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29/07/2004 às 2:05 #70153Miguel (admin)Mestre
Críticas a Arent
Antes de mais nada, essa é uma crítica àquilo que, em Arent – acho eu, e dei as razões abaixo – transpira fenomenologia, e junto com isso, junta toda uma filosofia do Sujeito, em companhia da própria teleologia que ela pretendia negar de início.
Acontece que ninguém lembra o total comprometimento que essa autora tem com Heidegger, e sua também completa dívida com Aristóteles.
Vou tentar, sem banalizar, resumir suas teses àquilo que tem a ver com Aristóteles, e com isso demonstrar uma incoerencia básica quando ela tenta escapar à teleologia escolástica que Aristoteles inevitávelmente “autoriza” em sua filosofia. Também assim, não é possível que ela escape, e embora rode no meio fio, tentando escapar de mais um solipsismo ou uma teoria do Sujeito vulgar, acaba caindo em uma teleologia de novo.
Para Aristóteles, assim como para Arent – essa com influencias de termos Heideggerianos aqui mantidos – O homem, pois conhece sua própria estadia no Ser, ou, Habita o Ser, e por isso tem uma relação privilegiada com os entes que o cercam, está também em questão em sua própria existencia. Em outras palavras, isso seria dizer que o homem existe junto aos outros, ou, existe na atualidade do mundo discursivo que o cerca, já que, estando em discussão, não é pleno como um Deus e nem laborioso e nem natural como um animal – somente esses, supostamente vivem na unidade de si mesmos, o primeiro pois é substancial e inesquecível, o segundo pois é incapaz de ser lembrado. Ambos existem plenamente, quer dizer, não necessitam do discurso para existir
Contra qualquer teoria do domínio do soberano pleno, ou ditadura, Arent deseja mostrar que o homem só existe em discussão, em questão, ou ainda, para os outros. Menos que um Deus, mais que um animal. Nos dois casos escapa de ser pleno, quer dizer escapa de ter essencia. Pois não tem o controle pleno sobre a existencia, pois é instável, então o homem vive o poder na forma discursiva, no passar de mãos em mãos da palavra, na Ação, no tornar-se Ativo, no Entar no mUndo, no “Ser lembrado”.
Muito bem, Arent dá aqui uma versão conhecidissima do homem político Aristotélico. É também um ataque declarado ao homem “neutro” – o governante sob controle – de Platão. O que lhe falta é perceber que o homem ativo Aristotélico, o homem Político, tem por tarefa ser lembrado por aquilo que faz sob seu nome, ou seja, sob controle. Não é a toa Aristóteles no final do “Ética” diz que mais nobre que a Política, só a filosofia, pois só nela a Atividade do homem pode ser exercida com tamanha devoção e plenitude que se torna “contemplativa”.
O homem Ativo de Arent, o espaço da Açao, o espaço discursivo, não passa de mais uma versão da Filosofia da Atualidade. E nem adianta exaltar que para Arent Ação não é “sob controle”, mas efetuada frente aos outros. Ora, mesmo assim temos uma atualidade do Sujeito frente aos outros. Se o Sujeito pode ser “pensado”, “discutido”, “lembrado”, então – declaradamente – pode ser passivo na sua própria atividade, quer dizer, existir também neutramente. O homem neutro, o tirano que Arent tanto quiz execrar, faz parte constitutiva de sua filosofia. Isso pois, salvo certas restrições, a filosofia de Aristóteles – em que Arent fez praticamente uma reconfiguração em termos Heideggerianos – não é uma real afronta à de Platão. Nos dois casos se almeja em comum, à Atualidade do Sujeito para com as coisas que tem sob comando – suas obras. Nos dois casos, tem-se almejado um Homem capaz de elevar-se acima dos animais, e mesmo abaixo dos Deuses, ainda assim capaz de tornar-se inesquecível, remetido Substancialmente ou idealmente, como um “Nome”, como diria Heidegger, uma “ocupação”(o próprio “Ser no mundo”).
Por essas e outras o trabalho de Arent assume a própria teleologia que pretendia negar de início. O espaço das “Aparencias” também foi um fracasso, visto a intenção da autora. Um espaço onde as coisas aparecem é justamente um espaço onde há intencionalidade, um Sujeito Ativo no desenrolar e no desvelar da Coisa. Por isso, é também um espaço onde o Sujeito tem um privilégio de controle, ou, onde na sua Atividade, tende à passividade, quer dizer, na instabilidade do discurso, um ou mais homens tendem a “Aparecer”, ser remetidos passivamente, exisirem inesquecívelmente -substancialmente(pela Ocupação, Nome). Em suma, nada do que Arent fez fuigu da teleologia – quando muto, ainda transpareceu com uma teologia meio vulgar.10/09/2005 às 16:56 #78606Miguel (admin)MestreO comentário acima demonstra um entendimento equivocado da obra de Hannah Arendt, sem contar a falta de critério metodológico para avaliar o pensamento da autora.
10/09/2005 às 17:04 #78607Miguel (admin)MestreEu acredito…
…inclusive, se puder acrescentar maiores informações sobre o pensamento de Hanna Arendt, a filosofia agradece.
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