São Sebastião do Rio de Janeiro – A cidade desde sua fundação

são sebastião do rio de janeiro

São Sebastião do Rio de Janeiro Tomé de Sousa, primeiro governador geral do Brasil, tendo resolvido percorrer as capitanias, em que se achava dividida a colônia, partiu em companhia do jesuíta Padre Nóbrega, com uma nau e duas caravelas, sob o comando de Pero de Góis, e, entrando de passagem no pôrto do Rio de … Ler mais

O Pampeiro – José de Alencar

O Pampeiro Um ruído surdo reboou pelas grotas 2) e algares 1)’ que acantilavam o cêrro abrupto. Parecia que a terra arquejava com o estertor de um pesadelo. Ao mesmo tempo uma exalação ardente como o vapor de uma cratera derramou-se pela solidão. As feras uivaram longe na pro­fundeza das selvas, e as aves espavoridas … Ler mais

Perfil biográfico de Alexandre Herculano

Oliveira Lima ALEXANDRE HERCULANO DlZIA um poeta francês de outro poeta também francês — não há furor mais terrível do que o de um lírico que se zanga — que há mortos que é preciso matar. Vejam que requinte de crueldade! Chega a parecer uma atrocidade, e esta ocorrida em tempo de paz. Dizia lie … Ler mais

PRIMEIRO IMPÉRIO — ASSEMBLÉIA CONSTITUINTE

Biblioteca Academia Paulista de Letras – volume 7. História da Literatura Brasileira TOMO I. vol 3.  LIVRO PRIMEIRO Época de Transformação (século XIX) 2º período (Fase Patriótica) Artur Mota (Arthur Motta) (1879 – 1936) CAPÍTULO V PRIMEIRO IMPÉRIO — ASSEMBLÉIA CONSTITUINTE O regresso da corte de D. João VI a Portugal contribuiu para precipitar os … Ler mais

O INDIANISMO DE GONÇALVES DIAS – Silvio Romero

Silvio Romero (Lagarto, 21 de abril de 1851 — 18 de junho de 1914) – História da Literatura Brasileira

Vol. III. Contribuições e estudos gerais para o exato conhecimento da literatura brasileira. Fonte: José Olympio / MEC.

TERCEIRA ÉPOCA OU PERÍODO DE TRANSFORMAÇÃO ROMÂNTICA — POESIA (1830-1870)

CAPITULO III

SEGUNDA FASE DO ROMANTISMO E SEU MOMENTO CULMINANTE: O INDIANISMO DE GONÇALVES DIAS

É agora o segundo momento do romantismo brasileiro, a fase inaugurada por Gonçalves Dias. É o seu ponto culminante. O poeta maranhense e José de Alencar, o célebre romancista do Ceará, são inquestionavelmente os dous mais ilustres e significativos tipos da literatura romântica entre nós.

Talentos onímodos, quer um, quer outro, prendem-se pelo laço comum do indianismo e pela patriótica empresa de, evitando os exclusivos moldes portugueses, dar cores próprias à nossa literatura. Caminharam impávidos para a frente, guiados por seu ideal, alentados pelo entusiasmo das boas causas.

Quase não ficou um recanto das pátrias letras em que eles não pusessem as mãos e com’ elas os brilhos de seus talentos e os sons festivos de suas vitórias.

Na poesia, no teatro, na história, na etnografia, Gonçalves Dias fez-se ouvir com elevação e inquestionado valor.

Romance, drama, comédia, folhetim, política, crítica, polêmica, poesia, por tudo passou José de Alencar e seria preciso torcer e marear a imparcialidade da história para negar-lhe os desusados títulos de seu merecimento.

Eu não sou e nunca fui indianista: sempre estive na brecha batendo os exageros do sistema, quando das mãos dos dous grandes mestres passou às dos sectários medíocres. Mas esse velho, e por mim tão maltratado indianismo, teve um grandíssimo alcance: foi uma palavra de guerra para unir-nos e fazer-nos trabalhar por nós mesmos nas letras.

Conseguido esse resultado, os dous chefes calaram as tiorbas selvagens e empunharam outros instrumentos. È, destarte, a mor parte de suas obras é construída fora das inspirações do indianismo; mas as melhores, porque escritas com toda a alma, são as que ficam dentro do círculo daquele. É por isso que as poesias americanas são ainda e sempre as mais saborosas de Gonçalves Dias, e O Guarani e a Iracema os mais valentes romances de José de Alencar.

A maior vantagem da romântica entre nós, já o disse uma vez e o repito agora, foi afastar-nos da exclusiva influência da imitação portuguesa. O romantismo português possuía um triunvirato, por todos admirado, em que era vedado tocar: Garrett, Herculano e Castilho. Tiveram no Brasil admiradores e não tiveram imitadores. Isto é significativo.

Os talentos nacionais, embebidos na contemplação da natureza, da vida americana e das belezas da literatura européia, não quedaram a imitar os três corifeus lusos.

Devemos isto aos Gonçalves Dias, aos Alencares, aos Penas, aos Macedos, aos Álvares de Azevedo, aos Agrários.

Antônio Gonçalves Dias (1823-1864) não precisa que lhe trace a biografia. Este trabalho está feito, definitivamente feito, por Antônio Henriques Leal no III vol. do Panteon Maranhense. Consignarei apenas algumas datas e farei algumas observações que me elas despertam. As datas ajudam a compreender a formação do talento do poeta dos Timbiras. Ele é um completo produto de sua raça, do meio em que passou a infância e dos estudos que fez em Coimbra. As viagens posteriores de quase nada lhe serviram.

Nascido em 1823 em Caxias, passou aí e em São Luís os quinze primeiros anos de sua vida. De 1838 a 1845 viveu em Portugal, formando-se em Direito na Universidade coimbrã. Foram sete anos que alguma cousa lhe deixaram no espírito.

Passando rapidamente pelo Maranhão (1845-46), em meados de 1846 achou-se no Rio de Janeiro, que habitou seguidamente até 1854, fazendo apenas uma rápida viagem ao Norte (1851). De 54 a 58 viveu na Europa, que tornou a visitar de 1862 a 64, ano em que faleceu de volta ao Brasil. O intervalo de fins de 1858 a 62, passou-o em viagens pelas províncias do Norte na célebre comissão das borboletas.

Em 1862, antes de seguir pela última vez para o Velho Mundo, à busca de melhoras para sua saúde, tocou ainda rapidamente no seu amado Rio de Janeiro.

Gonçalves Dias morreu aos quarenta e um anos; destes, treze a quatorze foram passados na Europa e o resto no Brasil.

Tais algarismos não vêm aqui a esmo; comparados àqueles em que apareceram os seus livros, e já foram indicados ao tratar do Barão de Paranapiacaba, bem mostram que o poeta, morto em 1864 aos quarenta e um anos, se tivesse desaparecido em 1854, aos trinta e um, nós teríamos o nosso Gonçalves Dias completo.

Todas as suas obras foram escritas até esse ano, compreendendo os Cantos, os dramas, os artigos de crítica da história do Brasil, os Timbiras, e o trabalho etnográfico sob o título O Brasil e a Oceania.

Em dez anos (44-54) Gonçalves Dias desenvolveu pasmosa atividade. O último decênio foi relativamente estéril: relatórios, dando conta de comissões que exerceu, e um punhado de poesias originais e traduzidas, são os produtos desse tempo.

De resto, cumpre notar que o poeta maranhense não passou por dous grandes flagelos que assaltam de ordinário os homens de letras neste país: a guerra literária e a penúria econômica. O talento do poeta não foi jamais contestado. Contribuiu muito para isto o artigo encomiástico escrito por Alexandre Herculano sobre os Primeiros Cantos. Não passou por grandes dificuldades para viver. Teve sempre empregos e boas comissões. Neste sentido foi de grande auxílio a amizade que lhe votou sempre o segundo imperador.

No moço maranhense existem quatro aspectos principais, já o deixei ver: o poeta, o dramatista, o crítico de história e o etnólogo.

Apreciemo-los, principiando pela sua feição preponderante, o poeta.

Há vinte maneiras diversas de estudar e apreciar um escritor. Podem-se procurar as relações gerais que ele teve com a cultura de seu tempo, mostrando o que lhe deveu e em que a adiantou; podem-se, em dadas circunstâncias, indagar o que fez e o que representa na evolução intelectual de seu país; pode-se-lhe desmontar o espírito, procurando os elementos que o constituíram e qual a tendência que nele predominou.

TERCEIRA FASE DO ROMANTISMO: O SUBJETIVISMO DE ÁLVARES DE AZEVEDO E SUA PLÊIADA

 

Silvio Romero (Lagarto, 21 de abril de 1851 — 18 de junho de 1914) – História da Literatura Brasileira

Vol. III. Contribuições e estudos gerais para o exato conhecimento da literatura brasileira. Fonte: José Olympio / MEC.

TERCEIRA ÉPOCA OU PERÍODO DE TRANSFORMAÇÃO ROMÂNTICA — POESIA (1830-1870)

CAPITULO IV

TERCEIRA FASE DO ROMANTISMO: O SUBJETIVISMO DE ÁLVARES DE AZEVEDO E SUA PLÊIADA

O romantismo brasileiro não ficou estacionado em sua segunda fase, o indianismo; passou adiante e foi espreitar o que se fazia no grande mundo, no estrangeiro, para implantar novos achados, novas conquistas em nosso país.

Entretanto, parece singular que o sistema literário, que mais parecia coadunar-se ao espí-rito nacional, tenha sido justamente aquele que menos seiva revelou e menos frutos produziu. E assim foi; o india-III’ mo só contou dous grandes cultores neste país, Gonçalves Dias na poesia e José de Alencar no romance.

Os outros nossos escritores caminharam por diverso lado, e, se por acaso cultivaram de passagem o gênero, foi isso como um limitado preito prestado a tão ilustres chefes.

Magalhães, por espírito de imitação, escreveu a Con-federação dos Tamoios; Norberto Silva escreveu, em igual espírito, suas Americanas; Machado de Assis, pelo mesmo motivo, as suas; mas isto foi a exceção.

O ROMANTISMO NA LITERATURA BRASILEIRA – Silvío Romero

TERCEIRA ÉPOCA OU PERÍODO DE TRANSFORMAÇÃO ROMÂNTICA — POESIA (1830-1870)

CAPITULO I

O ROMANTISMO

O momento histórico aberto agora diante dos olhos dos leitores, o romantismo, representa só por si quase toda a literatura do século XIX, e, todavia, ainda não tem sido bem apreciado. Distendido entre dous inimigos, dous rivais poderosos, tem levado golpes à direita e à esquerda. Nós os homens do último quartel do século não assistimos à sua luta com o classismo, pugna brilhante de que saiu vitorioso: presenciamos em compensação seu pelejar com o naturalismo e dez outras teorias, que o pretenderam definitivamente enterrar.

Sílvio Romero

SILVIO VASCONCELOS DA SILVEIRA RAMOS ROMERO (Lagarto, Estado de Sergipe, 1851-1914), bacharelou-se na Faculdade jurídica do Recife, e vindo para o Rio de Janeiro, entrou logo a distinguir-se escrevendo em vários jornais, e notadamente na Revista Brasileira, a segunda das estampadas com este nome, e de que era diretor Nicolau Midosi.

MANUEL ANTÔNIO DE ALMEIDA

Nota Biográfica

MANUEL ANTÔNIO DE ALMEIDA, nascido no Rio de Janeiro, a 17 de novembro de 1830, graduado em Medicina e falecido, aos 31 anos, em 28 de novembro de 1861, vítima do naufrágio do vapor "Hermes".

HISTÓRIA DA LITERATURA BRASILEIRA

# ndios poetas e imaginosos
# Teatro da natureza
# O “Boca do Inferno”
# Dirceu de Marília
# Gonçalves Dias O cantor dos guerreiros
# José de Alencar De ledor de romances a escritor de romances
# Castro Alves – O poeta dos escravos
# Machado de Assis – De moleque de morro a presidente de Academia de Letras
# Antônio Conselheiro O homem que escrevia com um cipó
# Rui Barbosa, o nababo da língua

Índios poetas e imaginosos

SERIA aquela gente primitiva e rude que vivia no Bra-— sil, ao tempo de seu descobrimento, desprovida de imaginação e de idéias poéticas ? As pesquisas e trabalhos de etnólogos e sociólogos mostram que os índios brasileiros sabiam criar mitos, e mitos poéticos, para explicar os fenômenos da natureza. Recolheram-se poemas e numerosas historietas, que atestam certo senso poético e imaginação. A maioria dessas histórias narra fatos acontecidos com os bichos das selvas, e fatos humorísticos, em geral, revelando o senso satírico dos homens das tabas.

Esta canção, recolhida pelo general Couto de Magalhães, é uma bela amostra de ciúme amoroso:

O’ Ruda, vós que nos céus estais e amais as chuvas. . . Vós que nos céus estais. . . fazei com que êle (o amante) por mais mulheres que tenha, as ache todas feias; fazei com que êle se lembre de mim, quando o sol se encobrir no poente.