Início › Fóruns › Questões sobre Filosofia em geral › Podemos DECIDIR o que sentir, do que gostar e no que acreditar?
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08/04/2007 às 4:16 #85026jvictorrMembro
“Temos vergonha que nossa namorada transe com outro cara, porque sabemos que as outras pessoas rirão de nós e nos considerarão perdedores”Creio que ha mais sentimentos nesta situação amigo."Acho o pensamento uma das coisas mais fantásticas, mas às vezes, a mais enganadora. Um exemplo disso são as reações espontâneas, aquilo que juramos que jamais faríamos e nos surpreendemos. Depois, numa análise, nos convencemos do porquê dessas reações."digamos que o pensamento cause a espontaniedade, tão logo seria ele ligado diretamente a reação, uma reação espontanea tende a ser instantanea de contrario seria racional e raciocinada, portanto torna-se limitada, logo a espontaniedade efetuada é simples direta e rapida, o modo de agir neste caso justifica a ação, não em outro relacionado ao raciocinio.São proporcionalidades oposicionais.
10/04/2007 às 2:10 #85027Junior MartuchelliMembroLuka, vou rever o que já afirmei, para ficar mais claro, ok?Afirmei, primeiro, que existem dois estados da consciência: a refletida e a irrefletida. Retirado do meu dicionário de filosofia: Reflexão, do lat. tardio reflexivo. 1. Em um sentido amplo, tomada de consciência, exame, análise dos fundamentos ou das razões de algo. 2. Ação de introspecção pela qual o pensamento volta-se sobre si mesmo, investiga a si mesmo, examinando a natureza de sua própria atividade e estabelecendo os princípios que a fundamentam. Caracteriza assim a consciência crítica, isto é, a consciência na medida em que examina sua própria constituição, seus próprios pressupostos. "A consciência reflexiva torna a consciência refletida como seu objeto" (Sartre).Ou seja, o sentido que ponho na palavra consciência irrefletida é o mesmo que você quer dizer com "inconsciente". Neste caso, eu só acrescento que, a consciência, caso queira (e possa), pode evitar esta situação. Caso queira, pode rever sua moral, seus valores. Pode rever suas "sensações", o que já aprendeu. Pode moldar-se.Mas, pode sim haver erros nessa idéia, na medida em que nem sempre conseguimos "nos escolher". Vamos por partes. Primeiro o tipo de sentimento que podemos mudar: a repulsa ao homossexualismo ou o libertinismo, por exemplo. Para mim, é injustificável ter repulsa ao homossexualismo. Então porque as pessoas o sentem? Porque estão impregnadas de preconceitos culturais, que não analisam assim que recebem. Porque há a predominância da consciência irrefletida. Chegamos a um ponto aqui: a razão pode modificar a emoção. O caso do ciúme, eu o disse que se dá por dois motivos: um, insegurança, o segundo, sentimento de posse. O segundo motivo é o típico irracional e o que eu considero que, com trabalho, qualquer um pode eliminar de si. O primeiro motivo é uma emoção utilíssima, que nos deve levar à ação.Essa idéia, logo, nos leva a procurar os pressupostos da nossa emoção, analisá-la, perceber porque a emoção surgiu. Pensar se compensa manter a emoção, e o que podemos aprender com ela.Mas, como disse, há limites, ou pelo menos grandes dificuldades em moldar a nós mesmos. Quando sofremos de amor não correspondido, por exemplo, o "óbvio" seria abandonarmos esta emoção, para não sofrermos mais. Contudo, sabemos que não é fácil.Mesmo assim, fica a liberdade: uma hora ou outra, abandonaremos a tristeza. Será que não há como adiantar? Será que não há na razão algo para nos guiar? Será que a razão não guiaria para um otimismo? Devaneios, devaneios!
Mas eis a questão: a nossa razão é fruto de um amontoado de experiências próprias, de noções próprias de certo e errado, de ética e de moral próprias. E no final é isso o que decide se estamos certos ou errados. Não estou relativisando, mas perguntando: como ter certeza que mesmo isso não sofre influência do que estamos, inconcientemente, incinados a aceitar?
Sempre que escolhemos algo, podemos passar isso pelo crivo da "consciência refletida", é o que eu digo. Basta você entrar num processo de introspecção. Supondo que você decide algo inconscientemente: eu digo que você poderia ter decidido de forma mais consciente. Bastaria na hora ter, ao invés de decidir rapidamente, ter parado e ponderado.Nossa liberdade - liberdade de pensar ou não, liberdade de mudar-se ou não - está em todos os lugares. Somos livres, e a própria passividade é uma ação, uma escolha - seja ela irrefletida ou não.Bem, é uma idéia que pretendo desenvolver com o passar do tempo.
Sobre os sentimentos, acredito que somos capazes de sentir e denominá-los porque desenvolvemos essa capacidade naturalmente. E naturalmente, acredito que mesmo sem connhecer os conceitos somos aptos a sentí-los, inveitavelmente. Acredito que é um traço inerente ao estágio a que chegamos. Quero dizer, não somos civilizados por acaso, mas por um processo evolutivo que nos levou a isso e os sentimentos fazem parte dele.
Sentimentos tais como "amor", "ódio", creio que se encaixem bem no que você diz. Mas e o ciúme citado por Gide? E o desejo? Certamente o homem sempre desejará: mas e os objetos do desejo, não são moldados pela cultura?Gostei do seu ponto de vista. Não vou negar que a emoção é um fruto da evolução, excelente para unir os homens em uma sociedade, mas sim que os homens podem se organizar e prosperar de maneira diversa. A questão permanece: será que o "amor" não passa de uma crença não justificada? Será que um viking sente o amor da mesma forma que Shakespeare? Exagerei? Hehehe...Mas, é coisa para uma análise mais calma, e, principalmente, para quem já viajou para o exterior e conviveu bem com outras culturas...Só mais uma coisa: fica fácil perceber como a cultura molda o homem se pararmos para pensar na moral, afinal, cada cultura tem a sua e acredita veementemente nela!
Eu não desassocio em nenhum momento razão de emoção, na minha opinião são percepções interdependentes, o tempo todo conectadas. A razão precisa de uma força motriz, um objetivo - é sempre motivada por algo de fundo emotivo - superação, vontade, necessidade. Todo raciocínio está sempre ligado a uma satisfação introspectiva.
Excelente! Mas gostaria de acrescentar uma coisa: a razão não apenas discute os melhores meios para alcançar fins, ela também discute os tais fins, ou seja, ela pode escolher sua própria força motriz, a emoção que a motiva. Concordo que todo racíocinio está sempre ligado a uma satisfação introspectiva; mas cabe a própria razão descobrir o que é a tal satisfação, se ela realmente é desejável, etc.
Eu não tenho muita convicção dessa liberdade, porque a consciência é algo que vai junto com a gente para onde decidirmos ir. Não tem como fugir dela. E por mais que a enganemos, não podemos fazer isso o tempo todo. Uma hora, o que insistimos não refletir, vem à tona.O nos conhecer, implica crescer e crescer é algo meio dolorido. Para evoluir, precisamos admitir primeiro tudo aquilo que não é bom em nós, para tentar melhorar. Quanto mais nos conhecemos, mais conhecemos nossos próprios defeitos - não é algo muito fácil de lidar, muitas vezes emperra, justamente porque é um exercício de superação constante, não dá tréguas. E a gente tem uma grande dificuldade de se perdoar. Mas, uma vez que a gente começa não tem mais como parar.
Não poderia concordar mais com o segundo paragráfo.Quanto ao primeiro, falarei um pouco mais dessa liberdade depois.
O problema é que quando nos perguntamos se há motivos para sentir isso, quase sempre encontramos. Há duas ferramentas das quais o "diabo" não abre mão - a dúvida e o complexo de inferioridade. Quando uma falha a outra é certeira.
Que frase mais pessimista! Concordo, no entanto, com a quase onipresente dúvida. O caso do complexo de inferioridade, não concordo não. Se quiser, explico depois...
Não sei, as vezes acho que mudar uma idéia é difícil, porque ela não é uma idéia solta, mas conectada a uma série de outras que teriam que ser reformuladas junto. Não todas, mas mudar algumas idéias, pode ameaçar as bases. Isso é que é o complicado.
Sim, sim. Pensar dói, também. Entretanto há casos em que o amor a verdade é maior do que tudo - pessoalmente, prefiro a infelicidade de quem sabe (nem que seja que sabe que não sabe!) do que a felicidade de quem não sabe.Bem bem, até mais.
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