Eleições

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    Gostaria de saber a opinião dos participantes deste fórum a respeito das formulações recentes (acredito eu) a respeito de ciência política, conforme li no site http://www.edge.org, que trata da pesquisa de ponta em diversos assuntos. Diz na edição 79 do Edge, Bernardo Huberman (tradução minha): A respeito dos argumentos de Daniel Hillis em “Como a democracia funciona (ou porque eleições perfeitas deveriam sempre terminar empatadas)”, gostaria de colocar que eles são conhecidos pela ciência política. Na verdade, existe até mesmo um teorema (você pode imaginar, um teorema em ciência política?) que afirma rigorosamente o mesmo. Chamado de teorema do eleitor mediano, determina que se dois partidos estão tentando maximizar suas parcelas de votos, o único equilíbrio de Nash (cada partido fazendo o melhor, considerando a escolha do outro candidato) está em quando ambos os candidatos escolhem a plataforma política ideal para o eleitor mediano.”
    O que se afirma, em síntese, é que são dadas as plataformas políticas consideradas ideais pelos eleitores, de modo que vence o candidato que mais se aproxima da plataforma ideal do “eleitor médio”
    Penso que o tal “teorema” deixa de lado um aspecto fundamental que é singela possibilidade dos eleitores mudarem de idéia. Ele postula que a eleição se decide numa espécie de concorrência de fisiologismo entre os candidatos. Se um determinado candidato aparece com idéias que agradam uma dada posição dos eleitores, tudo bem, ele vence, a não ser que o outro mude as suas propostas e se coloque na mesma posição política. Se nenhum dos dois se compatibiliza com a posição dada dos eleitores, vencerá aquele que conseguir aparentar ter as propostas mais compatíveis. Desaparece também a possibilidade do candidato realmente ter uma proposta, e ainda que esta seja incompatível à posição dada dois eleitores, tentar convencê-los de que devem melhor refletir e elegê-lo, pois a sua proposta é boa. Ou seja, a mudança de posição do candidato frente aos eleitores é que garante a sua elegibilidade, uma espécie de fisiologismo institucionalizado.
    Minhas primeiras impressões a respeito dessas idéias são de que, se verdadeiras, todo o processo político não passa de escolha de bons atores, que se parecem com as idéias dadas e eternas dos eleitores. A discussão e conscientização política passam para um remoto segundo plano, uma vez que não são efetivamente realizadas no próprio processo eleitoral. Se houver interesse dos companheiros, penso que este é um bom tema para discussão.
    Obs: o artigo que deu origem à discussão no “edge” de Daniel Hillis, pode ser acessado no endereço http://www.edge.org/documents/archive/edge78.html

    #74818

    Caro Fernando,

    Ainda não li o artigo que deu origem a sua exposição, no entanto, considero que o problema do teorema está nos seus pressupostos. Primeiro, considera que todos os eleitores, e os eleitores médios em especial, agem sempre racionalmente; segundo, desconsideram os estruturais e conjunturais da dada sociedade onde se realizam as eleições; terceiro, desconsideram fatores culturais, entre outras coisas que poderiam ser citadas.
    Os eleitores nem sempre votam por programas e os seres humanos, nem sempre agem racionalmente, há um espaço para o inconsciente na ação das massas.

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