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26/10/2000 às 21:46 #69833Miguel (admin)Mestre
Seria extremamente interessante discutir a relação entre Marx e os diversos “marxismos” neste espaço. Por isso daria o ponto de partida colocando em questão o marxismo de Pannekoek. a questão é: Pannekoek desenvolveu a teoria marxista num sentido revolucionário ou foi vítima da “doença infantil do esquerdismo”?
07/11/2000 às 4:41 #72049Miguel (admin)MestreMeu caro: Não conheço suficientemente Pannekoek para formar um juízo a respeito, porém, este tópico é realmente importante e talvez você possa nos ajudar. Creio que a doença infantil do esquerdismo é a forma como Lenin se referiu ao Pannekoek em um dos títulos de seus textos.
Não podemos esquecer que o termo marxismo surgiu primeiramente como pejorativo, cunhado pelos adversários de Marx na 1ª internacional, especialmente Bakunin e os bakunianos. Isso é muito berm tratado naquela coleção completíssima chamada “A História do Marxismo” sobre a orientação de Eric Hobbsbawn.
Veja só que texto legal sobre Pannekoek eu encontrei transcrito em português:
Biografia de Anton Pannekoek25/05/2001 às 19:53 #72050Miguel (admin)MestreAo analisarmos as teses com as quais envolvrmos duvidas è preciso colocarmos em questão todo o conteudo.Então quais seriam as idéias de Marx sobre Deus?
28/05/2001 às 3:23 #72051Miguel (admin)MestreO que tenho visto em todos os marxistas é uma postura agnóstica. Vejo problemas nessa postura pois pressupõe que aquilo que não se pode provar é inexistente. Desde esse ponto de vista, a realidade não existiria como processo em si. Tudo seria relativo e não haveria um absoluto.
Me parece muito estranho o caso de, algumas vezes, pessoas se orgulharem por usar o título “agnóstico” pois essa palavra significa, literalmente, “ignorante”. Aquele que é agnóstico, se posiciona contra o conhecimento. Como poderia alguém orgulhar-se disso? Que motivo de orgulho há em posicionar-se contra o conhecimento e auto-definir-se como ignorante? A não ser que nos definamos como ignorantes no sentido socrático, parece-me insensato louvar o desconhecimento, o agnosticismo.
A postura de negar o supra-sensível com o argumento de que apenas seria aceitável se fosse tridimensionalmente demonstrável é cômoda e agradável. Difícil é trabalhar a própria consciência para tornar-se capaz de acessar estados de realidade incomum. Argumentar que algo não existe porque não se vê e nem se demonstra de modo irrefutável para os sentidos é ingênuo pois há acontecimentos que exigem o uso de percepções alteradas para demonstração.01/07/2001 às 3:12 #72052Miguel (admin)MestreO Marxismo que conhecemos está longe do que Karl Marx realmente propôs. Sendo oriundo de família judaica protestante, ele acreditava em Deus mas desacreditava na religião, da religiosidade mecânica e fria dos religiosos de sua época. Todavia a única forma de Marxismo que realmente conheço é a praticada pela igreja cristã primitiva. A igreja apostólica.
17/04/2002 às 19:24 #72053Miguel (admin)MestreNao sou um “expert”em Marx por isso gostaria que alguem me escrevesse sobre as tres bases constituitivas do Marxismo! porque acho que isso é essencial para entender a fundo sua teoria, sei que ele escreveu um livro sobre filosofia da natureza em Democrito e Epicuro sei que ele utilizou muito do Evolucionismo de Darwin e que criticou o idealismo de Hegel mas nao tenho certeza que essas sejam as tres bases!Por favor escrevam sobre o assunto
04/03/2003 às 14:37 #72054Miguel (admin)Mestretenho dificuldade em entender marxismo e liberalismo, ou melhor, em estabelecer uma comparação entre os dois, quem puder me ajudar, envie um artigo. Obrigada.
15/05/2003 às 14:42 #72055Miguel (admin)MestreEstou lendo um livrinho muito bom e que recomendo a todos, “O que é Sociologia”, da Brasiliense. Esse livro fala que Marx deixou-se influenciar principalmente por tres correntes de pensamento: 1º – os chamados Socialistas Utópicos, que são os primeiros críticos do capitalismo: Saint-Simon, Owen e Fourier. Muito elogiados por Marx e Engels.
2º – Hegel e a dialética, ou seja, a história como contínuo movimento de tese, antítese e síntese. Marx baseia-se em Hegel, mas afirma tê-lo corrigido. Hegel afirmava que o pensamento cria a realidade (idealismo), Marx afirmava}} que a realidade cria o pensamento e as idéias.
3º – a Economia Política. Marx critica os economistas clássicos, Adam Smith e Ricardo, que tinham uma concepção individualista da economia. Marx assinala e realidade eminentemente social do homem e da economia.
Essas são as três principais correntes de pensamento, que influenciaram o marxismo.19/03/2004 às 8:13 #72056Miguel (admin)MestreCaros amigos,
Acompanhando a atitude de Gilberto Ribeiro e Silva, eu também estou lendo um livrinho da Editora Brasiliense intitulado “O que é Ideologia?”, no qual a autora Marilena Chaui esclarece o conceito de ideologia, inclusive em Marx (a partir da leitura de “A Ideologia Alemã”).
Nesse passo, pretendo expôr algumas idéias acerca do item 2 do comentário de Gilberto R. Silva, sobre a influência da dialética idealista de Hegel e a construção da dialética materialista de Marx.
Em “A Ideologia Alemã”, duas críticas aos ideólogos alemães são realizadas por Marx:
1. os chamados ideólogos alemães, ao pretenderem demolir o sistema hegeliano, criticaram apenas um aspecto de sua filosofia, substituindo tal dialética por uma fraseologia sem “sentido e sem consistência”;
2. Os ideólogos alemães tomaram apenas um aspecto da realidade humana, convertendo-o em uma idéia universal e passando a deduzir todo o real dese aspecto idealizado (ou seja, não criticaram coisa alguma, ignoraram a filosofia hegeliana e, sobretudo, a realidade alemã – nada mais fizeram do que ideologia).Dispensadas as interpretações dos ideológos alemães (que apenas o ridicularizaram e, sem o saber, permaneceram presos a ele), Marx realiza uma crítica radical (e por isso mesmo conserva sem risco muitas das suas contribuições) sobre a dialética hegeliana.
Para compreendermos a mudança da dialética idealista hegeliana para a dialética materialista marxista, faz-se necessário, neste momento, enumerar as principais idéias de Hegel na forma de um esquema:
1. A Cultura, relações dos homens com a Natureza, é o real enquanto manifestação do Espírito;
2. O real é definido pela Cultura, a Cultura é definida pelo movimento de exteriorização e interiorização da Espírito;
3. Há revolução do conceito de história, pois:
a. os acontecimentos não estão no tempo, mas são o tempo;
b. a história é um processo dotado de uma força ou de um motor interno que produz acontecimentos (e não uma sucessão de causas e efeitos). Esse motor interno é a contradição;
c. pensa-se a história como um processo contraditório unificado em si mesmo e por si mesmo, plenamente compreensível e racional (e não na história como sucessão de fatos dispersos que seriam unificados pela consciência do historiador);
4. Concebe-se a história como história do Espírito. Assim entendida, a história é o movimento pelo qual o que o Espírito é em si (as obras culturais) se torna o que o Espírito é para si (compreensão de sua obra como realização sua), desaguando em um momento final chamado filosofia (ou seja, a Memória da história do Espírito).
5. A história é reflexão. Nesse sentido, o Espírito 'sai para fora de si', criando a cultura, e 'volta para dentro de si', reconhecendo sua produção, fazendo com que o que ela é, em si, seja também para si. Assim, o Espírito é o Sujeito da história, pois somente um sujeito é capaz de ter reflexão;
6. No processo de exteriorização-interiorização do Espírito-Sujeito, quando este não se reconhece como produtor das obras e como sujeito da história, ocorre a alienação;
7. Imediato, abstrato e aparência (modo pelo qual uma realidade se oferece como algo dado) X mediato, concreto e ser (processo de uma constituição de uma realidade através de mediações contraditórias). O primeiro e o segundo trinômios são contraditórios e reais. E sua síntese é efetuada pelo espírito (síntese, agora, denomina-se conceito).Uma vez enumerada as principais idéias de Hegel, pergunta-se: em relação à dialética idealista hegeliana, o que muda e o que se conserva na dialética materialista marxista?
1. Marx conserva o conceito de dialética. Porém, a contradição não é do Espírito consigo mesmo (exteriorização de obras – interiorização de idéias), mas contradição entre homens reais em condições históricas e sociais reais (contradição que recebe o nome de luta de classes).
2. A história não é, portanto, o processo pelo qual o Espírito toma posse de si mesmo, mas a história é a história do modo real como os homens reais produzem suas condições reais de existência. É também a história de como os homens interpretam todas essas relações.
3. Marx conserva as diferenças entre abstrato/concreto, imediato/mediato, aparecer/ser. Mas demonstra que a mercadoria não é uma coisa, mas trabalho social, tempo de trabalho não pago (ocultamento da exploração social).
4. Marx conserva a afirmação de que a realidade é histórica e, por isso, reflexionante. Mas ao invés de o sujeito ser o Espírito, agora o sujeito são as classes sociais em luta.
5. Marx conserva o conceito de alienação. Mas, agora, a alienação não é do Espírito, mas dos homens reais em condiçoes reais. 'Alienação, reificação, fetichismo: é esse processo no qual as atividades humanas começam a se realizar como se fossem autônomas ou independentes dos homens, sem que estes possam controlá-las. São ameaçados e perseguidos por elas. Tornam-se objetos delas'.Enfim, de maneira grosseira, pude expôr um pouco da leitura de 'O que é ideologia', na forma de resumo, para compreendermos a mudança da dialética idealista hegeliana para a dialética materialista marxista.
Recomendo a leitura desse livrinho, pois acredito que seja uma boa oportunidade para compreendermos não apenas as diferenças entre as dialéticas hegeliana e marxista, mas também o próprio conceito de ideologia em sua plenitude.
CHAUI, Marilena. O que é ideologia (coleção Primeiros Passos). São Paulo: Editora Brasiliense; 34a. edição, 1991.
Abraços a todos…
08/04/2004 às 4:01 #72057Miguel (admin)MestreHerbert Marcuse,um dos teóricos proeminentes da escola de Frankfurt,trata dum assunto de relevância vital em nossa realidade:Cultura de massa.
Tal fenômemo,tão característico ao atual sistema sócio-ecônomico,traz-nos pecualiridades como a alienação do homem enquanto ser cultural,a alienação do homem enquanto produtor e agente modificador da História,a alienaçao do homem enquanto existência,ou seja,a destituição do porquê e das origens dos produtos que nós mesmos criamos,a alienação do sistema enquanto criação,mais ou menos como se este sistema fosse o idealizado e materializado,e já não mais passível de alteração do homem,como se este fosse seu criador,sendo justamente o inverso.
-Gostaria que meus colegas de discussão tratassem mais do assunto para que possamos ter uma avaliação global histórica e filosófica em torno do problema, e que me correspondessem…NO mais,
“o começo é a metade do todo..”
Pitágoras28/08/2008 às 12:15 #72058artmovMembroMarx é uma coisa, os marxismos são outra. Indico O que é Marxismo? de Nildo Viana e Escritos Metodológicos de Marx, do mesmo autor.Pannekoek era representante do comunismo de conselhos, radicalmente oposto a duas deformações do marxismo, a social-democracia e o bolchevismo. O livro do Lênin é uma das piores coisas já escritas e sem nenhuma afirmação relevante ou importante, a não ser a círitiica superficial dos seus opositores, entre eles Pannekoek, e o modelo russo de contra-revolução burocrática contra a auto-emancipação dos trabalhadores.
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