Genealogia da moral – terceira dissertaçao

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    “o ideal ascético significa precisamente isto: que algo faltava, que uma monstruosa lacuna circundava o homem – ele não sabia justificar, explicar, afirmar a si mesmo, ele sofria do problema do seu sentido. Ele sofria também de outras coisas, era sobretudo um animal doente, mas seu problema não era sofrer mesmo, e sim que lhe faltasse a resposta para o clamor da pergunta ´para que sofrer´?”
    terceira dissertação… p. 148/149

    o que refletir sobre a passagem acima?

    #80742

    Olá Marcio

    Na Genealogia da Moral Nietzsche está investigando a origem dos conceitos de bem e mal, e como o bom tornou-se o mal e o mal tornou-se bom através da invenção pesada da moral. O espírito de rebanho, dos fracos, passou em algum momento da história a prevalecer sobre o homem superior, o guerreiro, que vive a vida em sua plenitude, não é isso?

    Esta passagem parece estar investigando o problema do ascetismo platônico e judaico-cristão. No Fédon de Platão o corpo é colocado como inferior à alma, uma prisão sujeita às paixões, sendo a alma pura, imortal. Nietzsche no Crepúsculo dos Ídolos comenta a última frase de Sócrates a Críton “Devo um galo a esculápio – se lembrará de pagar a dívida”?. Esculápio era o Deus da Medicina e para Nietzsche essa frase equivale a dizer que a vida é uma doença, da qual a morte é a cura.

    Nietzsche critica os “mundo-verdade”, fundamento metafísico para a realidade aparente, sensível, que a investigação filosófica e teológica consagrou. Estes “além-mundo” são para o autor uma desconfiança mesquinha em relação à Terra. A vida de caracteriza pela abundância, o verdadeiro fundamento da vida não precisa estar num destes “além-mundo” ou então no julgamento divino após a morte. Por isso o “homem superior” vive essa abundância, vive o momento.

    Nietzsche tem uma frase que diz a felicidade é o resultado de uma boa digestão e outra que diz que deveria-se obrigar o asceta a comer uma caixa de maizena. Aparece aí a importância do corpo, do alimento, que ele trata em outras passagens, do bom funcionamento. Uma pessoa com saúde, funcionando perfeitamente, não tem por que dirigir sua atenção para qualquer outra instância que não a presente. No Zaratustra Nietzsche fala do espírito da criança, que acontece depois da tresvaloração. A criança vive o presente, esquece facilmente das mazelas e se abre para o novo, sem as rachaduras na alma, sem o remoer moral constante.

    Existem vários bons livros que nos ajudam a ambientar-se na filosofia nietzscheana, um que vi recentemente é o do prof. Carlos Alberto Ribeiro de Moura, que saiu pela Martins Fontes. O título é Nietzsche: Civilização e Cultura.

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