Assisti esses dias a uma palestra do Jaa Torrano e ele, dentre muitas coisas, disse uma que eu achei particularmente curiosa.
O mito de Prometeu que Protágoras apresenta no diálogo “Protágoras” coloca a origem da política nas mãos de Zeus e difere um pouco da versão de Hesíodo.
http://www.consciencia.org/antiga/plapro.shtml
Este pequeno texto dá conta de algumas relações.
Pois bem, Torrano afirmou que no mito Zeus beneficia os homens por conta da concepção platônica de que é impossível algum mal surgir dos deuses. Esse é o dorso da crítica de Platão a Homero, no livro III da República. Homero retrata os deuses fazendo inequidades típicas dos mortais.
Dessa forma, numa visão platônica, seria impossível o castigo de Zeus aos homens que é endossado no mito, a coisa da criação de Pandora.
O ponto realmente duvidoso é que Torrano afirmou que os sofistas mereciam um imenso respeito por parte de Platão, que afirma, no diálogo, que Protágoras era o homem mais sábio da Grécia. Apesar da ironia dessa afirmação, Torrano afirma que os sofistas eram muito considerados e mesmo necessários para o filósofo. Isso justificaria o retrato de Aristófanes de Sócrates como mais um sofista e explicaria porque Protágoras não atribuiu o mal dos homens a um deus, mas ao contrário, um benefício, a política.
Vale ressaltar que o grosso das críticas a Homero são feitas nos livros II e III da República, diálogo de maturidade, ao passo que Protágoras é um diálogo de juventude.