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20/06/2005 às 18:54 #78480Miguel (admin)Mestre
Caros Miguel e Pilgrim
Respondo para vós.
Me corrijam se eu estiver enganado, mas creio que há uma outra questão que antecede e prepara o terreno para a colocação da questão dos universais.
O termo lógos possue, para a nossa língua, muitos significados (além das tradicionais variantes do verbo legei, que remetem ao sentido de calcular, ordenar, organizar, etc…), dentre eles, discurso e conceito.
Dedico uma atenção especial, espero que não demasiada, à questão do conceito, pois grande parte da compreensão que podemos ter da cultura grega, da filosofia e, por tabela, do pensamento ocidental passa por ela.
Creio ser do conhecimento de vocês que a palavra grega para verdade é alétheia, que significa, literalmente, desvelamento, desencobrimento.
Qualquer abordagem inicial da história da filosofia, tratará a questão do movimento intelectual grego que opôs um pensar articulado a uma cosmogonia mitológica. Neste contexto, aparece um termo, doxa, normalmente traduzido como opinião e entendido como senso comum. Muitos estudiosos contemporâneos estabelecem uma oposição entre a doxa e a episteme (normalmente traduzida por ciência). Discordo desta abordagem por preferir a colocação de que o lógos se opõe à doxa, sendo que a episteme é uma das faculdades do lógos (como concebido por Aristóteles).
Aonde quero chegar com isto?
Esta distinção sutil é um caminho para compreendermos a dimensão que a linguagem passou a ter como processo de cognição e, de certa forma, de construção da realidade.
O realismo se assenta na identificação do conceito (lógos) com a realidade em sua forma natural, ou seja, como ela é, o seu ser propriamente dito, acreditando que o discurso do lógos, ao contrário do discurso da doxa, promove o desvelamento (alétheia) da realidade. Acima de tudo, os primeiros pensadores gregos acreditavam na identificação do discurso com a realidade e não, como pensamos hoje, no discurso como representação da realidade (e, como representação, sendo pálida e mero simulacro da realidade). No sentido de reprodução, Platão já evoca o mundo sensível como reprodução (de certa forma até linguística) da realidade, lançando as bases para grande parte daquilo que hoje chamamos de pensamento ocidental.
Não é de estranhar que pensadores como Nietzsche e Heidegger se dedicaram a buscar uma certa pureza anterior, da aurora do pensar grego, acreditando que ali havia algo que tivesse sido perdido ao longo dos séculos.
Voltando ao assunto, a questão dos universais se divide, basicamente, em dois pontos de vistas opostos que podem ser resumidos, de forma até um tanto grosseira, em, por um lado, afirmar que a capacidade humana permite perceber e discursar a realidade em sua condição de ser tal como é, ou, por outro, que vislumbramos o ser, seja lá de qual forma, mas engendramos discursos que constróem a nossa realidade. Questão, certamente, muito maior do que simplesmente atribuir ou subtrair sentidos às palavras.Um Abraço
Robledo
08/09/2011 às 14:34 #78481GeorgeCoronaMembroBem, sempre acabamos cometendo o erro de Criticar “pessoas” ao invés de “suas ideias”…O problema maior na idade Media era: O universal estava na coisa (real) ou apenas na mente (ideal)?Bem, estamos bem avançados que os medievais, e dispomos de mais conhecimento acumulado e desenvolvido que eles.Logo estamos numa posição privilegiada para discutirmos!Os universais existem como NECESSIDADE intelectual. São uma consequencia da nossa necessidade de compreensão de classificação dos seres individuais. Sabemos que o universo esta quase que "infinitamente cheio de seres indivisuais", e isso constrange nossa inteligência, que se acha "pequena e pobre demais"para processar e compreender TANTAS realidades singulares.Por isso começamos a ORGANIZAR todos esses seres singulares em classes. Tais classes são fruto do trabalho da inteligência, como modo de SIMPLIFICAR o conhecimento, e torna-lo mais fácil de ser manipulado.Atualmente não tem sentido Aplicar os termos UNIVERSAIS às COISAS, como faziam os Realistas medievais ou antigos. São categorias meramente intelectuais, necessárias para qualquer tipo de trabalho científico que queira explicar sobre toda e qualquer coisa que existe aos bilhões em nosso universo.
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