Início › Fóruns › Fórum Sobre Filósofos › Kierkegaard › O Desespero pode levar-nos a transcendência?
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14/07/2006 às 22:25 #70517josefpMembro
Para S. E. Kierkegaard, o indivíduo é aquele que está concretizado no mundo, e sua existência pode autêntica ou inautêntica. Para ele o Desespero é uma chaga da humanidade, e este é um um sinal que indica a existência humana. O i ndivíduo pode, segundo o nosso dinamarquês, elevar-se a Deus. Pois esta “doença mortal” é sintomática e caracteriza-se por dois aspectos: 1- Desespero fraqueza ,aquele em que o indivíduo refugia-se pooutros meios para buscar um antídoto para o seu mal; 2- desespero desafio, aquele em que o indivíduo- mesmo sabendo que esta desesperado- não quer ceder, assim por seus próprios méritos que ser a sua própria cura. Grosso modo é isso . Mas qual dos dois tipos de desesperos é o melhor para nos levar a Deus? Será quee esta doença pode nos conduzir a Deus? Será o Desespero kierkegaardiano um outro salto para galgarmos o transcendente? É claro que nosso filósofo tem as suas respostas, e diga-se de passagem elas são convincentes. Mas e vocês? Bom, uma advertência: todos tenham cuidado, o Desespero pode também nos conduzir a um lado extremo e soturno, isto é, ao suicídio. Este não é o escopo kierkegaardiano.
22/07/2006 às 17:00 #83122josefpMembro“No desespero, o morrer continuamente se transforma em viver. Quem desespera não pode morrer; assim como um punhal não serve para matar pensamentos, assim o desespero, verme imortal, fogo inextinguível, não devora a eternidade do eu, que é o seu próprio sustentáculo”.O Desespero Humano, p. 341
25/07/2006 às 4:33 #83123Miguel DuclósMembroInteressante JoséConfessor que tenho um conhecimento extremamente preliminar sobre este autor. Nunca li-o diretamente. Tenho o Pensadores, vi a vida e obra, e capítulos da História da Filosofia. Mas faltou aquele embate para fixar menos superficialmente as ideías. É uma pena, havia um filósofo bem participativo aqui no fórum, o sr. Pilgrim, que parou de conectar.Uma das coisas que se sobressaem na caricatura que dele fazem é a alcunha de precursor. Até que ponto Kierkegaard foi um "precursor" do existencialismo? Eu li o livro Mito de Sísifo de Camus e ele cita nominalmente o autor. O problema do suicídio neste autor é também crucial: uma vez identificada a profunda cisão entre homem e natureza, restaria a investigação para saber se vale a pena viver...daí a famosa frase sobre o suicídio ser o único problema genuinamente filosófico.Talvez possa ajudar mais um pouco a precisar este conceito de angústia kierkegaardiana, ou indicar algum texto para leitura. Em que medida a angústia de Kierkegaard influencia os existencialistas do século XX, como Sartre?Outro ponto interessante que gostaria de saber é a outra alcunha que gostaria de saber um pouco mais é este elevar-se a Deus? Que isso acarreta? É o fim do despepero? Resolve os problemas existenciais? Como pode ser feito? É uma outra alcunha que acompanha o filósofo, o de existencialista cristão. Como ele consegue conciliar as duas perspectivas?abs
25/07/2006 às 18:02 #83124josefpMembroCaro Miquel, Seus questionamentos a respeito da filosofia kierkegaardiana são bastante pertinentes. Não sei se saberia respondê-los, no entanto arriscar a tercer algumas connsiderações que julgo importante. 1- Kierkeggard é o precursor do existencialismo, visto que fdi ele quem incisivamente pensa o homem concreto centrado no mundo, carregados de problemas como a angustia, desespero, aflições, dramas... Desse modo o homem não é uma idéia, mas é um ser concreto a sofrer o peso da existncia.2- A angústia em Kierkegaard, na minha concepção influencia Sartre porque é ela , a angústia, que leva o homem ação, isto é, a escolhas ao terreno dapossibilidade. Mas o que é a Angústia em K. ? é algo que emerge no indivíduo, quando este se depara diante de escolhas sérias na vida, nasce assim a angústia. Por ex. K. que o que mais angustio Cristo não foi o medo do calvário, mas a do momento da traição, Aquela possibilidade o angustiava. Creio que todos nós ja vivenciamos escolhas que fazem com que nos angustiem, é essa a angústia de Kierkegaard, que faz com que ajamos e nesse sentido ela é tabém sartreana , visto que o agir nos impulsiona a Liberdade, pois só age quem é livre, o escravo que jaz acorrentado não age, pois está preso.3- Quanto ao Desespero este, segundo K. , nos leva à Trancendência porque o indivíduo desesperado , ou doente mortal, pode por meio deste chegar a Cristo, uma vez que sabe que está desesperado e que para o seu mal não há antídoto neste mundo, daí a possibilidade de chegar a Deus; ou ao lado negro da história - o Suicídio.Caro Miguel, são considerações amadoras sobre Kierkegaard. Espero que [DVDISO]Fullmetal Alchemist the Movie Limited Editione algum modo para nossa compreensão sobre grande Filósofo.
18/02/2007 às 2:08 #83125Junior Martuchelli –MembroLi há pouco tempo “A esperança agora”, onde Benny Lévy entrevista Sartre poucas semanas antes deste morrer.No livro - um bocado polêmico, que deixa mais perguntas que respostas, mas cercado de um agnosticismo tranquilo -, Sartre comenta que não gosta de Kierkegaard, e se usou termos caros a este em Ser e Nada foi apenas porque, na época, ler Kierkegaard era moda (o termo usado é esse mesmo). Assim, ele achava que, embora a palavra não tenha sentido para ele, teria para outras pessoas. Ele chega a afirmar que nunca sentiu angústia.Mas com o resto da entrevista, apesar desta declaração, o conceito de desespero desafio me parece combinar inteiramente com Sartre. Neste, ao menos nos escritos seus que li, a humanidade se angustia por não conseguir escolher, até por ter medo de escolher, não raro preferindo a má-fé. É a angústia de se ver obrigado a escolher sua vida, seu destino, sem buscar orientação ou apoio em ninguém. Livre, não há mais desculpas. Mas, apesar de tudo isso, há todo o heroísmo em sua filosofia.Aqui vem a relação entre nada e liberdade, que explica melhor porque o homem sente desespero. Essa capacidade de nadificação - do nada que fundamenta a liberdade - descorreria do fato da consciência estar voltada para fora, de estar no mundo, e assim poder imaginar, transcender, de ir além do presente e dos fatos recentes.É um conceito que me atrai muito. Daí interpreto - talvez de forma exagerada - que não há na razão e no próprio homem o suficiente para ele poder saber qual a escolha certa. Haverá sempre o nada, sempre novas possibilidades, de forma que a única forma de escolher é escolher irracionalmente, sem ter certeza alguma - e no entanto ainda sendo totalmente responsável por isso.Acho que esse é o conceito de angústia em Sartre. Essa irracionalidade. Não sei se é realmente diferente de Kierkegaard, pois não conheço nada deste.Enfim, minha leitura de Sartre ainda é superficial.
25/04/2011 às 18:12 #83126AcáciaMembro>:(O desespero pode levar-nos a mesmice. "Tudo como antes na terra de Dantes'. O que pode nos levar a transcedencia é o "raciocínio coerente" com a "lógica harmônica" Universal. :drink_mini:
26/04/2011 às 18:52 #83127brunopiMembroQual o som de uma mão bantendo palmas? Esse é certamente um dos koans mais conhecidos. Grosso modo, é uma formulação por rmeio da qual o mestre zen desafia a lógica de seus discípulos. Muitos se desesperam verdadeiramente tentando encontrar uma resposta coerente para a questão e, do próprio esgotamento que disso deriva, transcendem o entendimento ordinário e alcançam um estado que poderíamos chamar, se o quisermos, de transcedente: a iluminação. Esta é apenas uma das inúmeras maneiras de se alcançar a transcedência pela via do desespero.
26/04/2011 às 18:57 #83128brunopiMembroO desejo desperado de retornar ao Ser também é uma via de transcendência…
26/04/2011 às 20:39 #83129AcáciaMembroResolvi ficar “Zen”… “Quando um não quer, dois não brigam”.
27/04/2011 às 12:00 #83131brunopiMembroOuxe, Acácia… Geralmente tenho vontade de responder a seus posts, porque me instam a isso. Nos interessamos por tópicos semelhantes e parecemos ter visões bem diferentes sobre algumas questões. Creio que compreendo um pouco seu senso de humor aqui, mas tenho que dizer que não há briga nem desejo por uma. Agradável discutir, agradável conhecer o universo de tantas mentes, só isso. De todo modo, essencialmente não seria possível “dois brigarem”, posto que há apenas UM.Quero apenas deixar claro que a compreensão do zen como um estado de espírito, caracterizado pela tranquilidade inabalável, deriva de uma má interpretação, muito comum no ocidente. O zen é algo obviamente indefinível, apenas aludível nas palavras (como em haicais), e a tradição que a ele se volta lega à humanidade um ensinamento dos mais sutis e profundos.
28/04/2011 às 18:34 #83130AcáciaMembroDe todo modo, essencialmente não seria possível “dois brigarem”, posto que há apenas UM.
Exato e este UM sou eu. Os dois que ficam brigando é o "eu" virtual que teima em viver em mim e me concede "ares esquizofrenicos" na linguagem do raciocínio ou, "ares de maus espíritos" na linguagem das crenças. Pelo amor de Deus! Hoje entendo porque não deveria ter "resistido ao diabo". Arre! Estou tendo uma vida literal em 3D...risos!Olha, eu penso que já encontrei entre os pensadores (ainda bem que vocês existem), uma forma de "me sintonizar com o mundo" novamente. Busquei pela minha fé uma resposta em Deus e acabei sendo conduzida por Cristo até aqui. O remédio para o mal que me acometia estava em falta... não em meu coração pois do contrário Deus teria resolvido e sim, na minha cabeça. Neste campo, nada melhor que a ajuda dos "imortais mortais pensadores"! Agora depende de mim "aterrizar" pois "a lógica dentro dos meus pensamentos" que se constitue na terceira dimensão, ás vezes me é favorável e as vezes, não. Para a cura total, me falta amigos de "carne e osso" com sangue nas veias para que eu volte a me enxergar como humana... Beijos a todos e não mais respondam aos meus tópicos... Preciso buscar o que há de novo no mercado pois meu conteúdo faliu! risos... :rose_mini: :good_mini: :drink_mini:
04/09/2011 às 16:44 #83132VidrohMembroPara S. E. Kierkegaard, o indivíduo é aquele que está concretizado no mundo, e sua existência pode autêntica ou inautêntica. Para ele o Desespero é uma chaga da humanidade, e este é um um sinal que indica a existência humana. O i ndivíduo pode, segundo o nosso dinamarquês, elevar-se a Deus. Pois esta "doença mortal" é sintomática e caracteriza-se por dois aspectos: 1- Desespero fraqueza ,aquele em que o indivíduo refugia-se pooutros meios para buscar um antídoto para o seu mal; 2- desespero desafio, aquele em que o indivíduo- mesmo sabendo que esta desesperado- não quer ceder, assim por seus próprios méritos que ser a sua própria cura. Grosso modo é isso . Mas qual dos dois tipos de desesperos é o melhor para nos levar a Deus? Será quee esta doença pode nos conduzir a Deus? Será o Desespero kierkegaardiano um outro salto para galgarmos o transcendente? É claro que nosso filósofo tem as suas respostas, e diga-se de passagem elas são convincentes. Mas e vocês? Bom, uma advertência: todos tenham cuidado, o Desespero pode também nos conduzir a um lado extremo e soturno, isto é, ao suicídio. Este não é o escopo kierkegaardiano.
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