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09/05/2005 às 7:40 #76171Miguel (admin)Mestre
Gostaria de passar esse link no site orkut.com, onde existe um fórum somente sobre o Ensino de Filosofia:
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=392858
abs
09/05/2005 às 15:25 #76172Miguel (admin)MestreAo dar uma olhada nessa lista, deparei-me com a seguinte frase:
“Será que somos os próprios coitadinhos excluidos ou somos os preguiçosos reclamões que não assumimos uma postura realmente transformadora no nosso próprio quintal?”
Para não aumentar a leva dos que reclamam, vou incluir-me no bando dos que perguntam: como seria um transformador do quintal?
Alguma proposta concorreria em eficiência e esperança contra as de mudança no sistema de ensino, e, em especial, o ensino da filosofia?
Em outra época a filosofia teve importância na mudança do mundo. Talvez a citação caiba contra alguém que tenha resumido a filosofia em pedantismo acadêmico inerte, a pergunta “que filosofia?” caberia se a filosofia fosse pensamento de gueto, contudo, entendendo a filosofia ao modo dos antigos, como reflexão que considera o todo e que se pratica na vida – faço questão de esquecer os casos tristes de patologia filosófica em que departamentos acadêmicos tornam-se torcidas organizadas desse ou daquele filósofo, produzindo muito papel para compensar a falta de produção de filósofos –, enfim, não imagino nada mais transformador do que a filosofia. Transforma o agricultor, a horta no quintal e ainda exporta legumes.
[]'s
09/05/2005 às 22:36 #76173Miguel (admin)MestreUm professor que trabalha bastante a questão da filosofia no Ensino Médio é o Celso Favaretto, da USP, também teórico da Tropicália
Ceramente, a filosofia em sala de aula no ensino médio é bastante diferente da faculdade. O Bacharelado forma pesquisadores e/ou professores universitários.
A abordagem no Médio é diferente. Parecem existir três grandes vertentes de abordagem:
A primeira, mais tradicional, clássica, é da História da Filosofia. Curso panorâmico ou de análise, trata diretamente sobre os autores, usando os manuais e compêndios ou os próprios autores. Sua desvantagem é a extrema abstração do assunto, e o pouco interesse que desperta numa classe atual. Existem muitos bons livros escritos na forma de curso. Esse tipo exige do professor a formação e o conhecimento de vários tópicos de filosofia.
Uma segunda maneira de lidar com a disciplina é organizando aulas-debate em torno de temas atuais e polêmicos, por exemplo, bioética e clonagem, aborto, corrupção na política, política internacional. Esse tipo é mais interativo e procura desenvolver um espírito crítico, reflexivo, nos alunos, que sai de sua timidez e de seu mundo imediato para rever os conceitos e valores que a mídia/família escolha lhe dá. O problema desse tipo é o relativo distanciamento em relação ao corpo de textos propriamente dito da filosofia. Também exige que o professor atue como um mediador e orientador.
E o terceiro tipo é o de uma abordagem da filosofia clássica usando elementos do mundo real ou imediato dos alunos. Por exemplo a relação entre um filme da moda como Matrix e a filosofia de Platão, ou então o questionamento de valores da personagem de quadrinhos Mafalda, o capitalismo no Tio Patinhas, a luta de classes na novela das oito etc.
De qualquer forma, é preciso considerar que o grau de atenção e abstração de um aluno do médio costuma ser em geral, muito baixo. Vários colegas professores relatam que é preciso conquistar os alunos e o silêncio de forma amigável: falar de futebol, de rock etc. A linha dura não parece surtir um bom efeito. Muitos também relatam que apenas dois ou três alunos em cada sala fazem a aula valer a pena. Numa aula de 50 minutos, o professor conseguirá talvez, 15 minutos de atenção contínua. O que parece ser muito pouco para tratar minimamente uma questão da filosofia.Como escapar da superficialidade ou decoreba, então? Ele terá de ficar esperando de tocaia para o “Touchet”, que é uma oportunidade de introduzir o aluno numa experiência de raciocínio formal.
Temos de considerar nesse debate um outro, que é de que não é possível ensinar a filosofar, mas somente a história da filosofia. Como já apontou o Mênon, se a virtude pudesse ser ensinada, os filhos de Péricles seriam os mais virtuosos da Hélade. Você ensina a filosofia, e o aluno pode ou não conseguir desenvolver um pensamento filosófico próprio a partir disso.
10/05/2005 às 10:22 #76174Miguel (admin)MestreA questão perpassa também pela democratização da filosofia, se ela é ou não possível, e se for, como escapar da vulgarização. Junte-se a isso a questão da forma do texto ser escrito (método analítico, sintético, geométrico, ensaio, dissertação, aforisma) e o público ao que o texto se dirige (leigo, douto). Espinosa no Tratado-Teológico Político se dirige aos doutos. Marx escreve o Manifesto do Partido para o público geral – e nem por isso o texto perde em fecundidade – e o Capital para o público especializado. Hume escreve um Resumo de de seu Tratado para propagar suas idéias, assim como kant escreve os Prolegômenos para ajudar a se ler a Crítica.
Abaixo uma frase do Sartre, que foi professor de Liceu durante muito tempo, assim como seu personagem Mathieu de Idade da razão, e outros grandes filósofos, como o Deleuze:
“Sinceramente, acho que é possível que, no Ação, minhas teses tenham ficado um pouco enfraquecidas; acontece, freqüentemente, que pessoas não qualificadas venham fazer-me perguntas. Encontro-me, então, diante de duas soluções possíveis: recusar-me a responder ou aceitar a discussão ao nível da vulgarização. Escolhi a segunda porque, no fundo, quando expomos teorias no colégio, numa aula de filosofia, aceitamos enfraquecer uma idéia para torná-la inteligível, e não é tão ruim assim. Se a teoria é uma teoria do engajamento, temos de engajar-nos até o fim.”
11/10/2005 às 20:53 #76175Miguel (admin)MestreTalvez só seja uma questão de “meter as caras”, correr o risco de cometer erros, levantar, sacodir a poeira e dar a volta por cima, there's no easy way, fuck'em…
…não tá morto ainda quem peleia.
27/12/2006 às 21:48 #76176Henry ThoreauMembroAs pessoas não tem garantias de que vão viver melhor com a filosofia.E as pessoas são inseguras.O mundo(e a filosofia faz parte dele) não dá essa garantia.Medrosas, gostam de garantias.A garantia que elas têm são seus trabalhos e o que elas já possuem e não querem perder.E esta garantia(como podem ver são muitas) a filosofia não pode dar.A mim ela não deu.Ou melhor, deu e não cumpriu.Ou não sou filósofo ou a filosofia não melhora nada.Das duas uma.Agora, Isabel.”Por que pensar?” é uma pergunta muito pertinente, principalmente para quem já pensou.
27/01/2007 às 2:15 #76177y2001MembroTinha dez anos. Assistia à minha primeira aula de filosofia. O professor procurava explicar-nos o que era a filosofia. Talvez por ingenuidade, imaturidade, ou rebeldia, senti-me estimulado pela possibilidade de poder questionar. O que é a filosofia? O que é filosofar? Filosofar é questionar disse-me o professor. Mas se filosofar é questionar, será que quererei perguntar o que é filosofar? Porquê? Posso parar, e pensar? Posso questionar? Mas se posso questionar, o que quero saber? Por onde começar? Será que quero saber porque estou aqui? De onde venho? Quem sou? Se sou eu, porque sou eu e não sou outro? O que quero? O que me move? Quero ser feliz? Mas o que é ser feliz? Será que necessito saber o que é ser feliz para ser feliz? Será que se souber o que é ser feliz vou estar mais próximo da felicidade? Se souber o que é ser feliz e lá chegar, vou continuar a ser feliz? Mas então querer ser feliz é tomar como um dado que existo e viver, procurando ser feliz. Mas será que posso viver sem saber porque aqui estou? Necessito saber porque aqui estou para viver? Porque quereria saber porque aqui estou? Talvez me ajudasse a perceber o que devo fazer. Mas será que quero saber o que devo fazer? Porquê? Será que devo fazer algo? Se soubesse de onde venho e o que devo fazer teria menos questões a colocar. Seria tudo mais simples. Mas porque gostaria eu que tudo fosse mais simples? Será mais simples mais feliz? Mas se mais simples é mais feliz, porquê questionar? Talvez poder questionar, em si mesmo, me faça mais feliz. Mas o que é ser feliz? Acabou a minha primeira aula de filosofia. Gostei. Não gostei de nenhuma outra aula de filosofia.
27/01/2007 às 2:52 #76178BrasilMembroOlá y2001Você diria o mesmo sobre a Psicologia? E sobre a Psiquiatria?E sobre a História, a Paleontologia, a Biologia, a Geologia, etc.?
15/06/2008 às 12:32 #76179facãoMembroOlá y2001Você diria o mesmo sobre a Psicologia? E sobre a Psiquiatria?E sobre a História, a Paleontologia, a Biologia, a Geologia, etc.?
Amigos , vivemos em um país que sempre teve serios problema éticos , morais e politicos . Acredito que não só podemos , mas devemos fazer algo em relação a isso . Por exeplo : Se você está doente procura um médico ; Se sua casa pega fogo você chama os Bombeiros . Mas se você tem problemas morais , éticos ou politicos você faz o quê ? A minha idéia é que nesses casos as pessoas chamem o filosofo . E nós é que devemos implantar essa idéia . Meu lema é Filosofia e Ação . Se nós agissimos efetivamente ninguém ia ficar perguntando: "Para quê serve a filosofia ? " Acredito firmimente que a sociedade brasileira precisa muito de nós , só cabendo a nós AGIR . Facão ( Filosofia e Ação )
15/06/2008 às 18:40 #76180BrasilMembrose você tem problemas morais , éticos ou politicos você faz o quê ? A minha idéia é que nesses casos as pessoas chamem o filosofo.
Desculpe, mas penso que sendo colocada desta maneira, a Filosofia estaria sendo relegada ao campo das terapias e métodos preestabelecidos, isto é, seria uma “cartilha” a ser seguida.Não é possível “chamar o filósofo” e com isso resolver os problemas, pois eles, os filósofos, são divergentes entre si, em infindáveis aspectos.Se para um problema de ordem moral você chamar um filósofo que bebe da fonte de Nietzsche, por exemplo, ele vai mandar você “jogar a moral no lixo”, ou seja, para este filósofo a moral não é algo em que se possa confiar.Já, se você chamar um filósofo que dá mais força à Filosofia Socrática ou Platônica, por exemplo, ele certamente irá dar valor real à moralidade e lhe aconselhar neste sentido.A Filosofia, ao invés de dar força a uma determinada maneira de pensar, como que se quisesse agir subversivamente, ela ignora os padrões, costumes e tratados sociais e humanos e, lhe “abre portas e janelas” para que você ouse transpassa-las e ver o que há do outro lado de muitas portas e janelas.Não devemos chamar o filósofo, devemos sim, fazer o que eles fazem: Uma idéia, um assunto, para um filósofo, não deve ser contemplado e sim “dissecado”, virado ao avesso, seus princípios meios e fins devem ser expostos de maneira despida, despudorada. Só assim conheceremos algo mais sobre um determinado assunto. E mesmo assim não há garantias absolutas de acerto nas conclusões.Abs
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