Causas dos Tremores de terra

Tremores de terra

(Causas) +

E’ muito natural que o leitor deseje saber qual a causa dos tremores de terra. Vamos pois satisfazer êste desejo.

Primeiro que tudo é preciso que se saiba que quanto mais se desce para o interior da terra, maior é o grau de calor. As esca­vações ou minas, feitas pelo homem no seio da terra para extrair os minerais, assim no-lo provam: quanto mais se profunda a terra, mais vai aumentando o calor. Por cada trinta metros de profun­didade aumenta o calor um grau.

Reina ali uma temperatura elevadíssima que se mantém cons­tante durante todo o ano; quer de verão quer de inverno, o calor é sempre o mesmo.

terremoto de lisboa 1755

Numa mina de 1151 metros de profundidade, o termômetro acusava uma temperatura permanente de 40 graus, — quase a temperatura das regiões mais quentes do globo.

Quando mais baixo se desce, mais alta vai sendo a tempera­tura; e disso temos uma prova na água tirada das profundidades da terra. A água chega à superfície com a temperatura existente nessas profundidades, esclarecendo-nos assim acêrca da distribuição do calor nas entranhas da terra.

Já ouviram iaiar nos poços artesianos — uns ruros acertos no solo, por meio de brocas de ferro, para extrair a água dos depósi­tos subterrâneos, alimentados quer pela infiltração dos rios quer l>elos dos lagos vizinhos.

De poços artesianos de 547 metros de profundidade, extrai-se água à temperatura constante de 28 graus. De outros da profun­didade de 760 metros, a temperatura é de 35 graus; sempre a mes­ma relação: um grau por cada trinta metros.

De maneira que, se abríssemos poços muito profundos, encon­traríamos água a ferver; a dificuldade é atingir a profundidade requerida. Para encontrarmos água a ferver, fôra, preciso abrir um poço de uma légua de altura, o que é impossível; no entanto conhece-se um grande número de nascentes dágua que ao sair do solo têm uma temperatura elevadíssima, às vêzes a da água a fer­ver. Estas águas chamam-se termais, quer dizer de origem quen­te; portanto nos sítios donde vêm, existe calor suficiente para aquecê-las, e até fazê-las ferver.*

No Estado de Minas Gerais, há as famosas fontes termais de Poços de Caldas, e também no nosso Estado descobriram-se algu­mas fontes denominadas — Ãguas do Mel — no município de Pal­meira (das Missões). Algumas destas águas têm uma tempera­tura de 40 graus, e portanto vêm de uma profundidade de mil me­tros mais ou menos.

Mas essas fontes nada são comparadas com as que existem nos Estados Unidos e sobretudo na Islândia — uma grande ilha situada na extremidade do norte da Europa, coberta, de gêlo a maior parte do ano. Há na ilha um grande número de fontes de água quente a que os naturais chamam Geisers. A mais notável, o grande Geiser, tem a sua origem numa vasta bacia situada no cume de um outeiro formado pelas incrustações depositadas pelas águas.

O interior desta bacia estreita-se em forma de funil que se ramifica em condutos tortuosos, os quais vão mergulhar a uma profundidade desconhecida.

As erupções dêste vulcão d’água a ferver fazem-se anunciar por estremecimentos do solo e uns ruídos surdos, semelhantes ao troar duma descarga subterrânea de artilharia.

As detonações vão-se tornando cada: vez mais fortes, e o solo estremecendo com mais violência até que a água rebenta precipi­tadamente e enche a bacia onde, por alguns momentos, acontece o mesmo que numa caldeira aquecida a um enorme braseiro. A água começa, em meio de vapores, a levantar grandes borbulhões.

De repente o Geiser desenvolve tôda- a sua fôrça: abre numa forte explosão, arremessa aos ares uma coluna de 60 metros de alto e 6 de largo, que forma um repuxo coroado de vapores brancos e caindo em jorros ferventes.

Êste repuxo colossal dura apenas instantes. Em pouco tempo

a coluna líquida abate, a água da bacia escoa-se, engolfa-se nas profundezas da cratera e é substituída por uma coluna impetuosa de vapor, que irrompe com o bramido do trovão, despedindo com uma fôrça prodigiosa fragmentos de rocha da cratera*

Tudo quanto está em redor desaparece envolto em turbilhões de fumo.

Por fim serena, e o fumo do Geiser dissipa-se para mais tarde aparecer e reproduzir fenômeno idêntico.

Tudo isso prova que, — como já dissemos, — existe no inte­rior da terra uma grande fonte de calor.

Com efeito, admitindo, como nos faz crer o conjunto de ob­servações, que a temperatura subterrânea aumenta com a profun­didade, na relação de um grau por cada 30 metros, segue-se que a três quilômetros encontraremos a água a ferver, isto é a cem graus.

A vinte e cinco quilômetros abaixo do solo, o calor será igual ao de ferro em brasa; a sessenta, haverá o suficiente para derreter tôdas as substâncias que conhecemos; e finalmente no centro da terra, a temperatura será de 200.000 graus, calor mais fácil de cal­cular do que de conceber. Desta sorte devemos considerar a, terra como um globo de matéria tornada líquida pelo calor, coberta com uma crosta sólida, mas pouco espêssa, que envolve êste oceano de matéria em fusão.

Digo pouco espêssa, porque a espessura da camada sólida da terra não excede a sessenta quilômetros; e sessenta quilômetros é pouquíssima espessura, relativamente ao volume do globo terrestre.

A distância da superfície ao. centro da terra é de 8.000 quilô­metros; desta extensão, perto de sessenta quilômetros pertencem à espessura da crosta, e o resto às matérias em fusão. Supondo que

a terra é uma esfera de dois metros de diâmetro, a crosta seria representada por metade da grossura de um dedo; ou, para ser­vir-me de outra comparação mais simples, representando a terra por um ôvo, a casca seria a crosta do globo, e o conteúdo a massa central em fusão.

A alguns quilômetros abaixo de nossos pés há, pois, nm abis­mo abrasador rolando ondas de fogo.

Ocorre logo a pergunta: — como é que um invólucro, relativa­mente tão fraco, poderá resistir !) à flutuação da massa líquida central? Esta frágil crosta não se fenderá de vez em quando? não aluirá? ou, pelo menos, não sofrerá uma ou outra vez algum abalo?

Sofre, sofre! E por muito ligeiro que seja, pode fazer estre­mecer os continentes e cavar abismos terríveis.

Aí temos, pois, o motivo dos tremores de terra. A gema do ôvo agita-se e a casca quebra-se.

Não se passa talvez um único dia em que a crosta do globo não sofra um abalo neste ou naquele ponto, quer no fundo do leito dos mares quer por baixo dos continentes. Em todo o caso, os tre­mores de terra desastrosos são raros, graças à existência dos vul­cões.

As bocas vulcânicas são efetivamente verdadeiros respiradou­ros de segurança, que põem o inteiror do globo em comunicação com o exterior. Como oferecem saída fácil aos vapores subterrâ­neos que tendem constantemente a dilatar-se e a evolver-se para a atmosfera,, obstam 2) por isso a que os tremores de terra sejam mais repetidos e desastrosos.

Nos países vulcânicos, as convulsões do solo diminuem muito ou cessam de todo, logo que o vulcão começa a vomitar fumo e lava.

Fonte: Seleta em Prosa e Verso dos melhores autores brasileiros e portugueses por Alfredo Clemente Pinto. (1883) 53ª edição. Livraria Selbach.

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