Liberdade e necessidade nas políticas de Hobbes e Espinosa

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    No Leviatã, livro II, capítulo XXI, Hobbes comenta sobre a relação entre liberdade e necessidade:

    “Liberdade significa, em sentido próprio, a ausência de oposição (entendendo por oposição os impedimentos externos do movimento) …”

    “(…) um homem livre é aquele que, naquelas coisas que graças a sua força e engenho é capaz de fazer, não é impedido de fazer o que tem vontade de fazer”.

    “A liberdade e a necessidade são compatíveis: tal como as águas não tinham apenas a liberdade, mas também a necessidade de descer pelo canal, assim também as ações que os homens voluntariamente praticam, dado que derivam de sua vontade, derivam da liberdade; ao mesmo tempo que, dado que os atos da vontade de todo homem, assim como o desejo e inclinação, derivam de alguma causa, e essa de uma outra causa, numa cadeia contínua (cujo primeiro elo está na mão de Deus, a primeira de todas as causas), elas derivam também da necessidade. De modo tal que para quem pudesse ver a conexão de todas as ações voluntárias dos homens pareceria manifesta. Portanto, Deus, que vê e dispõe todas as coisas, vê também que a liberdade que o homem tem de fazer o que quer é acompanhada pela necessidade de fazer aquilo que Deus que, e nem mais nem menos do que isso”.

    E, na Ética, Espinosa diz, respectivamente:

    “Na Natureza nada existe de contingente; antes, tudo é determinado pela necessidade da natureza divina a existir e a agir de modo certo” (livro I, prop. XXIX);

    “A vontade não pode ser chamada causa livre, mas somente causa necessária” (livro I, prop. XXXII);

    “Agir absolutamente por virtude não é, em nós, outra coisa que agir, viver, conservar o seu ser (estas três coisas significam o mesmo) sob a direção da Razão, segundo o princípio da procura da própria utilidade” (livro IV, prop. XXIV);

    “Na medida em que a alma conhece as coisas como necessárias, tem maior poder sobre as afecções, por outras palavras, sofre menos por parte delas” (livro V, prop. VI);

    “Quanto mais perfeição um coisa tem, tanto mais age e menos sofre; e, inversamente, quanto mais ela age mais perfeita é” (livro V, prop. XL).

    Como podemos verificar, ambos os pensadores (Hobbes e Espinosa) conseguem conciliar liberdade e necessidade.

    No entanto, vale indagar:

    1. seriam essas formas de conciliação idênticas?

    2. e, por fim, como é possível tais pensadores, ao partirem de um mesmo pressuposto metafísico, terem opiniões tão diferentes, antagônicas mesmo, quanto à forma de governo: monarquia de Hobbes vs. democracia de Espinosa?

    Aguardo comentários a respeito…

    #79499

    Marcelo

    Texto muito bom, acho apenas necessário que você mergulhe mais na essência do que se propõe a falar.

    Muito boas as citações que vc escolheu para ilustrar a liberdade.

    Manda mais!

    #79500

    Não existe liberdade absoluta, no sentido de que o meio sempre impõe limites as nossas vontades, existe tipos de liberdade(social, política,econômica)que formam uma liberdade relativa, quem vive no mundo “real” sabe empiricamente que rarissimamente se concilia Liberdade com Necessidade.Afinal de contas o nascer já nos é imposto, assim como o pensar, a consciência é livre para o pensamento, porém está condenada a pensar.

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