René Descartes– (1596 – 1650) nasceu de uma família nobre dedicada à medicina e ao comércio. Os Descartes se fixaram em La Haye, Tourenne. Seu pai se chamava Joaquim e era conselheiro do
parlamento britânico. René tinha uma saúde frágil, e era cuidado por sua avó.
Entrou no colégio jesuíta de Le Flèche, que havia sido fundado dois anos antes,
mas já adquirira notoriedade. Nesse estabelecimento René teve formação filosófica
e científica. Foi um bom aluno, mas não encontrou a verdade que procurava, como
escreveu no Discurso do Método. Aprendeu a filosofia pelo método escolástico,
e René, apesar de ser católico, percebeu a diferença existente entre aquele tipo
de ensino antigo e o recente espírito renascentista, baseado nas últimas descobertas
e inovações científicas e culturais. Agradava a Descartes a matemática, por dar
respostas exatas. A educação em Le Flèche havia sido religiosa, e havia um clima
de atraso e submissão às instituições políticas, acompanhados de estudos das infindáveis
controvérsias teóricas da escolástica. Portanto Descartes saiu de lá um pouco
confuso e decepcionado. Mas apesar disso recomendava o colégio para os filhos
de amigos. Entrou para a Universidade de Poitiers, curso de direito, e se formou.
Como não ficou satisfeito com os conhecimentos adquiridos, resolveu entrar para
o exército. Se alistou nas tropas holandesas de Maurício de Nassau. Descartes
tinha uma ligação com a Holanda, e foi combater os espanhóis.. Fez então uma forte
amizade com um entusiasta da Física e da Matemática, Isaac Beckman, jovem médico
holandês.
Descartes relata que viveu uma noite
extraordinária no final de 1619. Ele ficava nessa época sozinho
em um cômodo aquecido, onde podia se entregar à atividade
intelectual. Uma visão extraordinária, um insigth. Numa noite
iluminada, teve uma revelação dos fundamento de uma ciência
admirável, de dimensão universal. Descartes resolvera viajar
para procurar a verdade no Grande Livro do Mundo. em 1619 sai da Holanda
e viaja pela Europa. Estava finalizando o seu Tratado sobre o Mundo
e Sobre o Homem quando lhe veio a notícia da condenação
de Galileu por suas teorias científicas. Além disso, a Inquisição
estava correndo solta na Europa, Descartes sabia da morte na fogueira de
Giordano Bruno e da prisão de Campanella.
Como sua obra tinha um caráter inovador, que defendia a primazia
da ciência, ela podia não ser bem aceita pela Igreja. E por
isso Descartes resolveu não torná-la pública.
Descartes tinha um projeto filosófico.
Cada vez mais ligado na matemática, queria associar as leis numéricas
com as leis do mundo, resgatando a antiga doutrina pitagórica. Sua
principal teoria afirmava-se na eficácia da razão. Queria
refletir sobre a questão da autonomia da ciência e objetividade
da razão frente ao Deus todo poderoso. As novas teorias científicas
contrariavam as Sagradas Escrituras.
Em 1620, renuncia à carreira
militar e parte para a Itália. Escreveu alguns trabalhos nesse período.
Em 1637 publica o Discurso do Método- para bem conduzir a própria
razão e procurar a verdade nas ciências. Teve uma filha
com Heléne Jans, essa filha morreu com cinco anos e ele a amava.
Seu nome era Francine e a dor da perda afetou Descartes. Ao contrário
do Discurso do Método, que foi escrito em francês,
Meditações foi escrito em latim. Seus pensamentos
suscitavam muitas críticas, entre elas a de Hobbes. Consagrado,
Descartes se relacionava com a princesa Isabel, e mantinha correspondência.
Princípios da filosofia foi dedicado à princesa Elizabeth
de Boêmia. Em 1649 aceita um convite da rainha Cristina da Suécia
e vai para lá, entregar os originais de seu último trabalho.
A rainha Cristina costumava conversar
de manhãzinha, quando fazia muito frio. Como Descartes não
era muito parrudo, e sua saúde nunca foi das melhores, pegou uma
pneumonia e morreu uma semana depois, ao deixar a corte, em 1650.
Descartes afirmou no Discurso do
Método, que quanto mais estudava mais se apercebia de sua ignorância
(parece um pouco com Sócrates, não é?). No livro Os
princípios da filosofia afirma que a filosofia é como
uma árvore, as raízes são a metafísica e a
ciências como a medicina, a mecânica e a psicologia os ramos
da árvore. A psicologia não era muito desenvolvida na época
de Descartes. Descartes critica a lógica dialética, afirma
que ela parte de verdades já conhecidas e é inútil
para desvendar novas verdades. Também critica a matemática,
pois, apesar de fornecer conclusões irrefutáveis, muitas
vezes possui regras em demasia, sem nenhum fim prático, sendo muito
abstrata. Descartes criou a geometria analítica, determinando um
ponto do espaço no plano cartesiano. A geometria analítica
estuda as curvas, superfícies e figuras geométricas, tendo
relação com algumas equações. Essas equações
podem ser aplicadas no plano formado pelas absissas e ordenadas. Assim
a álgebra e a geometria foram unidas por Descartes que muito se
orgulhava de sua descoberta. Ele também introduziu alguns discursos
de óptica. Aplicou o raciocínio matemático nas regras
de seu método. Pois era preciso usar a razão para se chegar
à verdade universal. Descartes sempre buscou o avanço da
ciência, e quando ela conhece a natureza se torna senhora dessa.
Apesar de ter ainda alguns resquícios da escolástica, Descartes
se esforçou para ir além e chegar no pragmatismo. Toda a
escolástica e o edifício da ciência aristotélica
faziam parte do passado. E com Descartes dá a entender era preciso
ir para a frente. Por isso ele é considerado o fundador da filosofia
moderna. No seu estilo claro mas pleno de construções, demonstrações
e imagens ele nos dá as quatro regra do método:
a) jamais acolher algo como verdadeiro, a não ser
que seja absolutamente evidente, e não acolher no juízo o
que não seja claro e indubitável. É a regra da evidência.
b) a segunda regra, que tem um jeito matemático
, diz para dividir as dificuldades em quantas partes fosse possível
e necessário para resolvê-las.
c) a terceira regra é conduzir com ordem os pensamentos,
começando com os mais simples e indo para os mais complicados, dos
mais fáceis de conhecer para os compostos. Descartes também
afirma, em outro trecho, que não se fia nos primeiros pensamentos.
Na terceira regra é preciso fazer uma síntese da realidade
complexa, que foi decomposta em partes menores.
d) a última consiste em fazer em toda a parte
enumerações e revisões completas, para nada se omitir.
Leibniz zombou da aparente banalidade
do método. Descartes aplicou-o e afirma que ele facilitou o desvelamento
de certas questões, usando a razão como instrumento para
tirar as dúvidas. Ele adverte que é um método que
usou exclusivamente para si, como uma maneira de dirigir seu pensamento.
Pois a razão, (bom senso) para Descartes, é o que há
de mais bem distribuído no mundo, e o que diferencia a capacidade
é o modo como cada um conduz seus pensamentos, chegando à
resultados diferentes.
Como uma pessoa que está construindo
uma casa, e necessita de um local para dormir enquanto a obra está
sendo feita, Descartes fez uma moral provisória, para não
permanecer irresoluto em suas ações. A primeira máxima
é obedecer as leis e costumes de seu país. A segunda é
ser firme e resoluto em suas ações e não ir adiante
nas opiniões duvidosas ou falsas. Assim, com essa determinação
podemos ser capazes de distinguir o que não é verdade. Derscates
afirma que cada homem possui a noção inata do que é
verdade. Deus dá essa noção, se, por intuição,
temos muita certeza de uma coisa , ela é verdade. nesse ponto, Descartes
valoriza a intuição, ao lado da razão. A menor distância
entre dois pontos é uma reta, e não devemos ter remorsos
de nossos atos. Descartes pretendia com isso se livrar de ter um espírito
fraco e vacilante. A terceira máxima moral é primeiro vencer
a si próprio, depois a fortuna, o destino. Primeiro modificar os
desejos pessoais, e não a ordem do mundo. Tudo o que Descartes diz
ter realmente em seu poder são os seus pensamentos. Assim nossa
vaidade não toma conta e não remoemos nossos infortúnios
nem lamentamos a falta de riqueza ou virtude.
Descartes prossegue dizendo que a melhor
ocupação é cultivar a razão. É o que
melhor podemos fazer, pois é impossível dominar o universo
e o que não atingimos é inacessível. Descartes, ficou
rolando nove anos pelo mundo, vivendo sem luxos desnecessários,
e solitário. Realizando meditações metafísicas,
chegou à dúvida metódica. Para se passar do pequeno
Eu, (que é subjetivo e depende de muitos fatores para ser conclusivo)
para o mundo objetivo é necessário tomar como certas algumas
coisas. Mas, supondo que tudo o que se vê é falso, sua memória
é cheia de mentiras. Nesses parâmetros, a única coisa
verdadeira é que não há nada de certo no mundo. Descartes
realça que não estava sendo cético, pois esses são
indecisos e ele buscava a verdade através da dúvida. Pois
há uma força que engana sempre. Mas se ela engana, não
se pode negar que se está recebendo a ação. Mesmo
se não houver diferença entre o sonho e o estado acordado,
ele pensa enquanto duvida. Assim Descartes chegou à verdade Penso,
Logo existo (em latim: Cogito, ergo sum). Por pensamento Descartes
considera tudo o que é de fato, e que nós nos tornamos conscientes
disso. São pensamentos todas as operações intelectuais
e da imaginação, bem como da vontade. Assim Descartes se
fecha em sua subjetividade, na sua mente e pôde supor que não
existe mundo. Mas a sua alma existe, e ela é puro pensamento. E
um tópico interessante de sua teoria é a dualidade. A alma
é uma substância distinta do corpo. E antes de confirmar como
verdadeira a existência física do mundo, Descartes demonstra
a existência de deus. Afirma que quem conhece é mais perfeito
do que quem duvida. Tudo aquilo que ele conhece tinha de vir de alguma
coisa. Ele acha que é necessário existir algo a quem ele
depende e que seja perfeito. É a lei da causalidade, Deus é
causa final de tudo. Descartes desenvolve o argumento ontológico
para a existência de Deus. Antes dele, Santo Anselmo já o
tinha feito. O Deus cartesiano é infinito, imutável, independente,
onisciente, criador e conservador. Deus é uma idéia inata,
que já vem junto com o nascimento. Deus garante a objetividade do
mundo. Existem também as idéias factícias, construídas
por nós mesmos, e as adventícias, que vem de fora. Descartes
diz que existe uma luz interior dada por Deus, que dá confiança
e certeza, pois é impossível que Deus seja mentiroso e enganador.
E nossa consciência de Deus, do infinito, essa percepção
que o homem pode ter da divindade e da perfeição é
como “a marca do artista em sua obra”. Hegel mais tarde afirmou que é
impossível ao homem conhcer o infinito, pois ele só pode
empregar categorias finitas. E o ser humano erra, erro que provém
do juízo. E no juízo o intelecto e a vontade influem. A pressão,
influência da vontade sobre o intelecto se não for bem administrada
resulta no erro do juízo. Como em Santo Agostinho, é o mau
uso do livre arbítrio que faz o errado surgir. Meu intelecto como
tal, em si, não é errado, mas meus pensamentos e atos podem
ser.
Descartes afirma que a realidade exterior
pode ser conhecida através da razão. As propriedades quantitativas
são evidentes para a razão, as propriedades qualitativas
são evidentes para os sentidos. Descartes fala da existência
das substâncias, como a já citada alma e a extensão,
ou matéria. A matéria ocupa lugar no espaço e pode
ser decomposta em partes menores. Existe só um tipo de matéria
no universo. O universo é composto de matéria em movimento.
Não existe o espaço vazio, ou o vácuo dos atomistas.
Visando a análise científica racional, Descartes chega à
conclusão que os animais e os corpos humanos são autômatos,
como máquinas semelhantes ao relógio. Na quinta parte do
Discurso do Método, ele faz uma descrição fisiológica,
o corpo é uma máquina de terra, construído por Deus,
e suas funções dependem das funções dos orgãos.
A alma está ligada ao corpo por uma glândula cerebral, onde
ocorre a interação entre espírito e matéria.
Na teoria mecanicista de Descartes, o corpo é uma máquina
e deve entregar o controle das ações para alma. E Descartes
afirma que a soma de todos os ângulos de um triângulo sempre
será igual à dois retos. Essa frase foi tomada por Spinoza,
a quem Descartes influenciou, e significa uma verdade, independente dos
vai-e vem das opiniões baseadas nos sentidos.
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