Início › Fóruns › Questões sobre Filosofia em geral › Fundamentos Epistemológicos da Filosofia Advaita-Vedanta de Nisargadatta Maharaj
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31/07/2011 às 6:27 #71064MonstrinhoMembro
A Filosofia Advaita-Vedanta de Nisargadatta Maharaj – ou “Filosofia do Não-dualismo” De acordo com Sri Nisargadatta o objetivo da espiritualidade é saber quem você é, um ponto de vista que ele expôs nas conversas que deu em seu humilde apartamento em Khetwadi, Mumbai , onde um quarto “mezzanine” foi criado para ele receber discípulos e visitantes. Esta sala também foi utilizada para o cânticos diários , bhajans (canções devocionais), sessões de meditação e discursos.Ele falou sobre a "forma direta" de conhecer a realidade final, na qual se toma consciência de sua natureza original através da discriminação mental, um método que é comum aos professores do Sampradaya Navnath. Esta discriminação ou mental Bird's, o caminho ('Vihangam Marg"), também foi apresentado pelo seu discípulo, Sri Ranjit Maharaj, em que o auto-conhecimento adquirido é como um pássaro pulando facilmente de galho em galho, ao invés de lentamente, em seu caminho, ir ao encalço da árvore como uma formiga, como no "Marg Pipilika”. Aqui o discípulo atinge diretamente a verdade, sem perder tempo em longas sessões práticas que o levaria ao objetivo final, muito lentamente. Ele propôs a utilização da sua faculdade mental de romper com o irreal para o real, e que, é falsa a identificação da mente com o ego. De modo que simplesmente ouvindo e pensando constantemente sobre o que o mestre ensina, é mister saber que "Você já é Esse".O estilo comum de ensino dos mestres Sampradaya Inchgiri (começando com Shri Bhauseheb Maharaj) aos devotos indianos consistia em o Mestre selecionar um trecho de um texto tradicional no Advaita Vedanta, mais comumente Dasbodh de São Shri Samarth Ramdas (bem como a "Yoga Vasishtha", "Saachara" de Sri Shankaracharya, e os "Ecknati Bhagwat" de Saint Ecknath), e explanar sobre o significado e alcance da referida passagem selecionada. Nisargadatta Maharaj, Ranjit Maharaj e ambos se desviaram deste formato formal dando discursos informais para o benefício de devotos ocidentais, que não têm acesso a Dasbodh ou a outros textos, e que não estavam familiarizados com as tradições e os costumes indianos. Muitas das palestras de Nisargadatta Maharaj foram gravadas, e essas gravações constituem a base do I Am That e todos os seus outros livros. Suas palavras estão livres de armadilhas retóricas, culturais e religiosas, e o conhecimento que ele propõe é despido de tudo o que é desnecessário.Os ensinamentos de Nisargadatta se baseiam na Vedanta Advaita - interpretação da idéia Advaita Tat Tvam Asi , literalmente "Isso és Tu" (Tat = "Divindade", Tvam = "Você", Asi = "são") que significa que todos são, realmente, a Divindade (há quem pense o contrário). Ele também tinha uma forte devoção e zelo para com o seu próprio guru, e sugere o caminho da devoção, Bhakti Yoga, a alguns de seus visitantes, assim como ele acreditava que o caminho do conhecimento, Jnana Yoga não era para todos. De acordo com Sri Nisargadatta, nossa verdadeira natureza é perpetuamente pacífica e livre-consciência - no Hinduísmo é conhecida como Brahman . A consciência é a fonte, mas é diferente do pessoal, do individual, que está relacionado com o corpo . A mente e a memória são responsáveis ??pela associação com uma entidade particular, e a consciência existe antes da mente e memória. É apenas a idéia de que somos o corpo que nos impede de viver o que ele chama de "essência original", o Verdadeiro, no hinduísmo referido como Atman.Ele descreve essa essência tão pura, livre e imune de tudo que ocorre. Ele compara-o a uma testemunha silenciosa que observa através dos sentidos do corpo, mas não é movido, seja para a felicidade ou tristeza, com base no que vê.Para Nisargadatta, o Self não é uma super-entidade que conhece de forma independente, independente das coisas. Não há, como “Super-entidade”, nenhum Criador com o intelecto infinito. Deus não existe independentemente da criação. O que existe é a "qualidade total" (ou funcionamento) do Ultimate ou Realidade Absoluta variando ao longo das infinitas formas de manifestação, o que faz com que tudo e todos sejam "máscaras de Deus". A Filosofia de Nisargadatta também pontua a nossa noção de causalidade como sendo mal interpretada. Ele entendeu que a interligação de diferentes forças do universo é tão vasta e inumerável, ??que a noção de causalidade, tal como atualmente entendida, é errônea. Os fatores necessários para que nada aconteça significa que, no máximo, pode-se dizer que “tudo cria tudo”, e até mesmo as escolhas que fazemos são predeterminadas pelo nosso código genético, educação, esforços mentais e limitações assim como os nossos ideais éticos e filosóficos, etc.Isso leva à noção radical de que não há o Livre-arbítrio. Segundo ele e outros mestres do Vedanta, uma vez que nossa verdadeira natureza ou a identidade não é a mente, não é o corpo, mas a testemunha da mente e do corpo, nós, como consciência pura, não fazemos nada. O corpo e a mente agem por sua própria iniciativa, e nós somos a testemunha deles, embora a mente, muitas vezes pensa que é o "criador”, ou seja, que age com livre-arbítrio e conhecimento de causa. Essa falsa idéia (de que a mente é o eu e responsável pelas ações) é o que nos impede de reconhecer nosso Self. Nisargadatta adverte:
"A força da vida [Prana] e a mente estão funcionando [por vontade própria], mas a mente vai tentá-lo a acreditar que ele é “você”. Portanto, é imperioso compreender sempre que você é o “eterno sem espaço”, a testemunha . E mesmo se a mente diz que você é a pessoa que está agindo, não acredite que é a mente - [...] O aparelho [mente, do corpo], que está funcionando, que descerá sobre a sua essência original - mas é você mesmo, que não é um "aparelho” - A Medicina Ultimate, (p.54 - 70)
Entre seus discípulos mais conhecidos são Sailor Bob Adamson , Stephen Wolinsky , Jean Dunn, Alexander Smit, Robert Powell, Timothy Conway , e Ramesh Balsekar , Jack kornfeild.http://en.wikipedia.org/wiki/Nisargadatta_Maharaj http://mascarasdedeus.blogspot.com/2011/05/fundamentos-epistemologicos-da.html
02/08/2011 às 19:13 #88722brunopiMembroMas e aí?
02/08/2011 às 21:13 #88723MonstrinhoMembroMas e aí?
Pela sua pergunta, suponho que você desconheça o assunto por completo. Alguns locais onde poderá encontrar textos sobre o assunto. http://dim-dim-universos.blogspot.com/ Este é o blog de um amigo. Os melhores textos sobre Filosofia oriental. http://www.mascarasdedeus.blogspot.com/ Este meu, que também contém textos sobre o assuntohttp://mascarasdedeus.forumeiros.com/ Fórum de Debates sobre o assunto Vou esperar você ler mais alguma coisa sobre o assunto, de outro modo torna-se inexeqüível qualquer resposta à sua questão "e aí"? Abçs
03/08/2011 às 13:38 #88724brunopiMembroolá monstrinho… desculpe ter sido tão lacônico. na verdade eu estudo há anos o pensamento oriental, em especial o advaita, o zen e o taoismo. não passava aqui no forum há um tempo. quando entrei, vi este tópico e me enstusiasmei com o título, uma vez que não conheço ensinamento que seja ao mesmo tempo tão profundo, direto e simples quanto o de Nisargadatta, na espiritualidade contemporânea. ao contrário do que supôs, foi justamente o fato de conhecer o assunto que me levou a escrever aquele “mas e aí?”, talvez porque esperasse um texto menos introdutório ou que instasse o debate. pensei que tivesse sido claro. já havia dado uma olhada no mascarasdedeus, e vejo com alegria iniciativas como a sua, tão importantes para a divulgação de conhecimentos preciosos. penso apenas que não são muito comuns tópicos como este aqui no consciência. geralmente, parte-se de alguma provocação ou tema que sugira um debate. ainda agora me ocorre perguntar: e aí? algo a acrescentar, além dessa breve introdução? alguma questão que julgue interessante discutir?
03/08/2011 às 21:44 #88725MonstrinhoMembroolá monstrinho... desculpe ter sido tão lacônico. na verdade eu estudo há anos o pensamento oriental, em especial o advaita, o zen e o taoismo. não passava aqui no forum há um tempo. quando entrei, vi este tópico e me enstusiasmei com o título, uma vez que não conheço ensinamento que seja ao mesmo tempo tão profundo, direto e simples quanto o de Nisargadatta, na espiritualidade contemporânea. ao contrário do que supôs, foi justamente o fato de conhecer o assunto que me levou a escrever aquele "mas e aí?", talvez porque esperasse um texto menos introdutório ou que instasse o debate. pensei que tivesse sido claro. já havia dado uma olhada no mascarasdedeus, e vejo com alegria iniciativas como a sua, tão importantes para a divulgação de conhecimentos preciosos. penso apenas que não são muito comuns tópicos como este aqui no consciência. geralmente, parte-se de alguma provocação ou tema que sugira um debate. ainda agora me ocorre perguntar: e aí? algo a acrescentar, além dessa breve introdução? alguma questão que julgue interessante discutir?
Olá Bruno, É com grande surpresa que leio essa resposta sua! Eu comecei exatamente com algo simples por dois motivos. 1 - Para introduzir o tema (Veja que lá na subseção "Filósofos" não há sequer um da Filosofia Oriental) e, 2- Porque eu mesmo estou aprendendo essas coisas. O Máscaras de Deus nasceu depois de eu ter aprendido com outros espiritualistas essas coisas, e não tenho vergonha não: peço a bibliografia em que eles se baseiam. Uma vez um amigo nosso passou um link que tinha uns 800 pdfs sobre o tema - alguns sobre auto-ajuda - para baixar. E hoje tenho uma biblioteca virtual sobre o assunto. Mas li pouca coisa, como "O Evangelho de Buda", "Meditação e Métodos" do Swami Vivekananda, e não tenho medo nenhum de expor essas coisas aqui. Ora, este não é um fórum de Filosofia? Assim como espero colocar essas coisas para outros aprenderem, estou sempre em busca de me deparar com alguém mais "velho" que eu no assunto, para aprender mais. Depois que eu levei a sério esta Filosofia minha vida mudou de repente - embora eu já viesse buscando por essa mudança há alguns anos atrás...Quem me "apresentou" o Nisargatta foi um amigo nosso - aqui no fórum ele é o ajce1969 (algo assim), mas posta só poesias. Na ocasião - em que éramos membros do Fórum Espírita - consideravam-se que os espíritas é que já teriam algum a priori, alguma base, para compreender esta Filosofia, já que em O Livro dos Espíritos encontramos ensinamentos semelhantes, embora sob outra roupagem. E com esses ensinamentos, de fato, eu fiz uma nova reinterpretação de O Livro dos Espíritos, passando enxergar aquilo que está na frente dos olhos mas não vemos: se hoje somos filhos e amanhã voltamos como pais, ricos ou pobres, então não podemos acreditar que somos o personagem. A meditação funciona! Eu já fiz! Ela tranqüiliza a mente, e por vezes conseguimos matar pensamentos que nos incomodam, quando não os vivemos emocionalmente. Se praticarmos a meditação diariamente, chegará uma hora em que nenhum pensamento nos afetará, e essa é a conquista da liberdade, a partir da destruição do ego. Mas está aí, para debatermos ou ir postando textos novos. Essa biografia do Nisargadatta estava em inglês. Fiz a tradução com o Google tradutor, e depois fiz uma "retradução" do português para o português - parece que alguma coisa ficou inteligível. Tudo o que tenho postado aqui - Nietzsche e agora o Nisargadatta - é com objetivos práticos. É fácil compreender e praticar. Basta querer. Abçs,
04/08/2011 às 1:21 #88726MonstrinhoMembrojá havia dado uma olhada no mascarasdedeus, e vejo com alegria iniciativas como a sua, tão importantes para a divulgação de conhecimentos preciosos. penso apenas que não são muito comuns tópicos como este aqui no consciência. geralmente, parte-se de alguma provocação ou tema que sugira um debate. ainda agora me ocorre perguntar: e aí? algo a acrescentar, além dessa breve introdução? alguma questão que julgue interessante discutir?
Olá Bruno. Descobri você num tópico por aí, sobre a Origem do Universo, em que você fez um bom post, questionando a razão e a linguagem como instrumental acanhado quando o assunto é percepção da realidadeVeja que interessante. Nesse momento estou lendo esse debate http://forum.consciencia.org/a-verdade/e-a-verdade-objeto-da-ciencia/40/ que ocorreu, há cerca de 10 anos atrás. O que eu vejo é o seguinte: depois que o Posivitismo deu o golpe fatal na Filosofia que estava voltada às questões metafísicas, o único remanescente hoje - a Filosofia ainda operante - é a Filosofia da Linguagem. Esta última está bem perto daquilo que salta das páginas das correntes filosóficas orientais. Veja ali no link que a discussão básica é em torno da capacidade da linguagem e da razão ter ou não um acesso epistemológico à realidade. os filósofos da linguagem já duvidam dessa capacidade, e aqui julgo haver um bom motivo para se retomar o debate a partir desse ponto. Aí podemos fazer uma ponte entre Filosofia Oriental, e Filosofia Clássica (ocidental). Quero dizer que, os filósofos da linguagem já duvidam da capacidade do pensamento e da razão em ter algum conhecimento sobre o mundo e a realidade. É aqui que dá para entrar com esses estudos da Filosofia Oriental, para dizer que há outros tipos de percepção que não a percepção condicionada pela própria linguagem. Há o pessoal aí também postando versos sobre o assunto, e também esses mesmos filósofos da linguagem já interpretam esses versos que são uma crítica à ciência e ao pensamento filosófico clássico, como o Fernando Pessoa e seus heterônimos por exemplo. Então, está fácil colocar o "modo de pensar" da Filosofia Oriental - que não pensa ;D, como no Zen ;) - como alternativas a essas respostas que a Filosofia da Linguagem está buscando. A minha proposta de um debate é pois: "Filosofia da Linguagem e Filosofia Oriental". Falta porém um pouco mais de quórum neste fórum - parece que esfriou um pouco os debates...Particularmente eu não teria nenhuma provocação ou questão nova para incitar o debate, mesmo porque as questões já estão aí postas. Mas que tal começarmos com Tudo é ilusão! O ser humano não existe! - Como está colocado lá no tópico sobre o Nietzsche? Abçs
04/08/2011 às 4:26 #88727MonstrinhoMembroolá monstrinho... já havia dado uma olhada no mascarasdedeus, e vejo com alegria iniciativas como a sua, tão importantes para a divulgação de conhecimentos preciosos.
Pois, inscreva-se lá e participe também, trazendo novos conhecimentos e/ou suscitando debates. O fórum é bem recente - tem pouco mais de 2 meses - mas tenho me dedicado de tal forma que estou conseguindo levar aquilo lá adiante - enquanto estou com tempo, é claro. Apesar de haver poucos membros, já temos 310 posts em mais de 100 tópicos.Há os sites esotéricos que divulgam a Filosofia Oriental, e se procurar, acha-se na internet blogs com resumos sobre a mesma. Para ser franco, tenho visto como uma perda de tempo, nos últimos meses, estar-me dedicando a estes assuntos, na medida em que, a falta de interlocutores muitas vezes faz a gente parar para pensar se deveríamos ficar postando coisas sérias em espaços que são virtualmente pouco vistos ou explorados. Nesse sentido talvez fosse interessante buscar escrever em revistas especializadas do ramo, ou mesmo no âmbito da publicação científica - esta sabemos que dá divulgação, e as provocações são de verdade mesmo, não como em fóruns em que as pessoas ficam escondidas atrás de nicks. ;D) Por ora, estamos por aqui na internet, mas já passou da minha hora de retomar certos estudos no "off-line", de uma maneira geral, com outras finalidades. Por enquanto eu ainda tenho um tempinho para escrever e dar atenção tanto aqui quanto lá no Máscaras de Deus, mas sinceramente, eu precisava de um ou uma "mão direita" para me auxiliar neste mister, de outro modo, vamos deixando de lado.De certo modo, é o que vemos acontecer com muitos aqui: sendo muitos, professores e pesquisadores em Filosofia, têm que se dedicar primeiro ao seus trabalhos profissionais - "primeiro a obrigação, depois o divertimento" ;D - é uma frase condicionada, eu o sei, mas é uma "realidade"... ::)Olhe lá ==> http://mascarasdedeus.forumeiros.com/t49-doutrina-do-karma-tarananda-sati. O Azuramaya acabou de postar e não há interlocutores a não ser eu mesmo e olhe lá, porque esse cara escreve e lê muito. Poderia ir lá responder, mas aí o Fórum cresce em números de posts com a "ajudinha" do próprio Admin, o que não está dentro dos meus planos.Bom, chega agora um pouco de escrever neste fórum. Há muitos posts meus por aí, feitos ao longo de poucos dias aguardando réplicas ou respostas... Abçs,
04/08/2011 às 19:00 #88728brunopiMembroOlá, monstrinho… Bom encontrá-lo por aqui. Deixe-me fazer alguns comentários.
É com grande surpresa que leio essa resposta sua! Eu comecei exatamente com algo simples por dois motivos. 1 - Para introduzir o tema (Veja que lá na subseção "Filósofos" não há sequer um da Filosofia Oriental) e, 2- Porque eu mesmo estou aprendendo essas coisas.
Também achei estranha a ausência de representantes do pensamento oriental na seção ‘Filósofos’. Mas aí encontrei o seguinte texto relativo às regras de utilização do fórum: “O fórum é voltado à filosofia ocidental e análise crítica do noticiário, com ênfase na abordagem acadêmica. Pretende-se que esta seja a linha mestra a orientar nossas mensagens”. Isso explica em parte essa carência, embora não a justifique de todo.
Uma vez um amigo nosso passou um link que tinha uns 800 pdfs sobre o tema - alguns sobre auto-ajuda - para baixar.
Uau... onde está esse link?
[...] eu fiz uma nova reinterpretação de O Livro dos Espíritos, passando enxergar aquilo que está na frente dos olhos mas não vemos: se hoje somos filhos e amanhã voltamos como pais, ricos ou pobres, então não podemos acreditar que somos o personagem.
Interessante a abordagem... E aqui já levanto umas questões que me ocorreram, amparado em leituras de Nisargadatta: quem é que voltaria amanhã ‘como pais, ricos ou pobres’? Quem é este que já viveu antes e que regressaria depois? Isso que identificamos perante os outros e perante nós mesmos como ‘eu’, essa individualidade, não seria apenas uma sombra, uma criação perspectivística derivada da Mente, do tempo e do espaço ilusórios? O que há por trás dessas sombras, desses personagens, o que os anima? Creio que mais importante do que tentar responder a essas perguntas, por meio da linguagem (o que acredito não ser possível, como você já sabe), é intuir o que elas indicam e silenciar. No fundo, ‘nós’ sabemos quem ‘somos’; o esquecimento, parece, é apenas uma das regras que tornam possível a brincadeira, o Grande Jogo...
A meditação funciona! Eu já fiz! Ela tranqüiliza a mente, e por vezes conseguimos matar pensamentos que nos incomodam, quando não os vivemos emocionalmente. Se praticarmos a meditação diariamente, chegará uma hora em que nenhum pensamento nos afetará, e essa é a conquista da liberdade, a partir da destruição do ego.
‘Se praticarmos a meditação’, ‘chegará a hora em que”... Essa postergação do encontro com a Verdade que “aí está”, esse amontoado de condicionantes próprio do funcionamento da Mente é um dos fatores que nos impedem de perceber a Realidade. Uma das características do Vihangam Marg, o ‘Caminho do Pássaro’, é justamente esse delicado e resoluto salto. Não há realmente ego nenhum a ser destruído; isso é uma armadilha da linguagem.
Descobri você num tópico por aí, sobre a Origem do Universo, em que você fez um bom post, questionando a razão e a linguagem como instrumental acanhado quando o assunto é percepção da realidade [...] O que eu vejo é o seguinte: depois que o Posivitismo deu o golpe fatal na Filosofia que estava voltada às questões metafísicas, o único remanescente hoje - a Filosofia ainda operante - é a Filosofia da Linguagem. Esta última está bem perto daquilo que salta das páginas das correntes filosóficas orientais. Veja ali no link que a discussão básica é em torno da capacidade da linguagem e da razão ter ou não um acesso epistemológico à realidade. os filósofos da linguagem já duvidam dessa capacidade, e aqui julgo haver um bom motivo para se retomar o debate a partir desse ponto. Aí podemos fazer uma ponte entre Filosofia Oriental, e Filosofia Clássica (ocidental). Quero dizer que, os filósofos da linguagem já duvidam da capacidade do pensamento e da razão em ter algum conhecimento sobre o mundo e a realidade. É aqui que dá para entrar com esses estudos da Filosofia Oriental, para dizer que há outros tipos de percepção que não a percepção condicionada pela própria linguagem.
Sinceramente, a filosofia ocidental me interessa muito pouco, monstrinho. Mesmo quando chega a ‘resultados’ semelhantes aos dos orientais, sempre me parece menos fresca, menos viva... Não me animo a ler autores que são essencialmente lógicos, como Wittgenstein, mesmo sabendo que há em suas obras tantos pontos com os quais concordo. Quanto à capacidade de a linguagem e a razão terem acesso epistemológico à realidade, eu fico com o Advaita (já que o espírito indiano é mais especulativo que o do Zen ou do Taoismo e, ao meu ver, mais adequado pra tratar essas questões formais): o que chamamos usualmente de conhecimento é baseado em conceitos e, portanto, não tem relação com o Real (tá, isso é também um conceito, mas vamos lá...). O conhecimento do que se é, do Eu Sou, não é condicionado pela Mente, pela linguagem, por qualquer classificação. É o próprio conhecer-se, não algo baseado em subdivisões, classificações. É o silêncio eloquente que, em potência, é a origem de todo som, que compreende todo o som. Entendo que onde há linguagem, onde há dualidade, divisão, medida (da raiz sâscrita matr, que dá origem a termos como ‘matéria’, ‘maya’, ‘matriz’ ), o Real nos escapa. No ponto em que a lógica não tem braços para alcançar, lá começa a se vislumbrar a Realidade.
Pois, inscreva-se lá e participe também, trazendo novos conhecimentos e/ou suscitando debates. O fórum é bem recente - tem pouco mais de 2 meses - mas tenho me dedicado de tal forma que estou conseguindo levar aquilo lá adiante - enquanto estou com tempo, é claro. Apesar de haver poucos membros, já temos 310 posts em mais de 100 tópicos.Há os sites esotéricos que divulgam a Filosofia Oriental, e se procurar, acha-se na internet blogs com resumos sobre a mesma. Para ser franco, tenho visto como uma perda de tempo, nos últimos meses, estar-me dedicando a estes assuntos, na medida em que, a falta de interlocutores muitas vezes faz a gente parar para pensar se deveríamos ficar postando coisas sérias em espaços que são virtualmente pouco vistos ou explorados. Nesse sentido talvez fosse interessante buscar escrever em revistas especializadas do ramo, ou mesmo no âmbito da publicação científica - esta sabemos que dá divulgação, e as provocações são de verdade mesmo, não como em fóruns em que as pessoas ficam escondidas atrás de nicks. ) Por ora, estamos por aqui na internet, mas já passou da minha hora de retomar certos estudos no "off-line", de uma maneira geral, com outras finalidades. Por enquanto eu ainda tenho um tempinho para escrever e dar atenção tanto aqui quanto lá no Máscaras de Deus, mas sinceramente, eu precisava de um ou uma "mão direita" para me auxiliar neste mister, de outro modo, vamos deixando de lado.De certo modo, é o que vemos acontecer com muitos aqui: sendo muitos, professores e pesquisadores em Filosofia, têm que se dedicar primeiro ao seus trabalhos profissionais - "primeiro a obrigação, depois o divertimento" - é uma frase condicionada, eu o sei, mas é uma "realidade"... Olhe lá ==> http://mascarasdedeus.forumeiros.com/t49-doutrina-do-karma-tarananda-sati. O Azuramaya acabou de postar e não há interlocutores a não ser eu mesmo e olhe lá, porque esse cara escreve e lê muito. Poderia ir lá responder, mas aí o Fórum cresce em números de posts com a "ajudinha" do próprio Admin, o que não está dentro dos meus planos.
Vou participar sim... Só queria que vc me dissesse o que espera conseguir com nossas discussões, se é que espera algo. Você poderia me dizer?Abraço e até logo.
04/08/2011 às 20:08 #88729MonstrinhoMembroOlá, monstrinho... Bom encontrá-lo por aqui. Deixe-me fazer alguns comentários.
Uma vez um amigo nosso passou um link que tinha uns 800 pdfs sobre o tema - alguns sobre auto-ajuda - para baixar.
Uau... onde está esse link?
Está lá no Fórum Espírita nas primeiras páginas do tópico "Ego e Ilusão", mas não consegui encontrar o tópico através da pesquisa. Dê uma procura por lá.
[...] eu fiz uma nova reinterpretação de O Livro dos Espíritos, passando enxergar aquilo que está na frente dos olhos mas não vemos: se hoje somos filhos e amanhã voltamos como pais, ricos ou pobres, então não podemos acreditar que somos o personagem.
Interessante a abordagem... E aqui já levanto umas questões que me ocorreram, amparado em leituras de Nisargadatta: quem é que voltaria amanhã ‘como pais, ricos ou pobres’? Quem é este que já viveu antes e que regressaria depois? Isso que identificamos perante os outros e perante nós mesmos como ‘eu’, essa individualidade, não seria apenas uma sombra, uma criação perspectivística derivada da Mente, do tempo e do espaço ilusórios? O que há por trás dessas sombras, desses personagens, o que os anima? Creio que mais importante do que tentar responder a essas perguntas, por meio da linguagem (o que acredito não ser possível, como você já sabe), é intuir o que elas indicam e silenciar. No fundo, ‘nós’ sabemos quem ‘somos’; o esquecimento, parece, é apenas uma das regras que tornam possível a brincadeira, o Grande Jogo...
Na Doutrina Espírita seria o Espírito, entidade sobrevivente após a morte que, quando encarna representa papéis fictícios. O Espírito não têm atributos humanos, mas o problema é que, uma vez mergulhado no mundo de Maya (mundo material) acredita nessas ilusões e volta para o mundo espiritual acreditando que é um ser humano. É importante notar que, o fato de o Espírito perder o corpo físico (morte) não significa que ele retoma a consciência do EU SOU, como afirmam algumas tradições e religiões orientais baseadas no panteísmo, segundo às quais, o Espírito (Atman) retornaria à fonte Brahman, confundindo-se com "este". De fato isto pode ocorrer, mas somente para aqueles que se desumanizaram, que se despiram de todas as ilusões na sua reencarnação atual.
A meditação funciona! Eu já fiz! Ela tranqüiliza a mente, e por vezes conseguimos matar pensamentos que nos incomodam, quando não os vivemos emocionalmente. Se praticarmos a meditação diariamente, chegará uma hora em que nenhum pensamento nos afetará, e essa é a conquista da liberdade, a partir da destruição do ego.
‘Se praticarmos a meditação’, ‘chegará a hora em que”... Essa postergação do encontro com a Verdade que “aí está”, esse amontoado de condicionantes próprio do funcionamento da Mente é um dos fatores que nos impedem de perceber a Realidade. Uma das características do Vihangam Marg, o ‘Caminho do Pássaro’, é justamente esse delicado e resoluto salto. Não há realmente ego nenhum a ser destruído; isso é uma armadilha da linguagem.
Sim, é um postergar, mas você não concorda então, que há vários de níveis de compreensão da realidade, via meditação (= percepção não condicionada) a serem atingidos? Do contrário na primeira meditação já teríamos o acesso a essa realidade não percepcionada pelos sentidos ou pela razão. Claro, concordo que, como diz Krishnamurti, "se antes não colocarmos a 'casa em ordem' de nada serve a meditação".
Descobri você num tópico por aí, sobre a Origem do Universo, em que você fez um bom post, questionando a razão e a linguagem como instrumental acanhado quando o assunto é percepção da realidade [...] O que eu vejo é o seguinte: depois que o Posivitismo deu o golpe fatal na Filosofia que estava voltada às questões metafísicas, o único remanescente hoje - a Filosofia ainda operante - é a Filosofia da Linguagem. Esta última está bem perto daquilo que salta das páginas das correntes filosóficas orientais. Veja ali no link que a discussão básica é em torno da capacidade da linguagem e da razão ter ou não um acesso epistemológico à realidade. os filósofos da linguagem já duvidam dessa capacidade, e aqui julgo haver um bom motivo para se retomar o debate a partir desse ponto. Aí podemos fazer uma ponte entre Filosofia Oriental, e Filosofia Clássica (ocidental). Quero dizer que, os filósofos da linguagem já duvidam da capacidade do pensamento e da razão em ter algum conhecimento sobre o mundo e a realidade. É aqui que dá para entrar com esses estudos da Filosofia Oriental, para dizer que há outros tipos de percepção que não a percepção condicionada pela própria linguagem.
Sinceramente, a filosofia ocidental me interessa muito pouco, monstrinho. Mesmo quando chega a ‘resultados’ semelhantes aos dos orientais, sempre me parece menos fresca, menos viva... Não me animo a ler autores que são essencialmente lógicos, como Wittgenstein, mesmo sabendo que há em suas obras tantos pontos com os quais concordo. Quanto à capacidade de a linguagem e a razão terem acesso epistemológico à realidade, eu fico com o Advaita (já que o espírito indiano é mais especulativo que o do Zen ou do Taoismo e, ao meu ver, mais adequado pra tratar essas questões formais): o que chamamos usualmente de conhecimento é baseado em conceitos e, portanto, não tem relação com o Real (tá, isso é também um conceito, mas vamos lá...). O conhecimento do que se é, do Eu Sou, não é condicionado pela Mente, pela linguagem, por qualquer classificação. É o próprio conhecer-se, não algo baseado em subdivisões, classificações. É o silêncio eloquente que, em potência, é a origem de todo som, que compreende todo o som. Entendo que onde há linguagem, onde há dualidade, divisão, medida (da raiz sâscrita matr, que dá origem a termos como ‘matéria’, ‘maya’, ‘matriz’ ), o Real nos escapa. No ponto em que a lógica não tem braços para alcançar, lá começa a se vislumbrar a Realidade.
Concordo com você, mas eu havia proposto essa abordagem aos que eventualmente estivessem interessados em compreender as "bases" da Filosofia Oriental...
Pois, inscreva-se lá e participe também, trazendo novos conhecimentos e/ou suscitando debates. O fórum é bem recente - tem pouco mais de 2 meses - mas tenho me dedicado de tal forma que estou conseguindo levar aquilo lá adiante - enquanto estou com tempo, é claro. Apesar de haver poucos membros, já temos 310 posts em mais de 100 tópicos.Há os sites esotéricos que divulgam a Filosofia Oriental, e se procurar, acha-se na internet blogs com resumos sobre a mesma. Para ser franco, tenho visto como uma perda de tempo, nos últimos meses, estar-me dedicando a estes assuntos, na medida em que, a falta de interlocutores muitas vezes faz a gente parar para pensar se deveríamos ficar postando coisas sérias em espaços que são virtualmente pouco vistos ou explorados. Nesse sentido talvez fosse interessante buscar escrever em revistas especializadas do ramo, ou mesmo no âmbito da publicação científica - esta sabemos que dá divulgação, e as provocações são de verdade mesmo, não como em fóruns em que as pessoas ficam escondidas atrás de nicks. ) Por ora, estamos por aqui na internet, mas já passou da minha hora de retomar certos estudos no "off-line", de uma maneira geral, com outras finalidades. Por enquanto eu ainda tenho um tempinho para escrever e dar atenção tanto aqui quanto lá no Máscaras de Deus, mas sinceramente, eu precisava de um ou uma "mão direita" para me auxiliar neste mister, de outro modo, vamos deixando de lado.De certo modo, é o que vemos acontecer com muitos aqui: sendo muitos, professores e pesquisadores em Filosofia, têm que se dedicar primeiro ao seus trabalhos profissionais - "primeiro a obrigação, depois o divertimento" - é uma frase condicionada, eu o sei, mas é uma "realidade"... Olhe lá ==> http://mascarasdedeus.forumeiros.com/t49-doutrina-do-karma-tarananda-sati. O Azuramaya acabou de postar e não há interlocutores a não ser eu mesmo e olhe lá, porque esse cara escreve e lê muito. Poderia ir lá responder, mas aí o Fórum cresce em números de posts com a "ajudinha" do próprio Admin, o que não está dentro dos meus planos.
Vou participar sim... Só queria que vc me dissesse o que espera conseguir com nossas discussões, se é que espera algo. Você poderia me dizer?Abraço e até logo.
O que eu espero é algo totalmente prático, uma vez que sozinho ainda não consigo praticar o EU SOU, não consigo ainda percepcionar essa realidade que nos escapa aos sentidos e à razão. No âmbito dos debates não há, pois, nenhuma intenção de se adquirir novos conhecimentos teóricos, de forma a "aprofundar" o nosso diletantismo... Abçs,
04/08/2011 às 20:17 #88730MonstrinhoMembro[...] eu fiz uma nova reinterpretação de O Livro dos Espíritos, passando enxergar aquilo que está na frente dos olhos mas não vemos: se hoje somos filhos e amanhã voltamos como pais, ricos ou pobres, então não podemos acreditar que somos o personagem.
Interessante a abordagem... E aqui já levanto umas questões que me ocorreram, amparado em leituras de Nisargadatta: quem é que voltaria amanhã ‘como pais, ricos ou pobres’? Quem é este que já viveu antes e que regressaria depois? Isso que identificamos perante os outros e perante nós mesmos como ‘eu’, essa individualidade, não seria apenas uma sombra, uma criação perspectivística derivada da Mente, do tempo e do espaço ilusórios? O que há por trás dessas sombras, desses personagens, o que os anima? Creio que mais importante do que tentar responder a essas perguntas, por meio da linguagem (o que acredito não ser possível, como você já sabe), é intuir o que elas indicam e silenciar. No fundo, ‘nós’ sabemos quem ‘somos’; o esquecimento, parece, é apenas uma das regras que tornam possível a brincadeira, o Grande Jogo...
Bruno, sobre essa questão em particular, para eu não reescrever tudo novamente, sugiro que dê uma lida nesse post que fiz lá num tópico sobre Nietzsche ==> http://forum.consciencia.org/nietzsche/nietzsche-e-talvez-o-unico-filosofo-a-ser-levado-a-serio/msg20583/#msg20583 Abçs
04/08/2011 às 20:25 #88731MonstrinhoMembroOlá! Me desculpe por ter respondido tudo rapidamente e só agora estar dando atenção minuciosa a cada resposta sua.
‘Se praticarmos a meditação’, ‘chegará a hora em que”... Essa postergação do encontro com a Verdade que “aí está”, esse amontoado de condicionantes próprio do funcionamento da Mente é um dos fatores que nos impedem de perceber a Realidade. Uma das características do Vihangam Marg, o ‘Caminho do Pássaro’, é justamente esse delicado e resoluto salto. Não há realmente ego nenhum a ser destruído; isso é uma armadilha da linguagem.
E você pergunta lá no final do seu post "qual é o objetivo do teu fórum/site?"; o objetivo dos debates? Pois, é justamente como dar esse "delicado e resoluto salto" ::); como? boa pergunta não é?? É isso que eu busco debater lá no Máscaras de Deus. O objetivo é sair da Roda do Samsara. Será que isto é possível nesta vida ainda? ::) - Essa é a questão que nós sempre fazemos... Agora, o que me interessou aqui é esse "não há realmente ego nenhum a ser destruído; isso é uma armadilha da linguagem" :o. Não?? Você poderia explicar melhor isto? Como você vê o ego e as ilusões enquanto empecilhos para o reencontro ou tomada de consciência do EU SOU? Abçs,
04/08/2011 às 20:48 #88732MonstrinhoMembroBruno,Achei o link :D: http://www.4shared.com/dir/7720763/7463976c/sharing.html Tomara que esteja funcionando! ;)Abçs,
05/08/2011 às 20:03 #88733brunopiMembroObrigado pelo link. Baixarei assim que chegar em casa.
Na Doutrina Espírita seria o Espírito, entidade sobrevivente após a morte que, quando encarna representa papéis fictícios. O Espírito não têm atributos humanos, mas o problema é que, uma vez mergulhado no mundo de Maya (mundo material) acredita nessas ilusões e volta para o mundo espiritual acreditando que é um ser humano. É importante notar que, o fato de o Espírito perder o corpo físico (morte) não significa que ele retoma a consciência do EU SOU, como afirmam algumas tradições e religiões orientais baseadas no panteísmo, segundo às quais, o Espírito (Atman) retornaria à fonte Brahman, confundindo-se com "este". De fato isto pode ocorrer, mas somente para aqueles que se desumanizaram, que se despiram de todas as ilusões na sua reencarnação atual.
Conheço algumas definições de Espírito, mas não sei se a Doutrina Espírita o considera como um Espírito “Individualizado”, por assim dizer, ou como o Espírito único, simplesmente. Digo isso porque entendo que qualquer ‘individualização’ decorre da dualidade (mesmo que isso possa soar estranho a algumas pessoas), e por isso é apenas aparente, sem realidade. Não conheço motivos para desacreditar da reencarnação, mas penso que todo este movimento descrito, por exemplo, no Livro Tibetano dos Mortos, diz respeito a ilusões. Este que já viveu antes e que viverá depois é impermanente e irreal (antes e depois = perspectivismo e temporalidade = ilusão). Todos os seres, sonhos de um sonho, nada mais. Com aquelas questões eu estava tentando aludir à Testemunha silenciosa de tudo o que se dá, para além do corpo, da morte, da linguagem, das identificações, do movimento. Pelo que entendo, o “retorno à Fonte” não se dá apenas em virtude da identificação e com o que a origina – o apego, a ignorância.
Sim, é um postergar, mas você não concorda então, que há vários de níveis de compreensão da realidade, via meditação (= percepção não condicionada) a serem atingidos? Do contrário na primeira meditação já teríamos o acesso a essa realidade não percepcionada pelos sentidos ou pela razão. Claro, concordo que, como diz Krishnamurti, "se antes não colocarmos a 'casa em ordem' de nada serve a meditação".
É possível atingir vários níveis de compreensão da realidade, sim, mas acredito que nenhum deles precisam ser atingidos. Você sabe, há vários caminhos. Podemos atingir a perfeição sem nunca termos meditado formalmente, por exemplo, seguindo o caminho da devoção (bhakti). A depender da pessoa, a devoção pode conduzir à dissociação com o ego com muito mais rapidez que a meditação – no caso de o devoto se dedicar com tal intensidade que acabe por se identificar finalmente com o Absoluto. O que acho maravilhoso no ensinamento do Maharaj é esta indicação de que não percamos tempo com estágios, etapas, processos – apenas seja aqui e agora o que você, atemporal e incompreensivelmente, É. Pra quem está ‘pronto’ pra isso, basta topar abandonar o que não se é, com honestidade e perseverança.
E você pergunta lá no final do seu post "qual é o objetivo do teu fórum/site?"; o objetivo dos debates? Pois, é justamente como dar esse "delicado e resoluto salto" ; como? boa pergunta não é?? É isso que eu busco debater lá no Máscaras de Deus. O objetivo é sair da Roda do Samsara. Será que isto é possível nesta vida ainda? - Essa é a questão que nós sempre fazemos...
Posso ser sincero? Acho que não tenho mais nada a aprender quanto ao caminho a seguir a fim de sair do Samsara. Conheço muito bem, mesmo que toscamente, quais são os mecanismos que me aprisionam – como, por exemplo, sentar e escrever isso aqui como se eu existisse como pessoa, como se houvesse qualquer sentido no que escrevo, como se acreditasse que há algo do que me proteger, ou que há alguém a ser protegido. Não há. É um jogo muito bem construído. Você construiu o que chama de vida, o que chama de mundo, e tudo isso existe apenas pra você. Quando as perguntas acabam, quem resta para responder? Quando os pensamentos acabam, quem há para pensar? Que vida? Que questões? Quem as faz?
Agora, o que me interessou aqui é esse "não há realmente ego nenhum a ser destruído; isso é uma armadilha da linguagem" . Não?? Você poderia explicar melhor isto? Como você vê o ego e as ilusões enquanto empecilhos para o reencontro ou tomada de consciência do EU SOU?
O ego é apego, memórias e projeções... presente, passado e futuro... Eu sou. Eu sinto. Eu me sinto. Eu penso. Eu tenho um corpo. Eu sinto o mundo com meu corpo. Eu estou no mundo com meu corpo. Há muitas coisas que não sinto com meu corpo. Elas não são eu. Eu sou o corpo. Meu corpo pensa, com o cérebro. As outras pessoas pensam com o corpo delas. Eu sou diferente de todo o resto, o que eu não sou. E por aí vai. Empecilho? Não há nenhum. A Mente cria todos eles, sem parar. O que você tem a ver com isso? Nada. Você é a fonte, tudo acontece pra você. Se eu disser que é nisso que eu acredito, estarei mentindo – há apenas o ato de acreditar, testemunhado silenciosamente. Quem testemunha? Impossível dizê-lo.
07/08/2011 às 17:05 #88734brunopiMembromuito obrigado pelo link… tantas obras preciosas… vou passar adiante.
04/09/2011 às 22:18 #88735VidrohMembroCaros amigos cheguei a esta conversa sobre Nisargadatta em busca de diferenças entre o Zen Budismo e o Advaita Vedanta e fiquei curioso sobre a postagem os Fundamentos Epistemológicos da Filosofia Advaita Vedanta de Nisargadatta Maharaj. Em 2010 estive na India e conheci o discípulo de Nsargadatta que dá continuidade às sua praticas no Ashram em Mumbai. Conheci vários antigos devotos e estive na sala onde Nisargaddatta deva os seus Satsangs diárias. Sou um estudioso e praticante do Advaita e do Zen . Se puder contribuir na conversa. Estou por aqui.Um grandeabraçoVidroh
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