Neoliberalismo / Globalização / Democracia

Oi Leon,

Não sei se tenho a resposta como vc gostaria mas, sobre a questao da relação entre esses temas e os autores citados, seria: todas e nenhuma. Em outras palavras, as referencias aos temas citados o mais das vezes nao aparecem tao diretamente em cada um desses autores, mas é evidente que a obra de cada um deles tem implicações de todo tipo sobre os tópicos.

Sugiro vc trabalhar consultando algum dicionario de filosofia – geralmente sao muito mais úteis e seguros que consultas na internet -, procurando pelos temas e autores citados. Imagino pelo menos tres tipos de roteiros a seguir:

• trabalhar a partir de cada tópico, e ir buscando as relaçoes com os autores, ou dos autores com eles,
• trabalhar a partir de cada autor, e localizar na obra de cada um as possiveis ligaçoes com os temas,
• tentar traçar um percurso historico mostrando o desenvolvimento dos assuntos, posicionando as mudanças nas ideias e o trabalho desses autores

Eu recomendaria a segunda opção, mas isso me parece questao de gosto ou de estilo. Evidentemente, um trabalho do tipo indicado e com os objetivos apontados por vc vai estar, sempre, pontilhado por questoes de interpretacao pessoal, como seria a escolha de que recortes fazer em cada obra, que interpretaçoes procurar e/ou construir entre cada episódio e os temas apontados etc.

Um exemplo:

Maquiavel, Nicolau – (1469-1527) HIST.
Filósofo, político e dramaturgo italiano. Nasceu em Florencia. Em 1498 ocupou o cargo de secretario de chanceler da república florentina. Desde este cargo, Maquiavel emprendeu importantes missoes diplomáticas na corte papal, na corte da França e na do arqueduque austríaco Maximiliano I. Estas viagens lhe reforçaram a ideia da necessidade de conseguir a unidade italiana em um só sistema estatal…

Poderia esse contexto ser uma pista de ligaçao com o tema da globalização, que poderia ser desenvolvido mais a frente. Unificação da Italia, “unificaçao” mundial. Vale recordar que o proprio tema “globalizaçao” é bastante extenso e por isso carregado de ambiguidade. Em certos contextos tem referencia com a economia principalmente, em outros, tem relaçao maior com a cultura, e por aí vai. No exemplo acima, teria algo relacionado com a política, em um projeto ou ideal um único Estado ou naçao, num mundo sem fronteiras; ou mesmo, quem sabe, pela supressao dos Estados, vc poderia imaginar algo do tipo numa utopia marxcista.

… A intençao de sua obra era fundamentalmente a de conseguir a criaçao de um Estado forte capaz de unificar, sob o mando de um príncipe, os pequenos estados e cidades-estado da Italia, o que só se conseguiria, pensava, sob o poder e a açao de um personagem excepcional, o príncipe, capaz de impor uma monarquía absoluta amparada pela razao de Estado. …

Marcado por um profundo pessimismo antropologico, Maquiavel considera que a natureza humana é fundamentalmente corrupta (influencia do pensamento cristao e do estigma do pecado original), por isso pensa que o príncipe, para dominar ao súditos e construir uma sociedade coesa, é quem tem que impor a ordem, através da coaçao e da força, se for preciso….

Posteriormente, Gramsci retomou esta concepçao coesionadora de Maquiavel e propos um novo tipo de príncipe, que deveria ser nao mais um individuo mas um “intelectual coletivo” ou partido político. (Sobre isso vc poderia tentar uma ligaçao com Marx.)

Vc encontrará essa tensao sempre – isso vai aparecer forte quando vc desenvolver cada autor -, entre os que defendem a primazia da razao de estado – o Estado vem em primeiro lugar, acima de quaisquer outros valores morais, humanisticos, religiosos, culturais etc – e os que defendem a primazia do individuo – a liberdade do individuo vem em primeiro lugar, sendo o Estado apenas mais uma construçao dos individuos (Durkheim), nao pode ser colocado a frente deles.

Com relaçao ao liberalismo, da defesa dos direitos do individuo (que resultaram, por exemplo, na carta dos direitos humanos e outras conquistas) passou-se a concepçao da separacao entre economia, politica, religiao e moral; sendo cada uma dessas areas regidas por leis proprias, em algum novo um tipo de “liberdade”. Uma das maiores criticas que se faz hoje ao neoliberalismo diz respeito a essa crença de que um mercado “livre” se autoregulamentaria e funcionaria melhor. As criticas vao no sentido de que “funcionar melhor” nao significa necessariamente “funcionar melhor para os homens”. A tensao entre liberdade e igualdade tem gerado muita discussao, indicando que absolutizar qualquer valor que seja costuma ser uma resposta fácil demais que nao resolve todos os problemas.

Nao sei se respondi a sua questao, mas espero ter indicado algumas pistas de como desenvolver seu trabalho.

Abraços