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14/06/2005 às 2:00 #70241Miguel (admin)Mestre
A frase que eu mais gostei: "- Ele é ação sem teoria, nós somos teoria sem ação."
14/06/2005 às 3:12 #79842nahuinaMembroEssa frase é ótima!…vc assistiu o filme inteiro?
(Mensagem editada por nahuina em Junho 14, 2005)
14/06/2005 às 3:18 #79843nahuinaMembroo enredo de Waking Life retrata os momentos de sono de um jovem (Wiley Wiggins). Em seu caminho, encontra as tais personagens, desde filósofos e suicidas a bêbados e revoltados.Eu transcrevo p/vocês alguns diálogos do filme…. Leia e tirem suas próprias conclusões: (anexo)
Waking Life
Waking Llife.doc (47.1 k)(Mensagem editada por nahuina em Junho 14, 2005)
14/06/2005 às 3:39 #79844Miguel (admin)MestreO que achei muito interessante é que as opiniões filosóficas dos personagens são tão passíveis de erros e contradições quanto na vida real.
Eu começaria criticando a visão existencialista daquele professor:
Ele disse: “- A mensagem aqui é que jamais devemos nos considerar um fracasso e nos vermos como vítimas de várias forças.” – Mas uma pessoa pode muito bem fracassar em sua tentativa e ser vitimada por forças muito mais poderosas do que ela…
Ele disse: “- É sempre nossa a decisão de quem somos.” – Aí vai a minha crítica à Sartre: “A decisão sempre é nossa, mas nem sempre podemos ou temos capacidade para sermos aquilo que desejamos…“
14/06/2005 às 3:59 #79845nahuinaMembrorsrsrsr….e eu continuo discordando de vc e do Renan nesse aspecto, talvez seja pq vc's ainda ñ leram Sartre (o mesmo problem foi resaltado pelo Renan com relação ao Marx)….
O problema não se encontra em “nem sempre poderou tercapacidade para seraquilo que desejamos…” vc pode desejar ser uma outra coisa que não você, mas com relação ao que você É foi vc quem escolheu ser assim, você se fez, mesmo “incapaçitado” você foi se criando, desde sempre.Você é o que vc fez, e sempre será!
Posso tomar como exemplo o Mito da Caverna: Aquelas pessoas estavam acorrentadas, ñ conseguiam fazer nenhum movimento, certo?
Elas eram “influenciadas”, “impossibilitadas”, “incapacitadas”(aqui vc pode traçar uma analogia com a nossa sociedade, com a ideologia, com a cultura,etc.),certo?
Elas não eram livres, certo?
ERRADO!
Pois elas podiam escolher entre lutar contra as correntes e tentarem sair dessa prisão ou permanecerem ali, e isso que o Sartre tenta passar, mesmo impossibilitado de quase qualquer escolha, você escolhe sempre, e isso é a sua liberdade…14/06/2005 às 4:22 #79846Miguel (admin)MestreÉ aí que eu vejo um certo perigo. Pensar assim remete a uma onipotência cega: Lutar contra as correntes ainda vai, mas conseguir arrebentá-las já seria muita pretensão…
Dizer que a minha incapacidade foi criada por mim, também pode não ser o mais correto.
Se alguém nunca teve chance de estudar, como poderia saber ler e escrever. É difícil acreditar que toda a massa de analfabetos se deve à má vontade deles mesmos…14/06/2005 às 15:42 #79847nahuinaMembroNão!Vc está comparando coisas que ñ deveriam ser comparadas….Estavamos falando em “liberdade”
i {É difícil acreditar que toda a massa de analfabetos se deve à má vontade deles mesmos…} claro que não!….O “meio” te oferece certas possibilidades e outras não….A “massa de analfabetos”, não tem culpa, isso é uma limitação causada pelo sistema, porem o fato deles serem analfabetos ñ lhes tira liberdade….Continuam livres…Lutar contra as correntes ainda vai, mas conseguir arrebentá-las já seria muita pretensão…
mas o que importa é que eles tem liberdade de escolha…14/06/2005 às 16:09 #79848Miguel (admin)MestreNão, o que importa é ter capacidade de escolha. Poder escolher entre as melhores alternativas.
De nada adianta ter liberdade de escolha para, amarrado a um poste e aguardando ser fuzilado, decidir se prefiro ser vendado ou não…
…eu já disse: Sartre é ideológico nesse ponto.
14/06/2005 às 18:18 #79849nahuinaMembropq não debatemos este assunto no tópico de liberdade?
partindo do “QUE È A LIBERDADE”?
Vou colocar 3 concepções filosóficas de liberdade…15/06/2005 às 1:53 #79850Miguel (admin)MestreHavia um personagem no filme que não parava de falar como se estivesse dizendo muita coisa importante e com sentido. Mas, do meu ponto de vista, ele é só uma caricatura do metido à intelectual, um intelectualóide, com suas expressões de efeito…
15/06/2005 às 2:28 #79851nahuinaMembroMas ele falava sobre evolução, não?
Acho que era interessante, não sei se é possivel que aconteça o que ele disse mas, fazia sentido…(p/um sonho)Estuda-se o desenvolvimento humano pela evolução do organismo…
e sua interação ambiental.
A evolução do organismo começa com a evolução através do hominídeo…
até a evolução do homem, o Neanderthal, o Cro-Magnon.
Ora, o que temos aqui são três eixos.
O biológico, o antropológico, o desenvolvimento das culturas…
e o cultural, que é a expressão humana.
O que se viu foi a evolução de populações, não de indivíduos.
Pense na escala temporal em questão. A vida tem dois bilhões de anos, o hominídeo, seis milhões.
A humanidade, como a conhecemos hoje, tem 100 mil anos.
Percebe como o paradigma evolutivo vai se estreitando?
Quando se pensa na agricultura, na revolução científica e industrial…
são apenas 10 mil anos, 400 anos, 150 anos.
Vê-se um estreitamento crescente da temporalidade evolutiva.
À medida em que entramos na nova evolução…
ela se estreitará ao ponto em que a veremos no curso de uma vida.
Há dois novos eixos evolutivos, vindos de dois tipos de informação.
O digital e o analógico. O digital é a inteligência artificial.
O analógico resulta da biologia molecular e da clonagem.
Une-se os dois com a neurobiologia.
Sob o antigo paradigma, um morreria,o outro dominaria.
Sob o novo paradigma, eles existem como um grupamento…
cooperativo e não-competitivo, independente do meio externo.
Assim, a evolução torna-se um processo individualmente centrado…
emanando do indivíduo…
não um processo passivo onde o indivíduo está sujeito ao coletivo.
Produz-se, então, um neo-humano… com uma nova individualidade, uma nova consciência.
Esse é apenas o começo do ciclo.
À medida que ele se desenvolve, a fonte é esta nova inteligência.
Enquanto as inteligências e as habilidades se sobrepõem…
a velocidade muda até atingir-se um crescendo.
Imagine, uma realização instantânea do potencial humano e neo-humano.
Isso pode ser a amplificação do indivíduo…
a multiplicação de existências individuais paralelas…
onde o indivíduo não mais estaria restrito pelo tempo e pelo espaço.
E as manifestações dessa evolução neo-humana…
poderiam ser dramaticamente imprevisíveis.
A antiga evolução é fria, é estéril. E eficiente.
Suas manifestações são aquelas da adaptação social.
Trata-se de parasitismo, dominação, moralidade…
guerra, predação.
Essas coisas ficarão sujeitas à falta de ênfase e de evolucão.
O novo paradigma nos daria as marcas…
da verdade, da lealdade, da justiça e da liberdade.
Essas seriam as manifestacões dessa evolução.
E essa a nossa esperança.15/06/2005 às 3:20 #79852Miguel (admin)MestreEu acho que o fato dos personagens serem contraditórios ou passíveis de crítica só torna o filme mais realístico. Eu achei maravilhoso assistir a um filme tão inteligente.
O conceito de Neo-humano é criticado mais a frente no filme do macaco.
Também tem o casal: enquanto a mulher muito cabeça desmistificava brilhantemente a visão espírita da reencarnação, o homem vinha com aquele papo pseudo-científico de telepatia…
15/06/2005 às 3:27 #79853nahuinaMembroConcordo: “o homem vinha com aquele papo pseudo-científico de telepatia”
Nunca gostei da idéia…E eles são personagens de dois outro films do msm diretor: Before sunrise de 1995 e Before sunset,2004…
E em varias cenas do filme aparecem personagens famosas de outros filmes….ou trechos deles…E cabe ressaltar a idéia de que muito do que pra vc parece contraditório vago vazio…para muitos dos que assistem o film, são coisas “chatas”, intelectuais, que nem conseguem compreender…
(Mensagem editada por nahuina em Junho 15, 2005)
15/06/2005 às 11:32 #79854Miguel (admin)MestreFaz sentido, então, o protagonista ter sonhado com os dois. Os sonhos eventualmente têm essa característica de absorver inconscientemente elementos da vida cotidiana.
Há relatos de pessoas sobre a presença de personagens de filmes da TV em seus sonhos. O casal não apareceu ali por acaso.
Há também uma certa des-subjetivação nos sonhos. O sujeito pode incorporar a identidade de outra pessoa. Isso decorre do fato de que o sujeito, ao olhar-se no espelho da reflexão mental, vê-se primeiro como um outro, antes mesmo de nomear esse outro como um EU.
O filme pode ser chato para a maioria das pessoas. Eu, contrariamente, preferiria que a maioria dos filmes fosse assim…
29/07/2005 às 4:54 #79855Miguel (admin)MestreNa cena em que um macaco narra, a projeção exibe um trecho do filme “Sonhos- de Akira Kurosawa” e também exibe um pedaço de um show do Nirvana, com o Kurt Cobain quebrando sua guitarra. É muito nítido para quem já conhece aquelas cenas e as têm gravadas na cabeça. Eu me lembro porque tenho tanto aquele trecho do show do Nirvana como o trecho do filme de Kurosawa.
E aí, você quer continuar sendo uma formiga? Ou faremos da vida um momento sagrado (sem que se haja necessidade de se conscientizar disso)?
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