Michel Foucault e o panopticon

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  • #69966

    gostaria de entender melhor a relação que Michel Foucault faz sobre o panopticon e o poder.

    #76186

    Michel Foucault faz uma analogia, no vigiar e punir, entre a arquitetura da prisão em forma de panopticon, e a sociedade contemporânea. O panoptico (pan todos, opticos olho) era uma prisão desenvolvida de forma que o carcereiro poderia vigiar todas as celas do prisioneiro a partir do centro.

    #76187

    No livro “A Microfísica do Poder” precisamente no capítulo “O olho do Poder”, em que há uma entrevista com Foucault, M. Perrot e Jean-Pierr Barou , há uma crítica interessante a idéia marxista de tomada (apenas) do poder central (o Estado).

    Foucault acredita que apoderar-se do Estado sem antes tratar das relações de poder que o cerca não seria a melhor opção.

    Vejamos o trecho do capítulo que resume claramente esta tese de Foucault:

    “(…)
    MP- Em outras palavras, e para voltar ao panopticon, Benthan não projeta somente uma sociedade utópica, ele descreve também uma sociedade existente.

    MF- Ele descreve, na utopia de um sistema geral, mecanismos específicos que realmente existem.

    MP- e, em relação aos prisioneiros, apoderar-se da torre central não tem sentido?

    MF- Sim. Contanto que este não seja o objetivo final da operação. Os prisioneiros fazendo funcionar o dispositivo panóptico e ocupando a torre – você acredita então que será muito melhor assim que com os vigias ? ”
    P.126

    Citação retirada da versão on-line no link abaixo;
    http://k.1asphost.com/sabotagem/Livros/Microfisica_do_Poder(MichelFoulcault).pdf

    Um argumento utilizado pelos marxistas contra seus adversários é que o Socialismo nunca existiu, que a experiência Russa não foi Socialismo, pelo menos nos moldes marxianos – o que de certa forma tem razão- Mas, como teríamos que analisar esta tese de Foucault sob algo concreto, e não pode ser sob o Capitalismo, pois sua crítica foi sobre o socialismo, então que a experiência Soviética seja o exemplo: Apesar que, não há muito o que analisar na sociedade Soviética quanto a limitação da liberdade, pois o Estalinismo foi exemplo de autoritarimso. se adiantarmos um pouco na linha do tempo podemos encontrar Cuba e China que também não são exemplos de liberdade individual. Assim há uma intença relação no que Foucault afirmou, entre observar(eliminar) primeiramente as formas de poder que cerceiam o Estado e apoderar-se deste Estado.

    Havia mais alguma coisa para escrever, só que parei para fazer outra atividade e perdir a linha de raciocínio! Que memória….

    #76188

    oi!
    Eu estava lendo o “olho do poder” e não estou entendendo perfeitamente a idéia de revolta ao olhar, a ” resistência efetiva das pessoas”. Como seria exatamente esta resistência? E como ela se articula com as mídias ( na medida em que Foucault afirma que o panopticon avalia mal a resistência do material a corrigir…na medida em que ele afirma que Bentham, assim como reformadores do século XVIII, “desconheciam as condições reais de opinião, as media“)?

    #76189

    Carol, naum sei se vai ajudar! Minha opinião vai: O panopticon usa o olhar do outro como objeto de controle! É como se o olhar, a opinião do outro fosse um mecanismo de vigilância. Nesse sentido, o panopticon obedece dois princípios o da verticalidade a medida em que divide as instancias de poder de forma hierarquizada(existirá, sempre, alguém superior que efetivará a vigilância de seus subalternos) e o da horizontalidade pois transforma todos em vigilantes uns dos outros.
    Onde entram as medias ai?! Pelo que eu entendi até agora a media desconstroi este lugar de vigilância democrática da opinião a medida que a opinião mediática está atrelada a interesses econômicos e políticos. A partir do momento em que não existe mais uma “opinião pura” e sim uma opinião regida por determinados interesses essa democratização da vigilância cai por terra. Isso pq a imprensa também serve como tecnologia de poder de controle a medida que serve como identificador do sujeito na multidão(fotografia) e como arquivo policial. Uma vez que, a imprensa é um meio de “pesquisa sobre o outro”, “descoberta sobre o outro” ela teria que agir como “olhar controlador mor” já que todos poderiam estar sobre a mira da imprensa. Porém percebe-se que nada disso impede que as pessoas parem de cometer maus atos e, neste momento, a política do olhar se desconstroi.
    O caso da resistência e mais um dos pilares frágeis da proposição de Bentham pois ele considera que apenas o olhar do outro, a opinião do outro serão suficiente para manter o conjunto sobre controle. Entretanto, Bentham esquece de considerar que não existe um passividade completa por parte dos vigiados. Estes se revoltam principalmente pelo fato de precisarem se sujeitar a um vigilância constante e também contra o controle temporal. Dessa forma as duas estruturas principais do panopticon, domesticação do espaço e controle do tempo, demonstram problemas apesar de sua eficácia.

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