O Triunfo do Neoliberalismo

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  • #70129
    gallagher
    Membro

    Recentemente foi divulgada uma pesquisa em que demonstra que a miséria do mundo diminuiu significativamente nos últimos 20 anos.

    Bom, se considerarmos que o neoliberalismo tem aproximadamente 25 anos, começando com os governos Tatcher, Reagan, Kohl e também Deng Xaoping (o meu comunista anão favorito!) é impossível negar sua influência sobre a erradicação da pobreza mundial. Não se pode mais escamotear as virtudes do livre mercado e da globalização.

    Obviamente, a América Latina não conseguiu acompanhar a diminuição da miséria, afinal de contas, o único país que adotou uma política liberal foi o Chile, e conseqüentemente foi o que mais cresceu na região.

    #78321

    Pesquisa?? Que pesquisa?? Cite por favor.

    Pesquisa é uma coisa muito fácil de ser manipulada. Voce viu a ultima do IBGE? Diz o contrário.

    Não há triunfo. O Chile virou um Paraguai, submisso ao capital internacional e sem indústria própria. O mundo nunca tão miserável quanto sempre.

    (Mensagem editada por miguel em Maio 21, 2004)

    #78322
    gallagher
    Membro

    Caro Miguel,

    “Pesquisa?? Que pesquisa?? Cite por favor.”
    Eu acho que foi do Banco Mundial, não tenho certeza. Foi veiculada a mais ou menos um mês atrás, e saiu em toda a mídia, ex: Rede Globo, Veja e na Folha.
    O estudo considerava miserável o indivíduo que vivia com menos de 1 dólar por dia. Em 1984, haviam cerca de 2 bilhões de pessoas nessas condições em todo o mundo, e em 2004 existem segundo a pesquisa 1,1 bilhão de miseráveis no mundo. A grande diminuição deve-se, principalmente, à Âsia e em especial à China.

    A China adotou uma forma de capitalismo extremamente liberal, promovendo as exportações, evitando ao máximo o intervencionismo na microeconomia, proibindo sindicatos e atraindo o capital estrangeiro. Essa forma de capitalismo selvagem (que até mesmo eu tinha certas restrições) se mostrou extremamente eficiente pra elevar a renda média dos trabalhadores chineses e para tirar mais de 400 milhões de pessoas da miséria.

    O mais curioso desse estória é que um país comunista foi o mais pragmático e inteligente nas práticas econômicas. O que acabou de destruir de vez o mito do Estado Provedor.

    #78323

    Gallagher,

    Concordo com o Miguel sobre a possibilidade de manipulação. Chego mesmo a suspeitar da validade dessas “pesquisas” que parecem mais uma forma de propaganda. Estranho pedir ao lobo para fazer um senso das galinhas: todas estarão bem, felizes e protegidas.

    Como dizia o FHC, agora temos dentaduras… É preciso ir longe para ver o resultado de práticas neoliberais? A favelização da classe média brasileira parece mais consistente como dado do que documentos digitados por partes interessadas dizendo que tudo está melhorando. O governo também disse que não temos inflação, e a velhinha de Taubaté entocha dinheiro no colchão feliz da vida.

    #78324
    gallagher
    Membro

    Caro Pilgrim,

    “Chego mesmo a suspeitar da validade dessas “pesquisas” que parecem mais uma forma de propaganda.”

    Eu nunca disse que pesquisas não podem ser maquiadas ou manipuladas, agora eu acho que é inegável o avanço tanto econômico como social dos chamados Tigres Asiáticos. Eu, honestamente, não acredito que a China esteja pior agora do que na época do Mao, quando literalmente milhões de pessoas morreram de fome, independente do que qualquer pesquisa diga. Ou que os alemães orientais tenham piorado o padrão de vida com a unificação.

    “Estranho pedir ao lobo para fazer um senso das galinhas”

    Considerar o Banco Mundial como um lobo e o restante dos países em desenvolvimento como galinhas, soa pra mim como preconceito ideológico.

    “É preciso ir longe para ver o resultado de práticas neoliberais?”

    Gostaria de saber que práticas neoliberais são essas que tantos apregoam? Seria a moratória soberana do governo Sarney? Seria o confisco das poupanças do Collor? Ora, apropriação de bens privados, isso soa mais como a definição do comunismo do que qualquer outra coisa. O governo Fernando Henrique aumentou a carga tributária pra 35% do PIB, isso também não consta nos preceitos neoliberais. Realmente, não consigo ver nem sombra de políticas neoliberais nesse país.

    Eu ouço sempre que o mercado tem um poder que é capaz de subjugar o Estado. Isso é ridículo, as empresas (com exceção do setor bancário) estão em situação falimentar, morrendo sufocadas pelos impostos asfixiantes do gorverno. O mercado não tem nem força política pra fazer baixar o juros, o que dirá pra ditar regras para o Estado.

    #78325

    Gallagher,

    Acho que está ocorrendo algum tipo de confusão porque não entendi onde o que eu disse possa ser considerado como defesa do comunismo. Que tenho eu com Mao e outros bichos vermelhos?

    Estou argumentando que o neoliberalismo está muitíssimo longe de ser essa panacéia universal que (parece) vc imagina. Talvez esteja mais para encontrar um lugar na prateleira das utopias negativas, e me surpreendo ainda encontrar defensores tão entusiasmados desse projeto. Pensei que Fukuyama teria sido o último.

    Gostaria de saber que práticas neoliberais são essas que tantos apregoam?

    # Colocar o crescimento econômico como a razão de ser da economía, e não a melhoria da qualidade de vida do povo. Essa inversão é uma dos motivos que às vezes levam neoliberais a festejar enquanto muitos morrem de fome: a distribuição de renda não é uma meta e nem um critério, confia-se que “o mercado indo bem, tudo o mais se ajeitará”.

    # Restringir a intervenção do Estado até despojá-lo de toda a responsabilidade pelos bens mínimos que todo cidadão merece.

    # Eliminar programas governamentais de criação de oportunidades para todos e substitui-los por ajudas ocasionais a grupos focalizados (e essas ajudas, quando acontecem, são mais por pressão social que por programa de planejamento).

    # Privatizar empresas com base no princípio de que em todos os casos o Estado é mal administrador.

    # Abrir sem restriçoes as fronteiras aos mercados, capitais e fluxos financeiros sem se preocupar em oferecer proteção suficiente aos produtores menores. Novamente, fruto da confiança na autogestão do mercado.

    # Colocar a atividade política a serviço da política economica, não importando se com isso caem no paradoxo de buscar o fim de todas as travas ao livre exercício do mercado enquanto, ao mesmo tempo, impõem controles políticos e sociais. Discutir a dívida externa sai das pautas, mais importante manter o mercado internacional satisfeito.

    Poderia enumerar outras, mas, talvez, a principal e a que fundamenta todas, seja a ilusão de que o mercado se autogoverna. Vc também, a propósito, de uma forma ou de outra, costuma fazer menção a esse tipo de idéia: “ouço sempre que o mercado tem um poder que é capaz de subjugar o Estado. Isso é ridículo…”.

    A voracidade do mercado é mais que sabida, tendendo a transformar tudo em mercadoria, não deixando nem a vida humana de fora. Todavia, mesmo quando a prática revela o contrário do que prega o neoliberalismo, os neoliberais reafirmam: o que está errado é que ainda não estamos neoliberais o bastante (sic). Imagine então como acho curiosa a suspeita de ideologia… não vejo muita diferença entre essa atitude neoliberal (no grifo) e a atitude dos comunistas do passado (supra citados). Entre o “ainda não chegamos ao comunismo puro”, e “ainda não liberalizamos o mercado totalmente”, qual diferença?

    Abraço.

    #78326
    gallagher
    Membro

    Caro Pilgrim,

    A discussão está ficando interessante:

    “Que tenho eu com Mao e outros bichos vermelhos?”

    Eu não disse que você está defendendo os comunistas, simplesmente citei o Mao porque ele antecedeu o grande salto que a China deu nos últimos 20 anos.

    “Estou argumentando que o neoliberalismo está muitíssimo longe de ser essa panacéia universal que (parece) vc imagina. Talvez esteja mais para encontrar um lugar na prateleira das utopias negativas…”

    Eu nunca disse que o liberalismo seria a solução pra todos os males do mundo, disso ninguém pode me acusar. Porém, colocar o liberalismo junto com as “utopias negativas” já é um absurdo, o livre mercado já deu provas suficientes de seus benefícios, exemplos: Coréia do Sul, Chile, China, Tigres Asiáticos, etc. Só pra citar países que estão em desenvolvimento.

    “# Colocar o crescimento econômico como a razão de ser da economía, e não a melhoria da qualidade de vida do povo. Essa inversão é uma dos motivos que às vezes levam neoliberais a festejar enquanto muitos morrem de fome: a distribuição de renda não é uma meta e nem um critério, confia-se que “o mercado indo bem, tudo o mais se ajeitará”. “

    Você tocou num ponto importante, essa questão é bastante discutida. Ouço muita gente querendo distribuir renda, mas se esquecem que para se dividir as riquezas é preciso primeiro gerá-las. Se um país não consegue crescer economicamente como irá melhorar as condições de vida das pessoas? Fica-se simplesmente na retórica. O Brasil, por exemplo, não consegue crescer sustentavelmente a mais de 20 anos, dessa forma se torna impossível melhorar significativamente a qualidade de vida das pessoas.

    “# Restringir a intervenção do Estado até despojá-lo de toda a responsabilidade pelos bens mínimos que todo cidadão merece.”

    O liberalismo não prega a inércia estatal. O Estado tem papel fundamental no modelo liberal, mas fazendo o que é precípuo, ou seja: saúde, educação e segurança. Certamente, tirar petróleo do chão não é sua função.

    “# Eliminar programas governamentais de criação de oportunidades para todos e substitui-los por ajudas ocasionais a grupos focalizados (e essas ajudas, quando acontecem, são mais por pressão social que por programa de planejamento).”

    Não entendi essa colocação, que programa governamental que dava oportunidade para todos foi elimando? O que eu observo são tentativas populistas e assistencialistas, que funcionam muito mais como jogadas de marketing do que como programas sociais. Será que foi alguma surpresa descobrirem irregularidades no Fome Zero? O liberalismo se preocupa com o assistencialismo que beneficia mais os assistentes do que os assistidos.

    “# Privatizar empresas com base no princípio de que em todos os casos o Estado é mal administrador.”

    Em primeiro lugar as empresas estatais não desempenham funções básicas do governo, em segundo, não é simplesmente considerar que toda a administração estatal é incompetente, o ponto é que toda empresa estatal por definição tem uma estrutura rígida, o que nos dias de hoje é fatal para a sua competitividade. A questão é muito mais estrutural do que de inépcia administrativa.

    “Entre o “ainda não chegamos ao comunismo puro”, e “ainda não liberalizamos o mercado totalmente”, qual diferença?”

    Bom, a colocação comunista eu discordo, pois sempre que se aprofundava o planejamento centralizado da economia e seu controle a situação social se tornava mais grave. Em conseqüência disso, Gorbachev percebeu, acertadamente, que a melhor solução seria a glasnost e a perestroika. Agora, o liberalismo já se mostrou funcional, as maiores potências nos séculos 19 e 20 foram erguidas pelo liberalismo econômico (Inglaterra e EUA). O livre mercado possibilitou a Âsia dar um salto qualitativo de vida excepcional nos últimos 20 anos. Os passos na direção de uma maior abertura comercial têm se mostrado muito mais positivos de que negativos.

    Abraço

    #78327

    Gallagher,

    Pensei em responder ponto por ponto, quotando sua msg, mas acho que seria menos produtivo, uma vez que não sei se percebeu que (acho) falamos de coisas diferentes. No meu entender vc as vezes toma testes do liberalismo para justificação do neoliberalismo, coisa até difícil de evitar já que o segundo tem berço no primeiro, mas com isso corremos o risco de atirar para todo lado e não acertarmos alvo nenhum. Note que, com isso, não estou propondo “definirmos” de forma categórica o que seja liberalismo e neoliberalismo, seria ainda mais outra corrida em círculos. Apenas estou sugindo mais atenção, senão vamos acabar num diálogo de cegos surdos. Também quero lembrar que não falo como economista, meu ponto de partida é a leitura de filosofia política.

    O primeiro ponto é que existe um grande número de correntes políticas diferentes e por vezes até opostas que falam em nome do liberalismo: partidos que negam o valor do Estado (radicalismo inglês do sec XIX) e partidos que exaltam o valor do Estado (direita histórica da Itália), partidos que recusam qualquer intervenção do Estado nos assuntos econômicos e partidos que defendem essa intervenção do Estado, etc. Acontece que, pelo visto, vc adotou um desses partidos como se fosse o neoliberalismo. Contudo, uma vez que a corrente liberal (e isso em todas suas versões) defende a primazia da liberdade do indivíduo, noções “gerais” acabam por vezes tendo valor meramente aproximativo, o que tornou o pensamento liberal um amontoado de idéias oscilantes e confusas. Em alguns extremos, princípios da corrente liberal chegaram até a serem usados, paradoxalmente, para defesa da não-liberdade.

    O segundo ponto, evitando colocar aqui todo um resumo histórico da evolução do pensamento liberal, é que depois da primeira guerra, com o liberalismo atacado como mera idéia para justificação das injustiças e modelo de perpetuação do domínio das classes abastadas, as teses estritamente liberais tiveram que ser corrigidas com mecanismos corretores das desigualdades por parte do Estado. Mesmo com minha aversão contra marxistas fanáticos (burros), vai notar que acredito nas diferenças como meio de melhora da nossa situação, pode-se dizer que sou um dos que acham que “a unanimidade é burra”. Pela mesma razão, imaginar neoliberais sozinhos dá calafrios. Os extremos são ruins frequentemente.

    O terceiro ponto, por enquando, é que, depois que as teses liberalistas foram corrigidas, com a defesa dos mecanismos corretores das desigualdades sociais por parte do Estado (Keynes foi o artífice desta nova visao economica do intervencionismo corretor [detalhe importante: noto que vc está com seu pensamento inserido nesta fase do liberalismo, mas aqui ainda não falamos de neoliberalismo]), posteriormente, ressurgiu outra corrente política e economica com o nome de neoliberalismo. O neoliberalismo veio enxertado e impregnado com teses de escolas economicas contemporaneas, assim como de regimes políticos de muitos países ocidentais. O núcleo do neoliberalismo surgiu com o «coloquio Lippman» em 1938, e prossegiu com as teses do economista e sociólogo Hayek. No terreno político, o neoliberalismo defende a primazia da liberdade sobre a igualdade, e dos direitos individuais sobre os coletivos. No terreno filosófico se nutre da sociologia de Durkheim e das filosofias da «morte do sujeito», de onde extrai a tese do individualismo metodológico, que defende que todos os fenomenos sociais são fruto da interaçao de individuos guiados por seus próprios interesses individuais (egoistas).

    Para terminar, pelo que escrevi, espero ter conseguido passar que o que vc tem defendido, no meu entender, são teses liberais de uma fase do liberalismo anterior ao neoliberalismo, ou, provavelmente, fez um tipo de amálgama de diversas correntes, mas entendo que aquilo que vc tem tentado defender aqui é estranho ao neoliberalismo, já que ele é um tipo de recusa daquela fase intervencionista do pensamento liberal.

    Como poderia acreditar numa doutrina de pensamento que, na sua índole, me parece outra vertente de darwinismo social, que declara como refugo quem não está apto para a competição do “livre mercado”? Não sou marxista por outras razões, sou simpatizante de teses liberais, mas não lançaria nenhum pobre nas engrenagens desse Moloc neoliberal.

    Abraço.

    #78328
    gallagher
    Membro

    Caro Pilgrim,

    O liberalismo clássico começou em meados do século 19 e teve seu fim na Primeira Guerra Mundial. Mesmo com o fim da Grande Guerra o fluxo de comércio mundial não retornou ao seu patamar anterior por causa de ressentimentos e receios das nações, e posteriormente veio a crise de 29, quando surgiu uma nova tendência econômica com Keynes, que é totalmente oposta ao liberalismo, que propunha a intervenção do governo como forma de estimular a demanda e criar empregos, e como conseqüência o crescimento econômico. O dirigismo criado por Lord Keynes foi um precursor do Welfare State e da social democracia. O curioso dessa teoria econômica é que seu próprio criador quando perguntado sobre a sustentabilidade de sua teoria a longo prazo, respondeu com a célebre frase: “A longo prazo estaremos todos mortos.” Ou seja, Keynes sabia que a aplicação de seu remédio por longos períodos geraria déficits fiscais impagáveis e como conseqüência alta inflação e crescimento parco, o que modernamente alguns chamam de “estagflação”.
    Já o neoliberalismo ressurgiu por volta de 1980, possui os mesmos preceitos do liberalismo clássico, sendo a diferença básica que atualmente não se permite o grande fluxo migratório que existiu no final do século 19 e na belle époque, fora isso é basicamente a mesma coisa. Nos EUA não se utiliza o termo neoliberal, lá o indivíduo é conhecido como “supply-sider” e o sentido do termo liberal é outro. Na Europa, as pessoas chamam simplemente de liberal, não se utiliza muito o termo neoliberal. Já no Brasil, o termo neoliberal é empregado 99% das vezes com conotação pejorativa, e geralmente só se refere ao liberalismo econômico e não ao político.

    Outra aspecto importante é que as pessoas confundem interesses individuais com egoísmo, são coisas totalmente distintas. Por exemplo, Hitler quando encarcerou os judeus em campos de concentração tinha o apoio de quase a totalidade da população, ou seja, agiu sob o interesse da coletividade, mas certamente feriu os interesses individuais dos judeus. É por isso, que acredito que o indivíduo deve ser sempre soberano e protegido da coletividade.

    Tem mais coisa que eu quero comentar, mas to cansado. Depois eu termino!

    Abraço

    #78329
    gallagher
    Membro

    Caro Pilgrim,

    Um ponto que eu gostaria de comentar também é quanto aos problemas do mercado. Sem dúvida o livre mercado é imperfeito, mas quem corrigirá suas falhas? Um burocrata ou um político? Eu suponho que eles também sejam imperfeitos.
    Um dos pontos mais críticos da social-democracia, na minha opinião, é o seguinte: temos que partir do pressuposto que não existe recursos financeiros para se auxiliar todas as pessoas necessitadas nesse momento, portanto faz-se mister uma priorização das pessoas que serão assistidas primeiro. O que é mais justo, ajudar uma senhora nordestina desempregada ou um garoto da periferia de São Paulo que esteja tentando entrar no mercado de trabalho? Isso é irrespondível, esse exemplo simples já demonstra como é complicado o conceito de justiça social. Qualquer resposta que o burocrata ou o político der a esse tipo de questão, será subjetiva e autoritária.

    Uma das grande vantagem do mercado é que ele se baseia na impessoalidade, no mérito e na diligência individual, e o povo sabe disso. Agora, ninguém pode afirmar em que se baseia o governo, porque afinal ele é composto de milhares de pessoas com diferentes pensamentos e valores. O Estado é um tipo de entidade esquizofrênica, que não raro caminha em direções opostas e ao mesmo tempo.

    Pilgrim, você também coloca o fato de considerar o liberalismo como uma espécie de darwinismo social. Eu ouço muito esse tipo de crítica, e é interessante essa questão. Agora, eu to com sono e vou dormir. Depois eu comento isso.

    Abraço

    #78330

    Lendo toda essa discussão, creio que que Norberto Bobbio, falecido em janeiro de 2004, já está fazendo muita falta. Os debatedores, a quem chamaria de “investigadores de pelo em ovo” já se deram ao trabalho de ler “destra e sinistra” de Bobbio?
    Swann

    #78331

    >>A pobre argumentação dos que se supõem neo-liberais,mas que, de fato, são nada.

    “O que é mais justo, ajudar uma senhora nordestina desempregada ou um garoto da periferia de São Paulo que esteja tentando entrar no mercado de trabalho? Isso é irrespondível, esse exemplo simples já demonstra como é complicado o conceito de justiça social. Qualquer resposta que o burocrata ou o político der a esse tipo de questão, será subjetiva e autoritária. “
    >>A questão não é irrespondível não! Há que se ajudar aos dois a senhora e ao garoto. A questão é que para fazer isso, tem-se que “desajudar”, aquele mega empresário que recebe subsídios do estado, taxar e talvez expropriar aquela casa de praia de 600 m2 que o banqueiro, mal usa nos verões, etc. Sim, a resposta pode ser subjetiva ou autoritária, o que não significa que seria mais cruel que o sistema atual, com a sua exclusão, miséria e crimes banalizados que saltam a vista.

    Uma das grande vantagem do mercado é que ele se baseia na impessoalidade, no mérito e na diligência individual, e o povo sabe disso. Agora, ninguém pode afirmar em que se baseia o governo, porque afinal ele é composto de milhares de pessoas com diferentes pensamentos e valores. O Estado é um tipo de entidade esquizofrênica, que não raro caminha em direções opostas e ao mesmo tempo.
    >> Olhar o mercado per si, abstraindo-se de todos os condicionamentos que existem por trás das estruturas do mercado, é típico de raciocínios superficiais e filosóficos rasos. Para que se abram, sustentem os mercados, há que existir toda a parafernália do estado capitalista por trás. Desde a coroa portuguesa, espanhola, holandesa, etc, que subsidiavam as armadas para investir contra os países que não queriam abrir seus mercados, até os ingleses e, por último, seus primos os norte-americanos, que induzem, controlam e mesmo forçam as forças de mercado a seu favor, sempre escorado em seu estado, por sinal estado altamente armado com armas de destruição em massa. Neste sentido,melhor que Marx, que estudou as relações de mercado, os estudo de Fernand Braudel, perscrutam as relações entre os estados e o mercados, desmistificando a visão liberal de independência dos mesmos. Visão, curta, metafísica, como se o mercado fosse uma entidade sobrenatural. Todavia, Braudel,não é leitura para filósofos rasos compreenderem.Mais fácil eles permanecerem com a lógica dos mercados das padarias e mercearias do seu bairro.

    #78332

    DESTRA E SINISTRA, ou DIREITA E ESQUERDA de Norberto Bobbio, revela-se um livro bastante gratificante. Nele o Autor retoma as razôes e significados da manutenção desta díade. Inclusive poderia ser considerada como uma resposta a Fukuyama O FIM DA HISTÓRIA E O ÚLTIMO HOMEM. Na edição revista e atualizada podemos encontrar ainda um comentário feito por Perry Anderson, e uma tréplica de Bobbio além de um comentário do autor especificamente ao livro de Fukuyama já citado. Terminei a leitura faz alguns dias, vou reunir as anotações fazer uma breve resenha e talvez poste no tópico DIREITA E ESQUERDA do consciencia.org.

    E aí Fernado está de volta! Sempre inconfundível!

    #78333

    Torre Norte está servindo para que o todo seja vislumbrado. A sentinela está na Torre.
    Gostaria muito de ver a resenha, ainda que breve, sobre “Direita e Esquerda”. Ela será de muito proveito.

    #78334
    gallagher
    Membro

    Caro Fernando,

    Devo dizer que passo por uma fase ímpar da vida, estou mais paciente (atributo que definitivamente não me é peculiar). Sinto dizer que não concordo com muita coisa do que disse. Poderia refutá-lo, mas acredito que seria o próprio trabalho de Sísifo.

    Primeiro, eu teria de convencê-lo de que o liberalismo político é essencial pra uma sociedade moderna (aspecto que é muito bem aceito pela ampla maioria), e você sendo um comunista não o classifica como imprescindível. Depois, eu teria que demonstrar que a liberdade econômica é condição sine qua non para a liberdade política (coisa que praticamente ninguém aceita). Afinal de contas, quem controla os meios de produção (termo anacrônico) pode determinar os fins a que os homens devem se dedicar, isso é verdade tanto para monopólios privados quanto para estatais. E por fim, teria que tentar mudar o mito de que todos os empresário são canalhas individualistas, enquanto os burocratas são altruístas e incorruptíveis.

    É, só de pensar em tudo isso eu já desisto. De qualquer forma, tá anotado os seus queixumes!

    Um abraço

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