Início › Fóruns › Fórum Sobre Filósofos › Nietzsche › Paralelos de Nietzsche com Michel Foucault
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13/06/2000 às 5:45 #69814Miguel (admin)Mestre
Não consegui entender muito bem o paralelo que foi feito na dissertação, entre Nietzche e Foulcault. Se possível, gostaria que alguém explicasse BEM basicamente e resumidamente os tópicos principais desse paralelo, já que Foulcault foi bem influenciado por Nietzche.
Desde já agradeço23/11/2000 às 0:33 #71517Miguel (admin)MestreParece que a idéia é simples.
De um lado a estrutura metafísica, ontológica que é norte de valores e práticas que se fundamenta em uma vontade de verdade que é Deus. Niestzsche descontroi essa idéia, afirmando uma vida não no mais além, negando a atual, mas justamente o contrário.
De outro lado, nós temos “O” homem, que se mostra na racionalidade, a afirmação de formas atemporais que se fundamentam na idéia de racionalidade. Este ente metafísico, é descontruído por Foucault.
Se eu entendi bem, o que o rapaz tentou fazer foi ver de que maneira os dois autores desconstroem conceitos metafísicos.30/06/2004 às 5:02 #71518Miguel (admin)MestreVocês já recorreram à dissertação de mestrado A morte de Deus e a Morte do Homem em Nietzsche em Michel Foucault ??
22/11/2004 às 6:13 #71519Miguel (admin)MestreNÃO é MEU:´´No pós-guerra, o escritor francês George Bataille escreveu sobre a mistificação realizada por Elizabeth, desmascarando-a de um tal modo que a França praticamente adotou o filósofo morto em Weimar em 1900. Mas Nietzsche foi quase esquecido em seu país natal e esnobado pelos ingleses. Como não podia de ser, sua última grande cria filosófica foi um francês: Michel Foucault. Hoje, ele é um domínio dos departamentos de Letras, Filosofia e Arte. Carro-chefe de seminários, conferências, teses – mesmo tendo sido um crítico do ensino universitário, que comparava ao jornalismo.“
22/11/2004 às 6:30 #71520Miguel (admin)MestreMichel Foucault faz uma breve análise dos conceitos genealógicos desenvolvidos por Friedrich Nietzsche no século XIX, e mostra que o Ocidente inventa a história, por ele chamada de ascética, para encontrar no passado o momento fundante de sua unidade, de sua identidade. Uma Europa necessitada de um povo coeso, envolvida no caldo das lutas nacionalistas, vai buscar, e não encontrando inventa, o elemento ordenador que trará tranqüilidade existencial aos seus povos. E é neste momento que emerge o ideal ascético do historiador que, como escreve Foucault, deveria “imitar a morte para entrar no reino dos mortos”; ideal ascético que vem acompanhado pelo discurso científico que dá à história a “objetividade” e o título de ciência que reconstrói a “verdade”. O historiador não fala e não sente, apenas percebe o ocorrido e o narra, “inocente”, presenteando a humanidade com suas raízes.
Esta forma de historiar, tradicional, insere-se na mentalidade própria do momento em que emerge, que é marcado pela modernidade. O pensamento moderno é linear e teleológico: indica um princípio, um desenvolvimento, um fim último, um ponto de chegada, o ápice da realização humana. Tal pensamento, o da modernidade, permite a constituição de um saber histórico que trará um sentimento de segurança aos sujeitos humanos: conhecemos as nossas raízes, o solo em que pisamos, para onde vamos e o que queremos fazer; inventamos a tradição e nos agarramos a ela com todas as nossas forças. E este, então, o discurso da “história moderna”, e ao qual se opõe a genealogia, que identifica no acontecimento, na emergência do novo, a regra da dispersão, a heterogeneidade, permitida pelos conflitos existentes naquela realidade. A genealogia não é a história, mas faz uso dela para identificar o “acontecimento” e a dispersão de forças que se encontram presentes no momento da “emergência do acontecimento”. Mas assim como a genealogia faz uso da história, pode-se dizer que a história se apropria dos elementos genealógicos, inserindo-se em uma estrutura de pensamento diferente da moderna, em uma estrutura de pensamento que chamaremos de pós-moderna.Falar em pensamento pós-moderno, ou em pós-modernidade, é enveredar por uma temática cujos conceitos ainda não estão bem definidos, o que gera muitos conflitos e deturpações do termo. Como não é objetivo deste discutir a pós-modernidade propriamente dita, coloca-se apenas que o pensamento pós-moderno é aqui compreendido como aquele que se opõe à proposta da modernidade acima apresentada. Portanto, falar em “história pós-moderna” é falar de um saber histórico organizado, mas não fechado, que rompe com a proposta linear de história; um saber que passa a trabalhar com conceitos como os de descontinuidade, ruptura, subjetividade. É fazer uso do saber histórico não no sentido de compor grandes unidades nas quais os indivíduos possam se reconhecer, mas no sentido de encontrar a heterogeneidade, a luta entre as forças que surgem de todos os lados e que constituem novos acontecimentos. É questionar a tradição, a origem e o devir. E é neste sentido que Michel Foucault fala em “história efetiva”, apropriando-se ainda dos conceitos nietzscheanos, que é justamente aquela que trabalha a descontinuidade e a visão nãototalizante, compreendendo que “as forças que se encontram em jogo na história não obedecem nem a uma destinação, nem a uma mecânica, mas ao acaso da luta”.É esta uma nova forma de olhar o objeto a ser estudado e historiografado, um olhar que procura a profundidade e não mais a continuidade nas “leis do devir”.
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