Marx e o Marxismo

Início Fóruns Fórum Sobre Filósofos Marx Marx e o Marxismo

  • Este tópico está vazio.
Visualizando 11 posts - 1 até 11 (de 11 do total)
  • Autor
    Posts
  • #69833

    Seria extremamente interessante discutir a relação entre Marx e os diversos “marxismos” neste espaço. Por isso daria o ponto de partida colocando em questão o marxismo de Pannekoek. a questão é: Pannekoek desenvolveu a teoria marxista num sentido revolucionário ou foi vítima da “doença infantil do esquerdismo”?

    #72049

    Meu caro: Não conheço suficientemente Pannekoek para formar um juízo a respeito, porém, este tópico é realmente importante e talvez você possa nos ajudar. Creio que a doença infantil do esquerdismo é a forma como Lenin se referiu ao Pannekoek em um dos títulos de seus textos.

    Não podemos esquecer que o termo marxismo surgiu primeiramente como pejorativo, cunhado pelos adversários de Marx na 1ª internacional, especialmente Bakunin e os bakunianos. Isso é muito berm tratado naquela coleção completíssima chamada “A História do Marxismo” sobre a orientação de Eric Hobbsbawn.

    Veja só que texto legal sobre Pannekoek eu encontrei transcrito em português:
    Biografia de Anton Pannekoek

    #72050

    Ao analisarmos as teses com as quais envolvrmos duvidas è preciso colocarmos em questão todo o conteudo.Então quais seriam as idéias de Marx sobre Deus?

    #72051

    O que tenho visto em todos os marxistas é uma postura agnóstica. Vejo problemas nessa postura pois pressupõe que aquilo que não se pode provar é inexistente. Desde esse ponto de vista, a realidade não existiria como processo em si. Tudo seria relativo e não haveria um absoluto.
    Me parece muito estranho o caso de, algumas vezes, pessoas se orgulharem por usar o título “agnóstico” pois essa palavra significa, literalmente, “ignorante”. Aquele que é agnóstico, se posiciona contra o conhecimento. Como poderia alguém orgulhar-se disso? Que motivo de orgulho há em posicionar-se contra o conhecimento e auto-definir-se como ignorante? A não ser que nos definamos como ignorantes no sentido socrático, parece-me insensato louvar o desconhecimento, o agnosticismo.
    A postura de negar o supra-sensível com o argumento de que apenas seria aceitável se fosse tridimensionalmente demonstrável é cômoda e agradável. Difícil é trabalhar a própria consciência para tornar-se capaz de acessar estados de realidade incomum. Argumentar que algo não existe porque não se vê e nem se demonstra de modo irrefutável para os sentidos é ingênuo pois há acontecimentos que exigem o uso de percepções alteradas para demonstração.

    #72052

    O Marxismo que conhecemos está longe do que Karl Marx realmente propôs. Sendo oriundo de família judaica protestante, ele acreditava em Deus mas desacreditava na religião, da religiosidade mecânica e fria dos religiosos de sua época. Todavia a única forma de Marxismo que realmente conheço é a praticada pela igreja cristã primitiva. A igreja apostólica.

    #72053

    Nao sou um “expert”em Marx por isso gostaria que alguem me escrevesse sobre as tres bases constituitivas do Marxismo! porque acho que isso é essencial para entender a fundo sua teoria, sei que ele escreveu um livro sobre filosofia da natureza em Democrito e Epicuro sei que ele utilizou muito do Evolucionismo de Darwin e que criticou o idealismo de Hegel mas nao tenho certeza que essas sejam as tres bases!Por favor escrevam sobre o assunto

    #72054

    tenho dificuldade em entender marxismo e liberalismo, ou melhor, em estabelecer uma comparação entre os dois, quem puder me ajudar, envie um artigo. Obrigada.

    #72055

    Estou lendo um livrinho muito bom e que recomendo a todos, “O que é Sociologia”, da Brasiliense. Esse livro fala que Marx deixou-se influenciar principalmente por tres correntes de pensamento: 1º – os chamados Socialistas Utópicos, que são os primeiros críticos do capitalismo: Saint-Simon, Owen e Fourier. Muito elogiados por Marx e Engels.
    2º – Hegel e a dialética, ou seja, a história como contínuo movimento de tese, antítese e síntese. Marx baseia-se em Hegel, mas afirma tê-lo corrigido. Hegel afirmava que o pensamento cria a realidade (idealismo), Marx afirmava}} que a realidade cria o pensamento e as idéias.
    3º – a Economia Política. Marx critica os economistas clássicos, Adam Smith e Ricardo, que tinham uma concepção individualista da economia. Marx assinala e realidade eminentemente social do homem e da economia.
    Essas são as três principais correntes de pensamento, que influenciaram o marxismo.

    #72056

    Caros amigos,

    Acompanhando a atitude de Gilberto Ribeiro e Silva, eu também estou lendo um livrinho da Editora Brasiliense intitulado “O que é Ideologia?”, no qual a autora Marilena Chaui esclarece o conceito de ideologia, inclusive em Marx (a partir da leitura de “A Ideologia Alemã”).

    Nesse passo, pretendo expôr algumas idéias acerca do item 2 do comentário de Gilberto R. Silva, sobre a influência da dialética idealista de Hegel e a construção da dialética materialista de Marx.

    Em “A Ideologia Alemã”, duas críticas aos ideólogos alemães são realizadas por Marx:

    1. os chamados ideólogos alemães, ao pretenderem demolir o sistema hegeliano, criticaram apenas um aspecto de sua filosofia, substituindo tal dialética por uma fraseologia sem “sentido e sem consistência”;
    2. Os ideólogos alemães tomaram apenas um aspecto da realidade humana, convertendo-o em uma idéia universal e passando a deduzir todo o real dese aspecto idealizado (ou seja, não criticaram coisa alguma, ignoraram a filosofia hegeliana e, sobretudo, a realidade alemã – nada mais fizeram do que ideologia).

    Dispensadas as interpretações dos ideológos alemães (que apenas o ridicularizaram e, sem o saber, permaneceram presos a ele), Marx realiza uma crítica radical (e por isso mesmo conserva sem risco muitas das suas contribuições) sobre a dialética hegeliana.

    Para compreendermos a mudança da dialética idealista hegeliana para a dialética materialista marxista, faz-se necessário, neste momento, enumerar as principais idéias de Hegel na forma de um esquema:

    1. A Cultura, relações dos homens com a Natureza, é o real enquanto manifestação do Espírito;
    2. O real é definido pela Cultura, a Cultura é definida pelo movimento de exteriorização e interiorização da Espírito;
    3. Há revolução do conceito de história, pois:
    a. os acontecimentos não estão no tempo, mas são o tempo;
    b. a história é um processo dotado de uma força ou de um motor interno que produz acontecimentos (e não uma sucessão de causas e efeitos). Esse motor interno é a contradição;
    c. pensa-se a história como um processo contraditório unificado em si mesmo e por si mesmo, plenamente compreensível e racional (e não na história como sucessão de fatos dispersos que seriam unificados pela consciência do historiador);
    4. Concebe-se a história como história do Espírito. Assim entendida, a história é o movimento pelo qual o que o Espírito é em si (as obras culturais) se torna o que o Espírito é para si (compreensão de sua obra como realização sua), desaguando em um momento final chamado filosofia (ou seja, a Memória da história do Espírito).
    5. A história é reflexão. Nesse sentido, o Espírito 'sai para fora de si', criando a cultura, e 'volta para dentro de si', reconhecendo sua produção, fazendo com que o que ela é, em si, seja também para si. Assim, o Espírito é o Sujeito da história, pois somente um sujeito é capaz de ter reflexão;
    6. No processo de exteriorização-interiorização do Espírito-Sujeito, quando este não se reconhece como produtor das obras e como sujeito da história, ocorre a alienação;
    7. Imediato, abstrato e aparência (modo pelo qual uma realidade se oferece como algo dado) X mediato, concreto e ser (processo de uma constituição de uma realidade através de mediações contraditórias). O primeiro e o segundo trinômios são contraditórios e reais. E sua síntese é efetuada pelo espírito (síntese, agora, denomina-se conceito).

    Uma vez enumerada as principais idéias de Hegel, pergunta-se: em relação à dialética idealista hegeliana, o que muda e o que se conserva na dialética materialista marxista?

    1. Marx conserva o conceito de dialética. Porém, a contradição não é do Espírito consigo mesmo (exteriorização de obras – interiorização de idéias), mas contradição entre homens reais em condições históricas e sociais reais (contradição que recebe o nome de luta de classes).
    2. A história não é, portanto, o processo pelo qual o Espírito toma posse de si mesmo, mas a história é a história do modo real como os homens reais produzem suas condições reais de existência. É também a história de como os homens interpretam todas essas relações.
    3. Marx conserva as diferenças entre abstrato/concreto, imediato/mediato, aparecer/ser. Mas demonstra que a mercadoria não é uma coisa, mas trabalho social, tempo de trabalho não pago (ocultamento da exploração social).
    4. Marx conserva a afirmação de que a realidade é histórica e, por isso, reflexionante. Mas ao invés de o sujeito ser o Espírito, agora o sujeito são as classes sociais em luta.
    5. Marx conserva o conceito de alienação. Mas, agora, a alienação não é do Espírito, mas dos homens reais em condiçoes reais. 'Alienação, reificação, fetichismo: é esse processo no qual as atividades humanas começam a se realizar como se fossem autônomas ou independentes dos homens, sem que estes possam controlá-las. São ameaçados e perseguidos por elas. Tornam-se objetos delas'.

    Enfim, de maneira grosseira, pude expôr um pouco da leitura de 'O que é ideologia', na forma de resumo, para compreendermos a mudança da dialética idealista hegeliana para a dialética materialista marxista.

    Recomendo a leitura desse livrinho, pois acredito que seja uma boa oportunidade para compreendermos não apenas as diferenças entre as dialéticas hegeliana e marxista, mas também o próprio conceito de ideologia em sua plenitude.

    CHAUI, Marilena. O que é ideologia (coleção Primeiros Passos). São Paulo: Editora Brasiliense; 34a. edição, 1991.

    Abraços a todos…

    #72057

    Herbert Marcuse,um dos teóricos proeminentes da escola de Frankfurt,trata dum assunto de relevância vital em nossa realidade:Cultura de massa.
    Tal fenômemo,tão característico ao atual sistema sócio-ecônomico,traz-nos pecualiridades como a alienação do homem enquanto ser cultural,a alienação do homem enquanto produtor e agente modificador da História,a alienaçao do homem enquanto existência,ou seja,a destituição do porquê e das origens dos produtos que nós mesmos criamos,a alienação do sistema enquanto criação,mais ou menos como se este sistema fosse o idealizado e materializado,e já não mais passível de alteração do homem,como se este fosse seu criador,sendo justamente o inverso.
    -Gostaria que meus colegas de discussão tratassem mais do assunto para que possamos ter uma avaliação global histórica e filosófica em torno do problema, e que me correspondessem…NO mais,
    “o começo é a metade do todo..”
    Pitágoras

    #72058
    artmov
    Membro

    Marx é uma coisa, os marxismos são outra. Indico O que é Marxismo? de Nildo Viana e Escritos Metodológicos de Marx, do mesmo autor.Pannekoek era representante do comunismo de conselhos, radicalmente oposto a duas deformações do marxismo, a social-democracia e o bolchevismo. O livro do Lênin é uma das piores coisas já escritas e sem nenhuma afirmação relevante ou importante, a não ser a círitiica superficial dos seus opositores, entre eles Pannekoek, e o modelo russo de contra-revolução burocrática contra a auto-emancipação dos trabalhadores.

Visualizando 11 posts - 1 até 11 (de 11 do total)
  • Você deve fazer login para responder a este tópico.