Felicidade e Ética: A Meta-Etica-Cientifica

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        A “Meta-Ética-Científica”    João Carlos Holland de Barcellos    (Maio/2007, Revisão: Junho/2007)    Este texto destina-se a explicar a “Meta-Ética-Científica”.    A Meta-Ética-Científica, ou simplesmente MEC, para abreviar, é uma construção Científico-Filosófica destinada a “normatizar” a moral e a ética: torná-las uma área do conhecimento com regras claras, objetivas e científicas. A palavra “Meta”, da MEC, indica que não se trata de uma ética específica, para ser utilizada num determinado contexto ou ambiente social, mas sim de um conceito filosófico abrangente e acima de qualquer ética. Na verdade, como veremos, a MEC não se restringe nem mesmo à espécie humana. A MEC é formada pela união de dois conceitos filosófico-científicos: Uma extensão derivada do Utilitarismo clássico e a fórmula Jocaxiana de Felicidade. Antes de nos aprofundarmos na MEC, convém darmos uma olhada nos conceitos de “Ética” e “Moral”.    1- A Ética e a Moral    O dicionário (Michaelis) nos informa que:    é.ti.ca    s. f. 1. Parte da filosofia que estuda os valores morais e os princípios ideais da conduta humana. 2. Conjunto de princípios morais que se devem observar no exercício de uma profissão.    mo.ral    adj. m. e f. 1. Relativo à moralidade, aos bons costumes. 2. Que procede conforme à honestidade e à justiça, que tem bons costumes. 3. Diz-se de tudo que é decente, educativo e instrutivo. S. f. 1. Filos. Parte da filosofia que trata dos atos humanos, dos bons costumes e dos deveres do homem em sociedade e perante os de sua classe. 2. As leis da honestidade e do pudor. S. m. 1. Conjunto das nossas faculdades morais. 2. Disposição do espírito, energia para suportar as dificuldades, os perigos; ânimo. 3. Tudo o que diz respeito ao espírito ou à inteligência (por oposição ao que é material).        A diferença entre Ética e Moral não é muito clara. Para muitos filósofos, assim como para este autor, as seguintes definições de Moral e Ética serão consideradas:    A Moral pode ser definida como sendo um conjunto de valores, não necessariamente normatizados, mas que esta, de alguma forma, incorporado ao ser humano, ou, de um modo geral, à sociedade, por meio de sua cultura ou através de seus genes, que atuam em nossa mente por meio dos instintos. Os instintos serão considerados em seu sentido amplo: algoritmos mentais geneticamente herdados que são ativados, ou não, de acordo com as condições ambientais. Como exemplo de moral instintiva -de origem genética-, podemos citar o tabu do incesto, noções primitivas de justiça, de posse, de território etc. É muito importante salientar que toda regra moral está, direta ou indiretamente, relacionada ao nosso passado evolutivo, ao modo darwiniano de como nossa espécie evoluiu [3]. Uma sociedade robótica, ou artificial, por exemplo, não precisaria ter nenhum de nossos códigos ou instintos morais. O objetivo da moral é inibir conflitos entre indivíduos, impedindo que o egoísmo individual -natural e intrínseco- extrapole o patamar considerado aceitável, permitindo o convívio em sociedade e aumentando, por conseqüência, o “bem estar geral” dos indivíduos desta sociedade.    A Ética, por sua vez, é um conjunto de normas, razoavelmente bem definidas, que devem ser conhecidas, obedecidas e respeitadas, e que são válidas dentro de um determinado contexto ou ambiente social. Estas normas têm como objetivo a diminuição, ou mesmo a eliminação, de conflitos entre os seres que participam deste contexto e assim proporcionar um aumento do “bem estar geral”. Nesta definição, a ética seria a normatização da moral: uma forma de formalizar e aprimorar certas regras que, de certa forma, já nos seria intuitiva.    É importante notar que não temos acesso direto à nossa “semântica genética”,  não sabemos exatamente o código moral básico que estão geneticamente codificados em nossos cérebros, ou seja, não sabemos quantos e quais os algoritmos mentais estão intrinsecamente incorporados ao nosso cérebro. E o mais importante: sem podermos avaliar objetivamente o resultado que uma dada ética proporciona, em termos de felicidade social, não podemos garantir até que ponto uma dada ética realmente forma um conjunto legítimo de valores que representa aquilo que de fato seja considerado justo, ou então, por outro lado, seja um conjunto arbitrário de valores, incompatíveis com nossa essência humana, que nos oprimiria e promoveria mais infelicidade. O Objetivo da MEC, em termos de espécie humana, é, também, evitar que os códigos de ética e seus derivados, como a justiça e o direito, tornem-se incompatíveis com a essência humana e possam ser utilizados arbitrariamente, ficando a mercê dos valores pessoais dos legisladores de plantão.        Neste texto, trataremos a “Ética” e a “Moral” como sinônimos e, salvo restrições explícitas, de forma intercambiável.    2- A era “Pré-MEC”    Antes da MEC ser entendida, divulgada e utilizada, ou seja, em nossa época atual (início do século XXI), a Ética e a Moral e seus produtos derivados como a Justiça, a Política e o Direito eram, na melhor das hipóteses, entendidos e formalizados a partir de um critério nebuloso e mal definido conhecido como o “Bem Estar Geral”. Isso quando não estavam baseados em dogmas religiosos, totalmente arbitrários e antiquados e, na maioria das vezes, sem nenhum vínculo com os novos valores de uma sociedade em constante transformação. Como exemplo, e a título de ilustração, podemos citar um trecho da moral bíblica: "Se uma jovem é dada por esposa a um homem e este descobre que ela não é virgem, então será levada para a entrada da casa de seu pai e a apedrejarão até a morte.- Deuteronômio 22:20-21".  Estão enganados os que pensam que poucos seguem ao ‘pé da letra’ normas de conduta baseados em textos ditos “sagrados”, como esse. Recentemente (2007), por exemplo, uma jovem foi apedrejada até a morte, no Oriente Médio (Iraque), simplesmente porque namorava um rapaz de uma religião diferente da de sua família![12]    Mesmo que as éticas “pré-MEC” não sejam baseadas em “textos sagrados” devemos perceber que, ainda assim, não deixam de ser subjetivas. E o subjetivismo é grave e perigoso, pois depende das experiências e valores de quem as formula ou as utiliza. É, portanto, um produto de cunho pessoal e particular, e não se pode garantir que tais valores irão necessariamente beneficiar a maior parte da sociedade, nem mesmo que sejam realmente “justos” segundo  nosso senso intuitivo de justiça e moral.    3- Os Primórdios da MEC    Podemos considerar que a MEC surgiu em Novembro de 2000 - quase um ano depois que Jocax publicou sua “Fórmula da Felicidade” (dezembro de 1999)- numa mensagem que fazia uma crítica sobre um artigo de R. Dawkins em que este fazia uma colocação na qual indicava que a moral deveria estar fora do âmbito científico. Nas palavras de Dawkins: ”Primeiro entretanto, um breve parênteses na afirmação que a religião têm alguma perícia especial para nos oferecer em questões morais. Isso é freqüentemente aceito alegremente mesmo pelos não religiosos, presumivelmente no curso de uma civilizada "curvada sobre as costas" para conceder o melhor ponto que seu oponente tem a oferecer - não importa quão fraco esse melhor ponto possa ser.A pergunta ‘O que é certo e o que é errado?’ é uma pergunta genuinamente difícil que a ciência certamente não pode responder.”[1]    Nesta crítica, Jocax coloca a fórmula da felicidade como um fator não subjetivo, no qual a ética e moral deveriam passar, finalmente e definitivamente, para o âmbito científico: ”Se entendermos a felicidade momentânea como um estado mental de prazer, e a felicidade, de modo geral, como um somatório destes estados ponderados pelo tempo, poderemos, a priori, quantificar a felicidade desde que possamos medir o estado mental de prazer num dado instante. Ou seja, se pegarmos o âmago da ética, como uma norma que visa a maximizar a felicidade do individuo dentro do grupo, o problema estará bem definido, e assim a pergunta: ‘Que relação tem uma determinada ação no computo da felicidade do grupo?’ Que é a tradução da pergunta moral :’O que é certo / ou errado ?’ Tal questão poderia então ser tratada quantitativa e cientificamente. E a moral cairia para o domínio científico !”    Dissemos, anteriormente, que a MEC era a união de uma extensão da ética Utilitarista com a fórmula jocaxiana de felicidade. Portanto, para entendermos a MEC, deveremos entender estes dois componentes, e depois ver como devem se relacionar para produzir a MEC.    4- O Utilitarismo    O Utilitarismo é também uma meta-ética já que se propõe a normatizar a ética de modo geral. Uma pesquisa na ‘net’ nos fornece um bom texto (de Rubem Queiroz Cobra) sobre o utilitarismo:    “O Utilitarismo é um tipo de ética normativa -- com origem nas obras dos filósofos e economistas ingleses do século XVIII e XIX. Jeremy Bentham e John Stuart Mill, -- segundo a qual uma ação é moralmente correta se tende a promover a felicidade e condenável se tende a produzir a infelicidade, considerada não apenas a felicidade do agente da ação, mas também a de todos afetados por ela...    Antes, porém, desses dois autores darem forma ao Utilitarismo, o pensamento utilitarista já existia, inclusive na filosofia antiga, principalmente no de Epicuro e seus seguidores na Grécia antiga. E na Inglaterra, alguns historiadores indicam o Bispo Richard Cumberland, um filósofo moralista do século XVII, como o primeiro a apresentar uma filosofia utilitarista. Uma geração depois, Francis Hutcheson, com sua teoria do "sentido interior da moralidade" ("moral sense") manteve uma posição utilitarista mais clara. Ele cunhou a frase utilitarista de que "a melhor ação é a que busca a maior felicidade para o maior número de indivíduos". Também propôs uma forma de "aritmética moral" para cálculo da melhor conseqüência possível. David Hume tentou analisar a origem das virtudes em termos de sua contribuição útil...    Para Bentham, a regra de se buscar a maior felicidade possível para o maior número possível de pessoas devia ter papel primordial na arte de legislar, na qual o legislador buscaria maximizar a felicidade da comunidade inteira criando uma identidade de interesses entre cada indivíduo e seus companheiros.”[2]    O Utilitarismo propõe que a ética deve objetivar a maior felicidade para o maior número de indivíduos. Mas, infelizmente, não define o que seja felicidade, muito menos como calculá-la.    A MEC faz também uma pequena alteração no utilitarismo, estendendo-o ao propor, primeiro, que a melhor ação - a que promove maior felicidade - não deve estar restrita a um grupo particular de organismos, nem mesmo a uma espécie, mas sim abranger todos os seres sencientes (capazes de sentir), independentemente de serem humanos ou não. Assim, o primeiro desvio da MEC em relação ao utilitarismo tradicional está no grupo no qual a felicidade deve ser tomada: A de todos os seres sencientes sejam eles humanos, insetos, alienígenas ou robôs. Outrossim, sabemos que os humanos são deveras egoístas e poderão utilizar a MEC restringindo-a à sua própria espécie: o grupo que deveria ter sua felicidade maximizada.    5- A “Fórmula da Felicidade”    A “Fórmula Jocaxiana da Felicidade”, ou simplesmente FF, foi escrita em dezembro de 1999, numa mensagem de ano novo a uma lista de ex-alunos de faculdade. O sentido da FF, aqui descrita, não será, como muitos podem pensar, a de mostrar um caminho a ser seguido para obtermos felicidade - isto é papel do genismo - mas sim uma forma de definir objetivamente o que seja felicidade e, a partir desta definição, obter um meio matemático de fazer sua avaliação quantitativa dela.    Naquele texto de 1999 a FF tinha sido definida como a Integral do que sentimos (prazeres e dores) ponderados (multiplicados) por sua duração no tempo [4]. De uma forma mais concisa:        Felicidade = Integral{ Sentimento(t) } dt     Nesta fórmula da Felicidade (FF), o prazer contribuiria com um valor numérico positivo e o sofrimento e a dor com valores negativos, indicando uma contribuição negativa para a felicidade total. Podemos englobar o sofrimento, prazer e outros sentimentos numa única palavra que indicará um conceito de sentido amplo: “Sentimento”. Assim, a felicidade seria a soma de tudo o que sentimos, ponderado por sua duração no tempo.    A unidade de felicidade é o Jx (lê-se Jocax) em uma auto-homenagem a seu inventor J. A rigor, a felicidade depende do intervalo de tempo em que ela é sentida. Se, por exemplo, ela for avaliada numa época de sofrimento ou agruras (por exemplo: dos 15 aos 18 anos) ela poderá dar um valor numérico bem diferente do que se fosse medida numa outra época (por exemplo: dos 20 aos 22 anos de idade). Além da posição no tempo em que é sentida, a felicidade também depende, como veremos a seguir, da duração no tempo em que os sentimentos que a compõe perduram.    O leitor pode ficar confuso sobre o que esta sendo definido: A Felicidade por si mesma ou um modo de calculá-la? A resposta é que as duas coisas estão sendo definidas ao mesmo tempo. A Felicidade esta sendo definida como a soma dos *sentimentos* (“Sentimentos”, aqui definido, representa tudo aquilo que se possa sentir como emoções, sensações e sentimentos) ponderados por sua duração no tempo. Isso é algo, de fato, um pouco abstrato já que o que conseguimos perceber de forma direta é o sentimento de forma instante não a felicidade. Entretanto o tempo é de suma importância nessa noção de felicidade aqui definida. Além disso, também está sendo proposto que esta felicidade pode ser avaliada numericamente e a FF, acima, é a equação que fornece um valor numérico a partir da sua definição.    5.1-A Felicidade e o Tempo        É fácil perceber que a felicidade depende da duração de tempo em que cada sentimento é sentido. Considere, por exemplo, a contribuição de prazer ao se saborear um delicioso bom-bom pelo intervalo de 1 segundo. Suponha que este prazer, durante este 1 segundo, contribua com 0,1 Jx de felicidade na felicidade total. Se o mesmo prazer de saborear o doce perdurasse por mais um segundo, então teríamos uma contribuição para a felicidade de 0,1 Jx (do primeiro segundo) + 0,1 Jx (do próximo segundo) totalizando 0,2 Jx (=0,1 Jx + 0,1 Jx). Este exemplo simples mostra como a felicidade depende diretamente e proporcionalmente da duração temporal do(s) sentimento(s) envolvido(s). Claro que, com o passar do tempo, o prazer de saborear o doce pode diminuir, e assim a felicidade por 1 segundo no começo da degustação (0,1 Jx) poderá ser bem diferente da felicidade proporcionada por este mesmo doce, pelo mesmo tempo de 1 segundo, depois de alguns minutos de degustação. Isso ocorre simplesmente porque os sentimentos podem mudar com o decorrer do tempo. Por esta razão a função “Sentimento(t)”, na FF, depende do exato instante de tempo (t) em que o sentimento é avaliado.    5.2-A Integral    O papel da Integral na fórmula é dividir o tempo em pequeníssimos intervalos de tempo (infinitésimos) para que, dentro de cada um destes microscópicos intervalos, a função Sentimento(t) possa ser considerada constante e a multiplicação pelo infinitésimo de tempo que perdurou possa ser feito. Além disso, à medida que cada infinitésimo é avaliado, o novo valor da função sentimento(t) naquele novo infinitésimo também é reavaliado. A função integral só é ministrada em cursos superiores de exatas, se você não a entendeu não se preocupe. O importante da fórmula é saber que o tempo de duração de cada sentimento deve ser multiplicado pelo valor deste sentimento para compor a felicidade total. Assim, a FF pode ser entendida como a soma de todos os sentimentos multiplicados por sua respectiva duração temporal. A medida da felicidade de um ser ou algo que não sente como, por exemplo, uma pedra, é definida como zero.    5.3-Associatividade e Comutatividade    É importante notar que a FF não privilegia nenhum instante de tempo em particular. Dessa forma os sentimentos que são avaliados no passado terão o mesmo grau de importância na felicidade dos sentimentos que são avaliados no presente, ou ainda daqueles que poderão ser estimados no futuro. Isso, à primeira vista, pode parecer estranho, pois pode nos parecer que os sentimentos que sentimos no presente, no momento atual, são mais importantes do que aqueles do passado. Mas devemos notar que o presente se tornou passado também, e se um sentimento foi importante naquele segundo não se tornará menos importante quando fizer parte do passado. Assim, o valor de felicidade do que é sentido é preservado. Além disso, temos que considerar que sentimentos no passado tendem, naturalmente, a repercutir no futuro, sejam através de lembranças, sejam em formas de pensar ou modos de agir, afetando a felicidade presente e futura. Tais efeitos serão avaliados de forma natural, através do que sentimos, que serão então também computados como sentimentos que são.    5.4-O Que é o Sentimento?    Iremos considerar o “sentimento”, neste texto, na sua forma ampla, englobando toda forma de sentir como emoções (medo, susto, alegria etc.), sensações (dor, calor, frio etc.) e sentimentos complexos (amor, ciúmes, inveja etc.). E, ao mesmo tempo, nos restringiremos às espécies biológicas dotadas de sistema nervoso. Devemos deixar claro que essa restrição, neste texto, não é uma falha da FF, já que podemos definir sentimentos de uma forma genérica que englobaria, inclusive, seres sem um único neurônio (veja “A Consciência e o Sentir, segundo Jocax” [7]), mas sim uma abordagem que elucida, de uma forma prática, a utilização da FF em nosso mundo real.    O sentimento é uma forma de o corpo sinalizar ao cérebro (à consciência) que ele precisa responder a algum sinal, ou conjunto de sinais, externos ou internos ao corpo. Um sinal é um estímulo físico, externo ou interno ao nosso corpo, que estimula, de alguma forma, nosso sistema nervoso. O sentimento é, portanto, um indicador de que algo deve ser feito em relação ao sinal de forma que o sinal deixe de nos afetar. A principal forma de cessar um sentimento ocorre quando o organismo responde satisfatoriamente a ele. Dizemos que o sentimento foi saciado, satisfeito, ou resolvido quando atuamos de forma que os sinais cessem ou, se não cessarem, deixarem de produzir aqueles sentimentos. Alguns exemplos: Quando estamos sob o Sol forte, os sinais (externos=raios solares) produzem o sentimento de calor que pode ser resolvido se nós acharmos uma sombra; Quando estamos com fome os sinais (internos) do corpo informa ao nosso cérebro que precisamos nos alimentar, e enquanto isso não for feito o sentimento não cessará; Quando alguém, propositalmente, nos prejudica, fazendo-nos sofrer, este sinal externo pode gerar um sentimento de vingança ou raiva, que é também um sinal interno, que pode não desaparecer facilmente se este sentimento não for saciado.        Os sentimentos podem ser considerados uma forma mais sofisticada dos “instintos de ação”. Os “instintos de ação” são aqueles que fazem com que o corpo responda de uma forma automática a um determinado sinal. Os sentimentos não fazem isso, apenas indicam ao corpo que este deve resolver da forma mais apropriada possível, utilizando para isso alguma inteligência, e, no caso humano, também a razão, no problema de como atuar para saciar tal sentimento. Num ambiente em contínua transformação esta abordagem indireta é bem mais eficiente que a forma automática já que aumenta o leque das possíveis ações de resposta, tornando mais abrangentes e flexíveis as formas de resolver o problema, e assim saciar o sentimento.        Um conceito que utilizaremos muito neste texto é o de “Gene-Perpetuação”.  Podemos definir “Gene-Perpetuação”, de uma forma recursiva, na qual se utiliza o próprio conceito que se esta definindo no corpo da sua definição. Assim, uma ação é dita “gene-perpetuativa” se ela proporciona ao organismo uma maior capacidade de sobrevivência e/ou de reprodução, e/ou que aumentem a capacidade “gene-perpetuativa” de seus descendentes e parentes.  Esta definição recursiva implica que a “Gene-Perpetuação” é um conjunto de fatores que aumenta a capacidade de sobrevivência dos *genes* do organismo através dos tempos, já que a sobrevivência dos genes se dá por meio da sobrevivência e reprodução do próprio organismo ou dos que compartilham genes com ele, principalmente seus descendentes.    Absolutamente todo sentimento pode ser explicado evolutivamente. O sentimento é uma forma de adaptação genética do organismo, isto é, surgiu por seleção natural porque, de alguma forma, beneficiava (geneticamente) o organismo que o portava em seu passado evolutivo. Dessa forma, cada sentimento tem uma função que auxiliou (e às vezes ainda auxilia) o organismo na sua gene-perpetuação.    Neurologicamente, os sentimentos, como instintos, são ativações de subsistemas neurais. Tais subsistemas estão, em geral, alojados no sistema límbico cerebral: um conjunto de neurônios interligados de modo a formar um algoritmo mental que responde de forma específica a estímulos específicos do ambiente ou a determinados sinais do próprio corpo. Assim, todo sentimento, ou mais precisamente, a capacidade de sentir (algoritmo mental) é herdado, transmitido de pais para filhos via genes. Os sentimentos são, portanto, formas, em geral muito antigas, de sinalizar à consciência que ela deve agir de forma a satisfazê-los. Nem todos os sentimentos têm a mesma idade evolutiva, alguns são muito mais antigos que outros. Os sentimentos muito antigos, como a fome, e o medo, localizam-se no sistema reptílico do cérebro, uma das mais antigas estruturas do nosso cérebro. Durante a evolução, outros sentimentos foram surgindo como forma de resolver problemas de adaptação ao ambiente social. Os sentimentos mais novos na escala evolutiva, devem ser, portanto, aqueles ligados a adaptação em sociedade. A título de ilustração iremos explicar uma das possíveis funções evolutivas de um dos sentimentos: a inveja.        A Inveja pode ser entendida como um sentimento que evoluiu na sociedade humana como resultado da competição interna a que seus membros estavam submetidos. A inveja atuaria no invejoso no sentido de prejudicar um “competidor” que estivesse em grande vantagem competitiva em relação ao invejoso. Esta vantagem competitiva poderia ser por atributos que o beneficie o concorrente na conquista de membros do sexo oposto, na competição por um degrau mais alto na hierarquia de poder do grupo, ou na capacidade de obter recursos para si ou sua família que poderiam prejudicar direta ou indiretamente o invejoso. A inveja atuaria, então, no sentido do invejoso sabotar ou prejudicar o competidor e, dessa forma, aumentar as chances de conquista do invejoso (sua gene-perpetuatividade). A inveja seria, portanto, uma forma de instigar o organismo a colocar um competidor em desvantagem. A inveja é considerada um sentimento anti-social e desonesto já que também prejudica o convívio social. Desta forma, saciar este sentimento envolve também o risco de sermos descobertos em atitudes desonestas e anti-sociais, com chances de prejuízos morais bem maiores do que aqueles que poderíamos obter na tentativa de sua satisfação. O leitor não deve pensar aqui que devemos ser honestos apenas porque isso envolve um risco de sermos pego nessa nossa desonestidade. Como veremos mais a frente, quando entrarmos nos tópicos ligados diretamente à MEC, as ações que deveremos executar são aquelas que aumentam a felicidade do grupo todo e não apenas a nossa felicidade individual. Assim, independentemente de termos chances de sermos descobertos, ou não, atitudes desonestas, mesmo que possam nos trazer algum benefício, em termos de nossa felicidade, ou de nossa “gene-perpetuação”, devem ser evitadas se prejudicam a felicidade de todo o grupo.              5.5-“Sentimentos Conjugados”    A Consciência precisa saber, através do prazer ou do sofrimento, se as ações que o organismo executa estão corretas, no sentido de satisfazer um dado sentimento e assim aumentar suas possibilidades gene-perpetuativas. O sentimento que surge no ato de saciar ou satisfazer um desejo eu defini como sendo o “sentimento conjugado” a este desejo. Por exemplo, a fome indica ao organismo que ele deve se alimentar. O ato de se alimentar vai diminuir a fome, mas antes que a fome, que é dolorida, acabe, o ato de comer e começar a saciar o desejo da fome já irá produzir um prazer, o prazer de saciar a fome. O prazer de saciar a fome não é a fome, é um prazer correspondente à diminuição da fome é o “prazer conjugado” da fome. O “Sentimento Conjugado” é um sentimento associado ao ato de saciar um outro sentimento em relação à meta: Se um dado sentimento está em vias de ser saciado, por exemplo, através de ações que caminham para sua satisfação, haverá um sentimento de prazer associado a esta variação. Assim, se a variação do sentimento se dá no sentido de satisfazer a meta, causará prazer ou sofrimento, no caso contrário. Estes “sentimentos conjugados” associados à satisfação de outros sentimentos, são sinais internos destinados a mostrar à consciência que as ações estão (ou não) caminhando no sentido de atender à meta do organismo. São sentimentos que, ao menos no curto prazo, sempre contribuem para o aumento da felicidade.        5.6-Comparar Sentimentos    A parte mais controversa da FF é como conseguir transformar uma gama tão grande de sentimentos em um único número. Como comparar sentimentos tão díspares como orgulho e fome? Como comparar amor e sono? Estas perguntas foram respondidas no artigo “A Fórmula da Felicidade: Aspectos Avançados” [6]. Entretanto irei abordá-las aqui, novamente, com um novo enfoque.    A primeira questão chave é: “Como transformar um sentimento em um número?” E esta é, na verdade, a questão mais simples delas.  Para respondê-la temos que pensar do ponto de vista científico, monista, e colocarmos de lado almas, espíritos, deuses e duendes: Os sentimentos (humanos) são produtos do processamento cerebral e ponto final[13]. A Mente e tudo mais que é sentido provem do cérebro e de nenhum outro lugar fora dele. Podemos então associar a cada tipo de sentimento, da fome ao amor, do orgulho ao sono, a ativação de determinadas regiões cerebrais e associar um número com o grau de ativação destas regiões. Um artigo do Marcelo Gleiser, “O Mapa dos Sentimentos” [5], fornece uma abordagem de como isto pode ser feito e medido. A força de um sentimento, seu grau de intensidade, seria proporcional ao grau de ativação, como, por exemplo, o fluxo sanguíneo e ou o consumo de oxigênio ou a freqüência de sinapses, das áreas cerebrais envolvidas naquele sentimento.    Poderemos perceber que, nesse nosso modelo neurológico, a freqüência das sinapses é fundamental para a medida da felicidade. Para percebermos isso basta fazermos um experimento mental simples: Se um organismo produz um milhão de sinapses em dois segundos para produzir um dado sentimento de intensidade “x”, então, se esta mesma quantidade de sinapses for produzida na metade do tempo (por 1 segundo), teríamos este sentimento com o dobro da intensidade, pois o que foi sentido em dois segundos estaria, agora, condensado na metade do tempo, em um segundo, o dobro da freqüência. Mas com essa taxa dobrada de sinapses, em dois segundos, teremos uma contribuição deste sentimento, ruim ou bom, em dobro para a felicidade. Desse estudo podemos concluir algo importante:    Em organismos dotados de sistema nervoso, a intensidade de um sentimento é proporcional à freqüência das sinapses e, como a felicidade é o sentimento ponderado pelo tempo, a felicidade seria, então, proporcional ao número total de sinapses das áreas cerebrais responsáveis por ele.        Entretanto, se considerarmos que todos os organismos de uma mesma espécie têm a mesma freqüência média de sinapses (para simplificar tomaremos essa hipótese neste texto), então, na comparação entre membros da mesma espécie, este dado ficará irrelevante.    A segunda questão é mais difícil: “É possível comparar sentimentos diferentes como, por exemplo, o amor e o sono? E como isso pode ser feito?” A resposta é: Sim é possível comparar sentimentos díspares como o orgulho e a fome, o amor e o sono ou o frio e a raiva e isso é verdade porque é basicamente isso que o cérebro faz todo o tempo. Essa é a essência de nosso “livre arbítrio”, a nossa capacidade de escolha. O cérebro recebe dezenas, talvez milhares de tipos de sinais por segundo de informações acerca do ambiente e do próprio corpo: fome, frio, sede, paixão, cansaço, raiva, sono, sensações táteis, de responsabilidade, de medo etc., e a partir destas entradas, e dependendo do grau da intensidade de cada uma, ele deve escolher a ação que deverá priorizar, quais sentimentos deverão ser respondidos prioritariamente e quais deverão ser contidos. Quando uma dada sensação é mais “forte” que outra ela toma privilégio na sua satisfação em relação à outra. Assim, por exemplo, se a fome é grande podemos deixar o sono de lado e buscar comida. O inverso é verdadeiro: Se a intensidade do sono for muito forte deixamos a fome de lado para dormir um pouco. Ou seja: o cérebro compara sentimentos distintos todo o tempo para fazer as escolhas que fazemos. Nos tópicos a seguir veremos como as sensações e sentimentos podem ser quantificados.        5.7-Genes: O “Denominador Comum”    A segunda parte da questão vem agora: “Como isso pode ser feito? Como podemos comparar matematicamente sentimentos tão distintos?”.    Para respondermos a estas questões, neste modelo, precisaremos, como sempre, utilizar a teoria da evolução. A moderna teoria da evolução, o neodarwinismo, é estudada pela biologia evolutiva e ela está centrada nos genes, em como os organismos evoluem e se adaptam para preservar seus genes. O cérebro de todos os animais, particularmente dos mamíferos, também é uma adaptação evolutiva. O Cérebro foi evolutivamente moldado para resolver problemas de “perpetuação genética” (maximização da sobrevivência dos genes no longo prazo). Podemos concluir que os sentimentos foram evoluídos no sentido de que, quando fossem satisfeitos, gerassem maiores benefícios aos genes do seu portador. Através do prazer, obtido pela satisfação dos sentimentos, induziria o organismo a preservar sua vida e seus genes. O sofrimento e a dor fariam o papel inverso: induziria o organismo a evitá-los, pois indicariam um perigo a sua vida e aos seus genes. Resumidamente: A busca pelo prazer e a fuga da dor está diretamente relacionada a atitudes gene-perpetuativas. Se a felicidade é a soma dos “prazeres” do organismo então os organismos também buscam, instintivamente, maximizar sua felicidade. Se os organismos buscam a felicidade, então nós poderemos concluir que as ações que o cérebro escolhe são aquelas que, ele presume, irão maximizar a sua felicidade.     O primeiro modelo jocaxiano de comparação de sentimentos distintos está no que jocax chama de conversão dos sinais a um padrão comum ou “denominador comum”: Seu valor gene-perpetuativo.    5.8-O Valor Gene Perpetuativo (“VGP”) e o Nível Gene Perpetuativo (“NGP”)    A função evolutiva do cérebro é resolver problemas de adaptabilidade ao ambiente para maximizar as possibilidades “gene-perpetuativas” de seus portadores. As respostas aos sinais internos e externos serão mais eficientes se passarem por um filtro cerebral capaz de avaliá-los. Se os sinais fossem respondidos instintivamente, diretamente e automaticamente, sem nenhum tipo de análise, as respostas aos sinais poderiam não ser boas. A inteligência faz com que as respostas aos problemas sejam mais eficientes. Assim, os sinais que entram em nosso cérebro podem ser respondidos de forma mais inteligente se passarem por uma pré-avaliação, isto é, se forem antes transformados em um denominador comum para serem comparados. Este “denominador comum”, que normaliza os sinais para serem comparados, é o que chamo de “Valor Gene Perpetuativo” (“VGP”). O “VGP” seria então o valor normalizado daquilo que sentimos: Os sinais que são processados em diferentes áreas cerebrais são transformados em seus respectivos “VGP”s para que possam ser comparados.    Segundo o modelo jocaxiano de sentir [7], o sinal entra no sistema nervoso e é analisado em relação à meta do organismo (basicamente a gene-perpetuação). É neste momento que a consciência toma conhecimento de sua existência. O momento que os sinais são transformados em seus respectivos “VGP”s é o momento que os sentimos de forma consciente. Então, o que sentimos é produto de um pré-processamento derivado dos sinais que recebemos e que já estão prontos para serem comparados. Se, por exemplo, escolhemos dormir ao invés de saciar nossa fome é porque, provavelmente, o “VGP” do sono (a intensidade do sentimento do sono), é maior, em valores absolutos, que o “VGP” da fome (a intensidade do sentimento da fome).    O Cérebro está constantemente avaliando o “Nível Gene-Perpetuativo” (NGP) do organismo que, basicamente, seria o seu potencial gene-perpetuativo, ou, definindo de forma recursiva: O Nível Gene-Perpetuativo de um organismo é a soma de suas chances de sobrevivência e reprodução juntamente com o “Nível Gene-Perpetuativo” de seus descendentes e parentes. Resumidamente: o NGP deve indicar o nível atual do potencial de sobrevivência dos genes do organismo, ou seja, sua capacidade gene-perpetuativa de longo prazo. Esse potencial de sobrevivência genético depende de inúmeros fatores como, por exemplo, os recursos para sua sobrevivência e de seus filhos, o número de filhos, a quantidade de parentes etc.    Utilizando estes dois conceitos afirmamos então que os sentimentos que, se não forem satisfeitos, acarretarem um decréscimo no “Nível Gene Perpetuativo” serão considerados sofrimentos, e terão seus valores “VGP”s negativos. Estes sentimentos, quando satisfeitos tenderão a normalizar o NGP a seu valor anterior. Assim, quanto mais o sentimento indicar uma perda do NGP (uma fuga da meta), tanto maior, em valores absolutos (mais negativos), serão seus “VGP”s, e isso tenderia a diminuir a felicidade do organismo.  Como exemplo de sentimentos que geram “VGP”s negativos, podemos citar a fome, a dor física, a sede, a raiva, o ciúmes etc.    Por outro lado, se a satisfação do sentimento implicar num aumento do NGP do organismo, mais prazeroso, em geral, será o sentimento. Neste caso, seu “VGP” será positivo e, portanto, este sentimento contribuirá positivamente para a felicidade. Podemos citar, como exemplos de sentimentos que geram “VGP”s positivos, o amor, a libido, e, principalmente, a satisfação dos sentimentos que geram sofrimento – os “sentimentos conjugados” - como, por exemplo, o saciar da sede (conjugado da sede), o saciar da fome (conjugado da fome) etc.    Um exemplo simples ajudará a elucidar estes conceitos (os valores são fictícios, apenas para fixar idéias): Suponha que o cérebro de um organismo avalia o seu NGP do momento em 100 Gp.  Em seguida começa a ter fome, que ainda não pode ser saciada. A fome indica uma necessidade corporal básica, que se não for satisfeita, pode, inclusive, levar à morte.  Essa fome faz com que o NGP do organismo caia de 100 Gp para 99,5 Gp. A queda do NGP indica uma perda de sua capacidade Gene-Perpetuativa e, portanto, o sentimento é de sofrimento, pois acarretou uma queda do NGP. Agora o organismo tem um NGP de 99,5 Gp, então busca alimento e encontra. Ao saciar a fome surge o prazer (o sentimento conjugado da fome). É um sentimento de prazer por que faz aumentar o NGP do organismo dos 99,5 Gp de volta aos 100 Gp anteriores.        É importante salientar que sentimentos que outrora, em nosso passado evolutivo, nos eram úteis, e que sua não satisfação pudesse indicar um desvio na meta do organismo – uma diminuição do NGP-, em nossa sociedade atual, podem não ter mais a mesma utilidade. Tais sentimentos podem estar obsoletos em muitas ocasiões em que podem surgir no mundo moderno, e serem até mesmo perigosos para a meta do organismo. Dessa forma a não satisfação destes sentimentos, embora possam gerar uma infelicidade no curto prazo, no longo prazo podem gerar mais felicidade. Se, por exemplo, somos acometidos de um sentimento de ódio, ou de ciúmes, entre outros, que em nosso passado evolutivo significava que, pelo bem de nossos genes, deveríamos prontamente saciá-lo, através de, por exemplo, uma agressão física, e que tal satisfação faria nossa felicidade de curto prazo aumentar, isso, hoje, não necessariamente permanece válido, muito pelo contrário, uma ação agressiva pode trazer muito mais infelicidade, no longo prazo, do que felicidade, mesmo que seu prazer conjugado nos alivie a angústia momentaneamente. O mesmo é válido para outros sentimentos nefastos como a vingança, a inveja etc. Alguém em sã consciência acharia que vale a pena passar 30 anos de sua vida numa prisão apenas por que resolveu satisfazer um sentimento de raiva que, talvez, durasse apenas alguns minutos? Os genes permitiram o controle racional de nossas ações sobre nossos instintos e sentimentos justamente para evitar tais arroubos nocivos e aumentar nossa capacidade “gene-perpetuativa”.        5.9-O Valor do Sentimento (VGP) e a Meta do Organismo    A Meta de qualquer organismo, evoluído darwinianamente, é sempre, e indefinidamente, aumentar seu NGP. O organismo é levado a aumentar seu NGP através de seus sentimentos. O sentimento é uma forma de indicar ao cérebro que alguma ação, ou conjunto de ações, precisam ser tomadas para que o sentimento seja satisfeito. Em termos evolutivos, a satisfação do sentimento deveria contribuir também para um aumento do NGP do organismo. Por exemplo, se existe o sentimento de fome ele deverá persistir até que o organismo execute ações no sentido de saciar esta fome (alimentar-se), e assim eliminar o sentimento. Enquanto o sentimento não for solucionado (saciado), dependendo do sentimento, ele poderá persistir e até aumentar (p.ex. a fome) ou diminuir (p.ex. a raiva). Se o sinal recebido significar um afastamento da meta do organismo (diminuição de seu NGP), o valor do sentimento associado a este sinal deverá ser negativo, indicando sofrimento (p.ex. a dor física). Quanto maior for a variação do NGP, indicado pelos sinais que chegam ao cérebro, maior, em valores absolutos, será o  VGP do sentimento. A morte de um filho é, provavelmente, a pior dor que um ser humano pode sofrer. A perda de um filho acarreta uma enorme diminuição do NGP do organismo já que um filho carrega 50% dos cromossomos do pai/mãe.    Conquanto possa ser fácil entender o valor de um sentimento, como a fome ou o sono, em relação à meta do organismo, como sendo uma forma de atender suas necessidades gene-perpetuativas, o mesmo não se pode dizer de sentimentos mais complexos como o orgulho ou a inveja. Como, por exemplo, entender a “inveja” e que valor, em relação à meta, ela deveria ter? Para elucidar o caso temos que entender os sentimentos como formas evolutivas do organismo responder ao ambiente físico e social em que ele está inserido.    O Valor de um sentimento, para seres da mesma espécie, pode ser medido, como vimos anteriormente, através de medidas do grau de excitação neural ou do consumo de oxigênio das regiões cerebrais responsáveis por este sentimento, Isto forneceria um VGP relativo àquela espécie. Entretanto, se formos comparar sentimentos para seres de espécies diferentes, como veremos adiante, deveremos usar valores absolutos para o VGP como, por exemplo, multiplicar a freqüência média das sinapses pela quantidade de neurônios envolvidos no processo. Além disso, podemos também avaliar um sentimento diretamente pela teoria neodarwinista, sem ter que passar por avaliação de medidas internas de atividade neural: Quanto mais importante for -para os genes do organismo- a solução de um sentimento, maior será o peso deste sentimento para a felicidade do organismo.    5.10-A Psicologia Evolutiva / Evolucionista / Evolucionária    O sentimento pode ser entendido como uma indicação de que uma ação deve ser feita para atender a meta do organismo.  A meta de toda espécie que evoluiu darwinianamente é a perpetuação genética, a busca continua pelo aumento de seu Nível Gene-Perpetuativo. A perpetuação genética, diferentemente do que muitos pensam, não é ter uma prole numerosa. Ter filhos é importante para o aumento do NGP, mas não é o único fator. Além disso, o fato de que compartilhamos genes com outros seres faz toda a diferença. Não é por outra razão que insetos sociais, como abelhas, formigas e cupins, evoluíram. Embora a maioria dos membros da colônia seja estéril, o alto compartilhamento genético entre seus membros faz com que o altruísmo seja alto. Então, em última instância, o sentimento é uma medida do afastamento ou aproximação do organismo em relação à preservação de seus genes, repito: genes estes que não estão apenas em seu corpo. O Cérebro avalia os sinais do ambiente, ou sinais internos, e verifica que, para sua maior preservação genética, ações devem ser tomadas em um dado sentido. A meta seria maximizar a quantidade de genes que seriam preservados pelo maior período possível de tempo. É fácil perceber que inúmeros fatores podem contribuir para o aumento do NGP. Entre estes fatores podemos citar: O poder, os bens Materiais, o status, Reconhecimento Social (uma forma de status), Conforto, Riqueza, Beleza, Saúde etc. Estes fatores são buscados porque auxiliam e aumentam as chances de perpetuação dos genes já que incrementariam também as chances de sobrevivência, de conquista de parceiros etc. Alguém sabe quais seriam as chances de um bisneto de um milionário morrer de fome?    A ciência que estuda o comportamento humano à luz da preservação dos genes é chamada de “Psicologia Evolutiva”. Como esta ciência é nova, seu nome ainda não está bem sedimentado e pode ser conhecida também como “Psicologia Evolucionista” ou então como “Psicologia Evolucionária”.        5.11-A Razão da Dúvida    Nós humanos, assim como qualquer outro animal, por vezes ficamos em dúvida em relação às escolhas que temos que fazer. Nem sempre nossas decisões são claras e seguras. Por que teríamos dúvidas se os sentimentos que são envolvidos nestas escolhas são tão díspares? Por exemplo: podemos ter dúvidas se vamos ao cinema ou ficamos em casa descansando, se tomamos um sorvete ou tentamos manter o peso, se compramos algo ou economizamos o dinheiro. Segundo nosso modelo, a dúvida é a evidência de que a avaliação de felicidade feita pelo cérebro, nas diferentes opções que lhe chegam, fornece uma previsão muito próxima. Assim, quando o cérebro faz a avaliação da felicidade, aglutinando para um único parâmetro os diferentes sentimentos envolvidos nas várias opções que temos e estes valores são próximos, deverá surgir a dúvida sobre qual escolha deveria ser feita, caso contrário a escolha é feita sem vacilo.    5.11-A Comparação entre Espécies    A comparação de felicidade entre indivíduos da mesma espécie é mais simples do que entre espécies diferentes, pois os cérebros de organismos da mesma espécie têm a mesma estrutura e os mesmos módulos neurais. Todos os cérebros humanos, por exemplo, possuem estruturas aptas para, dependendo das circunstâncias, sentir orgulho, empatia, amor, inveja etc., mas não podemos dizer o mesmo do cérebro de uma tartaruga. Numa mesma espécie a(s) região(ões) correspondente(s) a um dado sentimento, está(ão) localizado(s) na(s) mesma(s) região(ões) cerebrais. Mas isso pode mudar quando as espécies são distintas. Por exemplo, se quisermos comparar a felicidade entre um jacaré e um ser humano, precisaremos calcular o fator “sentimento” da FF, de forma absoluta nas duas espécies. Para isso deveremos lançar mão do conceito jocaxiano de sentir[7].    A FF nos diz que a felicidade é aditiva, isto é, a felicidade de cada ser deve ser somada à de outros para formar a felicidade do grupo todo. Mas a felicidade de cada ser depende da capacidade de sentir de cada cérebro individual. A capacidade de sentir de cada cérebro individual, por sua vez, deve depender da complexidade do cérebro, da freqüência média das sinapses e do número de neurônios que contém. Embora a quantização do sentir não esteja totalmente desenvolvida (vide “A consciência e o Sentir, segundo Jocax” [7]), podemos perceber que, pela definição jocaxiana de sentir, cada neurônio individual satisfaz as condições mínimas que um subsistema de “consciência-sentir” possui. No caso do neurônio, ele recebe sinais eletro químicos (sinapses) pelos seus dentritos (sinais de entrada) e analisa-os internamente antes de disparar, ou não, uma sinapse pelo seu axônio. Ele pode ou não disparar um sinal como resposta. Isso vai depender dos sinais que lhes chegam por seus dentritos e de sua meta interna (potencial de disparo). Assim, analisando a felicidade apenas pela soma do sentir de cada neurônio individual, e levando em consideração que temos mais de 100 bilhões de neurônios, podemos esperar que a capacidade de sentir de um cérebro humano seja milhões de vezes superior ao de, por exemplo, um inseto que deve ter apenas alguns milhares de neurônios. Mas este cálculo, embora nos de uma ordem de grandeza das comparações entre espécies, ainda é grosseiro, pois a capacidade cerebral pode ser maior que a simples soma de cada neurônio individual. O “design” das redes neurais, e suas interconexões internas, podem produzir uma complexidade bem maior do que a soma da complexidade de cada neurônio individual. Isso é fácil de perceber quando pensamos que um módulo do cérebro, uma sub-rede neural, pode servir a vários outros módulos sem necessidade de duplicação de tarefas e de subredes.    Acredito que se considerarmos a quantidade de sinapses do cérebro teremos uma medida mais precisa da capacidade de sentir já que estas sinapses refletem também a utilização dos módulos que são compartilhados. Neste caso, a capacidade de sentir de um cérebro com menos neurônios pode ser compensado com uma freqüência maior de sinapses. Contudo, como ainda não temos uma medida do sentir em função do nível de complexidade das conexões neurais, deveremos, para efeito de comparações de sentimentos, utilizarmos a quantidade de sinapses ou então o número bruto de neurônios envolvidos, no caso de as freqüências sinápticas dos cérebros serem próximas. Um exemplo numérico hipotético ajudará a esclarecer o assunto: Suponha que a área responsável pela dor de queimadura, no ser humano, envolva dois bilhões de sinapses por segundo, e que a área responsável por essa dor num rato envolva oito milhões de sinapses por segundo (250 vezes menos). Então, por esta estimativa, um ser humano sofreria 250 vezes mais que um rato pela dor de queimadura numa área de mesma proporção. No caso de a média das freqüências sinápticas por neurônio serem próximas, poderíamos utilizar o numero de neurônios envolvidos, já que contar neurônios é bem mais simples do que contar sinapses.        5.12-Efeitos Culturais    Muitos leitores irão, com certa razão, perguntar onde a influência da cultura entra nessa história toda. Primeiro, devemos lembrar que os sentimentos são instintos em seu significado amplo: Algoritmos mentais passados de geração a geração através dos genes. A cultura de longo prazo pode afetar a pressão seletiva com que um povo é submetido alterando, dessa forma, a freqüência gênica desse povo. Por outro lado, culturas que vão contra o imperativo genético de seus organismos não sobrevivem por muitas gerações, são modismos. Tais culturas, anti-genéticas, não são “evolutivamente estáveis”. “Evolutivamente Estável” é uma expressão cunhada por Maynard Smith, um cientista pioneiro no estudo da influência dos genes no nosso comportamento, indicando que, no longo prazo, se algo não é evolutivamente estável, tende a desaparecer. De qualquer modo, se quisermos saber a influência da cultura na felicidade, deveremos lembrar que os sentimentos são disparados de acordo com os sinais recebidos, internamente ou externamente, e então são analisados de acordo com a nossa meta interna e assim teremos a chave para a resposta. A meta interna de todo organismo que evoluiu darwinianamente é a perpetuação genética. Mas a perpetuação genética é conseguida por uma miríade de formas e maneiras. Algumas destas formas podem ser modeladas pela cultura local e até mesmo por modismos passageiros. Explico: Suponha, por exemplo, que por influência de um modismo qualquer, como andar com um determinado corte de cabelo, ou ostentar um tacape com “aquela” madeira, seja considerado “fashion”, algo legal, da moda. Isso significa que nessa cultura local conseguir este objetivo fará com que seu portador seja considerado, no mínimo: 1-Capaz de “pagar” por um corte ou objeto como este, e, portanto, com certa capacidade extra de sobrevivência. 2- Um indivíduo social, observador, não alienado, “plugado” nos acontecimentos de seu mundo local. 3- Alguém que quer participar e ser bem quisto por seu grupo e estar integrado à sua sociedade. Isso faz com que, independente da época ou de qual seja o modismo, os sentimentos de busca por status, sejam ativados, já que tais atributos tendem a ser benéficos ao seu portador. O objeto do desejo pode mudar conforme a época e a cultura local, desde um tacape forrado com pele de cobra naja até um moderno celular com câmera digital, mas os sentimentos e os motivos genéticos associados a essa cultura permanecem os mesmos.    Podemos então concluir que a meta interna do organismo pode ser modulada pela meta cultural.  Se a meta cultural não for “evolutivamente estável”, a tendência é que não dure muito tempo em termos de cultura de longo prazo e, mais do que isso, se a meta for contra o imperativo “gene-perpetuativo” do organismo, ela deverá também contribuir para uma queda na felicidade média de seu povo antes de, finalmente, desaparecer.    Acredito que seja este o caso do modismo que eu denominei “vm2f” (“vírus-meme-dos-dois-filhos”). O “vm2f” faz com que seu portador, independentemente da renda do casal, não queira, sob hipótese alguma,  ter mais do que dois filhos. Ter mais que dois filhos, segundo esse modismo, é considerado algo ultrapassado, arcaico, obsoleto, fora de moda, “coisa de pobre”, de pessoas sem cultura. Tal modismo, além de não ser evolutivamente estável, já que induz a uma taxa de natalidade abaixo da taxa de reposição (2,1 filhos por casal), induz a uma perda de felicidade. Afirmo que uma pesquisa estatística pode mostrar que a felicidade da família cai com a queda do número de filhos do casal, como evidenciam as estatísticas relacionando divórcio e número de filhos[9]. Para quem está preocupado, e com razão, com a explosão populacional, sugiro a leitura de “O genismo e o Controle de Natalidade”[8]    5.13-Felicidade Futura    A Integral da felicidade pode ser calculada também no futuro. Isso é importante para podermos avaliar o resultado de uma possível ação em termos de felicidade. Na verdade, nosso cérebro faz isso o tempo todo. Quando deixamos de ir à praia, por exemplo, e com isso também de obter um aumento imediato em nossa felicidade para, ao invés disso, passarmos a tarde estudando para a prova de vestibular, estamos fazendo uma avaliação futura de nossa felicidade: Nessa nossa avaliação, pensamos que entrar numa boa faculdade nos ajudará a conseguir um bom emprego que, por sua vez, nos garantirá uma dose de felicidade muito maior do que aquela que a primeira opção, de curto prazo, nos daria: de ir à praia nos divertir, não estudar e, com maior probabilidade, obter um emprego ruim para o resto da vida.    A rigor, deveríamos utilizar a probabilidade de um evento “e” ocorrer multiplicado pelo seu valor associado se quisermos estimar o valor médio relativo àquele evento. Assim, para estimarmos a felicidade média associada a um evento (e) no futuro usamos: Felicidade(e) = Integral{Probabilidade(t,e)*sentimento(t,e)}dt. Dessa forma, a avaliação da felicidade futura fica mais correta. No caso do nosso exemplo, de estudarmos ou irmos à praia, deveríamos considerar também que, se nossa chance de passar na faculdade for quase zero, mesmo que estudássemos muito, não valeria a pena perder aquela tarde de Sol, e assim poderíamos decidir, talvez sabiamente, neste caso, ir à praia.      A expectativa de felicidade futura, na forma de esperança, também é uma forma de prazer que influi na felicidade de curto prazo. A expectativa de um prazer no futuro mesmo que na prática seja totalmente irrealizável, pode fazer-nos sentir como se estivéssemos no caminho de nossa meta interna e assim agüentarmos com mais firmeza as agruras que temos que passar para consegui-la. Essa estratégia, de apelar para uma esperança (que na verdade tem probabilidade zero), é amplamente utilizada pelas religiões para conseguir a obediência de seus fiéis e, claro, também seus dízimos.    5.14 O Problema da Morte    Muitos temem a morte, horrorizam a morte, mas não entendem a morte.  Se lhes perguntássemos “Qual o problema da morte?”, obteríamos muitas respostas, mas dificilmente a resposta mais correta. O problema da morte não está na dor que ela causa ao ser que está morrendo. Muitas pessoas morrem sem dor e outras têm as maiores dores possíveis sem no entanto morrer.  O problema da morte não está no medo do desconhecido, para onde “vamos” após a morte, pois a maioria das pessoas tem alguma religião que lhes prometem um lugar confortável no além e mesmo assim temem a morte. Uma abordagem evolutiva, dizendo que tememos a morte porque os que não temiam morreram sem deixar estes genes corajosos às próximas gerações, é válida, mas ainda assim não diz tudo. O principal problema da morte é a felicidade *deixada* de ser sentida. A partir do momento que morremos a nossa contribuição pessoal de felicidade é zero. Sem o “sentir” não há felicidade. Por esta razão ficamos mais indignados quando um jovem morre do que um idoso. Se a felicidade média de um ser humano, que dura, por exemplo, 80 anos, for de 100 Jx, uma criança que viveu apenas 10 Jx de felicidade deixaria de usufruir uma felicidade, dependendo de sua idade, de 70 Jx, enquanto que um idoso deixaria de usufruir, dependendo de sua idade, por exemplo, apenas 5 Jx de felicidade. A perda de felicidade de uma criança, neste exemplo, é, portanto, 14 vezes maior que a de um idoso. Assim, o problema principal da morte é a felicidade deixa de ser sentida.    5.15-A Felicidade e os Genes    Nessa nossa análise pragmática, pudemos deduzir que os sentimentos estão intrinsecamente relacionados ao passado evolutivo dos organismos. Como os organismos são produtos da seleção natural, e a seleção natural preserva os genes e não os organismos, nós concluímos que os sentimentos estão diretamente relacionados às ações que dirigiam o organismo na sua busca (instintiva) pela sua perpetuação genética.     Entretanto, a felicidade, na sua definição, é um conceito que independe da estrutura física do organismo. A ligação da felicidade aos genes é decorrente da evolução darwiniana dos sentimentos e não uma propriedade intrínseca da felicidade. São possíveis situações em que existe aumento de felicidade em detrimento da perpetuação genética e também o oposto. Isto pode ocorrer em situações muito peculiares e artificiais. Por exemplo, suponha que se invente uma máquina “matrixiana de felicidade” em que o individuo possa ser “plugado” nela, através de, por exemplo, eletrodos em regiões de prazer de seu cérebro. E a máquina se incumbiria de maximizar a felicidade do organismo sem que ele precisasse mover um único músculo. Ele poderia estar ligado a tubos de alimentação e passar assim o resto da vida sendo alimentado e viver no seu paraíso particular e ilusório. Perceba que, neste exemplo, maximizamos a felicidade do indivíduo em prejuízo de sua gene-perpetuação, já que do ponto de vista dos seus genes esta situação e a morte seriam similares.  Se você leitor, fosse convidado a entrar nesta máquina “matrixiana de felicidade”, e viver o resto da vida neste paraíso ilusório, você aceitaria?    5.16-Validação do Modelo    Este modelo, de como o cérebro compara sentimentos para poder tomar decisões, precisará ser validado empiricamente, e se não corresponder à realidade do sistema neural, deverá ser modificado e substituído. Entretanto, qualquer que seja o modelo, isso não muda o conceito da FF, pois o fato é que o cérebro precisa, necessariamente, avaliar e comparar os diferentes tipos de sentimentos que são percebidos para que possa tomar suas decisões. A principal função do cérebro é a de fazer escolhas e as escolhas são feitas a partir do que é sentido.        6- A “Meta-Ética-Científica” (MEC)    A Meta-Ética-Científica (MEC) é a união de uma extensão do Utilitarismo clássico com a fórmula jocaxiana de felicidade (FF). O único postulado da MEC é:    “A ação mais justa e mais ética é aquela que fornece o maior aumento na felicidade dos seres sencientes quando avaliada pelo maior período de tempo possível”.        A avaliação ideal de uma dada ação seria, portanto, aquela que levaria em consideração as conseqüências desta ação sobre a felicidade de todos os seres capazes de sentir de todo o Universo e, além disso, que esta avaliação considerasse o maior período de tempo possível.      Claro que ainda não temos meios de avaliar as conseqüências de uma ação iniciada aqui na Terra para eventuais seres fora dela. Entretanto, deveremos sempre fazer a avaliação da felicidade da forma mais abrangente possível, de modo a abarcar o maior número de seres possíveis. Assim, no espaço: É mais justo considerar a felicidade do planeta todo do que a felicidade de apenas um país, melhor considerar a felicidade de um país do que apenas a de uma cidade, melhor considerar a felicidade de uma cidade do que a de um bairro e assim por diante. No tempo: É mais justo considerar a felicidade durante um século do que durante um ano, melhor considerar a felicidade durante um ano do que a felicidade durante um mês, mais válido o cálculo da felicidade durante um mês que no período de um dia, e melhor de um dia do que a de um segundo, e assim por diante. Dos organismos sencientes: É mais justo considerar a felicidade de todos os seres do que apenas dos mamíferos, é mais correto considerar a felicidade dos mamíferos do que apenas dos humanos, entretanto, é mais correto considerar a felicidade de todos os humanos do que apenas um subconjunto deles, e assim por diante.        6.1-O Direito dos Bichos    Podemos nos perguntar o “porque” de considerarmos a felicidade de todos os seres capazes de sentir e não nos restringir apenas aos seres humanos. Se a MEC vai ter implicações na justiça e no direito, um rato deveria ter tanto direito quanto um ser humano? Deveríamos ser punidos por matarmos uma barata?    A razão de considerarmos a felicidade de todos os seres capazes de sentir não é outra se não a de que este é o postulado da MEC. A MEC foi definida dessa forma, é um princípio fundamental. Entretanto, não precisaria ser assim, poderíamos ser egoístas e considerarmos a maximização da felicidade de nossa própria espécie. Mas, claro, que se um dia topássemos com seres alienígenas e inteligentes teríamos problemas. Deveríamos permanecer em nosso “egoísmo especista” para tratá-los como seres sem direitos? E se eles resolvessem fazer o mesmo conosco? Poderíamos alegar o que? E se fossemos muito menos inteligentes que eles? Será que acharíamos justo que nós também fossemos tratados como nós tratamos nosso próprio gado? Confinados em guetos para posteriormente sermos abatidos e comidos? Teríamos alguma moral para reclamar um tratamento mais digno?    Conquanto a felicidade de seres de outras espécies deva ser considerada na MEC, não podemos dizer, entretanto, que seres de espécies diferentes devam ter os mesmos direitos. Isto por dois motivos: 1- A capacidade de sentir de seres de espécies diferentes são, em geral, também diferentes e 2- As conseqüências na FF de espécies com maior inteligência, num prazo muito longo, são devastadoras para a felicidade total. Vamos analisar a questão 1 através de um exemplo hipotético de felicidade: A felicidade da barata.    6.2-A Felicidade da Barata    Para entendermos como a capacidade de sentir pode ser determinante sobre o direito, segundo a MEC, vamos fazer um esboço de cálculo da felicidade numa situação hipotética. Consideremos uma dona de casa que tenha horror a baratas e, de repente, aparece uma barata em sua cozinha. Para simplificar não iremos considerar que tais insetos possam carregar germes de doenças e trazer ainda mais infelicidade do que o nojo (ou medo) que causa à medrosa dona de casa. Vamos considerar então o simples asco da dona de casa em relação ao inseto e medir a felicidade no caso da dona de casa não matar a barata e no caso dela matá-la. Vamos utilizar os conceitos da medida de felicidade em relação a outras espécies vista no item 5.11 (“A Comparação entre espécies”) onde deveríamos utilizar a freqüência de sinapses, ou para simplificar ainda mais, o número de neurônios envolvidos no sentimento, para o cálculo da felicidade.    Vamos simplificar bastante o cálculo e supor que o grau médio de felicidade de cada neurônio (número médio de sinapses) tanto do ser humano como o da barata seja o mesmo. Vamos supor que o grau médio de felicidade de um ser humano, com 100 bilhões de neurônios, que viva 80 anos, seja de 100 Jx. Como conseqüência, a felicidade média, por segundo, de um único neurônio será de 4E-19 (=0,0000000000000000004) Jx/s. Se uma barata tem um tempo de vida de 100 dias e possui 1000 neurônios, sua felicidade média será de 1000*100*24*60*60*4.0E-19 Jx = 3E-9 (=0,000000003) Jx. Suponha agora que o nojo da dona de casa em relação à barata, seja o oposto ao de sua felicidade média(= -4.0E-8 Jx/s). Assim, em apenas um único minuto na presença da barata, a felicidade da dona de casa decairia de 2E-6 Jx o que seria equivalente à felicidade da vida inteira de 792 baratas! Ou seja, um minuto de nojo humano por baratas não compensa a felicidade da vida da barata, e, neste caso, a morte da barata estaria plenamente justificada. Alguém conhece alguma outra forma científica de justificar a condenação de uma barata à morte por chineladas? J    6.3-A Influência da Inteligência    Dissemos, anteriormente, que nem todas as espécies deveriam ter os mesmos direitos porque a inteligência pode fazer toda a diferença na felicidade global a muito longo prazo, e até mesmo no curto prazo. Suponha que dois organismos de duas espécies diferentes tenham a mesma capacidade de sentir e os mesmos tipos de sentimentos. Considere que uma destas esp

    #85300
    OpiniaoBS
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    Ninguém se manifestou ?Achei interessante a sua cuidadosa dedicação na tentativa dessa Grande Teoria Unificada Humana.(GTUH).Não li inteiramente, mas deveria, pois vários pontos parecem inspiradores e indicadores de quais formas e modos toma o nosso anseio pelo conhecimento.No entanto faço um questionamento (pedindo esclarecimento), para evitar que um graal autêntico se perca numa busca em direção a um objeto utópico.Quanto à FF (formula da felicidade), faço tentativas de consideração (espero que pessoas mais inteligentes ou aparelhadas que eu, captem o sentido que tento e consigam melhor formulação e eventualmente desenvolvimento).Tentativas de indicação (de apontar, tentando dizer uma coisa de vários modos):O valor estimado (atribuído) para o sentimento prazer/dor é dependente do tempo. Isto é, o sujeito, ao se transformar pelo aprendizado, avalia e sente diferentemente conforme seu estado/estágio.Sendo a busca da felicidade um processo transformativo, a felicidade melhor sempre se coloca no futuro, onde uma maior integração promove e é promovida por uma conciência maior, e portanto fica a pergunta: como poderia o valor (quantidade prazer/dor) de um sentimento ser traduzido validamente ?- Tendo chegado a um grau de auto-conhecimento, o sujeito chega a perceber que a felicidade melhor está a sua frente (um devir) e que seus sentimentos de sua condição atual, no que diz respeito ao sinal positivo ou negativo que teriam na sua avaloração pelo critério dor/prazer, não correspondem ao valor que eles deveriam ter para sua felicidade maior, no seu horizonte de felicidade possível concebida mas ainda não estabilizada ou realizada.Em tempos diferentes, o mesmo sentimento pode ter sinais opostos, ou seja, independentemente de serem prazerosos ou dolorosos num instante podem ser percebidos como de valor oposto no que tange à perspectiva de obter uma felicidade mais evoluida.Acho que não consegui...============================================Talvez fosse melhor dizer:- Creio que embora seja difícil (e põe difícil nisso!) fugir do binômio prazer/dor que se associa ao par atração/repulsão, o critério correto para a felicidade seja a consciência.- A correspondência que existe entre felicidade e 'grau de consciência' é suficiente e bastante, e prescinde do critério dor/prazer que são relativos.- A consciência a que me refiro é aquela que se amplia ao haver a integração (superação) de dualidades. É aquela que possuímos mas também se torna impessoal, aquela que, mesmo disassociada e despida de valores subjetivos e de personalidade, ainda assim testemunha, e é capaz de perceber-se existente em tudo e sendo da mesma natureza...A ética não poderá ser formulada nos moldes do discurso filosófico. Por um lado, a forma estável, canônica em modo, não se amolda a necessidade do leitor, e por outro, a forma dinâmica e com potência de orientação transformadora é relativamente indefinida, no sentido em que necessita de um intérprete e portanto não atinge a objetividade pretendida numa teoria.Portanto a ética é contruída e constituida pelo próprio sujeito, concordante a este projeto de promover a transformação da pessoa em direção a obtenção de uma forma ampliada de consciência que seja cada vez mais integrada, posto que ulteriormente una e única em essência (OK, admito que está posto postularmente, mas afinal, de que outro modo fazer se a experiência não está/é compartilhada/compartilhável ?).Enfim, não consegui, ou não se consegue nada de definitivo...== Enfim, é muito blá, blá, blá, e não se convence forçosamente a alguém, que não queira ou que não esteja 'no ponto'... (capacitado por suas próprias conclusões, conclusivas, sintéticas, i.e., o resumo para a ação sobre si)Em outras palavras: a proposta de uma meta-ética deve ser extremamente sucinta e seria sintetizada na seguinte formulação: Obediência e orientação segundo a auto-sinceridade de um amor à verdade incondicional, e maior que o amor a um si anterior que o Si mesmo. Isto resultaria que em reconhecimento da nossa finitude corporal (limite e morte) e da desconhecida origem da nossa consciência (epifenômeno da matéria, ou não?), seguíssemos os ensinamentos dos sábios e preferíssemos a consciência em lugar da matéria.(Meu posicionamento e minhas formulações decorrem do fato de eu estar convencido intelectualmente de que: Embora matéria e consciência se afetem mutuamente (cérebro), a causalidade está estabelecida erroneamente no/pelo pensamento científico. Afirmo isso ao observar os problemas e paradoxos que ficaram de lado já há algum tempo, irresolvidos, na física quântica. E este fato está relacionado a que o paradigma materialista que orienta a ciência esteja comprometido ideológicamente).Enfim, no que creio:Digamos que em termos místicos, a possibilidade da evolução (no domínio esotérido) esteja posta como: "Há uma origem e um destino e a centelha divina no homem é o indício arqueológico (e o fio de ariadne a ser conhecido) do cumprimento da promessa ou pacto em que o homem, criado à imagem e semelhança de Deus, tem em si mesmo o caminho para Deus (via consciência da universalidade da consciência), sentido em que o auto-conhecimento leva ao conhecimento de Deus.P.S.: Desculpe se ficou fora-de-tópico. É que ao tentar dialogar com o tópico, ao final me vi envolvido e confrontado com um corpo gigante de idéias que no final achei que não valesse a pena (ou que eu não estivesse capacitado dentro dos cânones filosóficos) se envolver com, uma vez que há solução mais econômica.Alguns podem dizer que o fórum é tantas vezes usado para apenas extravasar e exibir as auto-importantes opiniões pessoais desrespeitando tópicos, mudando focos e interpretações, resultando em ofensividades personalísticas, e etc..., e embora isso se aplique, prá mim o valor do fórum é mais de co-autoria, co-inspiração e porisso eu aqui deixo como intenção a possibilidade de que alguém se inspire e eventualmente ache modo mais formais, canônicos e adequados à expansão e disseminação desta idéia.

    #85301
    OpiniaoBS
    Membro

    Um retrato da mentalidade, dos paradigmas, referenciais e anseios em que estamos imersos atualmente.Embora muitas considerações nos sirvam de inspiração e lembrança e nos remeta a outras considerações e nos lembrem de aspectos que antes a nós eram pontos cegos, e possamos observar e entender o modus operandi de uma mentalidade, ao final, a direção e as conclusões estão erradas. Senão em seus sentidos estritos, ao menos em sua utilidade a direcionar o entendimento para o crescimento do indivíduo, sua realização em direção à consciência. Assim, poderia se dizer: está tudo errado.Tudo bem formado, encadeamentos consequentes, etc. Mas sobre bases erradas e com intenções distorcidas não se chega ao correto. Mero exercício. Ressalvas apenas para uma aplicação específica, alheia à meta Humana de conhecimento, talvez uma aplicação análoga às aplicações tecnológicas, válidas no campo da vida material das pessoas.A felicidade não deveria aprioristicamente ser correlacionada ao sentimento, mas à consciência. A realização do ser.Bases e intenções erradas.Bases:Teria que haver uma inversão ideológica. O realismo materialista não é a realidade. A opção por esta abordagem é fundamentada por ideologia, ou para os sinceros, por uma contaminação ideológica.Referência 1,  para esta afirmação: A consciência não é epifenômeno da matéria. Embora a neurofisiologia do cerebro esteja relacionada aos estados da mente e ambos se afetem mutuamente, a relação de causalidade não poderá ser definida corretamente até que outras variáveis sejam consideradas. Em outras palavras: enquanto outras questões não sejam consideradas, a observação apenas dos fenômenos admitidos deixará uma lacuna aberta, o espaço, o vazio onde é feita a opção arbritrária pela explicação materialista. Enquanto o problema do observador e da medição quântica permanecer ignorado, posto de lado, intratado, irresolvido, esta brecha permanecerá aberta.Referência 2: A inversão Kantiana não recebeu a devida consideração. O que se instaurou foi a via da física clássica, por sua promessa de ganhos mais rápidos em tecnologia utilizada para obter poder.Intenções:A preferência pelo determinismo é pelo poder que ele promete. De outro modo estaríamos à mercê do imponderável.Pergunto: Que aplicações teríamos fora do espaço-tempo ? Já sabemos que o caminho para o cerne da realidade se encontra no campo quântico imanifesto. Mas como nos aproximar deste conhecimento, por quê não o fazemos ? Como nos voltar para o Norte se estamos voltados para o sul e ignoramos o magnetismo e tampouco somos sensíveis, responsivos a ele ? Qual o interesse de explorar esta área que não fosse só e unicamente o desenvolvimento do Homem ? O único ganho para o mundo sensível seria talvez uma nova ética. E esta ética não seria concentradora de poder.Traumatizado pelo mau uso da religião, mal direcionado pela psicologia inconscientemente contaminada ideologicamente, relutante em admitir sua pequenez e sua dependência de um imponderável maior, desejoso de uma autosuficiência absoluta, o homem se impede de reconhecer o aspecto da natureza da realidade (e de si) que o levaria forçosamente a uma submissão a aquilo que só consegue perceber como imponderável ameaçador, e não como alguns já disseram, de amor.


    Ou seja, mesmo que o texto possa ser útil, é possível ver, enquanto se o lê, a atuação e a ocorrência da mentalidade que tentei apontar. É possivel citar trechos e descrever essa operação, mas deixo isso para aqueles que estiverem interessados e que foram capazes de captar e que desejem aumentar a compreenssão deste fenômeno tão imiscuido que pervade nossas produções. Como um vírus hipnótico de alto poder gravitacional.

    #85302
    OpiniaoBS
    Membro

    No post anterior eu indiquei o nó que não se quer desatar na física quântica.Esqueci de citar também o nó do darwinismo. Este, muito mais fácil. Basta pesquisar quais as questões que já foram apontadas e que mesmo sendo qestionamentos críticos plenamente razoáveis, nunca foram tratadas com a devida dedicação. Simplesmente pelas consequências destrutivas que teriam. (Para aqueles que querem se defender por trás de rótulos e 'denominações', o erro permanece no neodarwinismo também). O que quero dizer é que o problema não está confinado em rótulos, mas perpassa-os.O tratamento que recebem os questionadores (não deveriam eles ser benvindos? Colaboradores! ) é o que se pode ver. Ostracismo, rejeição, ataques à personalidade, desqualificações mal-intencionadas, rótulos e queimações de bruxas.Ou seja, acreditar que a ciência de fato esteja comprometida com a verdade é como acreditar em contos da carochinha. ideologia

    #85303
    OpiniaoBS
    Membro

    Dizem que querem evidências, mas quando se lhes são apontadas, recusam-se a examina-las. (Claro, alguns, examinaram intimamente, mas não publicamente. Outros, apenas foram incapazes de ver.)

    #85304
    mass
    Membro

    Só vi agora o post, mas vou precisar de um tempo pra digerir tudo isso.Li só detalhes, mas aquela comparação de felicidade da barata foi fascinante. Nunca tinha pensado em medir joules cerebrais para justificar uma ação :DParabéns jocax e opiniaoBS, quando tiver um tempo de ler responderei.

    #85305
    OpiniaoBS
    Membro

    Em vários momentos tem colocações justas, nas quais não detectei nenhum problema. Então quanto a essas partes eu poderia dizer que minha crítica não se aplica, ou que foi muito dura.Agora, friamente, olhemos este ponto, Jocax (grifos meus):"”Se entendermos a felicidade momentânea como um estado mental de prazer, e a felicidade, de modo geral, como um somatório destes estados ponderados pelo tempo, poderemos, a priori, quantificar a felicidade desde que possamos medir o estado mental de prazer num dado instante..."A minha pergunta seria: Qual a forma válida de ponderação pelo tempo que seria possível se considerássemos que, apresentando a essência humana uma tendência à evolução, seus estados mentais não seriam estáticos no tempo, e ainda, diante da possibilidade de que, sob um estado mental diferente em outro momento não fosse coerente, em escala de valor (numérico), com a quantificação (avaloração de felicidade) seguindo os mesmos critérios, 1) de significação de prazer (triggers de sentimento de prazer) e 2) o prazer não fosse mais valido para quantificar o sentimento de felicidade ?Em outras palavras, a sua abordagem falha ao considerar o homem algo estático.

    #85306
    OpiniaoBS
    Membro

    Ok. Cheguei ao item 5.9 e vi alguns dos meus questionamentos cabivelmente refutados.Então só posso dizer que a orientação dada pela perpetuação genética é sem valor. Digamos (não quero me estender agora) que quando a matéria evolui em direção contrária ao espírito não houve ganho genético de fato. Ou em palavras menos arriscadas, e mais sucintas: O homem não existe para crescer em direção à carne. (A bifurcação fundamental do arbítrio)Eu sei que você afastou essa idéia de alma, espirito, Deus e todo esse blá blá blá de significado e interpretação tão contaminados. Mas o que digo é que 1) esses termos foram descartados em nome de uma simplificação feita a fim de conseguir estabelecer e continuar o desenvolvimento da teoria, ao invés de simplesmente abandoná-la e buscar bases sólidas consonantes com evidências já expostas e não teorizadas e não incorporada ao main-stream. E não falo de pseudo-ciência do besteirol corrupto tipo New Age. São bugs que surgiram e estão nas fronteiras do mundo acadêmico agora. Mas entendo a frustração de não poder contruir uma teoria...E não adianta eu colocar isso, pois o debate continuaria... eu tenho evidências e blá blá e toda a possibilidade dialética em aberto continuaria. 2) esses termos não significam nada, mas também não são imaginações. Eles apontam para realidades que 1) podem ser experimentadas por algumas pessoas que se dedicaram nessa direção e 2) Existem correlatos a eles tanto na física quântica quanto na biologia evolutiva. Basta querer para abrir uma GRANDE indagação nesta àrea. Só que são uma caixa de pandora, bombas para a ideologia realista materialista.Ninguém pode afirmar o dualismo ou o monismo. Quando se chega a uma ou outra conclusão é por causa de uma visada, uma abordagem e é por causa de um tempo, um momento e é por causa do estado e momento do observador.O fato é que a realidade é dualista e monista simultaneamente. Essência, manifestação, transcendência, imanência, númeno, fenômeno. O real é material e imaterial. O Real não é material. Enfim, existe aí uma escolha arbritrária entre o ovo e a galinha. A questão da hierarquia colocada na causalidade. Enfim, é meio inescapável e compreensível se ainda estamos tão condicionados pelo espaço-tempo. (Nossa consciência não testemunhou ainda a dimensão fora do espaço-tempo). Prá você isso soa como blá blá blá, mas imagine se uma pessoa puder imaginar uma dimensão desse tipo ? (não estou falando de mundo dos espíritos não). Mas uma dimensão testemunhável pela consciência humana, de um tipo (análogo ou o próprio) como a realidade indicada pelo campo quântico que está já sob consideração e teorizada pelos físicos.Que ingenuidade e gula há em considerar que Sentimento (S) e tempo (T) em S(1) + S(2) = Felicidade.Prá quem sabe, vivemos de fato só no agora (Coração cheio. Amor incondicionado e condicional, sem dependências, Consciência Una). Claro, são categorias que não se prestam nem se entregam a várias coisas...Coisas sem valor dentro do referencial aposto.Se houvesse um valor de uma felicidade resultante, isso seria só um número sem qualquer correlação com o significado (felicidade?!)  da Consciência no instante e na eternidade.Pena que as ciências humanas não sejam tão rigorosas ainda. Seria ótimo se se desse a mesma seriedade ao abordar o homem, que se dá ao construir uma ponte. Aceitando os ajustes necessários.

    #85307
    OpiniaoBS
    Membro

    Histórias da carochinhaO cérebro avalia o NGP em 99,5 por causa da fome. O organismo quer comer.O sujeito descobre que vai morrer em 5 minutos.Certamente ele não iria ao restaurante.Já que os genes são tão cheios de desígnios próprios...Se um gene descobrisse que sua contribuição para o organismo fosse involutiva, ele buscaria a sua perpetuação ou sua destruição ? (Já que foi o cérebro que avaliou o NGP o gene também pode ter parte nisso, né ?)As formigas não temem morrer em nome do formigueiro.O "gene" da auto-preservação então teria que buscar sua auto-destruição para ser considerado evolutivo. Mas tudo bem, vamos continuar olhando com o "olho de carne"...

    #85308
    OpiniaoBS
    Membro

    Item 5.10Gostei da idéia de altruismo e preservação de genes em comum, da espécie, fora do corpo do indivíduo.


    Por que o homem não consegue isto ? (Será que a resposta padrão a isso seria uma procrastinação ?. "Estamos em evolução, isso é uma questão de tempo genético", ou "O arbítrio é determinado geneticamente." Não! O espaço para a escolha evolutiva existe, contrariando o determinismo, na/pela consciência. É uma avaliação ou reflexão disponível, não um impulso reflexo)


    Mas depois, a argumentação volta-se ao individual e não ao coletivo, citando: "Alguém sabe quais seriam as chances de um bisneto de um milionário morrer de fome?"E que tal morrer assassinado por seu próprio irmão de espécie ?


    Enfim, a encrenca é dada pela verosimelhança do falso. Uma mistura e alternância entre verdade, mentira, verdade, mentira, articulados à gosto.

    #85309
    OpiniaoBS
    Membro

    Savants e meditadores apresentam baixa atividade cerebral.Uns demonstram acesso a altas capacidades ou conhecimento e os outros se consideram muito felizes.

    #85310
    OpiniaoBS
    Membro

    Bem, andei pesquisando os posts de Jocax.Na minha opinião ele é muito bem capacitado para lidar com idéias dentro do campo escolhido por ele.Uma indicação (pelo menos na forma e no conceito) foi sua idéia de nada.É boa. Mas não lhe serviu.A minha priorização é que o pensar deve servir à pessoa e não a pessoa ao pensar.Os pontos mais problemáticos já foram considerados a contento.

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