O que dá direito à vida?

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  • #70051

    O que dá direito à vida?
    A esta pergunta direciono a resposta conforme a resposta dada por Peter Singer.
    Sengundo Singer simplesmente o fato de ser membro da éspecie humana não dá o direito a vida. O que realmente dá direito a vida é aceitar que as possibilidades do presente influem no futuro. Em outras palavras, a consciencia.
    Sobre este aspecto, propoe a discussão, sem pessoalismo e “achismos”, do aborto e eutanasia.

    #77408

    Mas como achar um parâmetro aceitável para valorar uma consciência em detrimento de outra viva?

    #77409

    O que dá direito à vida?
    Os seres de sua espécie, os mais próximos de sua “comunidade”, aqueles que porventura necessitem de vc nessa comunidade para atingir os fins eleitos dessa mesma comunidade.
    Um rato tem direito à vida? Uma árvore o tem? E vc? Quem te dá esse direito? O que é o direito? Como ele pode ser dado?

    #77410

    Bem, devido as respostas vejo que ou vocês não entenderam o que eu quis propor ou eu não explicitei direito.
    Aprofundando a questão do “o que dá o direito”, lógico, se não há um Deus, se não há uma verdade então tudo é permissivél. Porém vivemos em uma civilização e como já disse Freud em seu livro o Futuro de Uma Ilusão, a Civilização só consegue se manter “viva” através das coerções. Eu pretendo discutir o direito à vida no campo Legal, não no Moral. Quando eu coloco a pergunta, O que dá direito a vida, é um norte a discussão do aborto e da eutanasia. Por exemplo,
    existem doenças letais em recem-nascidos, e a conduta, quando a decissão tomada é de que ele não viva, é não fazer nada para prolongar a vida deste bebe. Isto é Legal? É Moral, vocês que gostam tanto? Se já foi tomada a decissão de que ele não vai viver, porque esperar que ele contráia uma doença e morra. Não é mais INDOLOR aplicar-lhe uma injeção letal?
    Outra questão Bioética:
    Há uma doença chamada anecefalia na qual o feto não possui cortéx cerebral, possui apenas o tronco, ou seja, suas funções respiratórias e cardíacas funcionam. Vamos supor que nasça um recem nascido anecefálo. Sua estimativa de vida é de no máximo um mês, mesmo com aparelhos. Se a mãe quisesse doar os orgãos deste bebê, salvando assim mais vidas, ela poderia? Para se doar os orgãos é necessário se ter morte cerebral, mas ele não tem cérebro! O aborto neste caso deveria ser legal?

    Se eu tenho direito a vida? O que me dá este direito? Legalmente, a Constituição. Moralmente, eu mesmo.

    #77411

    Guilherme…

    O ponto de vista legal tem como medida o homem. Não é possível separarmos legal de moral neste caso, ou seja, em uma discussão como a proposta neste fórum. Não li as mensagens acima, portanto não falo por elas.

    A propositura de uma lei requer estudos sociológicos, antropológicos, de psicologia, filosofia, direito, biologia, física e tantas outras disciplinas necessárias…

    O Legislador legaliza aquilo que a sociedade e o Estado entendem necessário… legalizar é somente um detalhe técnico. A discussão sobre legalizar ou não uma determinada conduta implica muitas vezes em um debate moral sobre as suas consequencias.

    abs.

    #77412

    Sim…como disse o Alex, legalizar é um detalhe técnico. Assim, entendo que a sociedade deve discutir questões como o aborto, eutanásia e, se assim entender pressionar os legisladores para que aprovem leis neste sentido. Entendo que a moral é condicionada pela época e cultura e pode mudar, e uma forma de liberdade é aquela que inclui, inclusive, a liberdade de desistir da vida.Eu, particularmente sou fortemente favorável ao aborto e a eutanásia. Ultimamente a eutanásia foi legalizada na Holanda. A Bélgica, parece que também, tem procedimentos neste sentido.No Brasil, até onde sei( posso estar errado), não há muitas pressões neste sentido, talvez até , por termos tantos outros problemas que essas questões de fundo mais existencial não são muito discutidas.Prosseguindo no meu ” achismo”, entendo que cabe as pessoas decidirem sobre seu destino. No caso do aborto, os pais, no caso da eutanásia, o paciente.Eu iria mais longe, acho que meios indolores para o suicídio deviam, em uma sociedade avançada, estarem disponíveis para os que assim o desejassem.Claro que haveria todo um cuidado, como assistência médica, psicológica, social ,etc, para que os dispostos a eutanásia e ao suicídio, pudessem , de fato, livremente decidir sobre a morte.

    #77413

    A questao nao é se as pessoas “tem direito de decidir sobre o seu destino” ou nao. Pensamentos como esse levam a uma situaçao ruim em que o outro é visto como algo que me tira a liberdade e nao como alguém que me torna mais realizado.

    “O inferno sao os outros” (Sartre)

    “O outro é parte de mim” (Levinas, Ricouer, …)

    Evidentemente há uma dialética Eu-Outro, identidade-diferença, nisso tudo . Dialética que foi desconsiderada, ao que parece, na afirmaçao de Sartre.

    Acho que essa discussao sobre aborto e eutanásia correo o risco de acabar em retórica Por que?

    Os contra o aborto (e eutanásia) argumentarao em favor da valorizaçao da vida. Eles tem uma concepçao do que seja vida.

    Os a favor (provavelmente) nao aceitarao, e duvido que aceitem ser considerados assassinos tambem. Logo, partem de outra concepçao do que seja vida. Duvido que concordem que desvalorizam a vida com suas posturas.

    Por isso, reafirmo que a questao do “direito de cada um decidir o seu destino” é apenas um artificio que foge da questao. A nao ser que os defensores dessa posoçao concordem que cada um tem o direito de fazer o que quer, incluindo matar um semelhante (no caso do aborto).

    Entao o que está em jogo é a vida, nao o direito de cada um. O que conduz a seguinte situaçao: existem várias correntes com diferentes consepçoes do que seja vida. Há os que entendem que a vida começa desde a concepçao, outros que começa na formaçao do cortex cerebral, …, e outros até que a vida começa apenas na idade da razao, quando o ser se torna humano. É incrível, mas também tem os que defendem essa última posiçao.

    Resultado disso tudo: jogo de palavras entre vida-razao-homem-direito-etc-etc-etc.

    Para formaçao da sociedade, nao há outro caminho que estabelecer leis para regular a convivencia entre as pessoas mantendo todas as diferenças dentro de uma margem “aceitável”. Para nao ficar parado num “vale-tudo” de acordo com a conveniencia ou com o entendimento de cada um (o que acontece se alguem pode achar que matar nao tem problema?), entra em questao se há ou nao algum valor que deva ser aceito por todos, portanto, ou ficamos na convençao, ou nao tem como escapar da metafisica.

    #77414

    É…fica difícil argumentar com filósofos, mas acho que todos aceitam que civilização é montada sobre regras..regras que podem mudar conforme decidam seus participantes.As pessoas esquecem a concepção, mais usual de ateístas( como eu), que a vida é um maravilhoso, mas mero acaso.Nada há de sagrado. Uma coisa que todos sabem é que tudo que nasce, tem que morrer, porque não poder escolher a ocasião? Claro que temos que resistir a vontade, que nos dá,de provocarmos a morte de alguns outros semelhantes que nos incomodam… aquela tia velha, que nos dá despesa no hospital, mas se recusa a morrer…do filho retardado, etc.Eu me refiro que decidamos apenas sobre as nossas vidas!

    #77415

    Eu entendo, Fernando, o que vc está tentando salvaguardar, mas ainda assim me parece que ficou um problema sem resposta…

    acho que todos aceitam que civilização é montada sobre regras

    Isso sim.

    ..regras que podem mudar conforme decidam seus participantes

    Isso já nao é claro, há controvérsias.

    Por exemplo, suponha que uma cultura admita (por convençao) que a escravidão é algo normal, ou que a mulher tem menos direitos que o homem, ou que os idosos devam ser sacrificados, etc. Até onde deve ir o respeito à cultura de outros povos?

    Muitas organizaçoes estao travando, hoje, uma luta contra a mutilaçao genital de crianças do sexo feminino em algumas culturas tribais na Africa. Estao equivocados?

    Se um povo procura o exterminio de outro, isso deve ser respeitado? Uma cultura guerreira também deve ser respeitada com o mesmo direito que uma pacífica? A intervençao ou nao-intervençao decidirá, mesmo sem querer, pelo destino de alguma das duas, ou das duas.

    Uma postura radicalmente contra qualquer forma de intervençao acaba por gerar e estimular o isolamento, e fica descartado de imediato qualquer busca por direitos universais do homem.

    Mas (por convençao?) a maioria dos povos lutam a favor de uma carta de direitos universais e inalienáveis de todo ser humano… entao há atos que justificam uma intervençao?

    A questao está longe de ser simples.

    Claro que temos que resistir a vontade, que nos dá,de provocarmos a morte de alguns outros semelhantes que nos incomodam…

    A questao é essa. Por que? Se é tudo mero acaso…

    #77416

    Meu caro Pilgrim! Sim, há controversias,mas sem desprezo às cultura tribais, entendo como civilização as culturas, mais avançadas que chegaram a constituir um ESTADO. Não que devamos desrespeitar as culturas tribais, até porque as práticas cruéis, selvagens, como mutilações genitais, não são assim tão frequentes, mesmo entre culturas primitivas.Todavia, parece que os Ianomamis, por exemplo, costumam espancar suas mulheres…mas enfim, refiro-me as culturas que se modernizaram, sofisticaram e chegaram a constituir um estado. Claro que vc na sua visão filosófica contestadora( o que é civilizado e saudável), poderá dizer que o estado também pode oprimir( e temos vários exemplos). Aí poderíamos entrar nas argumentações da necessidade de superar-se o estado, como querem os anarquistas e como seria a etapa superior do comunismo. Mas não vamos nos afastar da questão principal. Uma vez aceitas regras civilizadas, não fica assim tão simples, aceitar a morte e sofrimento de outrem. Veja, não disse que tudo é acaso, mas sim a maravilhosa( mas casual) vida. Agora temos algo , talvez, mais complexo que a vida…a cultura, regida por leis, exaradas e regidas por um estado( Não que eu ache, como Hegel que o estado é a forma final de ordenação humana…ele pode e deve ser superado)! E essa, sim pode ser tranformada, espero que não para pior. O que seria pior?Deixemos isso para uma próxima discussão. Quanto a validade da intervenção entre povos , por exemplo que estão a matar-se. Raramente se atua por princípios morais, havendo quase sempre um imperativo econômico por tras. Fazem intervenções no Iraque, Iugoslávia, mas se evitam a Eritréia e Somália, por exemplo. Existe ainda,a escravidão em culturas primitivas, tribais e assim mesmo de forma marginal. Porque? Por civilidade?…sim…mas é o processo civilizatório capitalista. Ou seja a escravidão mostrou-se a mais de 100 anos como de baixo rendimento, improdutiva. Desculpe responder-te de maneira desordenada, mas quem tem como norte o marxismo( mesmo com falhas filósóficas, afinal sou um engenheiro), não vê essas coisas, assim, tão controversas. Abraços!

    #77417

    A vida é mero acaso mas a cultura nao é mero acaso?

    Quem vai conseguir essa proeza de fundar o necessário num contingente?

    O marxista!

    #77418

    Fernando,

    quem tem como norte o marxismo( mesmo com falhas filósóficas, afinal sou um engenheiro), não vê essas coisas, assim, tão controversas.

    Pode ser falha minha, mas nao vejo como… O marxismo nao pode ter uma resposta para essas perguntas, visto que sao questoes atuais nao contempladas por ele em seu horizonte na época. O sistema marxista nao visava responder a esse tipo de problemática, sua questao era outra.
    Ou seja, tanto o capitalismo como o marxismo podem ser vítima da mesmissima crítica, como frutos de um certo modelo de cultura imperialista (sic). Num tal contexto, o próprio termo “civilizaçao” já pode ser criticado como preconceito.

    Bem, é mais fácil mostrar o problema que encontrar uma soluçao…

    Abraços.

    #77419

    O direito à vida é assegurado por lei. Não apenas ao ser que nasce, mas ao nascituro, ou seja, aquele que está no ventre materno.
    Oferece-se o direito à vida e a permanência desta, porquê não dar o mesmo direito ao embrião?
    Ora, quando fala-se em vida, fala-se em ser vivo, saldável, visível e bondosa.
    Pois vejo que a vida de um ser sem importância ou sem ser objeto de interesse da sociedade, não é valorizada.
    Logo, o direito à vida é aceito pela sociedade, quendo este é visível, é saldável, é bom, etc.
    Assim o embrião, o qual não participa destes elementos valorativos, deve ter o direito à vida.

    #77420

    Um dos participantes deste forum dizia a certa altura que deveríamos decidir apenas sobre as nossas vidas. Ao defender isto, demonstra um contracenso no seu próprio pensar… Então, se deveremos apenas decidir sobre as nossas vidas, porque razão esse nosso participante admite, por exemplo, que o aborto deve ser permitido legalmente? Alguém tem o direito de decidir sobre a vida de um ser que está no seu processo de formação, sem o qual não poderia existir?

    #77421
    paulonegrato
    Membro

    Como já mencionado anteriomente, o direito é feito pelo homem para o homem. E não há como negar que a própria Constituição Federal consagra menções a DEUS. Do ponto de vista racional, entendo que essa é uma questão aparentemente sem solução. O homem, ao longo da evolução, passou a se valer do consumo de carne de outras espécies, como forma de obtenção faciltada de energia, o que feliz ou infelizmente acabou facilitando o desenvolvimento do cérebro humano, pois pôde se dedicar a outras atividades ao longo de seu dia. Com o passar dos tempos, no que alguns chamam de etapa da evolução das espécies, o homem passou a formar grupos de mais fortes, impondo a dominação sobre outros das mais diversas formas, entre elas a religião. A situação perdurou, ao longo de séculos em dominação sobre raças, sobre as mulheres, e ainda hoje sobre os animais, no chamado especismo.Entendo, pois, que nada dá o direito à vida, mas tão-somente a "sorte" - isso mesmo - de pertencer a uma ou outra espéciE, a uma ou outra raça, a um ou outro sexo, em um determinado momento histórico. O que não podemos ser é incoerentes.

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