Início › Fóruns › Fórum Sobre Filósofos › Sartre › Sartre e o humanismo
- Este tópico está vazio.
-
AutorPosts
-
10/05/2005 às 7:58 #70213Miguel (admin)Mestre
Olá
O texto de Sartre chamado “O Existencialismo é um humanismo” está nos Pensadores e é bastante conhecido. Nele Sartre afirma a dureza otimista da “doutrina”, que não deve cair num pessimismo, mas sim considerar o peso da liberdade humana, em todos os níveis de escolha que ela apresentar. Se é que há uma essência humana, essa é o tornar-se humano, através da força da subjetividade.
A palestra foi proferida para uma platéia de marxistas e católicos, contra as acusações de passividade e imobilismo que vinha sofrendo.
Mas Heidegger em Carta sobre o Humanismo, se coloca abertamente contra o humanismo, desvinculando-se do caráter ético que Sartre procurou resguardar (Heidegger se afastou da corrente existencialista, estritamente falando)
Eu gostaria de saber se em Existencialismo é um humanismo Sartre está repensando sua filosofia. Tomo como base seu romance de estréia, A náusea, em que existe uma dura crítica na caracterização do personagem Autodidata, que é ridicularizado pelo protagonista por ser tipicamente um humanista. O Autodidata ama o protótico humano que as pessoas representam – por exemplo o homem maduro – e não o que elas são. Admira as pessoas à sua volta sem conhecê-las, é plenamente otimista na sua concepção de humanidade. E busca saber tudo que estiver ao seu alcance, toda a produção de conhecimento, em todas áreas, lendo a Biblioteca inteira em ordem alfabética.
http://www.ateus.net/artigos/filosofia/o_existencialismo_e_um_humanismo.html
http://consciencia.org/contemporanea/heideggerisabelrosete3.shtml12/05/2005 às 16:31 #79601Miguel (admin)MestreNos anos 40, a partir do livro “O Ser e o Nada” Sartre comeca a mudar sua linha de pensamento e a partir dos anos 60 comeca a repensar tudo o que tinha escrito antes a respeito da liberdade para nada, da angustia como fundamento para o despertar consciente do homem, etc. Este Sartre menos “angustiado” desenvolve temas como o humanismo incluido no texto “O Existencialismo eh um humanismo” porque na verdade Sartre foi, alem de filosofo um escritor que procurava ver o que a multidao aprovava ou nao e, com o despertar das consciencias nos anos 60, Sartre saiu da sua mesa de trabalho para ir ao encontro das multidoes engajadas. Nem durante a guerra de 1945 ele tinha sentido a necessidade de engajar-se e de humanizar-se como durante a epoca desta palestra. Foi o povo que mudou sua visao do mundo, trazendo como consequencia um pensador mais completo e mais engajado. Como ele que possamos estar sempre atentos ao que acontece ao nosso redor para que possamos crescer em todos os sentidos.
13/11/2005 às 22:43 #79602Miguel (admin)Mestretenho um trabalho de aula para fazer sobre existencialismo é um humanismo.Gostaria que vcs me responpecem o pq desse titulo,ou seja,oq sartre queria passar para os leitores quando ele disse que o existencialismo é um humanismo
20/03/2007 às 1:28 #79603Junior MartuchelliMembroNa entrevista em que Simone de Beauvoir em “A Cerimônia do Adeus”, ela faz exatamente esta pergunta a ele. Aliás, não lembro bem se foi nessa entrevista ou se foi em “A Esperança Agora”. Perdoe minha memória. Quanto à resposta, o humanismo do Autodidata é hipócrita, mentiroso. É fácil notar as contradições de seu pensamento. Me faz lembrar Horkheimer, que disse que o humanismo parece "um pobre slogan provinciano de europeu semi-culto".Mas, a partir da segunda guerra mundial, na sua experiência de prisão, Sartre reve suas idéias, tenta dar-lhes um sentido político, tão necessário ao bom estar e à própria liberdade. Daí a necessidade de "um humanismo autêntico", tarefa árdua que acabará incompleta (assim como a Crítica, como O Idiota da Família e tantos outros livros de Sartre...).Nos livros que li de Sartre, ele critica A Náusea em As Palavras e A Cerimônia do Adeus. Em As Palavras, faz uma análise interessantíssima sobre suas ilusões de infância, uma autoconsciência - uma inteligência! - demolidora. É um livro belíssimo, recomendadíssimo. Na opinião deste aqui, o seu melhor escrito literário.E ele responde em A Cerimônia:"E lembro-me que La nausée estava um pouco aquém de minhas próprias ideias. Ou seja, eu já não estava por criar objetos fora do mundo, belos ou verdadeiros, como acreditava antes de conhecer você, mas havia ultrapassado isso. Não sabia exatamente o que queria, mas sabia que não era um belo objeto, um objeto literário, um objeto livresco que se criava, era outra coisa. Sob esse aspecto, Roquetin marcava antes o fim de um período do que o começo de outro."Enfim, considero o Sartre idoso e "já desiludido" muito mais interessante.
02/05/2008 às 23:50 #79604recuperador-de-postsMembro[html]
Guy « Responder #4 em: Fevereiro 29, 2008, 02:10:47 »
É importante lembrar que o próprio Sartre rejeitou as idéias de ''O existencialismo e o humanismo'',as quais contradiziam muitos dos aspectos de seu pensamento em ''O ser e o nada''...Sartre estava no auge de sua popularidade e queria aproximar-se mais da massa popular,tendo como consequência o distanciamento de suas próprias idéias...Particularmente eu aprecio esse texto,mas não o levaria tão a sério assim a ponto de considerá-lo um texto-chave no pensamento existencial de Sartre...Logicamente em ''Crítica da razão dialética'' houve uma reviravolta no pensamento de Sartre(embora ele nunca tenha negado as idéias de ''O Ser e o Nada"),aproximando-o do marxismo,mas esse sim é um livro em que Sartre não tem intençao alguma de se popularizar(pelo menos não inicialmente),mas sim de se aproximar da corrente marxista,a qual ele sempre considerou compatível com sua filosofia.Esse livro sim deve ser levado a sério como uma mudança cabal no pensamento sartriano,como uma transiçao do existencialismo para o marxismo(embora alguns críticos não concordem com esse ponto de vista)
Registrado[/html]
-
AutorPosts
- Você deve fazer login para responder a este tópico.