O que é a alma? Definição de alma, por Padre Antônio Vieira

A alma Quereis ver o que é uma alma? Olhai, diz Santo Agostinho, para um corpo sem alma. Se aquêle corpo era de um sábio, onde estão as ciências? Foram-se com a alma, porque eram suas. A retórica, a poesia, a filosofia, as matemáticas, a teologia, a juris­prudência, aquelas razões tão fortes, aquêles’ discursos tão … Ler mais

Os dois meninos – conto de Coelho Neto

Os dois meninos Ia um menino por uma estrada, cantando como os passarinhos que voavam de ramo em ramo, quando ouviu uma voz que chamava: Menino loiro que ides passando ao sol com tamanha pres­sa, por que não descansais? Vinde aqui um instante: tenho mel e bolos de farinha, e leite e dar-vos-ei tanto ouro … Ler mais

História de Natal – A lenda da casa nº 15

natal família

A lenda da casa n.° 15 Ida Fürst "A lenda da casa nº 15" é um belo conto assinado por esta escritora de língua croata e que pela primeira vez é apresentada ao público brasileiro. Ida Fürst tem demonstrado, em toda a sua obra, tendencias excepcionais para o cultivo da novela, sendo os seus enredos … Ler mais

A sociedade do consumo e a vida do espírito.

A sociedade do consumo é o modo de produção e reprodução material e espiritual que expande e transforma o consumo de mercadorias no principal fator das relações e das práticas sociais. Tal como a Ilha de Ogigia, a sociedade de consumo propicia uma fauna e uma flora de objetos e prazeres inimagináveis, mas também produz o esquecimento e a alienação sobre nossas próprias vidas. Nesta Ogigia dos tempos modernos, as pessoas vivem vidas que não escolheram, se aferram a valores, crenças e modos de ser e pensar sem nunca refletirem sobre eles ou sobre suas escolhas. Os indivíduos não sabem o que querem e também não sabem o que sentem. Eles se comportam de forma irrefletida, apenas vivem para consumir, sem pensar no que consideram ser seu objetivo de vida ou o que acreditam ser os meios corretos de alcançá-lo. Eles ignoram o que realmente buscam, o que são, o que desejam, o que é relevante ou irrelevante para suas vidas. Viver na sociedade do consumo é viver num mundo atemporal e do esquecimento.

O CAMINHO DA CIÊNCIA DA ARTE – HISTÓRIA DA ARTE DE E. GROSSE (1893)

Galleiia Pilti Florença — Itália

HISTÓRIA DA ARTE DE ERNEST GROSSE (1893)

CAPÍTULO II – O CAMINHO DA CIÊNCIA DA ARTE

A missão da ciência da arte consiste em descrever e explicar os fenômenos englobados sob a denominação de "fenômenos de ordem estética". Essa tarefa encerra, porém, duas formas: uma individual e outra social.

Na primeira, trata-se de compreender uma obra de arte isolada, ou a obra completa do artista, descobrir as relações que há entre um artista e sua obra individual e explicar a obra de arte como produto de uma individualidade artística, trabalhando sob determinadas condições. A maioria dos homens julga os fenômenos de ordem individual muito mais interessantes que os de ordem social, principalmente em matéria de arte, em que a individualidade vale tanto. Assim, a maioria dos investigadores até agora entregou-se ao estudo dos problemas artísticos, do ponto de vista individual. Entretanto, deveriam ter compreendido que poucas probabilidades havia de encontrar uma solução. Com efeito, a forma individual do nosso problema não é viável, senão em pequeno número de casos, pertencentes todos aos últimos séculos. Ademais, sempre o trabalho mais paciente e a mais aguda perspicácia malograram diante da ausência quase absoluta de materiais.

OBJETO DA CIÊNCIA DA ARTE – HISTÓRIA DA ARTE DE GROSSE

.font0 { font:11.00pt “Book Antiqua”, serif; } .font1 { font:11.00pt “Bookman Old Style”, serif; } .font2 { font:10.00pt “Georgia”, serif; } HISTÓRIA DA ARTE DE ERNEST GROSSE (1893) CAPÍTULO I – OBJETO DA CIÊNCIA DA ARTE Se examinarmos a grande produção de estudos e pesquisas em matéria de arte — o termo arte considerado no … Ler mais

Que é a virtude? Dicionário Filosófico de Voltaire

VIRTUDE Dicionário Filosófico de Voltaire Que é a virtude? Fazer bem ao próximo. Poderei eu chamar virtude a outra coisa senão ao bem que me fazem? Se sou indigente, e tu generoso; se estou em perigo, e tu vens em meu socorro; se me enganam, e tu me dizes a verdade; se me desprezam, e … Ler mais

INTRODUÇÃO À SABEDORIA – Juan Luís Vives

Juan Luis vives, filósofo moralista espanhol

JUAN LUÍS VIVES (1492-1540)

Nasceu em Valência. Começou os estudos na Espanha, e os acabou ouvindo os mestres das Universidades de Paris, Bruxelas e Lovaina. Nesta última chegou a leccionar grego e latim, as ciências do seu tempo, e literatura.

Foi ainda catedrático na Universidade de Oxford. Conviveu com os mais notáveis intelectuais do seu tempo. Foi familiar de Nebrija e Erasmo, que disse dele: "Não encontro neste século ninguém com quem possa compará-lo".

Início do cristianismo na Filosofia dos primeiros padres

Noções de História da Filosofia (1918) Manual do Padre Leonel Franca. PARTE III Terceira época – Filosofia patrística (Séc. I — Séc. IX) 48. CRISTIANISMO Ε FILOSOFIA — O advento do Cristianismo divide a história do pensamento, como a história da civilizarão, em duas partes inteiramente distintas. Jesus Cristo não se apresenta ao mundo como um … Ler mais

Resumo sobre a Filosofia de Spinoza

Baruch de Apinoza. Gravura de H. Lips

[caption id="attachment_11909" align="alignleft" width="279" caption="Baruch de Apinoza. Gravura de H. Lips"]Baruch de Apinoza. Gravura de H. Lips[/caption]
Baruch (Benedito) Espinoza (também grafado por alguns como Spinoza), nasceu em Amsterdam, na Holanda, em 1632. Descendia de uma abastada família de comerciantes originários da Espanha, cujos antepassados haviam sido expulsos de Portugal. Espinoza cresceu na comunidade judaica portuguêsa de Amsterdã e, ainda pequeno, iniciou estudos da Tora e do Talmud. Jovem, passou a freqüentar a escola de Francisco van den Enden, doutor de formação católica que se tornou livre pensador -o que à época era quase equivalente a ser ateu – despertando a ira dos agrupamentos de fanáticos. Foi na escola de van den Enden que Espinoza travou contato com outros pensadores clássicos, como Cícero, Sêneca e Aristóteles; estudou a filosofia medieval e a filosofia moderna, entre os quais Descartes, Bacon e Hobbes. Neste círculo intelectual Espinoza também teve oportunidade de se aprofundar na matemática, geometria e as ciências de sua época, principalmente na obra de Galileu.

Nietzsche: Metafísica e Linguagem Subjetiva

RESUMO: O artigo visa abordar a metafísica a partir de um encadeamento de seu processo histórico, apontando a necessidade de ressaltar o papel da subjetividade ao longo desse projeto metafísico. Tendo como inspiração e ponto de partida de nossa análise o Prólogo do Assim Falou Zaratustra procuramos acompanhar a crítica que Nietzsche empreende ao modelo metafísico de pensamento, mostrando a necessidade de percorrer o caminho da Metafísica no ocidente, tendo como base os textos de maturidade do filósofo, onde fica evidente a orientação dada por Heidegger para a condução do problema.

Palavras-chave: Metafísica, Nietzsche, Subjetividade.

ABSTRACT: This essay aims to approach metaphysics coming from an enchainment of its historical process, indicating the necessity of making noteworthy the role of subjetivity along this metaphyisical project. Taking as inspiration and starting point of our analysis the Prologue of Thus said Zaratustra we try to follow the critics that Nietzsche undertakes the metaphysics model of thought, showing the necessity of covering the metaphysics way in the West, where the orientation given by Heidegger to the conduction of the problem is evident.

Keywords: Metaphysics, Nietzsche, Subjectivity.

FREI HEITOR PINTO

FR. HEITOR PINTO, natural de Covilhã, faleceu em Toledo no ano de 1584, sendo incerta a data do seu nascimento. Era religioso da Ordem de S. Jerônimo e doutor em Teologia. Chamado a Madrid por Filipe II de Espanha, quando este se impôs como rei de Portugal, nem por isso aderiu à causa do triunfador, e antes exclamou: "El-rei Filipe bem me poderá meter em Castela; mas Castela em mim é impossível".

Sua obra mais conhecida é a Imagem da Vida Cristã, constituída de onze diálogos, e mui conceituada como excelente modelo de linguagem.

Manuel Bernardes – Antologia de escritores

mapa roma itália

Fausto Barreto e Carlos de Laet – Antologia Nacional de Escritores

MANUEL BERNARDES (Lisboa, 1644-1710) escreveu numerosas obras: Sermões e Práticas; Luz e Calor; Nova Floresta; Tratados Vários, incluindo o Pão Partido em Pequeninos; e os Últimos Fins do Homem.

Glossário de Vocábulos

  • (434) formidável a hora = terrível, apavorante a hora. V. nn. 149 e 327.
  • (435) …"porque, temendo-a (a morte), não estais aparelhados: a ênclise é obrigatória com o gerúndio independente.
  • (436) — vós quem padece — ou vós que padeceis, ou, ainda, vós quem padeceis, concordando o verbo com o pron. vós, e não com o pron. quem. Abonam esta última construção exemplos de escritores cabais. ("Sou eu quem perco." (Rui, Queda do lmp., I, introd., p. XIII); as duas primeiras são, todavia, as mais generalizadas.
  • (437) padecemos concorda com o pron. nós, latente, de que é aposto o ampliativo todos os filhos de Adão — construção usual entre os bons manejadores da língua. Outro exemplo do mesmo autor: "Porque quer Deus que os homens aprendais dos homens". (N. Flor., I, 162), em que o suj. é vós, desinencial e os homens o aposto, explicativo do sujeito pronominal.
  • (438) sisudeza ou sisudez o suf. lat. itia altera-se em eza, abrevia-se em ez ou dá iça: justitia > justeza e justiça: cupiditia > cobiça e cupidez; as muitas palavras em eza e ez formam-se quase todas à semelhança.
  • (439) Observe aqui o estudante o anacoluto, ou quebra na construção gramatical da sentença, sem que se lhe perca a compreensão do sentido. E veja outros casos, em Os Lusíadas: II, 40, 47, 104; III, 26; V, 54; X, 130. E examine os casos das nn. 485, 560 e 651.
  • (440) segador, do v. segar (do lat. secare, cortar. A segure, subst. poético, è o machado (lat. *secure); a linha secante em Geometria é da mesma raiz de secare; diversa do homônimo secante, do verbo secar, no lat. siceare.
  • (441) a fazer-se — até jazer-se.
  • (442) vem quem lhe dói a fazenda = aquele a quem dói (custa, interessa, pertence) a fazenda.
  • (443) mundo (do lat. mundu — que significa não só ordem no universo e o próprio universo, mas também ordem e asseio nas vestes e adereços, limpeza enfim. Daí o subst. mundo, o globo terráqueo, e o adjetivo desusado mundo, limpo. Mário Barreto escreve no cap. LXIV do seu Através do Dicionário e da Gramática, p. 348: "A palavra latina mundus é, no sentido literal, lavado, polido, asseado, ordenado; daqui ornado, e deste conceito brota o significado de "criado", onde tudo é ordem e beleza. Daqui a palavra portuguesa tanto no seu valor de adjetivo (no canto X, est. 85, Camões disse mundas almas, i. é., puras, limpas) como no de nome". Do adjet. mundo derivam-se imundo, imundície, emundação ("emundação desagravadora", Rui), emundar (purificar, lavar, limpar), mundificar ("Deixou-se contominar. Mundifique-se". — Camilo, A Brasileira de Prazins, introl.), mondar (preparar o terreno, arrancar-lhe as ervas nocivas); e, em sentido lato, limpar, arrancar: "tinha muitas cãs… e não consentia que lhe mondassem alguma". (Garcia de Rezende, ap. João Ribeiro, Seleta Clâss., 4.a ed., p. 72). é interessante comparar, como faz Clédat (Diction. Étimol.) os dois sentidos do lat. mundum com os dois do gr. kósmon, tão idênticos são numa e noutra língua, pois, nesta, cosmético e cosmografia estão presos à fonte grega, como, naquela, imundo e mundano à latina.
  • (444) seio = golfo; do lat. sinu, curvatura, reentrância.
  • (445) derivação hipotética.
  • (446) alambre, outra forma de âmbar (do ár. anbar com o artigo al).
  • (447) Suíçaros, Suíceros ou Suízaros, do ital. Svizzero; hoje,Suíço.
  • (448) teias finíssimas e candidíssimas — teia (do lat. tela) é o tecido leve, tênue e precioso que se fabrica nessa cidade francesa. Assim como se diz candura e Candinha por haplologia, em vez de candidura e Candidinka, Camilo escreveu candíssimo por candidíssimo. Outros exemplos de intervenção haplológica, ou simplificadora, já no latim, já no vernáculo: estipêndio (stipi + pendium), homicídio (hornini + cidium), semestre (semi + mestre, de mensis); venéfico (veneni -f ficu, de facio), contendor (contendedor), formicida (for-mici + cida), idolatria (idolo + latria), semínimia (semi + mínima), ecletismo (ecletic-ismo), analista (analis-ista), volatizar (volatil-izar), monómio (mono -(-nômio), envaidar (envaidad-ar), destanizar (destanin-izar), idoso (idad-oso), bondoso (bondad-oso); e populares: prestigitador, probalidade, paralepípedo, dez’tões (dez tostões) etc. A haplologia elimina a sílaba igual: tragi(co)-cômico, se (.mi) mínima, formi(ci) cida, ou aproximada: (ido (lo) latria, homi(ni)cídio, conten(de)dor).
  • (449) Neste trecho: almíscar e algália são substâncias odoríferas animais: almeia, âguila e calambuco, árvores producentes de madeira cheirosa; a grã, os lós e as primaveras, tecidos finos; manguitos, os punhos; toríbios, avelórios ou contas. Dar figa = esconjurar.
  • (450) confeccionados ou confeiçoados — preparados cem drogas, manipulados.
  • (451) Neste trecho: justilho. é espartilho, que se faz com barbatanas; escaparate, redoma ou pequeno armário de vidro.
  • (452) venablo, por venâbulo, do lat. venabulu —: espécie de lança curta, azagaia ou chuço.
  • (453) eram por seriam: é comum na língua essa substitição do condicional pelo imperfeito do indicativo.
  • (454) Iracónico (desus.) = pérfido, velhaco, mentiroso, traiçoeiro. Do gr. Thráx, thrakós, Trácio, pelo lat. thracus, com o sufixo.
  • (455) irrepleghel (do v. replêre e prej. tn = que se não pode encher, insaciável; termo desusado.
  • (456) nômina (do pl. neutro lat. nomina, de nomen): oração contra certos males, posta em envoltório de pano, que se pendura ao colo.
  • (457) que lia teologia = que ensinava Teologia. Ler a cadeira nas Universidades era ser-lhe professor; lente é o que lê, o que ensina: …"o professor que, há sete anos, essa cadeira na Escola"… (Rui, Queda do Imp., I, p. 269).

RUI BARBOSA – Resumo da Biografia e Antologia de Obras

Marechal deodoro da fonseca

Biografia de Rui Barbosa e Obras de Rui Barbosa

RUI BARBOSA nasceu a 5 de novembro de 1849, na cidade do Salvador, Bahia e faleceu aos 73 anos, em Petrópolis, a 1 de março de 1923. Cursou as Faculdades do Recife e de São Paulo, bacharelando-se nesta, em 1870.

É o mais copioso dos nossos prosadores e um dos mais perfeitos e opulentos manejadores da nossa língua, pois que a sua pena no jornal, na tribuna, nos livros, nas cartas e nos pareceres jurídicos deixou cabais exemplos do seu extraordinário poder de expressão verbal, não menor do que o dos mais autorizados clássicos do idioma. Os assuntos que submetia a estudo, vasava-os sempre em ampla explanação, segura crítica e impecável forma literária.

Nos cinqüenta e quatro anos de sua ação pública como político e doutrinador, empregou a sua eficientíssima capacidade no estudo dos mais importantes problemas que interessavam ao Brasil.

Desde o seu primeiro discurso em São Paulo, aos 19 anos, "em defesa do escravo contra o senhor", revelou-se estrénuo abolicionista.

Ao Marquês de Gouveia – Carta de Padre Vieira – 1684

Leva muitas cartas de aprovação, e dizem que vai pôr pleito a S. M. e pedir-lhe perdas e danos pelo tirar antes do triénio, prometendo que se há-de vir inteirar do terceiro ano que lhe falta. Eu, posto que conheço bem o tempo em que está o mundo, nem temo nem espero tanto; só digo a V. Exa. que, ainda que cessou a causa, continuam os efeitos, não tendo menos que recear os inocentes que os culpados; porque estes, fora da cidade e ocultos nos arredores de suas casas, vão dormir a elas, e os inocentes, contra quem em Lisboa se acharam testemunhas falsas, ou compradas entre os neutrais ou voluntárias entre os inimigos, lhes podem acrescer facilmente, e serem pronunciados; e, como o sindicante traz poderes para condenar e não para dar livramento nem absolver, mofinos dos que lhe caírem nas redes.

Moralistas Modernos – História Universal

Yafouba, o mágico da trilso, com uma das meninas que foram jogadas em cima de pontas de espadas.

História Universal de Césare Cantu –

CAPÍTULO XXXIII

Moralistas

Fora desta aplicação tão imediata e tão importante, muitos escritores trataram da moral no decurso deste século. Baltasar Castiglione, de que o próprio Escalígero (1468-1529) faz o elogio como poeta latino, ofereceu no Cortesão, o quadro da vida do grande mundo, em um estilo que nada inculca de corte. Nascido em Mântua, e enviado junto aos príncipes de Milão para se aperfeiçoar nas boas maneiras, êle acom panhou o duque Francisco de Gonzaga na desgraçada expedição de Nápoles, e foi depois encarregado de diversas embaixadas tanto em França como na Inglaterra. Teve por amigos em Roma os personagens mais distintos. Depois de ter seguido Guidobaldi de Urbino em suas campanhas, dirigiu-se à sua corte, onde este duque, retido pela gota, e Isabel de Gonzaga, sua mulher, reuniu a flor da nobreza. Animadas conversações, pompas cênicas, espetáculos noturnos se sucediam nesta residência; e os que possuíam algum mérito apressavam-se a vir dar prova dele na presença de hóspedes generosos. Castiglione quis representar esses hábitos elegantes e cultivados no seu Cortesão, descrevendo, por meio de conversações supostas, as condições que fazem o homem bem nascido.

Capítulo VII – A MEDIOCRACIA – O Homem Medíocre – José Ingenieros

O Homem Medíocre (1913)

José Ingenieros (1877-1925)

 

Capítulo VII – A MEDIOCRACIA

I. O clima da mediocracia. — II. a pátria. — III. a política das piaras. — IV. os arquetipos da mediocracia.— V. a aristocracia do mérito.

I — O clima da mediocridade

Em raros momentos, a paixão caldeia a história, e se exaltam os idealismos; quando as nações se constituem, e quando elas se renovam. Antes, é secreta ânsia de liberdade, luta pela independência; mais tarde, crise de consolidação institucional a seguir e, depois, veemência de expansão, ou pujança de energias. Os gênios pronunciam palavras definitivas; os estadistas plasmam os seus planos visionários; os heróis põem o seu coração na balança do destino.

A VELHICE NIVELADORA – ebook de O homem medíocre

O Homem Medíocre (1913)

José Ingenieros (1877-1925)

Capítulo VI – A VELHICE NIVELADORA

i. as cãs. — ii. etapas da decadência. — iii. a bancarrota dos engenhos. — iv. a psicologia da velhice. — v. a virtude da impotência.

I — As cãs

Encanecer é coisa muito triste; as cãs são u’a mensagem da Natureza, que nos adverte da proximidade do crepúsculo. E não há remédio. Arrancar as primeiras — e quem não o faz? — é como tirar o badalo ao sino que toca o Angelus, pretendendo, com isso, prolongar o dia.

As cãs visíveis correspondem a outras mais graves, que não vemos; o cérebro e o coração, todo o espírito e toda a ternura encanecem ao mesmo tempo, com a cabeleira .

A alma do fogo, sob as cinzas dos anos, é uma metáfora literária desgraçadamente incerta. A cinza afoga a chama, e protege a brasa. O engenho é chama; a brasa é a mediocridade.

A SABEDORIA ORIENTAL – Maravilhas da Filosofia

ordem dórica (segundo Augusto Choisy)

A SABEDORIA ORIENTAL

O primeiro filósofo do mundo

ACREDITA-SE geralmente que foram os gregos os _ primeiros filósofos (amantes da sabedoria) do mundo. Isso, porém, está muito longe de ser verdadeiro. Os egípcios começaram a sondar os mistérios da filosofia quasi 3.000 anos antes dos gregos. O primeiro grande filósofo, que a história menciona, foi o egípcio Ptah-hotep, que vi veu há uns 5.000 anos passados.

ORAÇÃO DE CÍCERO AO POVO ROMANO DEPOIS QUE VOLTOU DO DESTERRO

ORAÇÃO AO POVO ROMANO DEPOIS QUE VOLTOU DO DESTERRO

Apresentação

Desterrado por lei de Cláudio, sendo cônsules L. C. Pisão e A. Gabínio, Cícero ficou no exílio pelo de amigos e principalmente de Cn. Pompeu, sendo côn-espaço de 16 meses. Restituído em Roma, a instância sules P. Lêntulo e Q. Metelo, pronunciou a oração que segue, na qual agradece não somente o ter recuperado o que era seu, a sua pátria, a sua família, os seus amigos, os seus haveres, mas o lhe ter sido devolvido tudo isso com tanta honra, pois, antes dele, nenhum desterrado foi chamado à pátria por autoridade do Senado. 

 

ORAÇÃO DE M. T. CÍCERO AO POVO ROMANO DEPOIS QUE VOLTOU DO SEU DESTERRO

AQUELA mercê, romanos, que a Júpiter Opt. Max. e aos mais deuses imortais tenho pedido, desde quando me dediquei, a mim e os meus interesses, à vossa conservação, utilidade e concórdia, e por vontade me sujeitei à perpétua pena, antes de que antepor coisa alguma minha ao vosso bem; e se em tudo o mais que obrei nos tempos passados, não tive outro fim se não o estabelecimento desta Corte; e empreendi a minha jornada por utilidade vossa, para que o ódio que homens perversos havia muito tinham concebido contra a República e contra todos os bons, se voltasse todo contra mim, contanto que ficassem salvos todos os homens beneméritos e toda a República. Se este foi o meu ânimo para convosco e vossos filhos, e assim vós como os Padres Conscritos e toda a Itália se deixaram possuir da lembrança, compaixão e saudade de mim, extremosamente me alegro, romanos, que em mim reconheça este obséquio o juízo dos deuses imortais, o testemunho do Senado, o consenso da Itália, a confissão dos inimigos e o vosso divino benefício.

Orações de Cícero – Catilinária – IV

ORAÇÃO IV DE M. T. CÍCERO CONTRA L. CATILINA – Resumo

A última catilinária foi pronunciada no dia 5 de Dezembro, numa sessão do Senado, convocada no templo da Concórdia, para decidir sobre a sorte dos conjurados que se encontravam detidos.

Aberta a sessão, Silano propôs a pena capital. Se opôs Cesar, com um discurso muito hábil, insistindo que nada devia decidir-se que não estivesse conforme à mais* estricta legalidade, e concluindo com a proposta que os imputados fossem condenados à prisão perpétua, distribuídos em vários municípios, e à confiscação dos bens.

Cícero desejava ardentemente que os imputados fossem condenado à morte. Porém, evidentemente perturbado pelo discurso de César, no qual havia uma velada ameaça de intervenção do seu partido a favor dos conjurados, depois de insistir sobre a gravidade dos delitos dos amigos de Catilina, os quais, no seu parecer, mereceriam a morte, declara que esta pronto a executar o que o Senado resolver. Na peroração lembra novamente os seus merecimentos, a sua devoção à pátria, os perigos aos quais continua a expor-se para o bem da República.

Os conjurados foram condenados à morte, depois de um breve e resoluto discurso de Catão, que, na mesma sessão falou depois de Cícero.

Exórdio. Perigos aos quais Cícero esteve exposto.

PARA mim voltados estou vendo, Padres Conscritos, os semblantes e olhos de todos; cuidadosos vos vejo não só do vosso perigo e da República, mas também, quando este agora esteja afastado, do meu.

Catilinárias de Cícero – Oração II

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Pronunciada no dia 9 de novembro, isto é somente um dia depois da primeira, numa assembléia popular, é a segunda catilinária uma das mais per feitas, do ponto de vista estético, entre as orações de Cicero. Catilina, amedrontado pela acusação do cônsul, resolveu deixar a cidade e juntar-se a Mânlio, Esta fuga é uma confissão de culpa, e como tal Cícero a interpreta e comenta. Defende-se de duas acusa ções que lhe podem ser imputadas: a de excessiva indulgência, por ter deixado fugir a Catilina, e a deexcessiva severidade por ter constrangido ao exílio um cidadão romano, sem ter as provas da sua culpa.

Descreve, depois, Cícero as categorias de cidadãos que estão do lado dos conjurados. Contra essa gente, contra esses degenerados não há dúvida nenhuma queos homens de bem que defendem a liberdade, terão vitória certa e esmagadora.

Exórdio. Cícero felicita-se pela fuga de Catilina.

ENFIM romanos, lançado tenho fora, despedido e seguido na saída, com minhas palavras, a Lúcio Catilina, que insolentemente se enfurecia, respirando atrocidades e maquinando perfidamente a ruína da pátria. Já alfim se foi, retirou, escapou e arremessou daqui fora; já aquele monstro e abismo de maldade não forjará perdição alguma contra estes muros, dentre deles.

Catilinárias de Cícero – Oração I

mapa roma itália

ORAÇÃO I DE M. T. CÍCERO CONTRA L. CATILINA

Esta oração, pronunciada no dia 8 de novembro do ano 63 c C, é talvez a mais conhecida entre as orações de Cícero.

Cícero investe violentamente contra Catilina, que teve a ousadia de apresentar-se no Senado, embora todos saibam que um exército de revolucionários o espera na Etrúria, chefiado por Mânlio. Catilina mereceria a morte; porém Cícero não pede ao Senado que o processe. Roma pode ter a certeza que ele, Cícero, com a sua solêrcia, garantirá a liberdade do povo romano. Catilina, porém, deixe a cidade. Roma não quer mais saber dele, pois as suas culpas e torpezas são bem conhecidas. Deixe a cidade e, se quer, se junte aos seus companheiros, bem dignos dele, que o esperam para marchar contra Roma. Cícero não o teme, pois, com a ajuda de Júpiter Stator, o exterminará e, com ele a todos os inimigos da República.

Exórdio.

ATÉ quando, Catilina, abusarás de nossa paciência? quanto zombará de nós ainda esse teu atrevimento?

Marco Túlio Cícero – Biografia

Marcus Tulius Cicero

NOTÍCIA BIOGRÁFICA

Marco Túlio Cícero nasceu em Arpino, no ano 106 a.C. Sua mãe, Hélvia, pertencia a uma família humilde, mas de boa reputação. Quanto a seu pai, divergem as opiniões dos biógrafos, pretendendo uns que ele tinha ofício’ de pisoeiro, e outros fazendo-o descender de Túlio Átio, que combatera valorosamente contra os romanos.

O nome de Cícero tem uma origem pitoresca: em latino, cicer significa grão de bico e assim foi apelidado um seu antepassado em virtude de ter no nariz uma protuberância cuja forma lembrava a do gravan-ço. A esse respeito, respondeu Cícero quando já homem público, aos amigos que o aconselhavam a mudar de nome: "Farei tudo para tornar o nome de Cícero mais célebre que os de Escauro e de Catulo". Com efeito, Scaurus e Catulus, nomes de oradores famosos, não têm, em latino significados menos jocosos: "pé torto" e "cachorrinho". Mais tarde, quando questor na Sicília, Cícero mandou gravar num vaso de prata que iria oferecer aos deuses, os seus dois primeiros no-

mes, Marcus Tulius, e, no lugar do terceiro, um grão de bico.

Dotado de excepcionais qualidades literárias e filosóficas, Cícero cultivou todos os gêneros de atividade intelectual, inclusive a poesia, tendo composto ainda criança, um poema intitulado Pontius Glaucos, no qual descreve a aventura de um pescador da Beócia, que, depois de ter comido certa erva, se atirou ao mar, transformando-se em deus marino. Aperfeiçoou de tal maneira a sua cultura e tão notável se tornou a sua eloquência, que chegou a ser considerado, não só como o melhor orador, mas ainda como um dos melhores escritores do seu tempo; e note-se que sao do seu tempo escritores como Catulo e Lucrécio.

0 primeiro professor de Cícero, logo terminados os primeiros estudos, foi Filão, o acadêmico, cuja eloquência e cujo caracter eram legitimo motivo de orgulho dos romanos. No mesmo tempo, frequentava Cícero a casa de Mucio Cévola, senador ilustre, em cujo convívio adquiriu um profundo conhecimento das leis.

Ética de Aristóteles – O Bem e a Comunidade – História da Filosofia Antiga

C. O Bem e a Comunidade

A ética é uma ciência, a que está para sempre ligado, como na lógica e na metafísica, o nome de Aristóteles. Referimo-nos, é claro, à doutrina moral do Aristóteles amadurecido, tal como se encontra na Ética a Nicômaco. A ética da mocidade, em que o seu pensamento, no estilo de Platão, é ainda fortemente teonómico e metafísico, é pouco conhecida. Também nesta matéria. Aristóteles evoluiu, como veremos.

A FILOSOFIA DO HELENISMO E DO IMPÉRIO ROMANO – História da Filosofia Antiga

mapa roma itália

Na
época helenística, consuma-se um processo histórico espiritual, cujo resultado
ainda é importante para a nossa moderna concepção da Filosofia: a evolução da
Filosofia no sentido de uma ciência especial. No período pré-socrático, o
filósofo era tudo: cientista, médico, técnico, político e sábio. A Academia e o
Perípato abrangem, como organizações científicas, a totalidade do saber. Mas já
no antigo Perípato. vemos que as ciências particulares absorviam a atividade
total de todo um homem, e lhe davam a sua fisionomia espiritual, embora êle
ainda filosofasse no sentido da antiga sabedoria. No período helenístico as
ciências particulares se desmembram em disciplinas independentes. Nascem
centros próprios de investigação, onde essas ciências são cultivadas ex
professo:
Alexandria, Antioquia, Pérgamo, Rodes. Mas a Filosofia se
pronuncia apenas sobre as grandes questões que Platão e Aristóteles tinham
indicado como propriamente filosóficas: a lógica, a ética e a metafísica. Exatamente
por isso essas questões são aprofundadas e se transformam em mundividências. Ocupa-se a Filosofia com o homem como tal e, nesses tempos tão incertos,
revoltos pelas guerras de Alexandre e dos Diadocos, busca ela a salvação e a
felicidade no homem interior, o que já não podem proporcionar as relações
externas, a sonharem sempre novas grandezas, para criarem, apenas, em lugar
delas, ruínas sobre ruínas. Por isso prepondera nessa época o papel da ética.
Ela deve, ao mesmo tempo, exercer a função outrora desempenhada pelo mito
religioso. Êste se dissipa cada vez mais, sendo substituído pelo pensamento
racional. O estoicismo e o empirismo despertam novas preocupações psíquicas e
atuam sobre círculos mais vastos, muito mais do que o puderam a Academia e o
Perípato. As "mundividências", uma vez constituídas,
funcionam como centros de cristalizagão, formando–se nos tempos do helenismo
marcantes centros escolásticos, típicos desta época: o Pórtico e o Jardim de
Epicuro; ao lado das já existentes escolas da Academia e do Perípato.

O homem como alma em Platão – História da Filosofia Antiga – Johannes Hirschberger

História da Filosofia Antiga – Johannes Hirschberger C.  O     HOMEM Depois de termos consideradoa posição geral de Platão no concernente ao problema ontológico e teorético-epistemológico, voltemo-nos para algunsproblemas concretos e, em primeiro lugar, para o seu pensamento sobre o homem. α)    O   homem   como   alma "Ao legislador não podemos, em nenhum ponto, lhe recusar a … Ler mais

Lisandro – Plutarco – Vidas dos Homens Ilustres

Arte etrusca

Plutarco conta a Vida de Lisandro, general espartano, comandante da frota que derrotou os atenienses e tomou Atenas durante a Guerra do Peloponeso em 405 a.C.
I. Estátua de Lisandro no templo de Delfos. II. Família, educação e caráter de Lisandro. III. As riquezas que faz entrar em Esparta. corrompem os costumes da cidade. IV. É nomeado comandante da esquadra dos lacedemônios. V. Faz aumentar, após interceder junto de Ciro, o soldo de seus marinheiros. VIL Lisandro ganha uma batalha naval. VIII. Forma nas cidade! gregas associações visando nelas estabelecer oligarquias. IX. Sim conduta para com Calicrátidas, nomeado para substituí-lo no comando. X. Viagens inúteis de Calicrátidas, que não consegue avistar-se com Ciro. Sua morte. XI. Lisandro é colocado do novo no comando da esquadra. XII. Infame conduta de Lisandro em Mileto. XIII. Facilidade com que Lisandro fazia falsos juramentos. XIV. Dinheiro a êle fornecido por Ciro. XV. Diversas expedições de Lisandro. Toma Lâmpsaco. XVI. A esquadra dos atenienses segue para a embocadura do rio Egos-Pótamos. XVII. Conduta de Lisandro. XVIII. Conselhos de Alcibíades aos capitães atenienses, que não os aceitam. XIX. Astúcia de Lisando. XXL Alcança a vitória. XXII. Prodígios que precederam este acontecimento. XXIV. Prisioneiros de Atenas condena dos a morte. XXV. Conduta de Lisandro em relação às cidades gregas. XXVIII. Tomada de Atenas. XXX. Demolição das muralhas da cidade. Estabelecimento do Conselho dos Trinta. XXXI. Gilipo rouba parte do dinheiro que Lisandro lhe entregara para levar a Esparta. XXXII. Discute-se em Esparta sobre se se deve receber dinheiro enviado por Lisandro. XXXIII. Lisandro manda fazer a sua estátua. XXXIV. Honras que lhe são prestadas. XXXV. Insolência e crueldade de Lisandro. XXXVI. É chamado a Esparta. Descrição da citai. XXXVII. Como Farnabazo o engana. XXXVIII. Pede uma licença para dirigir-se ao templo de Júpiter Amon. XXXIX. Apaziguamento da cidade de Atenas. XL. Diversos ditos de Lisandro. XLI. Auxilia Agesilau a tornar-se rei da Lacedemô-nia. XLII. Concita-o a guerrear os persas. XLIII. Rivalidade entre Agesilau e Lisandro. XLV. Intrigas de Lisandro para chegar ao trono. LI. Concita os lacedemônios a moverem guerra aos tebanos. LII. Toma a cidade de Orcomene. LIV. É morto diante das muralhas de Haliarto. LV. Sua sepultura. Oráculos que anunciaram sua morte. LVII. Descoberta de uma conspiração que havia ordido para tornar-se rei.

Do ano 278, aproximadamente, até o ano 360, de Roma, 394 A. C.

Breve comentário sobre a teoria de Thomas Hobbes

thomas hobbes filósofo inglês

Thomas Hobbes tem importância pela sua teoricidade, vindo sua influência
de seus pensamentos. Era um autor inglês cuja obra “Leviatã”, de 1651,
é fundamental para o entendimento de seus pensamentos. Hobbes foi o primeiro
teórico a adiantar o modelo racionalista – e não o método da autoridade, no interior do estudo do pensamento político.

O Leviatã é considerado uma das obras primas do pensamento político
inglês e define o pensamento político moderno, desde o século XVII até os
princípios do século XX.

Platão – Diálogos Platônicos – Críton, ou do Dever

Diálogos de Platão online – ebook para download completo

De Platão, Críton, ou o DEVER

Extraído do livro Diálogos, da coleção Clássicos
Cultrix.
Tradução: Jaime Bruna. Personagens: Sócrates e Críton, dois velhos.
( 360 a.C )



edição virtual por Miguel Duclós


Os números entre colchetes [] se referem aproximadamente à paginação padrão adotada a partir da edição genovesa de Henri Estienne (Stephanus) de 1578 .

Partes do diálogo:
Argumento de Críton (43a-46a)
A resposta de Sócrates (46a-50a)

O Discurso das Leis (50a-54e)

Cena: Uma cela, na prisão de Atenas.