Filosofia Moderna: crises e retrocessos

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  • #74393

    Sr, Onofre,

    Necessito urgente de o máximo de informações sobre o RACIONALISMO E O EMPIRISMO.
    O Senhor, pode me ajudar??????

    #74394

    Sim.

    #74395

    Você pode começar dando uma pesquisada nos textos sobre Hume, Descartes Leibniz e Locke aqui no site. Em seguida, vá até o google ( http://www.google.com.br ) configure para pesquisar apenar páginas em português e procure algumas palavras-chave, como empirismo, racionalismo e os autores acima mencionados. Talvez tudo o que tenha na web em português seja pouco ainda, então você pode pesquisar nas Histórias da Filosofia ( ver a sugestão de livros para iniciantes na página inicial ). Depois disso, certamente você estará ambientada para entender a questão, que é complexa. Primeiro, alguns, a maioria, situam o racionalismo ao empirismo como correntes opostas. Outros defendem que os empiristas seriam racionalistas, como uma ramificação.

    A concepção básica é a seguinte. O racionalista é aquele que privilegia a razão dentre as faculdades humanas no processo de conhecimento. Isso, primeiramente, quer dizer que ele acredita que o racionalista é capaz de conhecer. O empirista pensa diferente. As primeiras seções da Investigação Sobre o Entendimento Humano do sr. Hume nos coloca uma questão e demonstra a sua negatividade, chegando mesmo às raias de um ceticismo ( o cético é aquele que diz não ser possível conhecer). O sr. Hume nos pergunta, eu dizia, o que nos leva a supor o futuro conforme o passado. Ele argumenta que não existe nada da natureza que nos possa levar além dos dados imediatos dos sentidos. Aliás, a palavra empeiria vem do grego experiência. A experiência vivenciada pelos sentidos. Lembre-se do pai dos empirisitas, o sábio Locke, e sua imagem na tabula rasa, ou seja, não existem idéias inatas, como queria o racionalista Descartes. Tudo é acumulado segundo a experiência. Se o sol nasceu todos os dias que se tem notícia, ainda assim no entanto, não há nada que possa garantir que ele irá nascer amanhã. Eu apenas suponho que uma bola de bilhar vai bater na outra segundo o tracejado lógico. Mas essa garantia não é necessária, existe apenas na ordem da probabilidade. Que belo golpe foi dado na lei da causalidade, princípio basilar da razão! Consequências severas para a filosofia são implicadas pela demonstração de Hume. Mas, como diria Michel Ende, esta é uma outra história, e terá de ser contada em outra ocasião. Boa sorte nos livros. Claro que é pena a urgência, ter pouco tempo para estudar, ainda mais em plenas férias. Deixa eu puxar a sua orelha: que andou fazendo nesses meses todos? Se você já sabia de tudo isso, mande uma questão mais específica para ser analisada.

    Abs

    #74396

    Prezado Onofre,

    Falando em crises e retrocessos na filosofia, gostaria de trocar ou sugar algumas idéias de você, já que percebi que você conhece bastante sobre esse tema.
    Eu sou estudante de História e só ouço falar em crise. É a crise da verdade, a crise da História enquanto Ciência e tantas outras por aí.
    Pois bem, um dos maiores colaboradores da crise da História foi Foucault.

    Como você mesmo menciona acima, Foucault diz que cada período é autônomo (você cita o renascimento). Ele se baseia em diversos conceitos da psicologia, os artifícios psicológicos em seu imenso emaranhado de relações de poder e saber, a expressão humana através do sexo e outros conceitos. As relações de dominação e submissão (veja que o sexo é a emanação da relação de posse sobre o parceiro(a) bem como a manifestação dessa relação de poder e submissão, relação esta que se reflete a cerca dos prazeres submersos em nossa mente).

    Eu não vejo como refutar muitos dos argumentos de Foucault, todavia as relações de nossa “alma” ou psique não estão diretamente ligadas ao espírito de nosso tempo, como dizia Hegel?

    Em outras palavras o hoje não é o fruto de ontem??? Não foram os atos de ontem que originaram as derrotas e as vitórias de hoje? Bem como as misérias, as desgraças, a exclusão de uma vasta marioria?

    Como atribuir, por exemplo, a discussão de dar percentagens de vagas aos negros em serviços públicos e universidades à algo que não esteja relacionado diretamente ao sistema escravista brasileiro? Como explicar tal questão sem levar em conta a forma como a escravidão foi emancipada no Brasil, onde os negros foram libertos do trabalho mas não da miséria ?

    Essa é uma discussão por demais pertinente numa época em que os filhos de Foucault, os filhos da semiótica, os doutores da USP e tantos outros filhos de paradigmas feitos por verdadeiros especialistas de áreas restritas deixam de lado toda a questão estrutural.

    Não se trata aqui de estruturalismo filosófico, de teorias estruturalistas, senão a estrutura real, do aqui e agora; do capitalismo como forma de adoração cega ao dinheiro, do trabalho cego que destrói a si mesmo constantemente numa práxis de fetichismo mercadológico onde o carro de ontem precisa ser destruído para que se construa o carro de hoje.

    Como abordar Foucault na História enquanto Ciência, sem tornar-se um intelectualóide dogmático como tantos doutores, cujos títulos mais parecem ornamentos de generais que sequer sabem dar tiros?

    Como conciliar Foucault com o marxismo ? Como compreender Foucault sem deixar de lado Robert Kurz, que nos demonstra que mercado e estado são apenas faces que visam a acumulação do capital.

    Ou, ainda, por que não questionar Foucault dentro de seus próprios argumentos ? Sendo ele um dissidente do partido comunista francês, um indivíduo que se realizou em San Francisco, nos EUA, por admirar a liberdade sexual (por ventura tal liberdade se transformou em HIV), não teria ele, em si mesmo, a necessidade de rechaçar o comunismo, de ver algo positivo no capitalismo, como produtor de saber e poder?

    Como pôde ele, abandonar a militância sem uma argumentação crítica do PCF ?
    Obviamente que ele não tinha tal obrigação mas me surpreende a forma como ele aborda sua suposta arqueologia levando em conta apenas os objetos de sua pesquisa; a forma como ele rechaça as críticas e sugestões para um novo modelo social; a forma como ele conduz sua suposta arqueologia sem levar em conta as condições materiais.Mas reafirmo : ele não tinha obrigação nenhuma em satisfazer tais expectativas que eu aponto.

    Por outro lado o mais surpreendente é seu séquito : os descomprimissados com a massa, os que acreditam que toda luta social efetiva não passa de utopia de tolos, de coisa ultrapassada, de algo que não soa como intelectualmente fashion. Esse especialista em cabeças de alfinete, que sabem muito sobre pouco e nada sobre o muito.
    É isso o que realmente me preocupa nessa proposta de historiadores extremamente preparados para escreverem mil páginas sobre duas linhas de assunto.

    Essas e outras questões são apenas hipóteses e propostas de discussão. Vejamos se darão frutos ou se não darão em nada.

    #74397

    Sou estudante de Psicologia e tenho um questionário de 40 perguntas de Genealogia do Pensamento Psicológico para responder até esta terça feira dia 03/06 e só faltam 4 questões a serem respndidas. Estou com dificuldades em responder, pois apesar de ter lido sobre esses assuntos,até mesmo nesse site não consigo responde-las por completo. Peço ajuda pois esse trabalho será parte da minha nota
    01 – Por que Aristóteles não é empirista? (o que eu entendo é que o empirismo iniciou-se com ele..)
    02 – Em que o cogito cartesiano difere do princípio de individuação – Locke e Hume? (eu não consigo relacioná-los de nenhuma forma)
    03 – Em que sentido se diz que os empiristas preparam a Psicologia experimental?
    04 – Qual a importância dos fisiologistas para a constituição da Psicologia? Cite algumas:
    Aguardo resposta e continuo procurando de outras formas. Desde já agradeço

    #74398

    Para Melissa: apesar do help indicar os comandos também em portugues, como alternativa (por exemplo [barra-invertida]preto[abre-fecha-chaves]), isso nao funciona. Utilize os comandos em ingles apenas.

    Para Maria Cristina: estou sem muito tempo entao vou comentar a primeira das 4 questões. Se der tempo volto ao site depois.


    01 – Por que Aristóteles não é empirista? (o que eu entendo é que o empirismo iniciou-se com ele..)

    Esse é uma confusão muito comum. Platão tinha interesse pelas ciencias matemáticas mas nao pelas ciencias empiricas e, em geral, nao manifestou interesse nenhum pelos fenomenos empiricos considerados em si mesmos. Por outro lado, Aristoteles teve muito interesse por quase todas as ciencias empiricas, e também pelos fenomenos empiricos enquanto tais, razao pela qual se dedicava a coleta e classificaçao de dados empiricos. Daí, muitos concluem apressadamente e caem no erro de incluir Aristoteles entre os empiristas, o que está muito longe de ser verdade.

    Pelo que foi dito, podemos concluir apenas que Aristoteles tinha outros interesses além dos interesses puramente filosoficos – no caso, um interesse pelas ciencias empiricas. Essa foi uma das razoes que levou seu pensamento a uma sistematizaçao dos problemas e a uma diferenciaçao nos métodos em relaçao a Platao: enquanto Platao tendia a envolver a conjugar sempre todos os problemas numa espiral abrangendo quase o todo, Aristoteles sucedia numa sitematizaçao estável e fixada em quadros de classificaçao do saber filosofico (metafisica, fisica, psicologia, etica, politica, estética e logica).

    Aristoteles distinguiu as ciencias em 3 ramos: teoréticas (buscam o saber em si mesmo), práticas (buscam o saber para alcançar a perfeiçao moral) e poiéticas (buscam o saber em funçao do fazer); e nao podemos esquecer que ele as considerava segundo essa ordem de importancia: o saber mais importante estava ligado a “filosofia primeira”, ou metafisica (o termo nao é dele, foi cunhado depois), ou ainda teologia, cujos significados próximos, se traduzidos para hoje seriam: metafisica= “o que está além da fisica” e teologia= “saber das coisas divinas, que nao se corrompem”.

    Uma vez que Aristoteles considera o maior saber aquilo que está além da fisica (considerado conhecimento de ordem inferior), é dificil classifica-lo como empirista, se considerarmos o empirismo como uma corrente filosofica para a qual a experiencia é o critério ou norma de verdade.

    Abraços

    #74399

    O seguinte escoliarca do Liceu – Estratão de Lampsaco – já não é aristotélico de forma alguma, embora imagine que o seja. Acredita estar sendo fiel ao mestre no instante em que expõe doutrinas que são já lhe são radicalmente contráras. Estratão interpreta Aristóteles num sentido empirista, isto é, declara que todo o conhecimento vem exclusivamente pela experiência sensível. Mas Aristóteles não é nem empirista nem racionalista, e acho mesmo que ele não veria nenhum sentido nesta oposição. Segundo ele, o inteligível não está separado da realidade empírica, oculto num céu onde só possa ser alcançado pela razão pura; está antes imbricado no tecido mesmo da experiência, de onde é preciso desembrulhá-lo pelos esforços conjugados da análise metafísica e da pesquisa experimental. A experiência, para Aristóteles, não é concebível fora dos quadros lógicos que, por sua vez, se fundam na intuição intelectual dos primeiros princípios, os quais não poderiam ser obtidos da experiência ( por mera indução quantitativa ) mas também não poderiam chegar ao nosso conhecimento sem ela. Estratão esmaga logo toda esta sutil combinação, reduzindo a filosofia de Aristóteles a um empirismo, um erro tremendo que, quase dois mil anos mais tarde, será causa de outro erro complementar e oposto, que é o de tomar Aristóteles por um racionalista hostil à investigação experimental. ( Não há filósofo em torno do qual se tenham acumulado tantas imagens equivocadas, e é por isto que, neste curso, adoto esta abordagem indireta, de ir cercando Aristóteles através dos Aristóteles imaginários concebidos pelos que o comentaram, defenderam e atacaram. )

    http://www.olavodecarvalho.org/apostilas/pensaris3_2.htm

    #74400

    Continuando:

    02 – Em que o cogito cartesiano difere do princípio de individuação – Locke e Hume? (eu não consigo relacioná-los de nenhuma forma)

    Como o “cogito ergo sum” de Descartes é mais conhecido, então passarei rápido por ele: com o «penso, logo existo», Descartes enuncia: 1) a primera verdade claramente e distintamente conhecida, que é por sua vez a primeira verdade do seu sistema filosófico; 2) a afirmaçao de que fundamentalmente o homem é uma sustancia cuja essencia é pensar.

    Normalmente se entende à manera de uma expressao intuitiva da evidencia que o sujeto tem de seus atos mentais. Essa formulaçao parece expressar uma consequencia: «existir» (sum) e «pensar» (cogito) sao duas intuiçoes que surgem simultaneamente.

    Em filosofia anlalítica é o que Austin caracteriza como “enunciado performativo”, que é verdade no momento mesmo da enunciaçao. Logo, tanto vale dizer “choro, logo existo” ou “duvido, logo existo” (de fato, esse ultimo foi trabalhado por St. Agostinho).

    Sobre o “principio da individuaçao”, vale acrescentar um pequeno resumo histórico: essa expressao é propria da filosofía escolástica, com a qual introduzia a seguinte questão, inspirada em Aristóteles: qual é a causa intrínseca do singular ou individual, ou, qual é a propriedade interna pela qual algo é individuo, e o que nos permite diferencia-lo de qualquer outro individuo? Em outras palavras: qual é a causa da distinçao numérica entre individuos cuja essencia ou natureza é a mesma? (Se todos cachorros sao cachorros, porque conseguimos diferenciar um dentre os outros?)

    A pergunta que vc colocou é bastante genérica, mas já que vc citou Locke, vejamos:

    Quando Locke considerava as idéias, tratando da substancia (termo caro a Aristóteles), pensava: obtemos a ideia de sustancia somente por inferencia, ao ter que imagina-la ou supo-la como suporte das qualidades (acidentais) que nao subsistem por sí mesmas; nao temos, portanto, dela nenhuma ideia clara e distinta, razao pela qual nao se trata de um verdadeiro conhecimento: referida à sustancias particulares, como, por exemplo, o ouro, se trata de uma ideia simples correspondente a propriedades reais desses corpos unida a uma ideia confusa de «algo ao qual pertencem».

    É no meio desse contexto que Locke elabora uma doutrina sobre a identidade pessoal. Seguindo uma pura lógica empirista – nao há dados nas ideias da experiencia interna da sustancialidade da mente -, Locke devería ter questionado sua existencia e afirmado que ela se tratava, igual ao caso da sustancia, de algo desconhecido. Contudo, pos a essencia da identidade pessoal na identidade da conciencia:

    O homem é identico a sí mesmo nao como é um corpo material ou um organismo – porque se mantem sua estrutura -, mas sim como acontece com uma pessoa: por ter uma mesma e idéntica consciencia de todos os fatos, presentes e passados.

    Sendo essas as premissas para encontrar em que consiste a identidade pessoal, devemos agora considerar o que significa pessoa. Penso que esta é um ser pensante e inteligente, provida de razao e de reflexao, e que pode considerar-se a si mesma como uma mesma coisa pensante em diferentes tempos e lugares; o que só pode fazer porque tem consciencia, porque é algo inseparavel do pensamento, o que para mim é o essencial, pois é impossivel que um perceba sem perceber que percebe. … Pois como o estar provido de consciencia sempre vai acompanhado de pensamento, e isso é o que faz que cada um seja o que se chama sí mesmo, e deese modo se distingue de todas as demais coisas pensantes, nisso consiste unicamente a identidade pessoal… “Ensayo sobre el entendimiento humano”, l.2, cap. 27, n. 11 (Editora Nacional, Madrid 1980, vol.1, p. 492-493).

    Espero ter ajudado.
    Abraços

    (Mensagem editada por Fox em Junho 02, 2003)

    #74401

    Ops… faltou concluir?

    Da questão acima: poderíamos encontrar mais de uma diferença, mas interessante é observar o movimento adotado no método dessas duas correntes filosóficas:

    • na primeira, racionalismo, o indivídual é o ponto de partida (e a multiplicidade torna-se o problema)
    • na segunda, empirismo, a multiplicidade é o ponto de partida (e o individual torna-se o problema)

    Abraços

    #74402

    Olá a todos que participam do grupo de filosofia!
    Estou procurando algum artigo que comente as contribuições do período da filosofia moderna. Mais especificamente do séc. XVIII. Se alguém puder informar ficarei muito grato.

    #74403

    Oi pessoal,

    Assim como vocês, estou aqui para pedir ajuda urgente!
    Gostaria de saber quais são os objetivos filosóficos na Idade Moderna.
    Se alguém souber de algo ou alguma referência bibliográfica onde eu possa encontrar por favor me informe. Muito obrigada e um abração!!!

    #74404

    Cintia,

    Resumidamente poderíamos caracterizar a filosofia moderna com o florescimento da metafisica do sujeito – a preocupação volta-se do mundo para o sujeito. Desde Descartes, passando por Kant, até Hegel, busca-se fundamentar toda a realidade a partir do próprio sujeito.

    Referencias poderiam incluir:
    – dicionarios de Filosofia;
    – livros de Historia da Filosofia (um básico poderia ser a coleçao de Historia da Filosofia do Reale, lá está bem resumido).

    Abraço.

    #74405

    Em breve terei uma avaliação de filosofia na faculdade, o conteúdo programático abrange os seguintes filósofos:
    Sócrates,Platão,Aristóteles,São Tomás de Aquino,Nicolau de Cusa,Descartes,Rousseau,Hume,Kant e Hegel.
    Bom, o professor disse que vai exigir que relacionemos todos eles, explicitando semelhanças e diferenças. Estou tendo imensa dificuldade de relacionar filósofos tão diferentes.Por favor, me indiquem onde posso encontrar algo pra me ajudar ou um método para relácioná-los. Qualquer ajuda, será muitíssimo bem-vinda.
    Obrigada

    #74406

    oláaa !!! tenho um tralbalho pra fazer da escola.. estou no 3º. colegial… e o tema é: filosofia moderna teoria do renascimento
    renée descartes… vcs poderiam me ajudar????? por favorrrrrrrrr
    bjok'sssss

    #74407

    por favor preciso de material sobre o surgimento da geometria analitica para um trabalho da faculdade .obrigado .

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