Início › Fóruns › Outros Tópicos › Paixão por Luís Roberto Barroso
- Este tópico está vazio.
-
AutorPosts
-
08/08/2006 às 18:33 #70535jgsaMembro
Olá,Gostaria de colocar um trecho de um texto que uma professora da faculdade entregou em sala de aula.Não preciso comentar, o texto fala por si só!Apreciem sem moderação! heheh ;DLuís Roberto BarrosoProfesso Titular de Direito Constitucional da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.Máster of Laws pela Universidade de Yale.Procurador do Estado e advogado no Rio de Janeiro. "A paixão, que é a expressão de um sentimento ou de uma emoção, sempre intensos, movida pelo inconsciente, é, quando não a pièce de resistence, ao menos o tempero necessário à razão científica. O domínio das paixões é muito vasto. Para além da paixão amorosa e da paixão sexual, os sentidos passam pela glória, pelo medo, pela inveja, pelo ciúme, pela cobiça, pela amizade, pela liberdade. A paixão, em si e por si, não é ética, não é politicamente correta, não é engajada. Mas é possível canalizá-la, dar-lhe um sentido valorativo e explorar-lhes as potencialidades. A paixão bem direcionada é uma energia poderosa a serviço da causa da humanidade. É impossível, aqui, abstrair do sentido mais corrente da palavra paixão, que identifica o envolvimento entre pessoas, um envolvimento sexual, convencionalmente entre homem e mulher, mas que comporta, também, um amplo espaço alternativo. Notem que falo de paixão, e não de amor. Com isto não quero endossar a oposição ideológica que se faz entre amor e paixão, captada com maestria por Maria Rita Kehl, ‘em que a paixão é representada como o momento fulgurante – mas impossível – do encontro entre duas pessoas, enquanto o amor é visto como a água morna do dia-a-dia cinzento, como o qual somos obrigados a nos conformar’. Ao contrário, creio no amor apaixonado e cúmplice, que supera a paixão narcísica de cada um. O amor sublime, que não exige o rebaixamento do erotismo e nem conformismo imposto – e não eleito espontaneamente – a certos deveres sociais e legais. Ainda nas palavras de Maria Rita Kehl, ‘o amor sublime é amor de escolha e, portanto, amor de liberdade. É união com base em afinidades eletivas e, portanto, uma aliança A FAVOR, e não CONTRA, o vôo de cada um pela vida’. Na verdade, não falo do amor porque ele é um ponto de chegada, um ponto de repouso. Quem ama encontrou e se encontrou. Falo da paixão, que é a procura. Quem está apaixonado está em busca do ponto de equilíbrio. O desejo é a falta. Por isto mesmo, a paixão é o exercício de uma busca. Encontrar é ter de partir para outro lugar. A paixão não é feita de realidade, senão que de imaginação. É a paixão, ou são as paixões, mais que o amor, a energia essencial que move o mundo. Há as paixões menores, como a cobiça, a vaidade, a ambição de poder. Mas há paixões redentoras, como a da liberdade e da justiça. A paixão que nos move aqui na academia, no mundo universitário, é a paixão intelectual, a paixão do conhecimento. Nós vivemos do pensamento. E a tarefa do pensamento, como observou Roberto Mangabeira Unger, ‘é a de confortar os aflitos e afligir os confortados’. Uma observação final, ainda uma vez tomada por empréstimo a Maria Rita Kehl: ‘A paixão intelectual tem uma característica oposta à paixão sexual: enquanto esta quer exclusividade, aquela que adesões. Quer ser compartilhada pelo maior número possível de pessoas’”.
26/08/2006 às 2:42 #83751Miguel DuclósMembroCreio que esta palavra é mal-empregada hodiernamente. A paixão sempre foi algo pejorativo, algo a ser evitado, contrário à virtude. Na ética de Aristóteles já havia essa definição de virtude como contrária a paixão. Poderíamos fazer uma investigação sobre este termo em diferentes épocas. A virtude é ligada à autonomia racional, e essa à ação. A paixão acontece com a perda da autonomia da razão. Ela não pode mover nada, como diz o slogan da Fiat e o texto do professor. Paixão não move porque é uma palavra da mesma raiz de padecer, de sofrer. A Paixão de Cristo, por exemplo, é ele sendo martirizado na cruz, sofrendo chicotadas, e torturas etc. Paixão é quando o sujeito sofre, padece, a ação de um elemento externo e assim perde sua internalidade racional, passando a agir sem medida. Estou enganado?
28/08/2006 às 19:33 #83752jgsaMembroOlá,Exatamente isso.Prefiro definir a paixão como sendo uma explosão de sentimentos, porque se formos listar, estou certo que não acharemos termos suficientes para explicar.É irracional!Abraço
-
AutorPosts
- Você deve fazer login para responder a este tópico.