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04/03/2007 às 20:20 #70622RicardoMMembro
Ola a todos!!!Cá estou eu de novo no meio destes cranios todos, desta massa encefálica toda!!!Tenho andado a estudar Descartes e tenho algumas duvidas...A primeira é sobre a celebre frase: "Penso logo existo" Gostava de saber em que medida esta citação se torna no primeiro principio da filosofia cartesiana. Penso que é pelo facto de para duvidar de alguma coisa, ou para contemplar algo é necessário existir-mos, dai "penso logo existo" ser uma citação, absolutamente verdadeira, universal e considerado um dos primeiro principios de descartes.Não sei se a minha conclusão está correcta. Gostava de ter outras opiniões!A segunta questão é relativa ao mesmo filosofo. A duvida é sobre a função que deus cumpre na filosofia de Descartes.Penso que: Descartes considerava Deus como um ser superior, infinito e de absoluta perfeição, que conceguia obter o conhecimento mesmo que seja um conhecimento mais complexo. Descartes admitia ser um ser limitado, imperfeito e finito, como tal ao ter esse conhecimento complexo afirmava que seria deus a inserir esse conhecimento em si.Tal como na duvida anteriar gostaria imenso de ter mais opiniões.Desde já um muito obrigado a todos, e desculpem se estou a dar muito trabalho :SFiquem bem ;)RicardoM
05/03/2007 às 12:38 #84312Miguel DuclósMembroBom, sobre um resumo do percurso das Meditações que chega ao ponto fundamental, ao alicerce da filosofia da consciência do Descartes, você já leu http://www.consciencia.org/descartes_meditações.shtml ?O Deus das meditações de Descartes é o que garante a objetividade do mundo. A hipótese do Deus Enganador no percurso do cogito é descartada depois; o fato de Deus ser bondoso é o passo que permite superar o solipsismo. Descartes afirmava que o homem, não obstante finito, tem o poder de conceber o que é o infinito, e isso seria como a marca do artista (Deus) em sua obra. Dessa forma, à idéia de Deus corresponde a realidade de Deus.Tenho o dicionário Descartes do John Cottinghan da Zahar aqui, posso escanear alguns verbetes, se você quiser.abs
05/03/2007 às 12:55 #84313RicardoMMembroDesde já deixe-me agradecer-me pelo tempo que dispensou comigo! ObrigadoEm relaçao a ter lido o link que referiu no seu post: Sim li e cheguei mesmo a imprimir aquilo tudo :) Está muito bem feito, no entanto senti-me um pouco perdido lá no meio, talvez por ainda não ter estudado muita coisa que lá está.Em relaçao a sua explicaçao está optima ;)
Tenho o dicionário Descartes do John Cottinghan da Zahar aqui, posso escanear alguns verbetes, se você quiser.
Se nao for abusar da boa vontade.... ::)Penso que se esqueceu de me esclarecer a duvida em relaçao a celebre frase: "Penso logo existo". Caso nao seja possivel compreendo perfeitamente a sua posiçao.Obrigado!RicardoM
05/03/2007 às 13:18 #84314Miguel DuclósMembroO cogito é citado no Discurso do Método, mas é melhor explicado nas duas primeiras Meditações Metafísicas. Descartes estudou no bom colégio de Pforta, com os sábios da época, e viajou o mundo com Maurício de Nassar. Mas não encontrou o saber sólido e seguro, somente conhecimento inútil e incerto. Ele teve um sonho em que conseguia unificar as ciências em torno de um alicerce, uma pedra fundamental, uma verdade a partir da qual se pudesse partir para investigações mais complexas. Essa verdade é o cogito, por quê?Porque ao meditar ele se recolhe do mundo, e vai abandonando todas as noções do mundo que podem ser vagas ou inexatas. Mesmo as verdades matemáticas podem apresentar margem à dúvida. Ele chega então à hipótese do Gênio Maligno e do Deus Enganador, que lhe põe a aparência das coisas em tudo que lhe chega aos sentidos e mesmo à inteligência. Diante desse quadro, terrível, nada tem realidade comprovada, nem as estrelas do céu, nem o firmamento, nem o mar, nem os homens, nem que dois e dois são quatro. Como escapar desse quadro? Ora, a frase "penso, logo sou" para Descartes é verdadeira toda a vez que ele a enuncia em seu espírito. Porque, por mais que ele duvidasse de tudo que existisse, ele não poderia duvidar que era uma coisa pensante, um pensamento que de tudo duvidava. Então ele chega à existência necessária desse pensamento, no interior de sua própria perspectiva subjetiva, e cada vez que ele enuncia a frase "penso, logo sou", ela aparece como necessariamente verdadeira ao seu espírito.abs
05/03/2007 às 14:16 #84315RicardoMMembroOu seja o acto de pensar implica que ele exista. Ou seja ele ao citar essa frase está a pensar logo existe….uhm... Obrigado pela explicação :D
05/03/2007 às 14:39 #84316Miguel DuclósMembroEle se recolhe para meditar e põe em dúvida tudo que sabe e tudo que existe. Mas ele não pode negar que está pensando enquanto duvida, a dúvida é um pensamento, dessa forma ele reconhece que o “eu” é uma coisa pensante. E essa é a primeira verdade que ele encontra.
12/05/2007 às 14:24 #84317jvictorrMembroUma duvidaSe dizia que inspirava o infinito divino, e era enganado pelo infinito maligno, definiu ele dois deuses?Me perco no principio de causa e efeito desta situação.
06/09/2007 às 16:34 #84318MamãoMembroTenho uma dúvida:Como é possível explicar o carater metodico da dúvida, enquanto processo de desconstrução de certezas???
06/09/2007 às 19:28 #84319Miguel DuclósMembrohttp://www.consciencia.org/descartes_meditacoes.shtmlPara Descartes, o mais simples era o mais absoluto, por ser o mais universal. Até a modernidade, o objeto era considerado com características que deveriam imprimir no sujeito o conhecimento verdadeiro. Com Descartes, o sujeito deve buscar, através da razão, melhorar suas características para buscar o conhecimento verdadeiro. O método para se conduzir a razão está ligado à arte (ars), que como técnica, se opõe ao acaso. Deve ter regras simples e universais, e com o menor número de regras descobrir o maior número de coisas. Descartes tira da certeza da geometria, a noção de que é preciso um procedimento para conhecer. Daí a importância fundamental da ordem e da medida. O pensamento contínuo deve buscar uma proporção contínua, e ir aumentando gradualmente seu saber. Mas para não recorrer em erro, é preciso que se entenda ser o método necessário para a busca da verdade. A razão precisa de auxílio, e de disciplina. Uma das regras é a da enumeração. Os passos da cadeia de pensamentos devem ser repetidos várias vezes, até se aproximarem da certeza da dedução. O entendimento é o único capaz de conhecer, mas é auxiliado nessa tarefa pela memória e imaginação. Para começar um conhecimento sólido e seguro, claro e distinto, devemos livrar nossas mentes das falsas certezas. Daí ser necessária a dúvida metódica e a meditação. O ato de meditar é um recolher-se em si mesmo, onde são passadas a limpo nossas próprias falhas, recapitulando noções marcantes, se afastando assim dos vícios corporais e buscando elevar a alma. O ato de duvidar não é à toa, mas vem por razões maduramente consideradas, tanto que Descartes só o fez quando já tinha esperado tanto a hora certa, que não mais poderia fazer novamente. A dúvida cartesiana não é cética, pois o cético não acredita ser o homem capaz de ver qualquer verdade. Antes disso, a dúvida é um instrumento epistemológico, um recurso que o sujeito do conhecimento tem a seu dispor. O que é duvidoso é aquilo a respeito do qual eu posso perguntar ser de uma maneira diferente. Ou seja, pode ser considerado possível ilusão aquilo que é inseguro. Todo o processo passível de dúvida gera uma série de conhecimentos que estão na alçada da dúvida. A dúvida não é idiossincrática, mas trata dos alicerces e bases do conhecimento. A primeira meditação é conhecida como a da dúvida hiperbólica, exagerada. A primeira dúvida é a dos sentidos. Os sentidos algumas vezes são enganosos. Para validar a dúvida dos sentidos, Descartes retoma o argumento dos sonho. Não sabe se está sonhando ou acordado. Afinal estou aqui nesta cadeira, mas muitas vezes tive impressão de algo com aparência semelhante quando estava sonhando. Ou seja, você é iludido durante o sonho achando que está acordado. Daí a importância fundamental de se perceber estar em um sonho e a começar a explorar o espaço-éter. Como todos sonham, o argumento do sonho é válido, e o meditante não está louco, como os mendigos que juram estar cobertos por ouro. http://www.consciencia.org/descartes_meditacoes.shtml
08/02/2010 às 18:12 #84320erickMembroduvidar é o primeiro passo que devemos dar, segundo descartes, para buscarmos alcançar a verdade, mas o que seria esse ato de duvidar realmente? livrarmos do preconceito e das limitações de nossos sentidos, alem das opiniões dogmas alheios e próprios. mas como relizar tal façanha se a própria linguagem, a lógica e princípios são erigidos da convenção entre as opiniões e premissas de várias mentes ao longo dos tempos? é evidentemente impossível duvidar da maneira que descartes prega. seu cogito não pode ser encarado como uma verdade evidente por si mesmo, mas talvez como uma frase que ilustra como o pensamento diferencia ohumano de outras espécies, pois pensamos e reconhecemos isto, alem de aceitarmos dogmamente que só nós fazemos isso.
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