Estabilidade no serviço público

Início Fóruns Questões do mundo atual Estabilidade no serviço público

  • Este tópico está vazio.
Visualizando 7 posts - 1 até 7 (de 7 do total)
  • Autor
    Posts
  • #70858
    Lekso
    Membro

    Considerando o frequente combate à terceirização por parte dos órgãos fiscalizadores; o fenômeno do nepotismo (e outras contratações decorrentes de interesses particulares); o fenômeno das perseguições políticas; a consensual (?) má qualidade dos serviços prestados por certos órgãos públicos, etc., questiono: — A estabilidade no serviço público é um mal? Em caso positivo, quais são as alternativas?

    #86250

    Lekso, essa é uma questão interessante, porque o concurso público ainda é muito valorizado, em termos de carreira, de salário e tudo mais. O “mercado” tem se caracterizado pela instabilidade e informalidade, mas mesmo pessoas que são contra o Brasil, neoliberais anti-estado etc sempre se esforçam por passar num bom concurso e assim ganhar status e dinheiro. Incluindo diplomatas!A Era Vargas formatou o estado brasileiro e leis trabalhistas, que estão há mais de meio-século desconstruindo. A ditadura militar, porém,  inflacionou o estado com o gigantismo fazendo o modelo ser o da quase inoperância. Toda essa coisa de nepotismo etc é uma apropriação do público pelo privado, então temos um estado gigante e muitas vezes inoperantes, e os cidadãos obrigados a pagar impostos para algo que não funciona e duplamente para os serviços efetivos (como no caso da educação e saúde, e recentemente, na segurança)...

    #86251

    O Estado em si não é um mal. O fato de haverem abusos não quer dizer que não seja algo bom. Afinal, estas soluções não foram pensadas do dia para a noite, o Estado e seus serviços tem razões fortes para existir, tanto em termos teóricos quanto práticos.Se ocorrem deturpações e apropriações do uso de forma tão constante que parece crônica é outra questão. Poderia citar outros modelos que parecem mais efetivos, mas isso seria cair num lugar comum que pode não corresponder à realidade, haja visto o que tem ocorrido ultimamente na Europa.O Estado hoje pesa a produção, o fato de pagarmos 38% do PIB é realmente um grande absurdo, ainda mais que o grosso da grana é mamado pelas tetas da corrupção em vários e vários níveis. Mas a independência do "mercado" também se mostrou mais complicada do que nunca: A crise financeira tem mostrado isso, quando vemos os grandes países capitalistas usarem do poder e recursos do estado para salvar as instituições privadas e os rombos que os tubarões da especulação tem causado à economia real, à vida das pessoas...

    #86252
    Ariadne
    Membro

    “O Estado em si não é um mal. O fato de haverem abusos não quer dizer que não seja algo bom. Afinal, estas soluções não foram pensadas do dia para a noite, o Estado e seus serviços tem razões fortes para existir, tanto em termos teóricos quanto práticos.” -- Concordo que o Estado em si não é um mal. A concentração do poder é que leva o Estado a se trasformar num MAL. "O Estado hoje pesa a produção, o fato de pagarmos 38% do PIB é realmente um grande absurdo, ainda mais que o grosso da grana é mamado pelas tetas da corrupção em vários e vários níveis. Mas a independência do "mercado" também se mostrou mais complicada do que nunca: A crise financeira tem mostrado isso, quando vemos os grandes países capitalistas usarem do poder e recursos do estado para salvar as instituições privadas e os rombos que os tubarões da especulação tem causado à economia real, à vida das pessoas... " -- Há quem já preveja que um dos riscos da atual crise é criar um ambiente favorável ao retorno do agigantamento estatal. No entanto, as medidas tomadas para evitar o colapso da economia mundial não atestam a ineficiência da economia de mercado, mas o erro do excesso de desregulamentação.

    #86253

    Ariadne, antes da chamada “crise”, houve mais de uma década do chamado “neoliberalismo” que dizia que o negócio era apequenar o Estado, que o Estado é oneroso, isso e aquilo, que o negócio é a liberdade de mercado. As mudanças estruturais do FHC, a privataria, que entregou o lucro dos os serviços públicos ao lucro de máfias internacionais, foi feito tomando como base esse discurso, via equipe de economia da PUC-RIO, doutrinada nos EUA.A Crise financeira de 1929 de nova iorque aconteceu por causa do liberalismo clássico, que levou ao "crack" da bolsa. Para corrigir o erro, foi criado o keynesianismo, que defendia o intervencionismo do Estado na Economia. Décadas mais tarde, a situação se repetiu, os neoliberais e piratas financeiros levaram à crisa internacional, e medidas intervencionistas do estado foram adotadas sem grandes delongas pelos grandes "países capitalistas" como EUA e UK; chegaram mesmo a escrever que os eua por isso são o maior país socialistas do mundo. Nada onera tanto a produção real quanto a especulação feita em cima dela, através do jogo da bolsa etc. Outra coisa é a ilusão romântica de um capitalismo primevo e clássico, defensor da livre iniciativa: Ou seja, o sujeito poderia deixar de ser empregado e abrir seu próprio negócio. Dizem que hoje não conseguem por causa da forte carga tributária, mas a verdade é que os grandes conglomerados do "mercado", no qual circula o grosso do dinheiro, são intocáveis: ninguém pode concorrer com eles. Como você pode concorrer com a coca-cola? Com o "leão de judá cola"? Como você pode abrir uma empresa de tele? Só dá monopólios que tem carteira de clientes fixas e compulsivas, lucro garantindo e portanto fazem o que bem entendem, ainda mais que o Estado é dominado e serve ao interesses dessas elites, que financiam campanhas etc (basta ver o lucro dos bancos). Estes monopólios não admitem verdadeira concorrências e são tão pesados quanto qualquer poder estatal.Artigos sobre a "crise":http://outubro.blogspot.com/2008/09/crise-de-vergonha.htmlhttp://outubro.blogspot.com/2008/04/ditadura-global-provoca-fome.htmlAbs

    #86254
    Ariadne
    Membro

    “Ariadne, antes da chamada “crise”, houve mais de uma década do chamado “neoliberalismo” que dizia que o negócio era apequenar o Estado, que o Estado é oneroso, isso e aquilo, que o negócio é a liberdade de mercado. As mudanças estruturais do FHC, a privataria, que entregou o lucro dos os serviços públicos ao lucro de máfias internacionais, foi feito tomando como base esse discurso, via equipe de economia da PUC-RIO, doutrinada nos EUA.” -- Miguel, discordo totalmente disso que escreveu. A crise atualmente enfrentada pelo mercado americano não tem qualquer relação com o processo de privatizações que, no caso brasileiro, foi num cômputo geral dos mais bem-sucedidos. Não sei o que vc chama de privataria, pois as empresas estatais que vc afirma darem lucro davam, na grande maioria dos casos, prejuízos aos cofres públicos e foram muito bem vendidas, quando menos, privatizadas por preços justos, pelo que efetivamente valiam. Como empresas privadas, hoje, além de  não dar prejuízo, rendem uma fortuna em impostos. A crise que começou nos EUA não tem nada a ver com as privatizações. Tem a ver, isto sim, com a DESREGULAMENTAÇÃO do sistema financeiro americano, que é uma coisa totalmente diferente. Você me parece estar fazendo uma confusão, infelizmente, ainda muito comum em debates sobre questões políticas e econômicas, o que leva a posturas radicais, ora atacando as privatizações (que trouxeram inúmeros benefícios onde foram bem realizadas, inclusive no caso brasileiro), ora defedendo a completa desregulamentação dos mercados.

    #86249

    Liguei as privatizações ao neoliberalismo, e não diretamente à “crise americana”, que se tornou global. As privatizações representaram interesses dos grandes conglomerados empresarias do mundo, já que as nações, o nacionalismo, os estados, mostraram-se já empecilhos ultrapassados, desnecessários para a grande exploração global.A privataria é algo velho que já discuti em outros tópicos. Esta postura que você adota é tão falsa quanto típica. Primeiro que não foram vendidas a preço justo, mas sim a preço de banana, irrisório, e aliás, com leilões de cartas marcadas, isso quando o BNDES quem não financia o dinheiro para eles comprarem estatais. Os lucros exorbitantes de tais estatais já privatizadas mostram isso, lucram em um trimestre muito mais do que o que pagaram. Foi apropriação simples de estruturas montadas com dinheiro de impostos durante dezenas de anos, e feitas com muito esforço do povo.Isso sem falar na entrega estratégica. O caso da vale por exemplo, é emblemático, já que se trata de riqueza do solo brasileiro, que a rigor só poderia pertencer ao povo, representado pelo Estado. Vale era lucrativa assim como a petrobrás que na prática  é privatizada também é. Serem um peso para o Estado não é um bom argumento, ainda mais que a carga não diminuiu e os serviços publicos não aumentaram.Se não fosse uma grande mamata, com mercado fixo e lucros exorbitantes não iam querem comprar. Mas é claro que é, e isso não compensa o que "retorna em impostos" nem em "empregos". Empregos são os de operador de telemarketing, com salário mínimo. A telefonica trouxe até o corpo executivo da espanha. Põe um testa de ferro brasileiro na diretoria e tá-se feito. Mas algo que ninguém mexe é a remessa de lucros pro exterior. A riqueza gerada para o Brasil é certamente menor do que esta, certamente.Atacar privatização não é tomar nenhuma postura radical, tampouco há confusão. Isso já é uma postura meio soberba que é usada para desqualificar o adversário.Você pode focar a resposta, por exemplo, no que você está trazendo para o debate: o motivo da tal "crise financeira". Como se caracteriza essa "desregulamentação"?É interessante que o discurso se renova mesmo quando os fatos explodem, existe sempre uma maneira de redizer o já dito com base em fórmulas supostamente sofisticadas de pensamento, visto como necessários, forçosos e naturais, ao passo que o interlocutor é sempre um burro desinformado, teórico da conspiração etc. É o caso típico aliás do Gianotti, denunciado pela Marilena, no caso dos debates econômicos. O economês da equipe universitária neoliberal pretendia-se tão engomado e sofisticado, que qualquer crítica já estava descartada a priori, por ser desconhecimento dos fatos, postura retrógrada etc.

Visualizando 7 posts - 1 até 7 (de 7 do total)
  • Você deve fazer login para responder a este tópico.