Quem era José Bonifácio de Andrada?
A máxima prova da constituição orgânica do Brasil no XVIII século é a fecundidade *) intelectual, que progride no princípio de nossa era. Brasileiros eram na máxima parte os sábios literatos portuguêses de então. Brasileiros, Antônio José, o judeu, queimado por D. João V; Basílio da Gama, o autor do Uruguai; Durão Gonzada, o poeta da Marília, Costa Alvarenga, ex-réus na conspiração de 1789. Brasileiros, os poetas Pereira Caldas, Morais e Silva; Hipólito Costa, o patriarca jornalista; Azevedo Coutinho, primeiro economista português; o geômetra Vilela Barbosa, o estadista Nogueira da Gama, o químico Coelho de Seabra; Conceição Veloso, autor da Flora Fluminense, e Araújo Câmara, companheiro das viagens de José Bonifácio, — o mais ilustre dos fundadores da independência’nacional do Brasil.
José Bonifácio nascera em Santos a 13 de junho de 1763; e aos quinze anos chegava a Lisboa, aos vinte e cinco partia para a Europa central a estudar, sob a proteção do duque de Lafões. Ardia em França a revolução, e o moço brasileiro não aprendeu na Europa as ciências da natureza apenas, aprendeu como as sociedades se rebelam, como vencem quando têm um propósito firme, uma
força real e chefes audazes. José Bonifácio acaso desde então escolheu para si o papel de fundador do Brasil.
Oito anos andou por fora seguindo os cursos mais célebres, ganhando um nome que ficou europeu na ciência contemporânea. Em França ouviu as lições de Chaptal, de Fourcroy, de Jussieu e de Haüy, o mineralogista, na companhia do qual passou à Alemanha a freqüentar Werner, o geólogo de Freyber, Lempe, Koehler, Kol- tzsch, Friesben e Lampadius. Visitadas as minas da Alemanha, seguiu as do Tirol, da Estiria, da Carintia, ouvindo em Pávia as lições de Volta; e, subindo outra vez ao norte, foi aprender com Berg- rnann em Upsula, com Abildgaard em Copenhague. Nas suas viagens, nos seus estudos, ganhara um saber forte e uma reputação européia. Fazia descobertas na mineralogia; e êle, Humboldt, von Buch, Esmark, dei Rio, eram chamados os mestres da ciência.
Voltou por fim a Portugal, e foi feito desembargador; encar- regarâm-no de tôdas as coisas.
O desembargador era o tipo do homem universal nos cargos, absoluto na inépcia e na sonolência; e Andrada, que carecia de ação e vida, em balde protestava, reclamava. Em Coimbra não havia coleção mineralógica, — era impossível dar lições! Os– cípulos também não excediam a três! Terminada a guerra franceses, em que Andrada combatera, achava-se Portugal entregue a essa Regência anônima, mero instrumento de Beresford.
A miséria e a inépcia, a vileza e a corrupção de uma terra de que a sua era vassala, fizeram-no regressar ao Brasil (1819) ; e não é ousadia afirmar que no seu espírito levava já firme e difinitivo o plano da emancipação. Aos fatos restava apenas indicar a forma que a realização de sua idéia devia tomar.
O merecimento pessoal e a preponderância eminente que êsses fatos deram a José Bonifácio na história da separação brasileira, concorreram com tôdas as causas anteriores para dar à nova nação uma fisionomia própria, entre as nações sul-americanas. Homem de ciência, espectador visual dos piores desvarios da revolução francesa, maduro em idade, forte em experiência dos homens e das cousas, José Bonifácio não era um Bolivar[I]), e a revolução brasileira tomou em suas mãos uma direção diversa da que teria tido, se caminhasse às ordens de algum genuíno representante do antigo espírito paulista.
Estadista e não soldado, mais hábil do que audaz, mais forte do que ambicioso, o caudilho brasileiro viu na, ambição irrequieta de D. Pedro, a quem a glória de Bolivar seduzia, um belo instrumento para levar a cabo a obra da independência nacional, poupando a pátria às sangrentas crises em que a espada dos condottie- ri lançava as ex-colônias espanholas. Oliveira Martins.
1) Que diferença hã entre fecmdidade e facundidade ou facúndia?
[I] Herói da independência de Venezuel, Colômbia, Equador, Bolívia e até do Peru. Nasceu em 1783, morreu e 33Q.
Fonte: Seleta em Prosa e Verso dos melhores autores brasileiros e portugueses por Alfredo Clemente Pinto. (1883) 53ª edição. Livraria Selbach.
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