melhores contos Populares de Portugal. Org. de Câmara Cascudo. Dois Mundos Editora.

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